quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

AS PALAVRAS DA DOUTRINA DA TRINDADE E O UNITARISMO NO CONCÍLIO DE NICEIA
No Concílio de Niceia (ano 325), onde foi defendido e estabelecido o credo da Trindade, poucos sabem que houve uma controvérsia interna, em que alguns Bispo presentes não queriam aceitar o credo ali estabelecido, porque uma palavra parecia defender uma outra heresia acerca da pessoa de Jesus, que tinha surgido alguns séculos antes, que era a de dizer que o Pai-eterno e Jesus eram a mesma pessoa.
Tertuliano (falecido por volta de 230, um século antes do Concílio) tinha estabelecido o vocabulário latino específico para melhor explicar o ensino da Trindade. Três palavras básicas foram usadas por ele para esclarecer a doutrina trinitariana, a saber, TRINITAS (Trindade), SUBSTANTIA (substância, em grego: OUSIA) e PERSONA (pessoa, em grego: UPÓSTASIS). Tertuliano assim estabeleceu que TRINITAS era o nome da doutrina; SUBSTANTIA se referia a essência divina, em que o Pai, e o Filho e o Espírito Santo eram um e PERSONA falaria da individualidade de cada pessoa da Trindade. Assim, na Trindade (TRINITAS) havia três pessoas distintas (PERSONA), mas sendo um único Deus (SUSTANTIA). Ocorre que quando foi estabelecido o credo da Trindade, em Niceia, a palavra usada para descrever a unidade de Jesus com Pai foi a grega HUPÓSTASIS, que parecia equivaler em latim ao terno PERSONA. Para muitos Bispos isso era o mesmo que dizer que o Pai e o Filho eram a mesma pessoa, o que apoiava a heresia de Sabélio (o pai dos unitaristas). Por conta disso, houve resistência por parte de muitos deles em aceitar o credo. O que é explorado oportunamente pelas Testemunhas de Jeová, na brochura “Deve-se crer na Trindade?” (pág. 8), como se tivesse havido alguma recusa entre os bispos em aceitar o ensino da Trindade. O que eles estavam temendo era que outra heresia (a unitarista) acabasse sendo defendida enquanto se refutava a de Ário. Houve então uma confusão entre o latim e o grego devido à diferença cultural dos bispos (uns gregos outros latinos). Diz-se que Constantino fez vista grossa a essa discussão e usou de sua autoridade política para aprovar o credo com a palavra UPÓSTASIS asseverando que Jesus era da mesma natureza do Pai. E agora, quero esclarecer a confusão.
Na verdade, o termo grego HUPÓSTASIS não era de todo e perfeitamente idêntico ao termo latino PERSONA usado por Tertuliano. O termo ocorre em Hb 1.3 quando fala que Cristo é a expressão exata (CHARAKTÉR) do ser (HUPÓSTASIS) de Deus. Desse modo, a própria Bíblia deixa claro que UPÓSTASIS fala da essência de Deus, confirmando assim o acerto do credo de Niceia. A língua grega é muito rica em sinônimos. Para “pessoa” esta língua possui duas palavras específicas: ÁNTHPROPOS (homem ou pessoa no sentido genérico) e PSYKHÉ (alma, vida). Já HUPÓSTASIS deriva da junção de duas outras palavras gregas: a preposição HUPÓ e o verbo HÍSTEMI (instituir, estabelecer), que tem sido traduzida nas quatro (4) das cinco (5) ocorrências existentes no Novo Testamento grego por “confiança” ou “certeza” (2Co 9.4; 11.7; Hb 3.14; 11.1). O significado preciso da palavra é “o estabelecido” ou “coisa determinada”, daí seu sentido de “ser” em Hb 1.3, referindo-se a “essência” de Deus na qual cremos.
As Testemunhas de Jeová que escreveram a brochura “Deve-se crer...” não sabem ou não quiseram revelar, que quem sugeriu o termo grego HUPÓSTASIS foi Ósio, o conselheiro bíblico de Constantino. O imperador não era teólogo e estava mais preocupado em apoiar a maioria para não dividir o império. E a maioria, que viam da cultura grega compreendia perfeitamente o termo grego, tendo apoiado o credo. Achar que homens de Deus, que ainda traziam as marcas da perseguição, que viram seus pais serem martirizados anos antes, iriam temer a um político e se deixar levar por seus interesses em vez de defenderem suas convicções, é totalmente desacreditar na perseverança da Igreja ante as portas do inferno (a morte, o pecado e o mundo).
Para maiores detalhes vejam em meu blog (luizsousa-original.blogspot.com) o livro a “Trindade e as Testemunhas de Jeová”, um tratado apologético da Doutrina da Trindade irrefutável.

Luiz Sousa em Cristo eternamente!

Apologia da Trindade

A TRINDADE E AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Editada em 1989 a revista “Deve-se Crer na Trindade? – É Jesus Cristo o Deus Todo-poderoso?” foi o escrito mais forte até então produzido pelas Testemunhas de Jeová (T.J.), negando a doutrina Bíblica da Trindade. Fu1Compelido logo que li, a rebatê-la. Na época, eu ainda cursava o ensino médio, e tinha estado em uma crise no período que eu chamo de pré-conversão, além de ter de me decidir se iria ou não me converter ao cristianismo ainda tive de decidi qual grupo religioso iria seguir, foi terrível, mas por outro lado consegui o fato raro de ter a convicção da Trindade por revelação e não como a maioria dos cristãos, que geralmente aceitam a doutrina da Trindade por assimilação, já que são salvos quando se deparam com esse ensinamento. No meu caso não, eu não era salvo ou cristão quando estudei a doutrina. Fu1Convencido dela por revelação enquanto meu pai na fé ou orientador inicial na fé, Stênio, que estudava comigo no mesmo colégio, me citou o texto de Jo. 17.1-5; quando ele me citou o texto, algo como o que se descreve em Lc 24.44,45 ocorreu comigo, saí repentinamente da posição de impasse – pois fui muito sincero estudando os dois posicionamentos a ponto de dar um empate técnico entre o posicionamento tradicional cristão e o das Testemunhas de Jeová nessa questão da doutrina da Trindade – e me torne1Convicto da doutrina como que algo que veio a meu entendimento direto de Deus. Depois dessa certeza fui levado depois ao Novo Nascimento. Quando a brochura/revista “Deve-se crer na Trindade? É Jesus Cristo o Deus todo-poderoso?” chegou em minhas mãos eu já cria na Trindade, mas se tivesse sido publicada antes, eu sou sincero em dizer, hoje com certeza não seria crente nela, por isso, na época tome1Como incumbência para mim o trabalho de fazer a apologia da doutrina. Sabia que muitas pessoas estavam sendo convencidas que a doutrina da Trindade era falsa; sei que muitos estão firmes na organização das T.J. devido a influência desse escrito, e estou convicto que se faz necessário elaborar uma defesa convincente, simples, sincera e digna de crédito contra tal agressão a doutrina da Trindade; uma defesa que seja um ataque aniquilador contra os argumentos que engenhosamente foram criados pelos autores desse texto. Este é o objetivo deste trabalho.
Nossos argumentos foram feitos em comentários, cada tema de assunto da revista é analisado de uma forma específica, mas de vez em quando nos detemos em pontos que achamos importantes e dignos de explicações. Aconselhamos que os leitores leiam a revista acompanhada da correspondente contestação.


LUIZ SOUSA











DO COMEDOR SAIU COMIDA

A revista com 31Páginas se apresenta com a seguinte estrutura: Primeiro procura mostrar que a Trindade é uma doutrina incompreensível, além da compreensão humana e que não poderia ser compatível com os fiéis discípulos de Jesus, que eram pessoas comuns e simples. Em seguida se baseando em declarações de enciclopédias e estudiosos assevera que a Trindade não está na Bíblia, também cita algumas declarações atribuídas aos chamados pais apostólicos do primeiros séculos que se mostram estranhamente como antitrinitarianos. A partir daí os autores procuram provar que a doutrina da Trindade é de origem pagã e que só veio a ser inserida aos ensinos da Igreja quando ocorreu a apostasia predita pelos apóstolos. Das páginas 12 à 16 a tentativa é de dizer que o ensino da Bíblia é contrário a idéia de uma pluralidade na Divindade e que Jesus foi a primeira criação de Deus. Continuando em suas explanações sobre Jesus, os autores procuram acentuar ao máximo a superioridade do Pai em relação a Ele, destacam as distinções das duas pessoas e apresentam a Cristo como um ser submisso a Deus, tanto antes como depois de sua glorificação. O Espírito Santo é visto como uma força de Deus que muitas vezes se apresenta personificado na Bíblia. Finalmente são analisados os principais textos usados pelos trinitarianos para provarem que a Trindade é Bíblica. Apoiada por fotos e gravuras, a revista é bem persuasiva e aparentemente convincente, mas não é consistente, como veremos neste trabalho, que despojado de efeitos especiais, transforma esse ataque à doutrina da Trindade numa melhor apresentação, explicação e aplicação da doutrina, da mesma forma como as muitas críticas e questionamentos dirigidos ao Senhor Jesus acabaram por nos informar sobre muitas coisas úteis para a nossa vida e credo cristão.



DEVE-SE CRER NA TRINDADE? (Página 3 da Revista)

Como veremos nesse trabalho é indispensável a crença na Trindade para que o homem seja salvo. Como trata-se de uma questão bíblica, é na Bíblia onde devemos nos basear para crer ou não nessa doutrina, o que Ela diz é o que vale e não o que achamos. Rejeitar este ensino apenas porque não o compreendemos completamente é fugir totalmente do padrão de julgamento bíblico.
O conceito clássico trinitariano estabelece que na Divindade há três pessoas distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que juntas são o único DEUS verdadeiro. O maior cuidado desta definição é o de guardar as declarações bíblicas do monoteísmo, procurando sempre harmonizá-las com outras que apontam a Divindade plena de Jesus Cristo e a personalidade divina do Espírito Santo.
Concordamos com os autores da revista “Deve-se Crer...” quando dizem: “Porque deveria tal assunto ser mais do que interesse passageiro? Porque o próprio Jesus disse: ‘A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo.’ Assim, todo o nosso futuro depende de conhecermos a verdadeira natureza de Deus, e isso significa ir à raiz da controvérsia sobre a Trindade.” E nos propormos aqui, com toda a imparcialidade e sinceridade de Deus, a analisarmos os argumentos propostos por eles contra a Trindade, mas esperamos que haja a mesma atitude por parte das Testemunhas de Jeová, que sempre recusam dar a devida consideração a pensamentos diferentes dos seus.
De certo modo este trabalho complementa a revista “Deve-se Crer...”, pois nela apenas encontramos um lado da moeda; só com a confrontação desses dois textos é que o leitor poderá chegar a uma conclusão plenamente válida se deve ou não crer na Trindade. Esperamos com isso, não fazer valer nossa opinião, mas estabelecer a verdade sobre a natureza do Deus da Bíblia. Esse nosso intento é tão verdadeiro que não nos intimidamos em sugerir a leitura da referida revista, pois cremos que nada podemos contra a verdade, mas em favor da verdade (2Co 13:8).


A ERUDIÇÃO DA REVISTA “DEVE-SE CRER NA TRINDADE?”

A revista “Deve-se Crer...” procura sempre se apoiar em eruditos, mas se analisarmos suas citações percebemos que sempre menciona os mesmos autores:
Artrhur Weigall, autor da obra “O paganismo no nosso cristianismo” é citado várias vezes (Págs 3,6,11), sua declaração “a origem da [Trindade] é inteiramente pagã” é ditas duas vezes (Págs 3 e 11). Este escritor não é considerado um erudito, mas apenas um crítico polemista do cristianismo, suas declarações agridem não somente a doutrina da Trindade, mas muitos outros ensinos cristãos, alguns comuns aos trinitários e as Testemunhas de Jeová.
Karl Rahner e seu “Dicionário Teológico” é também bastante citado (Págs 4,28). Esse autor, neste mesmo trabalho, onde afirma que Cristo não seria o mesmo ‘ho Theos’ em Jo 1:1, reconhece (pág. 250) que Jesus é chamado Theos em Rm 9:5; I Jo 5:20 e Tt 2:13. Nisso fica a pergunta, feita por Bowman: Nestes casos esses textos realmente dizem que Jesus é “o Deus que está sobre todos”(Rm 9:5), “o verdadeiro Deus e a vida eterna”(I Jo 5:20), e “nosso grande Deus e Salvador”(Tt 2:13), como então esse teólogo ainda consegue negar que Jesus estava sendo chamado de “ho Theos” em Jo 1:1????
O chamado teólogo católico Edmund Fortman é figurinha repetida (Págs 6,21,22). Este também tem suas declarações torcidas, ele declara que os escritores do Novo Testamento “Não nos deram nenhuma doutrina formal ou formulada da Trindade, nenhum ensino explícito de que em um só Deus há três pessoas divinas coiguais. Mas realmente nos ofereceram um trinitarismo elementar, os dados na base dos quais se pode formular semelhante doutrina formal do Deus Trino e Uno”. Comparada com o que está na revista “Deve-se Crer...” fica evidente que o trecho em questão foi truncado, onde é suprimida a parte que grifamos.
O “Boletim da Biblioteca John Rylands” é citado exaustivamente (Págs 19,20,28). As citações desta literatura são seletivas e não mostram que os autores desta obra dizem que além de Jesus não crer ser Deus, também não cria que era o Cristo, obviamente as T.J. não concordarão com esta segunda opinião.
Outros também citados são E.W. Hopkins (Págs 6,9) e Hans Kung (Págs 4,30). Este último ao dizer “Por que deveria alguém querer acrescentar algo à noção da unicidade e da imparidade de Deus que possa apenas diluir ou anular tal unicidade e imparidade?” Mas no contexto dessa declaração esse autor estava demostrando simpatia pelos muçulmanos que não crêem na Trindade. Assim constatamos que as Testemunhas de Jeová estão dispostas a tudo para negar a Trindade, mesmo comungar com os pagãos e suas crenças.
Levando-se em conta que boa parte dos autores citados são trinitarianos e que a tendência de torcer e de procurar interpretar as citações é comum, nada confere a “Deve-se Crer...” o título de erudita ou bastante abalizada na intenção de negar na Trindade. No entanto, a preocupação nossa não deve se concentrar na opinião de peritos, mas na verdade da Palavra de Deus. Na grande maioria das vezes esses estudiosos se posicionam em opiniões completamente fora da ortodoxia cristã, como no caso da negação da inspiração plena das Escrituras e dos vários ensinos essenciais sobre Pessoa e a obra de Jesus.
Nesta presente obra apologética o autor se concentrou mais no período patrístico e na Bíblia Sagrada. Todas as obras dos pais apostólicos disponíveis foram lidas, enquanto da Bíblia, foram feitas três leituras completas.





COMO SE EXPLICA A TRINDADE? (Páginas 3-5)

A resposta a essa pergunta encontramos em 1Co 2:9-19, que registra: “Mas como está escrito: as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele há? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito de mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. Assim também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas as que o Espírito Santo ensina, comparando coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas de Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido”. Eis portanto a razão do porquê da Trindade não ser um mistério para o crente, ele a compreende profundamente, como vimos no texto acima, em seu espírito, porque nele se encontra o Espírito Santo (Rm 8:16).
Esse texto de 1Co 2:9-15 deixa claro que somente pelo Espírito de Deus é que entendemos as profundezas de Deus, as coisas que o homem natural (sem o Espírito Santo) não pode compreender. Ora, os católicos não possuem o Espírito Santo porque não crêem de forma correta no Evangelho (Ef 1:13 e 1Co 15: 1,2), por isso são tão dramáticos quando falam de explicações para a Trindade, como citam as T.J. na revista. Já as Testemunhas de Jeová, dizem que o espírito humano é a respiração, e julgam que somente os 144 mil podem ter o Espírito; assim ficam impossibilitadas de receber o Espírito Santo, para essas, a Trindade é um verdadeiro enigma.
A explicação intelectual da doutrina da Trindade é algo possível, mas a compreensão profunda dela: só em nosso espírito. Esse é o erro de muitos teólogos, restringir tudo a compreensão mental. Os cristãos primitivos não eram bem dotados intelectualmente, como o próprio contexto de 1Co 2:9-15 (1Co 1:26) e os autores da “Deve-se Crer...” dizem. Portanto a explicação não podia ser restringida a mente.


A Dádiva Do Espírito Santo
Mas que toda a Testemunha de Jeová saiba: A bênção do Espírito Santo é para todo o crente no Evangelho da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, e quem não o possuir não tem parte com Cristo, nem com a salvação, atente para esses textos, onde fica claro que ter o Espírito Santo e ser filho de Deus não é exclusividade apenas de um grupo restrito, mas para todos os cristãos, para que de algum modo haja iluminação para a verdade oculta à vossos olhos:

“Jesus estava em pê e clamava, dizendo: Se alguém tiver sede, venha a
mim, e beba. Quem depositar fé em mim, assim como disse a Escritura:
do seu mais íntimo manarão correntes de água viva. No entanto, ele
disse isso com respeito ao espírito que os que depositavam sua fé nele
estavam para receber; pois por enquanto ainda não havia espírito,
porque Jesus não havia sido glorificado” – Jo 7:37-39 (Tradução Novo
Mundo – T.N.M.).

“Pedro [disse] a eles: ‘Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado
no nome de Jesus Cristo, para o perdão de vossos pecados, e recebereis a
dádiva gratuita do espírito santo. Porque a promessa (do Espírito Santo)
é para vós e para os vossos filhos, e para todos os que estão
longe, tantos quantos Jeová, nosso Deus, chamar a si” – At 2:38,39 (T.N.M.).

“No entanto, vós estais em harmonia, não com a carne, mas
com o espírito, se o espírito de Deus verdadeiramente mora
em vós. Mas, se alguém não tiver o espírito de Cristo, este
não pertence a ele” – Rm 8:9 (T.N.M.).

“Porque todos os que são conduzidos pelo espírito de Deus,
estes são filhos de Deus. Pois não recebestes um espírito de
escravidão, causando novamente temor, mas recebestes um
espírito de adoção, como filhos, espírito pelo qual clama-
mos: ‘Aba, Pai! O próprio espírito dá testemunho com o
nosso espírito de que somos filhos de Deus” – Rm 8:14
(T.N.M.).

“Todos vós sois, de fato, filhos de Deus, por intermédio da
vossa fé em Cristo...Ora, visto que sois filhos, Deus enviou o
espírito de seu Filho aos nossos corações, e ele clama: ‘Aba,
Pai!’ De modo que não és mais escravo, mas filho; e, se
filho, também herdeiro por intermédio de Deus” – Gl 3:26 e
4:6,7 (T.N.M.).

“Mas vós também esperastes nele, depois de terdes ouvido a
palavra da verdade, as boas novas acerca da vossa
salvação. Por meio dele, também depois de terdes crido
fostes selados com o prometido espírito santo” – Ef 1:13 (T.N.M.).

Portanto fica esclarecido por estes textos que o Espírito Santo é dádiva para todo o crente no Evangelho (ou boas novas), por Ele é que temos uma íntima comunhão com Deus, sendo feitos participantes da natureza divina, para escapar da corrupção que pela concupiscência há no mundo (2Pe 1:4; Rm 8:2), sendo assim santificados por sua instrumentalidade (I1Ts 2:14; 1Pe 1:2).
É lamentável que a maioria das Testemunhas de Jeová tenham sido convencidas que não podem receber o Espírito Santo, sendo impedidas de se tornarem filhas de Deus, ficando numa situação de escravidão, e pior, sem o medo que a Bíblia aponta para quem está assim (Rm 8:14).
O testemunho do Espírito Santo, tão maravilhoso e confortador é negado aos membros desse grupo religioso; tornam-se pessoas secas e vazias de espiritualidade, cheias de si e confiantes em crenças para elas irrefutáveis. Julgam-se os únicos genuínos cristãos, taxando os outros de apóstatas e heréticos, quando a Bíblia diz que estes são os que não possuem o Espírito (Jd 19).


Além Da Compreensão Da Razão Humana (Pág. 4)
A Enciclopédia Americana realmente diz que a doutrina da Trindade está “além da compreensão humana”, mas no seguinte contexto: “É sustentado [pelos trinitarianos] que, embora a doutrina esteja além do alcance do raciocínio humano, ela, de modo semelhante a muitas das formulações da ciência física, não contrariando a razão, e pode ser apreendida (embora não compreendida) pela mente humana”(Vol. 27, pág. 116).
Já a citação do Dicionário de Conhecimento Religioso de que os trinitaristas “não chegaram a um acordo sobre a Trindade” ignora completamente a história da formulação do credo ocorrida nos primeiros séculos do cristianismo, fato que a própria revista “Deve-se Crer...” aborda nas páginas 8 e 9.
A Bíblia não nega que os assuntos bíblicos e espirituais são muitas vezes incompreensíveis para os homens carnais (1Co 2:14), o próprio Senhor Jesus afirmou: “Porque não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra”(Jo 8:43); assim, é preciso o homem poder ouvir a Palavra de Deus para entendê-la, e essa capacitação é dada ao nosso espírito pelo Espírito Santo de Deus depois que cremos no Evangelho (Jo 7:39 comparado com Jo 20:22 e Lc 24:45). Sem isso, ficaremos confusos e acharemos as verdades sagradas loucura.
Até mesmo os cristãos autênticos devem orar a Deus para que lhes dê o espírito de sabedoria e de revelação (Ef 1:17). A Bíblia de forma alguma diz que todos assuntos doutrinários são simples e claros, o Apóstolo Pedro afirma em sua segunda carta, que há pontos difíceis de entender na palavra de Deus (3:16). Portanto, nada se comprova contra a doutrina da Trindade, as várias declarações sobre as dificuldades de se entender tal ensino.
E referente a Deus diz o livro de Jó: “Eis que Deus é grande, e não o podemos compreender”(36:26); “Ao Todo-Poderoso não podemos alcançar; Ele é grande em poder...”(37:26).


A Praticidade Da Trindade
A alegação de que a Trindade é um assunto de crença formal e que pouco ou nenhum efeito tem sobre a cotidiana vida cristã, está errada. A Trindade é o fundamento do amor cristão, onde toda a praticidade da vida cristã tem origem. É da comunhão do eterno amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo onde o amor entre os homens se inspira, isto é a própria razão do cristianismo.
Deve-se refletir: Se Deus fosse apenas uma pessoa, como a Bíblia afirmaria que Ele é amor? O que esse Deus solitário amaria antes da criação de todas as coisas??
Outro aspecto da praticidade da doutrina da Trindade é bem apontado por Robert Bowman em seu livro “Porque Devo Crer na Trindade”:
“Os trinitarianos têm a certeza de que Aquele que os salvou, Jesus Cristo, é nada mais nada menos do que o próprio Deus. Regozijam-se, ainda, em saber que é o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo que habita nos seus corações. Para o cristão trinitariano, Deus não é aquilo que as Testemunhas de Jeová ensinam – um ser muito distante que nos enviou um empregado para nos salvar do nosso pecado, ou que agora nos ajuda somente por meio de nos transmitir de uma grande distância uma força ou energia impessoal. Pelo contrário, Deus veio a terra pessoalmente para nos salvar, e está presente de modo direto e pessoal a cada momento. Esse fato dá ao trinitariano uma confiança tremenda de que Deus está com ele e intimamente perto dele”.


Não É Deus De Confusão Para Os Cristãos
O Deus dos crentes não é de confusão, no entanto o mesmo não se pode dizer para os incrédulos, mesmo os que estudam muito a Bíblia. Em Rm 9:33 lemos: “Como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, e aquele que nele crer não será confundido”(Veja ainda 1Pe 2:6-8). O problema básico das T.J. é que foram levadas a crer em ensinamentos errôneos que as impossibilitam de crer na verdade e entender as coisas de Deus, no caso, acreditam que o espírito do homem é a respiração e não um lugar para receber confirmação (Rm 8:16) e assimilar conhecimentos mais profundos (1Co 2:11). O Apóstolo Paulo nos diz em 2Corinto cap. 3 que os judeus tinham como que um véu no entendimento por insistirem em viver no pacto da lei, que tinha sua força na letra; mas o pacto em vigor, o do Novo Testamento, possui seu teor no espírito; estamos, como ele chama, no glorioso ministério do espírito. Já as Testemunhas de Jeová parecem estarem num ministério de intelectualidade recusando a aceitar o lado espiritual do cristianismo, estando como aqueles, igualmente cegas.
Os trinitarianos não afirmam que para se conhecer a Deus é preciso a pessoa ser teóloga, o que a Bíblia exige é fé, e mesmo sendo os fiéis discípulos de Jesus pessoas simples e humildes, Ele não deixou de dizer que seus ensinos eram de níveis transcendentes aos homens, lemos em Mt 13:11: “Ele, respondendo, disse-lhes (aos discípulos): Porque a vós é dado conhecer OS MISTÉRIOS do reino dos céus...” e confirmando que seus ensinos e verdades eram revelados por obra da graça de Deus, e que não podiam ser atingidos pela sabedoria humana, Ele acrescentou em Mt 11: 25-27: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e AS REVELASTE aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser REVELAR”. Assim vemos que o conhecimento do Pai era impossível para a mente dos homens; apenas pela revelação é que podemos obtê-lo. Paulo confirma isso em 1Co 2:6-10: “Todavia falamos (os cristãos) a sabedoria dos perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam. Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em MISTÉRIO, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. Mas como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus nos-las revelou pelo seu Espírito”.
Quando lemos os Evangelhos logo percebemos que os discípulos não conheciam plenamente quem era Jesus, somente depois que Jesus ressuscitou foi que tudo ficou claro para eles, e isto graças ao Espírito Santo (Jo 14:7-11, 16-21; 20:22,28; 2:22). Somente pelo Espírito Santo é que confessamos a Jesus como Jeová (1Co 12:3) e para recebê-Lo, só precisamos crer (Ef 1:13; Gl 3:2).



A TRINDADE COMO ENSINO BÍBLICO (Págs 5-7)

A Trindade é sem a menor sombra de dúvida a doutrina mais bem abalizada dentro da Bíblia. Ela está na Bíblia como o sal está no mar, se aparentemente parece que não, é por uma falta de exame mais concreto. Olhar demoradamente o mar e escutar que ele está cheio de sal é uma coisa, outra coisa é ir até ele e provar. As Testemunhas de Jeová não fazem essa segunda coisa com relação a Bíblia e a Trindade, tudo o que sabem contra a Trindade advém dos escritos dos Estados Unidos. Toda Testemunha de Jeová tem os mesmos argumentos sobre a Trindade, e não venham nos dizer que isso é um prova de unidade doutrinária, não é essa a imagem que passa, o que se conclui, é que o assunto foi examinado apenas por alguns. As Testemunhas de Jeová são programadas para não contestar nada dos escritos dos superiores delas, que são os únicos a interpretar a Bíblia no final. O que é dito na página 5 sobre a Bíblia é incontestável, mas o que vemos é apenas o uso da verdade para defender uma mentira. O leitor desinformado faz essa leitura e a impressão passada é que os autores são bastante sinceros e examinadores da Bíblia. Mas não são, se fossem haveria uma tremulação, uma certa dúvida na maneira de falar, pelo menos em alguns pontos. Ora, é bem verdade que o objetivo deles deve ser alcançado e seria bastante perigoso uma maneira de escrever não muito convincente. Porém, é muito estranho a ausência de convicção em pelo menos um pontinho. Não há por parte deles um vestígio sequer de mostrar a sinceridade dos que defendem a doutrina, os argumentos fortes desse ensino. Isso torna esse escrito das Testemunhas de Jeová desacreditado, por mais que possa parecer o contrário.
Todas citações eruditas dessas páginas tratando da existência da Trindade na Bíblia quando não são torcidas, são tendenciosas, não dando a devida atenção as expressões “formal”, “formulada” ou “explícita”, as quais apontam o fato da doutrina da Trindade não ser encontrada desta forma nas Escrituras e não que não esteja nelas na maneira que os demais ensinos se apresentam.


A “Trindade” Na Bíblia
Numa tentativa desesperada de negar que Tertuliano (mestre cristão do terceiro século) cria na Trindade, as Testemunhas de Jeová dizem: “Contudo isso [o emprego da palavra ‘Trinitas’ por Tertuliano] em si mesmo não prova que o próprio Tertuliano ensinasse a Trindade. A obra Católica Trinitas – A teológica Encyclopédia of the Holy Trinity (Trinitas – Enciclopédia Teológica da Santíssima Trindade), por exemplo, diz que algumas palavras de Tertuliano foram mais usadas por outros para descrever a Trindade. Daí, faz o alerta: Mas, não se podem tirar conclusões apressadas a respeito do uso, pois ele não aplica essas suas palavras à teologia trinitarista” (págs. 5,6).
Sobre isto explica Robert Bowman: “Na base desse argumento poderíamos supor que a obra Católica ‘Trinitas’ está dizendo que Tertuliano não empregava a palavra “trindade” [trinitas] a respeito de Deus num contexto trinitariano. Mas isso é totalmente falso. A verdade é que a enciclopédia diz que Tertuliano não empregava a palavra “SUBSTANTIA” e seus derivados com referência a Trindade. Note o que a obra realmente diz: “O grande africano formulou a linguagem latina da Trindade, e muitas das suas palavras e frases tiveram seu emprego mantido permanentemente: as palavras TRINITAS e PERSONA, as fórmulas ‘uma só substância em três pessoas’ , ‘Deus de Deus’, ‘Luz de Luz’. Emprega a palavra ‘SUBSTANTIA’ 400 vezes, assim como também emprega ‘CONSUBSTANTIALIS’ e ‘CONSUBSTANTIVUS’, mas não se podem tirar conclusões apressadas a respeito do uso, pois ele não aplica essas palavras a teologia trinitariana ”(18).
Só nos resta concluir que o escritor ou os escritores da brochura das Testemunhas de Jeová tinham a máxima dificuldade em achar evidências sólidas para apoiar a sua teoria de que a doutrina da Trindade foi desenvolvida quase dois séculos depois de Tertuliano.”
A verdade é que o vocábulo “Trindade” (do grego TRIKHA, TRÊS; do latim TRINITATEM, grupo de três pessoas) foi usado pela primeira vez, em sua forma grega, por Teófilo (-180 A.D.); e, em sua forma latina por Tertuliano (-230 A.D.). Trata-se de um termo técnico para definir a verdade sobre as pessoas de Deus. Essa palavra não se encontra na Bíblia pelo simples fato de não existir quando a Escritura Sagrada foi escrita, foi um termo exclusivamente criado para a doutrina encontrada na Bíblia. Algo semelhante ao que aconteceu com a palavra “Jeová”, que foi criada para se pronunciar o Tetragrama do nome de Deus (J H W H).
Não esqueçamos que a Trindade só veio à luz com a vinda de Cristo, por isso não se estranhar a não existência dessa palavra no texto sagrado. Por outro lado, o Evangelista João, ao escrever o prólogo quarto Evangelho utilizou a palavra “LOGOS” oriunda do Neoplatonismo para designar Jesus, com isso ficou claro para os cristãos primitivos que Ele era UM com Deus, pois a Razão de Deus (a definição que os filósofos davam ao LOGOS) é algo que LHE é inerente. Vale ainda observar que apesar da palavra “Trindade” não se encontrar na Bíblia, a expressão que a equivaleria existe, trata-se da palavra grega THEIOTÊS, traduzida em português por DIVINDADE, encontrada apenas em Rm 1:20. Sem esquecer da palavra hebraica “ELOHÍM” que, significando “Deuses”, representa o único Deus trino criador de todas as coisas






ENCONTRANDO A TRINDADE NA BÍBLIA

Seria desorganizado e desarmonioso se no livro de Gênesis se encontrasse definições e elaborações de doutrinas de um modo explícito. Todavia, todas elas estão ali e podem ser defendidas.
Como exemplo citemos a doutrina da regeneração. Em Gênesis nada se diz dela, porém existem fatos em sua narração que permitem perfeitamente a sua existência e defesa. Se Deus criou tudo do nada, por que se achar difícil para Ele transformar o homem decaído na imagem de Jesus apenas pela fé? Deste modo podemos dizer que esta doutrina está em Gênesis. Não há uma definição, mas há dados e verdades que permitem a sua existência. Somente no Novo Testamento é que esta doutrina é dada (Tt 3:5), e olhem que esta é uma das mais importantes doutrinas. Pois bem, essa mesma metodologia deve ser aplicada para a defesa da doutrina da Trindade, e vale lembrar que encontramos em Gênesis textos que confirmam a Trindade que nenhuma outra doutrina possui.
Deve-se observar também, que muitas das doutrinas das Testemunhas de Jeová não se encontram da forma como elas querem para a Trindade. Suas doutrinas são definidas com junções de vários textos que, por suas leituras comparativas “geram” a conclusão desejada, estabelecendo uma idéia geral sobre determinado assunto, que depois é fortalecida por outros textos (se bem que outras, são feitas com verdadeiros malabarismos matemáticos, como a da volta de Jesus em 1914).
No livro de Hebreus vemos o autor trabalhando para estabelecer a doutrina de que Jesus é o Sumo-sacerdote eterno. Ele vai a cata de várias verdades do Antigo Testamento até criar a idéia que Jesus é o Sumo-sacerdote do Novo Testamento. O autor tinha um versículo-chave que em torno dele tece seus comentários para provar sua tese. Este versículo-chave era o que dizia que existiria um sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque (Sl 110:4). No caso da Trindade há vários versículos-chaves que são tão evidentes que as Testemunhas de Jeová são obrigadas a torcê-los em sua tradução.
Outro exemplo que podíamos usar é a doutrina da ressurreição, essa doutrina só possui um texto no Antigo Testamento que a defende claramente, é Daniel 12:2 e ainda assim parece indicar uma ressurreição parcial e não total, o que poderia ser, interpretado como um evento espiritual ou simbólico e não físico como ensinaram os cristãos primitivos. Por isso que o texto usado foi o Salmo 16, onde dele se fazia uma interpretação quase fora do contexto. Jesus para defender essa doutrina diante dos Saduceus teve que se valer de induções interpretativas da palavra de Deus (Ver Mt 22:29-33). A força, portanto, dessa doutrina está no Novo Testamento e sua aceitabilidade é por fé (Rm 10:9; Mt 16:1-4). No entanto há fatos no Antigo Testamento que a comprovam, apesar da carência de textos. Em Hebreus 11:17-19 vemos o autor buscando provar que o pai da fé, Abraão, cria na ressurreição dos mortos apenas pelos fatos que a narrativa bíblica transmitia. Mas na doutrina da Trindade os textos são abundantes e os fatos confirmatórios ilimitados.
Em contrapartida a essa exigência das Testemunhas de Jeová para com a doutrina da Trindade, constatamos que em nenhuma parte da Bíblia se diz que somente a pessoa do Pai é toda-poderosa, nem que o Filho seja um Deus diferente e inferior ao Pai e tão pouco que o Espírito Santo seja uma força.



DEUS SE REVELA EM CRISTO

A encarnação de Cristo foi um evento ocorrido no Novo Testamento e somente Ele por sua experiência e capacitação é que poderia trazer com mais precisão as verdades acerca de Deus. Esse fato é defendido em Dt 18:15-19 no Antigo Testamento e em Jo 3:11-13 no Novo, este segundo diz: “Na verdade, na verdade ti digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos, e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho de Homem que está no céu.” Assim, fica claro que a doutrina da Trindade só foi revelada no Novo Testamento, porque somente neste período é que Cristo se encarnou (veio do céu à terra em forma humana) para revelar Deus satisfatoriamente (Jo 1:18). Deus não foi revelado em palavras, em termos teológicos, mas numa pessoa, Jesus Cristo. Por isso não necessitar uma explicação e definição em termos linguísticos da doutrina da Trindade. Se isso tivesse sido feito por Deus, dispensaria a encarnação de Cristo.
A doutrina é vista nitidamente em várias partes do Novo Testamento, o que permite biblicamente defendê-la. Esses textos são expressões de Cristo e citações dos escritores neo-testamentários e não conceitos doutrinários. Imaginem o absurdo se a Bíblia, principalmente o Novo Testamento, fosse um livro de definições teológicas. O Novo Testamento (especialmente as cartas) surgiu por situações que apareciam na Igreja primitiva. Havia alguém praticando algum ato contrário ao ensino de Cristo e logo os Apóstolos escreviam uma carta explicando ou exortando para que isso não fosse praticado, e desse modo todas as cartas foram escritas, muito semelhante ao modo que a Lei de Moisés foi ampliada, os problemas surgiam e Moisés resolvia de modo que Deus lhe instruía (Ex 18:13-26; Lv 24:10-16; Nm 9:6-9; 15:32-36; 27:1-11;). Em 1Coríntios capítulo 7 vemos o Apóstolo Paulo explicando e dando resposta de como deviam resolver e proceder na questão do casamento, pois com certeza surgiu problemas nesse assunto; nessa mesma carta vemos o mesmo Paulo fazendo uma defesa da doutrina da ressurreição dos mortos por ter alguns ensinado coisas erradas a seu respeito; nos capítulos 12-14 ele trata dos dons do Espírito porque a Igreja não estava sendo correta com seus usos; já em Romanos Paulo explica que a Igreja não devia escarnecer da nação de Israel, ensina como deviam tratar os fracos na fé, e assim se sucede em todas as cartas, dificuldades e dúvidas surgiam e os Apóstolos davam o parecer doutrinário. Ora, não surgiu dúvidas sobre a doutrina da Trindade, pois essa era plenamente entendida pelos crentes, visto que eles conheciam em seus espíritos a pessoa de Cristo que era idêntica a do Pai e do Espírito Santo (Jo 14: 15-23).
Note que nesse texto de Jo 14:15-23 se ver claramente que ao se receber o Espírito Santo se recebia também o Pai e Filho; os três passariam a morar em quem recebia o Espírito, e quando assim acontecesse, Cristo em sua unidade com o Pai e Espírito, não seria um mistério, mas seria MANIFESTADO a tal pessoa. Portanto, essa dúvida não poderia surgir num crente genuíno em seu espírito, pois se assim acontecesse, nem crente ele seria (Rm 8:9)*. Desse modo, devido a raridade para a questão ser levantada, não precisou Paulo escrever uma definição teológica sobre a Trindade. Porque em sua época não existiu tal dúvida. No entanto, nas exortações sobre outros assuntos, Paulo usou da verdade da Trindade de uma maneira quase não intencional. Em Filipenses capítulo dois, por exemplo, Paulo tem o objetivo de levar os irmãos a serem humildes da maneira de Cristo, com esse alvo acabou falando da Divindade de Cristo e sua humanidade ou encarnação. Mas o objetivo dele não foi estabelecer um credo ou uma definição para a doutrina da Trindade.


*Teófilo de Antioquia, o primeiro a usar a palavra “Trindade” para apontar esta doutrina, diz isso no seu segundo livro a Autólico, 22: “Por isso, as santas Escrituras e TODOS OS PORTADORES DO ESPÍRITO NOS ENSINAM, dentre as quais João diz: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus’, dando a entender que no princípio existia apenas Deus e nele o seu Verbo. Depois diz: ‘E Deus era o Verbo. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito’. Portanto, sendo o Verbo Deus e nascido de Deus, quando o Pai do universo quer, Ele o envia a algum lugar e, chegando aí, Ele é ouvido e visto, pois é enviado por Ele e se encontra em algum lugar”. A expressão grifada no texto acima serve para apontar esse fato: todos os que tinham o Espírito Santo reconheciam que Jesus era Deus.




A TRINDADE E A VIDA ETERNA

A doutrina da Trindade é o sustentáculo de todas as doutrinas, como exemplo disso citamos a doutrina da vida eterna. Segundo Jo 17:3 a vida eterna consiste em se conhecer a Deus, e só se conhece a Deus conforme Jo 1:18 por meio de Jesus, por sua vez Jesus só é conhecido através do Espírito Santo (2Co 5:16; 1Co 2:9-12; 6:17,19). Desse modo, se o Espírito Santo não é uma pessoa, não se pode conhecer a pessoa de Jesus e por conseguinte a pessoa do Pai. Se Jesus não for Deus, mas um anjo, não se pode conhecer por Ele a Deus, mas um anjo. Assim, ou se crer que Jesus é Deus e o Espírito Santo é uma pessoa, ou então não se pode ter a vida eterna. Em I Jo 5:12 diz: “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida”. Portanto, Jesus é a vida eterna, quem O conhece, conhece o Pai (I Jo 2: 13,14), e em I Jo. 4:12,13 declaradamente mostra que é pelo Espírito que conhecemos a Deus. Dessa maneira chegamos a conclusão de que a vida eterna depende de se crer na Trindade: “pois, por meio dele (Jesus), nós, judeus e gentios, num só Espírito, temos acesso ao Pai”, Ef 2.18, Bíblia de Jerusalém. Sem Jesus e o Espirito Santo o Pai é inacessível.

“...Ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me tivésseis conhecido, teríeis também conhecido meu Pai; deste momento em diante vós o conheceis e o tendes visto”. Filipe disse-lhe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso chega para nós”. Jesus disse-lhe: “Tenho estado tanto tempo convosco e ainda não vieste a conhecer-me, Filipe? Quem me tem visto, tem visto (também) o Pai. Como é que dizes, mostra-nos o Pai? Não acreditais que eu esteja em união com o Pai e que o Pai esteja em união comigo? Jo 14.6-10 Tradução Novo Mundo. A unidade ou união entre o Pai e o Filho é uma questão de fé e não de entendimento, seja deles ou nossa, unidade de propósito como querem entender as Testemunhas de Jeová quando a Bíblia diz que o Pai e o Filho são um, não requer fé, mas compreensão. Mas Jesus diz aqui nesse texto acima citado que quem conhece a Ele conhece o Pai, eles são idênticos, não são diferentes, logo em seguida ainda nesse texto Jesus diz que quando o Espírito Santo for dado aos discípulos eles terão o Pai e o Filho morando dentro deles (versos 15-23). Ter uma das pessoas da Trindade é como ter todas, daí essa ênfase que Cristo deu nessa questão da unidade. A unidade da Trindade será idêntica a unidade da igreja, uma unidade não de pensamento ou de organização, mas pessoal e espiritualmente.
A vida eterna é conhecer a Deus e não existir eternamente, a Bíblia distingue claramente a vida eterna da ressurreição do dia final em João 6.40, 54 e 2Timóteo 1.10. Enquanto vida eterna se consegue aqui por fé, a ressurreição se consegue no futuro, a vida eterna é comunhão com Deus no nosso espírito em nosso coração agora, atente nesses dois versos paralelos de João: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna Jo 6.54...Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim e eu nele Jo 6.56, vida eterna portanto é está em união com Cristo, em 1Jo 3.15 diz que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele. Quem tem a vida eterna, essa comunhão com Deus no espírito, é um só com o Senhor como se estivesse casado com Deus (1Co 6.16,17), por isso que Jesus disse que vida eterna é conhecer a Deus em alusão a união carnal do homem com a mulher (Ef 5.31, 32; Gn 4.1). Já a ressurreição é uma consequência da vida eterna, pois quando Deus passa a morar em nosso espírito na Pessoa do Espírito Santo essa união não pode mais ser desfeita, se o casamento físico é indissolúvel quanto mais o casamento espiritual, por isso é uma vida (comunhão) eterna, assim quem tem a vida eterna terá a ressurreição como uma garantia, veja Rm 8.11,18-23; Ef 1.13, 14 e 4.30; 1Jo 3.1; 1Pe 1.5; Rm 13.11. Como diz o Apóstolo Paulo em 2Coríntios 5.4 os cristãos não querem ser despidos de seus corpos, mas que eles sejam absorvidos pela vida que existe em seus espíritos onde Deus habita gloriosamente por seu Espírito, nos transformando dia a dia na semelhança do caráter de Cristo (2Co 3.14; 4.6,7) até que cheguemos a perfeição da ressurreição física (Fp 3.10-12).


A DISTINCÃO E AS FUNÇÕES DAS PESSOAS DA TRINDADE

É importante fazermos algumas considerações e correções de idéias sobre a doutrina da Trindade nesses dois assuntos: Função e distinção.
Primeiro deve-se entender que as três pessoas da Trindade não eram bem distintas no princípio, isto é, não se podia identificar quem era o Pai, o Filho ou Espírito Santo. As três eram idênticas em tudo, de modo que não havia dificuldade de se entender Sua perfeita unidade. A distinção das pessoas só ocorreu com a encarnação da Segunda pessoa, que foi denominada “Filho” já no Antigo Testamento (Sl 2:12). E essa distinção só se deu na função que cada Pessoa exerceu a partir dessa encarnação.
No Antigo Testamento vemos a atuação de Deus em Trindade, mas no Novo cada uma das Pessoas divinas trabalha separadamente. É errado se pensar que no Antigo Testamento apenas o Pai se manifestava, na verdade as três Pessoas trabalhavam ao mesmo tempo em perfeita unidade (Gn 1:26,27).
Quando no Novo Testamento Deus se encarnou na sua Segunda Pessoa aconteceu então a distinção de um modo mais acentuado, ficando evidente pela função de cada uma das divinas Pessoas. A primeira é chamada “PAI” e tem a função de representar a Trindade como era vista no Antigo Testamento. O termo “Pai” além do significado comum de pai, possui também em grego a idéia de Patriarca (Mt 3:9; Mc 11:10; Lc 1:73; Jo 8:39, 53 e 56; Rm 9:10; Hb 1:1), fazendo uma referência antológica (para o passado); por isso era o ideal para representar o modo uno do Deus trino agir no Antigo Testamento. A Segunda é chamada “FILHO” *, e se encarnou para uma série de objetivos, dentre os quais alguns são: A salvação da humanidade, o aniquilamento do poder do diabo, a revelação da Divindade, o julgamento dos homens, o estabelecimento do Reino do Deus, a restauração do planeta terra [OBS. O autor entende “Céu” ou “Reino dos Céus” como uma junção do novo céu e da nova terra, esta será restaurada e não destruída, conforme Cl 1:20; Ap 21:1; 2Pe 3:7-13; Hb 1:10-12; Mt 19:28; Rm 8:19-22], Etc.
* Eusébio, 263-340d.C, diz o mesmo em sua História Eclesiástica, livro I, no final do capítulo II: “chamado Filho de Deus, em razão de sua manifestação final na carne”

A Terceira Pessoa é chamada “ESPÍRITO SANTO” e sua função é fazer Deus ser conhecido no espírito dos homens, Ele se amalga, se une (1Co 6:17), ao espírito humano, fazendo o homem ser participante da natureza divina, tornando-se assim em filho de Deus adotivo, isto produz um conjunto de consequências necessárias para concretizar os planos de Deus, como o poder para vencer o pecado e ter uma vida santa, a formação da Igreja, a obediência aos mandamentos pelo recebimento do amor de Deus, a convicção de salvação, Etc (constate isso lendo Rm 5:5; 8:2,16 e 17; 1Co 2:10-16; 6:17; Gl 5:22; Ef 4:4; I1Ts 2:13; 2Pe 1:3 de modo comparativo).
Os termos dados a cada pessoa da Trindade “PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO” servem para fazer a distinção e ajudar a entender a Trindade, pois sabendo-se que uma pessoa é FILHO e a outra é PAI, entendemos tratar-se de pessoas da mesma natureza, ou seja, se Jesus é Filho de Deus é Deus, assim como o filho do gato é gato e o filho do homem é homem. Jesus é o Filho Unigênito de Deus, o único da mesma “gen”, da mesma natureza, por isso é Filho de Deus diferente dos demais. Assim os termos “FILHO” e “PAI” dados o Segunda e a Primeira Pessoa da Trindade conseguem distingui-las sem torná-las diferentes na natureza. É bom lembrar, e ainda lembraremos posteriormente, que um pai não cria um filho, mas o gera, o filho sempre esteve nele, os termos “PAI” e “FILHO” para essas Pessoas divinas dizem isso, sem no entanto caírem em extremos como logo explicaremos.
Por sua vez a Terceira Pessoa sendo chamada “Espírito de Deus” ajuda-nos a entender por esse termo “ESPÍRITO” sua função de nos dar o conhecimento pessoal de Deus no Seu espírito, isto é, no Seu íntimo, já que em nossa atual condição é impossível conhecê-lo em Sua forma, digamos, externa. Em outras palavras, a Terceira Pessoa sendo chamada “Espírito de Deus” significa que Ela tem a função de espírito como se Deus fosse semelhante ao homem de corpo, alma e espírito. Ele assim possui uma função invisível, onde revela a Deus a nós, em nossos espíritos, e como o termo “espírito” indica bem isso, foi o mais adequado para se dar a Terceira Pessoa (veja 1Co 2:11). E é bom lembrar, assim como o termo “filho” foi dado para a Segunda Pessoa ainda no Antigo Testamento, do mesmo modo aconteceu com a Terceira Pessoa.
É importante dizer que esses nomes dados as três Pessoas da Trindade, não devem ser vistos como um recurso para se entender de modo claro e absoluto essas Pessoas, se fizermos isso podemos desvirtuar por completo sua finalidade, que é a de entendermos a relação que há entre o Pai, o Filho e o Espírito com os homens ,e com Eles mesmos, na obra da salvação.
Se por exemplo tomarmos uma concepção plena dos termos “Pai”, “Filho” e “Espírito” poderíamos pensar que o Pai e o Filho não fossem espírito, mas isso entraria em contradição com a Bíblia que diz, que Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) é ESPÍRITO (Jo 4:24).
É exatamente neste ponto que a maioria das T.J. se confundem e querem confundir, pois julgam que Jesus é inferior porque é chamado Filho. Na verdade os termos “Pai” e “Filho” indicam que a Primeira e a Segunda Pessoa da Trindade possuem a mesma natureza (são divinas) e uma relação íntima (unidade), nada implica uma posição hierárquica, e se essa existir, foi por causa da encarnação da Segunda dentro do plano da salvação, onde Jesus se fez homem.
Com essas considerações acima fica mais fácil percebermos as distinções e a plena Divindade das três pessoas da Trindade; também entendemos porque a Pessoa do Pai parece ser ‘mais Deus’ que Jesus e o Espírito Santo, por causa de sua função de representar a Trindade como era vista no Antigo Testamento. Além disso, o objetivo de se falar da distinção e da função das Pessoas da Trindade foi introduzirmos o próximo assunto, onde será explicado e comentado um ponto crucial para plena refutação da revista “Deve-se Crer...”.





CONFUNDINDO PARA ARGUMENTAR

Existe uma pequena confusão feita pelos autores da revista “Deve-se Crer...” que possibilita a eles muitas argumentações. Esclarecendo ela, praticamente todos os argumentos reprovando a Divindade de Cristo são dissolvidos.
O credo da Trindade estabelece que os cristãos adoram um Deus em Trindade; o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três Pessoas distintas, mas cada uma delas é Deus e as três são Deus, existindo uma unidade trina perfeita. No entanto, em suas críticas e considerações as T.J. partem da idéia errada que dizemos que o Pai, o Filho e o Espírito são apenas uma pessoa, o que não é verdade.
Em todos os seus argumentos para negarem a Divindade de Cristo, os pontos essenciais é confundir as Pessoas da Trindade em uma e não esclarecer as duas naturezas de Cristo, esclarecido esses dois pontos as T.J. simplesmente se calarão.
Na “Deve-se Crer...” encontramos os autores confundindo as Pessoas do Pai e do Filho várias vezes: na página 17, ao dizerem “As palavra de Jesus em Jo 8:17,18 também são significativas. Ele diz: ‘na vossa lei está escrito: O testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou um que dá testemunho de mim mesmo, e o Pai que me enviou dá testemunho de mim’. Jesus mostra aqui que ele e o pai, isto é, o Deus Todo-poderoso, TÊM DE SER DUAS PESSOAS DISTINTAS, pois, se não, como haveria realmente duas testemunhas”. Na página 19 vemos novamente os escritores ignorando o mesmo detalhe visando o desenvolvimento de mais argumentos, lemos: “Paulo disse também que Cristo entrou no próprio céu, a fim de comparecer agora, diante da face de Deus a nosso favor (Hb 9:24, BJ). Se você comparecer à presença de outra pessoa, como poderia ser você aquela mesma pessoa? Não poderia ser. Você teria de ser uma pessoa diferente à parte”. Citam ainda o caso de Estevão que ao contemplar o céu aberto, viu o Filho e o Pai separadamente, mencionam também Revelação 4:8 e 5:7, sempre tentando negar a Trindade pela prova da distinção do Pai e do Filho. Mas é tudo falácia para confundir o leitor desavisado.
É importante, pois, que o credo da Trindade seja bem definido e entendido em seus termos para depois resolvermos aceitá-lo ou não, a exigência que sempre Voltaire lembrava antes de entrar num debate: “Se quiser conversar comigo, defina seus termos!” é essencial também no presente debate.
Como diz o historiador Will Durant: “Quantos não seriam os debates que teriam ficado reduzidos a um parágrafo se os contendores tivessem tido a ousadia de definir seus termos! O alfa e o ômega da lógica, seu coração e sua alma, estão em que termo importante num discurso sério deve ser submetido, com rigor, ao escrutínio e à definição. É difícil, e representa um teste impiedoso para a mente; uma vez feito, porém, representa a metade de qualquer tarefa” (História da Filosofia, pág. 77). E segundo este raciocínio, os trinitários estão até em desvantagem em relação as Testemunhas de Jeová, afinal os termos do credo da Trindade já foram definidos a cerca de dezesseis séculos atrás pelo mestres primitivos Eusébio e Atanásio, e no entanto os autores da revista “Deve-se Crer... ” insistem em torcê-los e ocultá-los, pois só assim podem argumentar. Se há alguém nesse debate agindo com artimanha e vis sutilezas não são os trinitários.
O impressionante contudo, é que depois de definirmos plenamente os termos do credo da Trindade, não podemos mais refutá-la. E chegamos a conclusão inescapável, que só pode ser a verdade sobre a natureza de Deus, numa lógica digna dEle, que além de nos desarmar, acima de tudo, nos deixa reverentes.
Referente as duas naturezas de Cristo a referência bíblica mais comum é a de Mt 22:41-46. Na condição de homem, Jesus é menor que os anjos, não sabe o dia de sua vinda e é submisso, é servo, Etc.
Portanto, a lenha do fogo da argumentação das T.J. contra a Trindade está num engano, numa má compreensão do credo da Trindade. Quem elas conseguem refutar são os Unitaristas, heréticos que, negando a doutrina da Trindade, dizem ser o Pai, e o Filho e o Espírito Santo uma única pessoa.
Outro fato comprometedor para a doutrina da Trindade é quando as Testemunhas de Jeová chamam a Jesus e ao Espírito Santo de “partes” de uma trindade, mas o credo de Atanásio não diz que a Trindade é constituída de partes, nem tão pouco que Deus é dividido pelas Pessoas, ele é claro em dizer que não é possível dividir a Substância de Deus. Jesus disse “Eu e Pai somos UM”. São esses mal-entendidos que permitem a elas criarem argumentos contra a verdade bíblica do Deus Uno e Trino.
Valioso dentro desse assunto é o comentário de J.N.D.Kelly, em seu livro Doutrinas Centrais da Fé Cristã segundo ele “os pais que elaboraram o credo da Trindade tinham uma crença na simplicidade e na indivisibilidade da essência divina. De certa forma, eles se mostram totalmente relutantes em aplicar a categoria de NÚMERO em relação a Divindade, retomando a antiga doutrina aristotélica de que só o que é material pode ser quantativamente divisível. Como podemos ser acusados de triteísmo [crença em três deuses], exclama Evágrio, excluímos totalmente os números da natureza espiritual da Divindade. Segundo Gregório de Nissa, os números indicam apenas a quantidade de coisas, não oferecendo pistas quanto a sua verdadeira natureza [C. Eunom. I – Jaeg. I, 85] ; e Basílio insiste que, se utilizarmos numerais para a Divindade, devemos faze-lo reverentemente, destacamos que embora cada uma das pessoas seja designada como uma, Elas não podem ser somadas. A razão disso é que a natureza divina que Elas partilham é simples e indivisível [De spir. Sanct.44] ”



O GRANDE MISTÉRIO

Para o crente a Trindade de Deus não é um mistério, em seu espírito ele a compreende muito bem. E sem dúvida a Trindade para o cristão é até mais compreendida que muitos dos mistérios que existem nessa vida. O rei Davi ao se contemplar a si mesmo e meditar no modo como fora criado por Deus, caiu em adoração ao Altíssimo, devido a tantos mistérios que via em si mesmo; ao analisar um pouco o poder de Deus, o mesmo Davi disso: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim, elevado é, não o posso atingir”(Sl 139). De modo similar o sábio Salomão afirmou que o homem não pode compreender a obra que Deus faz debaixo do sol, por mais que trabalhe para descobrir, não consegue (Ec 8:16,17). No entanto, cremos que a Trindade é menos mistério que a criação, isso porque temos um meio de conhecê-la, que é, como já dissemos, pelo nosso espírito. Se ao menos as Testemunhas de Jeová cressem que possuem um espírito, uma parte que pode entrar em contato direto com Deus!
E aqui abro um parêntese, a maior prova da existência de Deus está em nós mesmos, em nossos espíritos. Deus não pode ser tocado fisicamente por nós por ser espiritual, mas por nossos espíritos podemos entrar em contato com Ele, por isso é impossível (digo pessoalmente) conseguirmos provar que Deus existe pela ciência com suas pesquisas e investigações. O velho argumento de tentar provar que Deus existe pelas coisas criadas se mostra ineficaz, porque nos leva a uma ininterrupta sucessão de criadores, fabricando a idéia que Deus deve ter sido criado também. Portanto, a prova ou o meio para confirmarmos a existência de Deus está em nossos espíritos. E vinculado a isto está encarnação de Jesus Cristo, pois ela tornou Deus acessível para estabelecer este contato, já que no seu aspecto de ser ESPÍRITO (Jo 4:24), Deus ainda era muito superior aos nossos espíritos, assim o espírito humano de Jesus atrelado a espiritualidade de Deus possibilitou o contato. E daqui é onde introduziremos o próximo assunto.
Existe um mistério doutrinário superior a qualquer outro que possa existir. Trata-se da encarnação da Segunda Pessoa da Trindade. Pelo modo como a Bíblia fala dele, parece que nem mesmo os anjos de Deus podem entendê-lo, e duvido que na eternidade o poderemos. Ser Cristo Deus e homem ao mesmo tempo é muito insondável. A Trindade não é três pessoas de naturezas diferentes em uma, são três Pessoas distintas, cada um é Deus e juntas são Deus, mas não são uma só pessoa com diferenciadas naturezas. Todavia, o Filho de Deus encarnado é duas pessoas e uma ao mesmo tempo, sendo que uma delas é o ser mais poderoso do universo – Deus. Esse assunto foi alvo de debates, divisões e concílios na Idade Média, tendo sido solucionado apenas quando foi decidido não entrar nas implicações dessa verdade insondável (Uma História Ilustrada do Cristianismo, volume 3, pág. 100).
Diante de tal fato, dessa mistura entre Deus e o homem, só resta-nos adorá-lo. Havia a necessidade de um homem fazer o que Cristo fez por nós, mas era algo muito sublime para um homem ou um anjo fazer, a exaltação que este ser receberia o tornariam igual a Deus (Fp 2:5-11) e isso ameaçaria a glória do Deus altíssimo, já ocorrida um vez quando satanás se exaltou; se nem em nossa própria salvação nós podemos contribuir (Ef 2:8), quanto mais alguém efetuar a salvação! Diz Ap 5:3 que ninguém no céu e na terra era achado digno de abrir ou apenas olhar o livro do Apocalipse, livro que contava o futuro, até que apareceu um homem que obteve tal dignidade por ter comprado para Deus com seu próprio sangue homens de toda tribo, e língua, e povo e nação. Essa figura que rouba a cena e logo é honrado como Deus, não é outro senão Jesus. Portanto pela dignidade e honra que o feitor da obra de salvação ganharia, o próprio Deus, em sua Segunda Pessoa, resolveu executá-la.
Não quero mover uma pena para tentar explicar sobre este tão grande mistério, temo que possa deturpá-lo e até mesmo cair em heresia.
É exatamente no grande mistério da piedade que as T.J. procuram negar a doutrina da Trindade. Frequentemente vemos elas não levando em conta as duas naturezas de Cristo, olhando apenas para o seu lado humano.
Como homem, nosso Deus era menor que os anjos, não sabia o dia da sua volta, sofreu, orava, aprendeu, morreu, tudo isso para conhecermos o seu excelso amor, o qual excede todo o entendimento em todas as medidas (Ef 3:18-19 – espero que esse versículo convença as T.J. a verem que na cristianismo existem muitas coisas que não podemos entender). E vale lembrar que Jesus não deixou de ser homem, Ele está a direita de Deus com o ofício de Sumo-sacerdote para levar a cabo a sua obra realizada no calvário (Rm 4:25; Hb 7:23-25), por isso não é de se admirar quando as Escrituras dizem que Ele ainda é servo e submisso.
Para terminar essa parte, transcreveremos o texto do grande mistério e um poema do autor para a meditação das Testemunhas de Jeová:
“Sem dúvida alguma, GRANDE é mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, e recebido na glória” (l Tm 3:16). OBS. Alguns manuscritos substituem “Aquele” por “Deus”, dizendo: “Deus se manifestou em carne...”

Quem é o maior no Reino dos Céus?
O menor!
Quem é o menor no Reino dos Céus?
Jesus!
Quem é o maior no Reino dos Céus?
Deus!
Jesus é Deus!

Jesus é o nosso exemplo de humildade
Devemos ser iguais a Ele em devota imitação
Não nos aferremos no que temos ou em nossa capacidade
Tomemos o exemplo que Ele nos deu no coração
Tal humildade Ele nos deu
que até parecia não ser Deus.




A IGUALDADE COM ATEUS E FARIZEUS

O termo “explícito” é levado ao exagero pelos autores da “Deve-se Crer...”. Parece que as T.J. querem como certos cépticos que a Bíblia diga o que desejam. Dizem alguns ateus: “Se não ficar claro como Deus veio a ser criado, não crerei! Se a Bíblia é a palavra de Deus ela deveria explicar como Ele veio a existir!”. De modo semelhante é a argumentação dos pensadores das Testemunhas de Jeová. Também se parecem com os Fariseus da época de Jesus Cristo, que pediam um “sinal do céu” rejeitando aqueles que Jesus realizava. Na certa queriam que os milagres de Jesus viessem direto do céu: uma hoste de anjos cantando e dizendo que Ele era o Messias, assim eles acreditariam. As T.J. estão na mesmíssima situação.
Deus não quis estabelecer a doutrina da Trindade de uma forma super-explícita na Bíblia, mas nem por isso vou reclamar e dizer que ela não existe, mais ainda sabendo que ela é um fato incontestável e indispensável, só em perder a vida eterna, já é mais do que suficiente para entendermos sua indispensabilidade. Portanto, se Deus assim quis e não quis, só nos resta dizer: Graças Te damos ó Pai ... sim, porque assim Te aprouve! Agora se as Testemunhas de Jeová não se satisfazem com os caminhos de Deus, a culpa não é dEle e nem da Igreja. OBS.: Pedro (como assim entendeu) preferia beber sangue humano para ter a vida eterna do que deixar de ser um discípulo de Jesus (Jo 6:53-68).
Interessante é que Cristo não disse ABERTAMENTE que era o Messias, o Rei dos Judeus. Em Marcos 15:2 ante a pergunta de Pilatos, Jesus não deu resposta afirmativa, Ele queria deixar claro que Ele não precisou ficar gritando e dizendo explicitamente que era o Rei dos reis, tudo que foi realizado por Ele levava a essa conclusão. A Bíblia não perde páginas para provar a existência de Deus, isso é um fato só não visto pela soberba dos homens, querendo que Deus faça algo mais para que eles acreditem em sua existência. As Testemunhas de Jeová são semelhantes aqueles judeus que rodearam a Jesus quando Ele passeava tranquilamente no templo e disseram-lhe: “Até quando terás a nossa alma suspensa? Se és o Cristo dize-no ABERTAMENTE”. Jesus respondeu a eles que Já havia feito isso, e no entanto aqueles homens ainda queriam mais. Até os discípulos agiram assim quando um deles disse a Jesus: “Mostra-nos o Pai e isso nos bastará”. A isto Jesus replicou que já o havia feito, não como imaginavam, mas havia.
Nessa sua exigência as Testemunhas de Jeová parecem querer que os trinitaristas lhes mostrem um texto bíblico que diga: “ Jesus é Deus, Deus mesmo! o Todo-poderoso, que fez tudo (mas tudo mesmo!), nada (mas nadinha mesmo!) do que foi feito, sem Ele se fez. Ele é Deus, é Deus! Testemunhas de Jeová, que irão surgir nos séculos 19 e 20, Jesus é Deus, e para confirmar eis aqui as assinaturas dos doze Apóstolos: Pedro, Paulo, Tiago, João , Tomé ...”. Com uma texto assim elas creriam, mas isso é um absurdo, um exagero infantil.


A Trindade No Antigo Testamento
Sobre a não existência da idéia da Trindade no Antigo Testamento isso é falso. Logo no início das escrituras se percebe a verdade de que Deus existe em três pessoas. Na criação do homem narrada em Gênesis por exemplo, Deus usa a pluralidade ao se revelar. Ele diz: Façamos o homem a nossa imagem e conforme a nossa semelhança. As Testemunhas de Jeová em outros escritos delas dizem que nesse texto Deus não dava a entender uma Trindade, mas que se referia aos anjos. Ora, a Bíblia é firme em dizer que somos a imagem de Deus (Gn 1:27; 9:6) e a semelhança de Deus (Gn 5:1) e não a imagem e semelhança de Deus e dos anjos.
Essa passagem de Gênesis prova tanto a Trindade que Siegfried Morenz julgou que os Egípcios (na certa influenciados pelos escritos de Moisés) criam numa trindade por falarem à vários deuses no singular (veja a revista “Deve-se Crer...” na página 11).
Vejamos alguns outros exemplos de indicação da Trindade no Antigo Testamento:
Quando o homem caiu e precisou haver um plano de salvação, Deus falou em pluralidade (Gn 3:22).
Em Gn 9 vemos Deus falando também na pluralidade, isso acontece no momento em que Ele faz a unidade linguística se pluralizar.
No capítulo 18 de Gênesis encontramos Abraão conversando com um homem que é identificado como o próprio Deus, a maioria dos estudiosos da Bíblia, desde os pais apostólicos, reconhecem nele uma manifestação de Segunda pessoa da Trindade (teofania). Também em Gn 32:24,30 esse mesmo homem surge lutando com Jacó e mais uma vez é identificado como Deus. Nos dois casos Ele sempre aparece ao lado de anjos (18:22; 32:1,2), o que o relaciona com aquele que apareceu a Josué, chamado Capitão do exército do Senhor, que recebeu adoração (Js 5:13-15). Oséias 12:3-5 estabelece que o homem que lutou com Jacó é o mesmo Anjo do Senhor, também o chama de Deus, Deus conosco, Jeová e o Deus dos exércitos.
O chamado “Anjo do Senhor” que veio a Moisés (Ex 3) e a Manoá (Jz 13) também é visto como uma manifestação de Jesus no Antigo Testamento, e nos dois casos também fica claro que se tratava do próprio Deus. É válido mencionar que o Espírito Santo se confunde com o mesmo Anjo do Senhor em At 8:26,29. Lembrando que o termo “anjo” tanto pode significar um “ser espiritual” ou “mensageiro” alguém que traz um mensagem de divina.
Em Gênesis 19:24 parece que existem dois Deus: “Então fez o SENHOR chover enxofre e fogo, da parte do SENHOR, sobre Sodoma e Gomorra”.
Ex 32:4 é uma referência que traz a idéia de uma pluralidade na Divindade, quando Arão fundiu UM bezerro de ouro e o povo disse: “São ESTES, ó Israel, OS TEUS DEUSES, que te tiraram do Egito”
Na profecia de Dt 18:15-19 de que apareceria um profeta semelhante a Moisés, que no caso era o próprio Jesus, também encontramos uma prova da Divindade de Cristo. Moisés diz no verso 16 que este profeta seria conforme o pedido que os judeus pediram a Deus em Horebe, no dia da assembléia, quando disseram: “Não ouviremos mais a voz do Senhor nosso Deus, nem veremos este grande fogo, para que não morramos”. Desse modo, os judeus não queriam ouvir a Deus por medo de morrer, mas Deus haveria de enviar um homem que falaria a palavra de Deus na semelhança de Moisés, mas também seria o próprio Deus que por meio da encarnação se chegaria aos homens, satisfazendo assim o desejo do povo de querer ouvir a Deus mas sem ter que falecer pela Glória do Todo-poderoso. Por isso a segunda pessoa da Trindade deixou a Glória divina (Jo 17:5) para habitar entre os homens (Mt 1:23).
No caso do Capitão do Exército do Senhor de Js 5:13-15 notamos perfeitamente que Josué de fato ADOROU aquele Capitão; e se ele adorou, não poderia ser um anjo representando a Deus. Assim, ou as Testemunhas de Jeová admitem que há mais de uma pessoa na Divindade ou terão de admitir que Josué foi idólatra. Deve-se lembrar que nos outros casos em que homens se ajoelhavam diante de outros isso de fato se tratava de reverência, pois nunca se diz que estavam adorando como nessa passagem, que prova indiretamente a Trindade.
Jó 1.8 é outro texto que se destaca em favor da Trindade, nele Jeová diz que Jó era temente a Deus, onde o mais natural era que Ele dissesse que Jó era “temente a mim”.
Que pessoa poderia se enquadrar naquela situação apontada por Deus em Jó capítulo 38, se não Jesus.
Vemos Deus geralmente referindo-se ao seu Braço e a sua Destra (Sl 98:1; Is 62:8), uma clara alusão a Trindade quando sabemos que Jesus era designado por Braço do Senhor (Is 53. 1). Além da expressão revelar uma distinção de Deus, não deixa de ser indicar Sua própria identidade, pois quando digo “o meu braço irá” é o mesmo que dizer “eu irei ”.
A Trindade pode ser vista abundantemente no livro dos Salmos, com leituras devocionais com a iluminação do Espírito Santo se consegue extrair centenas de argumentos em favor dessa doutrina, no entanto, para a presente obra, dirigida a pessoas dadas a intelectualização, achamos por bem guardar essas interpretações mais espirituais. Todavia, recomendamos a todos a lerem esse livro de louvor a Deus, nele se pode garimpar jóias abundantes em defesa da Trindade. São 3 vezes 50 Salmos que aludem direta e indiretamente as três Pessoas da Divindade, os espirituais discernirão bem e satisfatoriamente.
Em Is 6:8 quando esse profeta ver a Glória de Deus, o Senhor lhe dirige a palavra na pluralidade e Isaías o responde no singular. E para confirmar que se tratava das Pessoas da Trindade, é dito em Jo 12:38-41 que nesse evento Isaías viu foi a Glória de Jesus. Por sua vez At 28:25-27 mostra que a referida passagem bíblica tratava do Espírito Santo.
Is 7:14 é um fortíssimo texto de apoio a Trindade. Faz paralelo com Mt 1:23, onde fica claramente declarado que Jesus é Deus entre os homens; o Apóstolo Mateus preocupa-se em fazer a tradução do nome profético de Cristo – Emanuel (Deus conosco). É interessante que Cristo não foi chamado por esse nome, pois não era o nome que deveria ser chamado, mas para revelar o grande amor de Deus em vir habitar entre os homens, além revelar a natureza daquele que havia de vir.
Na profecia de Is 9:6 sobre o nascimento de Cristo. Ele é abertamente chamado de Deus. As T.J. argumentam sobre esse texto que Cristo é chamado de “Deus FORTE” e não de Deus Todo-poderoso; ora, o Pai também é chamado de “Deus Forte” em Is 1:24; 10:21 (Ver ainda Sl 132:2 ;50:1), o que mostra a fraqueza do argumento, se “Deus Forte” revela um deus de nível inferior, então elas terão de admitir que há um deus mais poderoso que Jeová, visto a mesma expressão ser conferida a Ele. Vale ainda dizer que o texto não diz “UM Deus Forte”.
Ainda em Is 9:6 também é dito que Jesus é o “Pai da Eternidade” ou “Pai Eterno”. Se as Testemunhas de Jeová admitem que a expressão “Deus Forte” deve ser entendida como está (porque conseguem criar um argumento) devem entender também a expressão “Pai Eterno” como está, e assim, fica confirmado que Jesus não teve origem, sendo o próprio Deus, pois só Ele é eterno (l Tm 1:17).
Is 40:3 também é outro texto que confirma a Divindade de Cristo, pois aqui é dito sobre João Batista que ele endireitaria o caminho de Deus, mas em Mt 3:3 vemos que João endireitou foi o caminho de Jesus. Em Is 40:9 é dito de João Batista em relação a Jesus: “Tu, anunciado de boas novas a Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas novas a Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus!”
Is 49.7 que diz “Assim diz o Senhor, o Redentor e Santo de Israel, ao que é desprezado, ao aborrecido das nações, ao servos dos tiranos ‘Os reis o verão, e os príncipes se levantarão, e eles Te ADORARÃO por amor do Senhor, que é fiel, e o Santo de Israel, que Te escolheu”. É uma grande prova da Trindade, onde vemos Jeová falando da futura adoração a Jesus.
A Tradução Novo Mundo diz em Is 63:10 que o Espírito Santo se sentiu magoado.
Em Jeremias 17:9,10 é dito que só Deus esquadrinha o coração do homem, mas em Ap 2:23 encontramos que é Jesus quem tem esse poder.
Daniel 9:17 e 19 também insinuam a Trindade de Deus, no primeiro verso constatamos um tipo de pluralidade e no último uma repetição trina do nome de Deus.
Encontramos em Oséias 1:6,7 outra alusão a Trindade. O Senhor diz a Oséias que se compadecerá da casa de Judá pelo Senhor seu Deus.
Miquéias 2:7 fala da IRRITAÇÃO do Espírito de Senhor.
Em Miquéias 5:2 está claro que Jesus Cristo não teve momento para passar a existir; segundo esse texto, bem encoberto pela Tradução Novo Mundo, Jesus tem suas origens na eternidade, ou seja, sempre existiu.
Em Zacarias 10:12 encontramos mais uma vez um indício de pluralidade na Divindade, quando menciona dois Senhor: “Eu os fortalecerei no Senhor, e andarão no seu nome, diz o Senhor”. Deve-se observar a clara referência a Jesus no verso 4 desse contexto.
Zacarias 14:9 diz “O Senhor será Rei sobre a toda a terra; naquele dia, UM SÓ será o Senhor, e UM SÓ será o ser nome”. As expressões “um só será o Senhor, e um será o seu nome” apontam para quando as três pessoas da Trindade que não mais trabalharão separadamente, mas em plena unidade. O versículo encontra eco em 1Co 15:28.
Vale lembrar que no Antigo Testamento nós temos as verdades doutrinárias em simbologia, e o ensino sobre a Trindade não é exceção. Na simbologia bíblica o número de Deus é três (3), vejamos o que encontramos na Bíblia com esse detalhe: A genealogia de Adão foi tirado do seu terceiro filho (Gn 5:1-3). A genealogia depois do dilúvio foi em número de três (Gn 10:1).
Deus é chamado de o Deus de três pessoas: Abraão, Isaque, e Jacó. O homem foi criado a imagem de Deus e possui três partes. Havia três tipos funcionais de homem de Deus no Antigo Testamento: o Rei, o Sumo-sacerdote e o Profeta. A tribo dos Levitas, que era consagrada a Deus, procedia do terceiro filho de Jacó (Lv 29:34) e se dividiam em três famílias (Nm 3:17).
Ao nascer o terceiro filho de Lia, ela declarou: “Agora, desta vez, se UNIRÁ MAIS A MIM meu marido, porque lhe dei à luz TRÊS filhos; por isso lhe chamou Levi (que significa mais união)” Gn 30:34.
O universo na Bíblia tem três partes: Céu, Terra e debaixo da Terra. O Céu tem três partes (2Co 12:2). A Terra também tem três partes: firmamento, terra e água. Por sua vez o inferno também tinha três partes no Antigo Testamento: Paraíso, lugar de tormento e Tártaro ou Abismo (Lc 16:22,23,26; Lc 8:30,31; 2Pe 2:4; Jd 6; Ap 9:1,11; 20:1-3).
Deus disse a Moisés que Ele deveria comunicar ao Faraó a sua ordem para os Israelitas o adorarem no caminho de três dias no deserto, e no despojo na saída do Egito o povo recebeu três coisas (Ex 3:18,23).
Deus concedeu a Moisés três sinais para testemunhar a Sua grandeza a Faraó (Ex 4:1-9).
Somente na terceira praga foi que os magos de Faraó reconheceram o dedo de Deus nos milagres de Moisés (Ex 5:16-19).
O tabernáculo onde simbolicamente Deus estava tinha três partes.
Os três primeiros mandamentos do decálogo referem-se a Deus e a adoração.
Os sacrifícios de adoração da lei de Moisés eram três: o holocausto, o de manjares e o pacífico.
Havia três festas solenes para Israel: A páscoa, a festa da sega ou primícias e a festa da colheita ou pentecostes (Ex 23 : 14-17).
Dentro da Arca da Aliança, símbolo da presença de Deus, havia três coisas (Hb 9:4) e são símbolos de uma mesma coisa: “a palavra de Deus” com enfoque diferentes, no caso a vara de Arão representa a palavra de Deus como decreto, pois a escolha do sumo-sacerdote tinha de ser feita pelo próprio Deus, Arão foi escolhido quando a vara dele milagrosamente floresceu, Jesus foi escolhido pelo decreto profético de Deus (Hb 7.14-24), o maná, que também encontrava-se na arca, representava a palavra de Deus como alimento (Mt 4.4) e as tábuas da lei representavam a palavra de Deus como pacto (Hb 10.16).
Falando em Arca da aliança vale mencionar que ela ficou três meses na casa de Obede-Edom para o abençoar(2 Sm 6:11).
Para atravessar o Jordão e entrar na terra prometida Josué esperou três dias depois de Deus lhe falar três vezes ‘esforça-te e tem bom ânimo’ (Js 1:10,11).
A bênção sacerdotal invocava três vezes o nome de Deus (Nm 6:22-27).
O nome de Deus (J H W H) tinha três letras : J, H e W. A repetição de “H” com certeza alude a encarnação de Cristo, que o fez Ter duas naturezas. A língua hebraica, a escolhida para Deus transmitir sua palavra, é formada sempre por três letras.
Uma verdade ficava plenamente aceita por três testemunhas (Dt 17:6).
Jesus dividiu o Antigo Testamento em três partes (Lc 24:44).
O menino Samuel foi chamado três vezes antes de falar com Deus (l Sm 3:2-10).
Deus ofereceu a Davi três tipos de castigo para o pecado da enumeração da totalidade do povo de Deus, e Davi escolheu o castigo de três dias de peste, discernindo que isso era cair nas mãos de Deus (2 Sm 24:10-13).
Jonas ficou três dias invisível aos homens no ventre do grande peixe, e a cidade a qual pregou, Nínive, era muito importante para Deus porque era percorrida em três dias, e isto é dito no capítulo três, versículo três.
Os anjos Querubins dizem três vezes “santo” de modo ininterrupto (Is 6:3). Em Apocalipse, livro do Novo Testamento essa forma tríplice de glorificar a Deus fica mais evidente, note em Ap 4: 8-11, que são 4 querubins e 24 anciãos, mas só dão três coisas: glória, honra e poder.
Os Reis de três cidades ofereceram ao Filho de Davi, três presentes em adoração (Sl 72:10; Mt 2:11).
As gerações da genealogia de Cristo teve três divisões (Mt 1:17).
Os indícios simbólicos da verdade da Trindade são numerosos e abundantes no Antigo Testamento, mas nos limitaremos a esses aqui apontados referentes ao número três (3), apenas como efeito demonstrativo, não cremos que as Testemunhas de Jeová se convençam da Trindade pelo seu rico e inegável simbolismo no Antigo Testamento, apesar de que o simbolismo seja a alma do Velho Testamento.
Por meio do paralelismo de textos do Antigo e do Novo Testamento é possível encontrarmos inúmeras provas da Trindade. Vejamos alguns exemplos:
Comparando o Salmo 102:24-27 com Hebreus 1:8-12 fica evidente que Jesus Cristo é Deus:
“Dizia eu, Deus meu, não me leves na metade de minha vida; tu, cujas anos se estendem por todas as gerações. Em tempos remotos, lançastes os fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como um vestido, como roupa os mudará, e são mudados. Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus dias jamais terão fim.”(Sl 102-24-27).
“Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, e para todo o sempre. E : cetro de equidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria como nenhum dos teus companheiros. Ainda: No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra das tuas mãos; eles perecerão, tu, porém, permaneces; sim, todos eles envelhecerão qual vestidos serão igualmente mudados; tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim ”(Hb 1:8-12). A importância desses textos é que provam duplamente a Divindade de Cristo por duas citações do Antigo Testamento, na primeira o próprio Jeová chama Jesus de Deus, apesar de na tradução das Testemunhas de Jeová se procurar ocultar isso, mas essa tradução está errada, o que se confirma pela primeira citação que mostramos.
Outra comparação de textos que comprova que Jesus é o mesmo Jeová do Antigo Testamento é Zacarias 11:13 com Mt 27:9,10, onde se cumpre a profecia que Jeová seria vendido por trinta moedas de prata.
Na profecia do Sl 118:26-29 cumprida em Mt 21:8-11Também encontramos outra evidência da Divindade de Jesus, quando Ele foi louvado ao entrar em Jerusalém, observe como diz a profecia:
“Bendito o que vem em nome do Senhor. A vós outros da casa do Senhor, nós vos abençoamos. O Senhor é Deus, ele é a nossa luz; adornai a festa com ramos até às pontas do altar. Tu és o meu Deus, render-te-ei graças; tu és o meu Deus, quero exaltar-te.”
O título “Senhor dos senhores ”dado a Jeová no Antigo Testamento é dado a Jesus no Novo. Compare Dt 10:17; Sl 136:3 com Ap 19:16.
A profecia de Is 40:3 cumprida em Jo 19:23 é clara prova da Divindade de Jesus, enquanto a profecia dizia que a voz que clama do deserto prepararia o caminho de Deus; João Batista, que se identificou como “essa voz”, preparou foi o caminho de Jesus. O contexto de Isaías 40 ainda mais aponta a Divindade do Senhor Jesus, é dito no verso 9: “Tu, ó Sião, que anuncia boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levanta-a, não tema e dize às cidades de Judá: EIS AÍ ESTÁ O VOSSO DEUS ” (Grifo nosso).
Em Jeremias 17:10 é dito que Jeová é quem esquadrinha o coração dos homens, mas em Apocalipse 2:23 tal capacidade é reconhecida em Cristo.
Enquanto Jeová se proclama a única Rocha em Is 44:8, Jesus é identificado pelo mesmo título no Novo Testamento (1Pe 3:4-8; Ef 2:20).
Como poderemos conciliar Is 44:24, onde lemos: “Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que SOZINHO estendi os céus e SOZINHO espraiei a terra” com as declarações de Jo 1:3 de que nada do que foi feito, se fez sem Jesus, a não ser que se entenda que Jesus e o Pai são um??
A profecia de Isaías 45:23 de que todo joelho se dobrará diante de Jeová e toda língua o confessará é aplicada a Jesus em Filipenses 2:10,11.
Jesus é claramente identificado com Jeová quando comparamos Rm 10:9-13 com Joel 2:32 e 1Pe 2:3 com o Sl 34:8.


A Trindade No Novo Testamento
Sobre o que diz as Escrituras Gregas da doutrina da Trindade, sem dúvida são elas a parte da Bíblia onde mais claramente a encontramos, e eis aqui alguns dos textos que testemunham a favor: Mt 1:23; 2:2; Mc 2:5-7; Jo 1:1,14,18; 5:18; 10:30; 20:28; At 20:28; Rm 9:5; Fp 2:5-11; Cl 1:13-17; Tt 2:13; Hb 1:6,8; 2Pe 1:1; I Jo 5:20 Etc. Alguns desses textos serão no decorrer deste trabalho usados, analisados e explicados. Deve-se observar porém, que a maioria desses textos foram conscientemente mal traduzidos na bíblia das Testemunhas de Jeová para esconder a Trindade.
Encontramos na Bíblia, além desses textos explícitos, outros que indiretamente apontam a verdade da Trindade, vejamos, pois, alguns:
Em Lc 5:17-24 vemos Jesus perdoando os pecados de um homem, segundo a Bíblia somente Deus é quem pode perdoar pecados (Sl 103:3; Is 43:25), fato que Lucas registra que os próprios Fariseus arrazoaram (v.21). Veja ainda Lc 7:48,49 .
Também em Lc 8:39 vemos que o homem que fora endemoniado saiu publicando o que Jesus lhe fizera, mas a ordem de Jesus era que ele proclamasse o que Deus lhe tinha feito, desse modo vemos que para o ex-endemoniado ou para o Evangelista Lucas, Jesus era o próprio Deus.
Em Jo 5:19 Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer, porque tudo quanto Ele faz, o Filho faz igualmente”. Nesse texto Jesus não está dizendo simplesmente que de si mesmo não pode fazer nada, mas que só faz as coisas que o Pai fazia, para que não se tornasse diferente do Pai; todavia, TUDO que o Pai fazia, Ele fazia igualmente. Esse “tudo” impede de se dizer que o Pai fez o Filho, pois forçosamente obrigaria a se dizer também que o Filho fez o Pai. Trata-se portanto de um versículo que prova a igualdade do Pa1Com o Filho, e que confirma a verdade do verso imediatamente anterior (18), no qual João conclui que Jesus era igual a Deus. Alguns mestres antigos, como Gregório de Nissa, entendiam esse “Tudo quanto o Pai faz, o Filho faz igualmente” de Jo 5:19, como uma afirmação de que as Pessoas da Trindade jamais agem independentes das outras, quando uma faz algo as outras estão fazendo também.
A igualdade de Jesus com Deus é sempre enfatizada quando Ele dizia que quem O conhecesse conheceria também ao Pai (Jo 8:19; 14:7-9; 12:44,45).
Em Mt 28:18 é dito que Jesus tem todo o poder no céu e na terra, fazendo de Cristo o Todo-poderoso. Argumentando sobre esse texto, as Testemunhas de Jeová dizem que todo o poder de Cristo foi por concessão do Pai, apesar de não mudar o fato de Jesus Ter todo o poder, explicaremos o porquê de o poder total ser-Lhe entregue: Jesus ao se encarnar esvaziou-se de seu poder divino, tudo o que Cristo realizou na terra fo1Pelo poder do Espírito Santo (Lc 4:1,14; At 10:38), quando ressuscitou, Jesus recebeu de volta o ser poder divino que tinha no céu: “Todo o poder me foi dado no céu...”; o fato de Cristo ter esmagado a cabeça do Diabo por sua obra redentora fez Ele receber também todo poder na terra, que antes tinha sido do homem mas que pela queda foi entregue ao Diabo (Lc 4:6). Jesus, portanto, como Deus, tem todo o poder no céu, e como homem o tem na terra (Hb 2:5-9; 1Co 15:24-28). Nisto é que se explica o texto de 1Co 15:27 “Pois todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua Aquele que lhe sujeitou todas as coisas”, o que este texto quer dizer é que Deus-Pai só não ficou sujeito Jesus Cristo por um certo tipo de reverência, mostrando a atual superioridade de Jesus.
Vale lembrar que Deus também recebe poder em Ap 4:11 e nem por isso deixa de ser Deus.
No livro de Atos capítulo 2 e verso 25 temos Pedro citando um Salmo de Davi que se referia a Cristo que contém uma prova da sua Divindade: “Porque dele disse Davi: SEMPRE via diante de mim o Senhor, porque está à minha direita, e não serei abalado”. O advérbio alude a pré-encarnação de Cristo e mostra a sua eternidade na expressão “SEMPRE via diante de mim o Senhor”. Observe que não é Jesus que está diante do Pai, mas Ele é que está diante de Cristo.
Em 2Co 2:10 também temos uma prova da Divindade de Jesus. Paulo diz que perdoou na presença de Cristo, o que indica que Jesus é Onipresente. O mesmo temos em 2Tm 4:1, onde a Onipresença do Pai é posta ao lado da de Jesus.
Em 1Ts 1:5 Paulo distingue o Espírito Santo do poder, bem como em 2Co 6: 6,7.
Os lugares à direita e à esquerda de Cristo no Reino dos Céus já estão reservados (Mt 20:23), para quem seriam?
Um versículo interessantíssimo e revelador da Trindade é I1Ts 3:5, onde lemos: “Ora, o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus e na constância de Cristo”. O termo “Senhor” nem pode ser Cristo nem Deus, pois são citados distintamente dele, a conclusão é que se refere ao Espírito Santo.
Em Tg 2:1Jesus é chamado de “Senhor da Glória”. A “Glória” refere-se ao “clima” de adoração no céu, é algo sempre visto no Antigo Testamento, quando os profetas tinham visões de Deus (Is 6:1-3; Ez 1:1-28). O Apóstolo João em Apocalipse também registra o modo como ele a viu (4:1-11), portanto é algo intimamente ligado a Deus, se pois, Jesus é chamado de “Senhor da Glória” temos aqui uma prova incontestável da sua Divindade Toda-poderosa, Ele é o “dono da Glória”, é Deus, o mesmo que disse a “MINHA Glória não repartire1Com ninguém ” Veja Is 42. 8. A expressão é tanto atribuída a Jesus (1Co 2.8), ao Espírito Santo (1Pe 4.14)e ao Pai (Ef 1.17).
Em Ap 5:11,12 vemos as mesmas expressões ditas a Deus em Ap 4:9-11 dirigidas a Jesus, revelando assim a igualdade dos dois. Já nos versos 13,14 do mesmo capítulo 5 vemos Jesus e o Pai sendo adorados ao mesmo tempo, confirmando dessa forma que Cristo e o Pai são Deus.


Os Cristãos Primitivos (Páginas 6,7)
Os cristãos que viveram ainda no período apostólico (final do primeiro século e início do segundo) criam profundamente na Trindade, a negação da Divindade de Cristo só veio a surgir no começo do século quarto com os ensinos de Ário de Alexandria, que propôs sua teologia antitrinitariana influenciado pelo paganismo e a filosofia grega, foi essa teologia que provocou o concílio de Nicéia, em 325, que desenvolveu o credo da Trindade, não para unir o paganismo como parte do cristianismo, mas para preservar as verdades bíblicas da corrupção das idéias pagãs. Vale observar que a personalidade do Espírito Santo só veio a ser questionada agora no século dezenove pelas Testemunhas de Jeová, mas mesmo assim os cristãos daqueles primeiros tempos resolveram num segundo concílio considerar também a Pessoa do Espírito Santo, já prevenindo outras heresias.
Tentando responder a pergunta se os cristãos primitivos ensinavam a Trindade, os autores da revista “Deve-se Crer...”não citam nenhuma declaração deles, limitam-se a citar três referências eruditas: O Novo Dicionário Internacional da Teologia de Novo Testamento, a Enciclopédia de Religião e Ética e o Nova Enciclopédia Católica, que são tiradas do contexto para seus propósitos, numa nojenta deturpação de quem possui uma consciência cauterizada para não ver a verdade (para maiores detalhes basta ler as páginas 23, 24 do livro ‘Porque Devo Crer na Trindade’ de Robert Bowman). Citam ainda uma referência da obra “O paganismo do nosso cristianismo”, que como diz Bowman, o próprio título deixa claro que não se trata de uma obra imparcial de erudição, mas de uma obra polêmica que ataca as crenças cristãs tradicionais. Vejamos então o que disseram os principais cristãos dos séculos 1 e 2:

CLEMENTE DE ROMA, contemporâneo dos Apóstolos, disse em sua carta aos Coríntios, escrita por volta dos anos 81 e 98 do primeiro século, que “o Senhor Jesus Cristo era cetro da majestade de Deus, e que não tinha vindo, embora pudesse, no alarde da arrogância ou da soberba, mas humilde, conforme o Espírito Santo haveria dito sobre ele”(16:1). Com esta declaração, refletindo a idéia de Fp 2:5-8, Clemente de Roma deixa claro que Jesus fazia ou contribuía para a realeza de Deus, também diz que o Espírito Santo “havia dito”, asseverando sua personalidade (Repete isso também em 13:1).
Ainda nessa mesma carta, falando da nação de Israel, ele diz: “E dessa nação sairá o Santo dos santos”(29:3). Eis uma clara referência a Jesus com um título divino bem original.
Noutra parte (13:1,2) diz que Jesus fez Deus ser conhecido porque era o resplendor de sua majestade e não um anjo.
Num texto em que trata de unidade, ele fala: “Não temos nós um só Deus, um só Cristo, um só Espírito de Graça, que foi derramado sobre nós e uma só vocação em Cristo?”(46:6). Assim, ele alista o Pai, o Filho e o Espírito como uma unidade. Vale notar o dito “e uma só vocação em Cristo”, que contesta, juntamente com Ef 4:4 e Hb 3:1, que não existem duas vocações, uma celestial e outra terrena como ensinam as Testemunhas de Jeová.
Noutra referência (58:2) Clemente de Roma alista juntos o Pai, o Filho e o Espírito da seguinte maneira: “Pela VIDA de Deus, pela VIDA do Senhor Jesus Cristo e do Espírito”. O que prova que ele cria ser o Espírito Santo uma pessoa e não uma força, que indubitavelmente não possui vida. Fico também evidente que a vida do Pai equivale a vida de Jesus e do Espírito, são vidas divinas, eternas.
Também diz que Jesus é o criador de toda a criatura. Mas observe como ele diz: “Afim de esperar no seu nome (Jesus), que está na origem de toda criatura”(59:3). O que Clemente diz é que Jesus é a origem de toda a criatura, concordando com a interpretação trinitarista de Ap 3:14.
Em parte alguma de seus escritos Clemente de Roma (Que Orígenes dizia ser o mesmo de Filipenses 4:3, e que muitos chegaram a dizer que seria o autor da carta aos Hebreus) menciona que Jesus era uma criação de Deus ou alude que o Espírito Santo fosse uma força impessoal.
INÁCIO DE ANTIOQUIA, célebre por sua peregrinação forçada, em cadeias, de Antioquia a Roma, por volta dos anos 107-110 para ser martirizado; foi o mais influente de todos os pais apostólicos, suas cartas tiveram grande aceitabilidade nas Igrejas primitivas e foram largamente difundidas e, segundo J. Quasten, elas “têm importância incalculável para a história do dogma da Trindade”. Foram suas cartas os principais documentos depois das Escrituras usados para defender a Divindade de Cristo em Nicéia. Não é à toa que as Testemunhas de Jeová nem sequer fazem referência ao nome desse pai apostólico, nem tão pouco citam qualquer obra erudita que diga que no princípio do cristianismo a Divindade de Jesus era negada; que o credo FORMAL da Trindade não existia, tudo bem, mas a igualdade de Jesus com o Pai era incontestável. Vejamos as declarações de Inácio conforme as suas cartas:

Inácio aos Efésios:

“Pela vontade do Pai e de Jesus, nosso Deus”. Encontramos essa declaração logo na saudação de carta. Aqui fica clara a unidade de Jesus com o Pai, os dois são Deus para Inácio.

“Imitadores que sois de Deus, reanimados pelo SANGUE DE DEUS”(1:1). Compare com Atos 20:27.

“É preciso glorificar de todos os modos a Jesus Cristo”(1:1).

“De fato Jesus Cristo, nossa vida inseparável, É O PENSAMENTO do Pai ”(3:1).

“Como a Igreja está unida com Jesus Cristo, e Jesus com o Pai, afim de que todas as coisas estejam de acordo em unidade”(5:1).

“sois as pedras do templo do Pai, preparadas para a construção de Deus Pai, levantadas até o alto pela alavanca de Jesus Cristo, que é a cruz, usando a corda, que é o Espírito Santo”(9:1).

“recebendo o conhecimento de Deus, que é Jesus Cristo”(17:1).

“De fato, o nosso Deus Jesus Cristo, segundo a economia de Deus, foi levado ao seio de Maria, da descendência de Davi e do Espírito Santo”(18:1).

“quando Deus apareceu em forma de homem”(19:1).

Inácio aos Magnésios:

“aos quais fo1Confiada o serviço de Jesus Cristo, que antes dos séculos estava junto do Pai e por fim se manifestou”(6:1).

“Assim como o Senhor nada fez, nem por si mesmo nem por meio de seus apóstolos, sem o Pai, com o qual ele é um”(7:1).

“Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos, para que prospere o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, NA CARNE, ao Pai, e os apóstolos si submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja UNIÃO, tanto física como espiritual”(13:1) – Grifos e destaque nossos.

Inácio aos Tralianos:

“permanecendo inseparáveis de Jesus Cristo Deus”(7:1).

Inácio aos Romanos:

“à Igreja amada e iluminada pela bondade daquele que quis todas as coisas que existem, segundo fé e amor dela por Jesus Cristo, nosso Deus; à Igreja que preside na região dos romanos...que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai; eu vos saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai...eu lhes desejo alegria pura em Jesus Cristo, nosso Deus”

“Nada do que é visível é bom. De fato, nosso Deus Jesus Cristo, estando agora com seu Pai, torna-se manifesto ainda mais”(3:3).

“Deixai que seja imitador da paixão do meu Deus.”(6:1). Quando Inácio estava sendo aconselhado a não ir ao martírio.

Inácio a Policarpo (O mesmo discípulo do apóstolo João):

“Espera aquele que está acima do tempo, atemporal, invisível, mas que se tornou visível para nós; aquele que é impalpável e impossível, mas que se tornou passível por nós, e por nós sofreu de todos os modos”(3:2).

“Desejo que estejas sempre bem em nosso Deus Jesus Cristo”. Saudação final.

POLICARPO, que segundo Tertuliano (séc. III) fora ordenado bispo de Esmirna pelo próprio apóstolo João, e que foi também mestre de outro trinitariano, Ireneu, declarou na sua oração na hora do seu martírio:
“Senhor, Deus todo-poderoso, pai de teu Filho amado e bendito, Jesus Cristo, pelo qual recebemos o conhecimento do teu nome, Deus dos anjos, dos poderes, de toda a criação e de toda a geração de justos que vivem na tua presença. Eu te bendigo por me ter julgado digno desde dia e desta hora, de tomar parte entre os mártires, e do cálice de teu Cristo, para a ressurreição da vida eterna da alma e do corpo, na incorruptibilidade do Espírito Santo. Com eles, possa eu hoje ser admitido à tua presença como sacrifício gordo e agradável, como tu preparaste e manifestaste de antemão, e como realizaste, ó Deus sem mentira e veraz. Por isso e por todas as outras coisas, eu te louvo, te bendigo, te glorifico, pelo ETERNO e celestial sacerdote Jesus Cristo, teu Filho amado, pelo qual seja dada glória a ti, com Ele e o Espírito, agora e pelos séculos futuros. Amém.”(Carta escrita pela Igreja de Esmirna para a Igreja de Deus que vivia em Filomélio, 14:1-3).

Nesta mesma carta onde temos o relato do martírio de Policarpo, encontramos:
“Nós adoramos, porque é o Filho de Deus”(17:3).

“Irmãos, andai segundo o Evangelho, na palavra de Jesus Cristo. Com Ele, glória a Deus Pai e ao Espírito Santo”(22:1).

BARNABÉ. A carta atribuída a este autor foi encontrada no século passado junto com um dos mais antigos e aceitos manuscritos do Novo Testamento, o códice Sinaítico, o que já lhe dar grande aceitabilidade. Segundo Clemente de Alexandria (séc. III) trata-se do mesmo Barnabé que fo1Cooperador de Paulo em Atos dos Apóstolos, vejamos o que nos diz Barnabé sobre a Trindade:
“Se o Senhor suportou sofrer por nós, embora fosse o Senhor do mundo inteiro, a quem Deus disse desde a criação do mundo: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (5:5).

“Por fim, embora ele (Jesus) tivesse ensinado a Israel e realizado tão grandes prodígios e sinais, eles não foram levados por sua pregação a AMÁ-LO ACIMA DE TUDO”(5:8).

“Se o Filho de Deus se encarnou, foi para levar ao máximo os pecados daqueles que tinham perseguido mortalmente OS PROFETAS DELE. É por isso que Ele suportou. De fato, Deus diz que é deles que vem a ferida de sua carne: ‘Quando feriram o seu pastor, então as ovelhas de rebanho perecerão’. Foi ele, porém quem quis sofrer deste modo. Com efeito, era preciso que ele sofresse sobre o madeiro, vida à espada. E ‘traspassaram com cravo a minha carne, porque uma assembléia de malfeitores se levantou contra mim”(5:11).

“O Senhor deu esse mandamento, porque também Ele devia oferecer a si próprio pelos nossos pecados, como receptáculo do Espírito, em sacrifício, afim de que fosse cumprida a prefiguração manifestada em Isaque”(7:3)

“De fato, a Escritura fala a nosso respeito, quando Ele diz ao Filho: ‘Façamos o homem a nossa imagem e semelhança’”(12:2).

ARISTIDES DE ATENAS (Primeira metade do século II). Escrita entre os anos 117 a 138 do segundo século, a brevíssima carta apologética de Aristides diz no capítulo 15 e verso 3 sobre os doze apóstolos:
“Estes são os que, mais do que todas as nações da terra, encontraram a verdade, pois conhecem o Deus criador artífice do universo em seu Filho Unigênito e no Espírito Santo, e não adoram outro Deus, além desse”.

QUADRATO (Primeira metade do século II). Na obra “Carta a Diogeneto”, escrita por volta do ano 120 e atribuída a Quadrato, encontramos fortes provas da Divindade de Cristo.
No capítulo sete Jesus é chamado de “o próprio artífice e criador do universo”, Quadrato deixa claro que ele nem era um anjo ou algum dos que são encarregados das administrações dos céus, quando chega no capítulo oito (8), ele conclui: “Quem de todos os homens sabia o que é Deus, antes que ele próprio viesse?”
No capítulo 9 verso 2 Quadrato diz que o próprio Deus tomou sobre si os nossos pecados e chama Jesus de imortal: “com misericórdia tomou sobre si os nossos pecados e enviou seu Filho para nos resgatar: o santo pelos ímpios, o inocente pelos maus, o justo pelos injustos, o incorruptível pelos corruptíveis, o imortal pelos mortais”.

TARCIANO, O SÍRIO (Segunda parte do segundo século). Discípulo de Justino mártir, em sua obra “Discurso contra os Gregos” datada entre 170 e 172, diz no capítulo 5 algo muito semelhante ao dito de Tertuliano, falando da unidade do Pai e do Filho: “Deus existia no princípio, mas nós recebemos da tradição que o princípio é a potência do Verbo. Com efeito, o Senhor do universo, que é por si mesmo o sustentáculo de tudo, enquanto a criação não tinha ainda sido feita, estava só. Mas enquanto estava com Ele toda a potência do visível e invisível Ele próprio sustentou tudo consigo mesmo, por meio da potência do Verbo. Por vontade de sua simplicidade sai o Verbo e o Verbo, que não cai no vazio, gera a obra primogênita do Pai. Sabemos que ele é o princípio do mundo, mas produziu-se não por divisão, e sim por participação. De fato, o que se divide, fica separado do primeiro, mas o que se faz por participação, tomando caráter de uma dispensação, não deixa em falta aquilo de onde se toma. Da mesma forma que de uma só tocha se acendem muitos fogos, mas o fato de acender muitas tochas não diminui a luz da primeira, assim também o Verbo, procedendo da Potência do Pai, não deixou sem razão aquele que o havia gerado”. Pelo que tudo indica nesta declaração de Tarciano, ele cria como Téofilo na distinção do Verbo imanente interior do Verbo emitido, pronunciado por Deus que criou todas as coisas, o fato porém é que sua crença era de que Jesus sempre existiu em Deus.
No capítulo 21Temos uma afirmativa idêntica a de Quadrato, que Jesus era Deus entre os homens: “Ó gregos, nós não estamos loucos, nem pregamos idiotices, quando anunciamos que Deus apareceu em forma humana”.

ATENÁGORAS DE ATENAS (Segunda metade do século II). Em “petição em favor dos cristãos” obra de Atenágoras escrita aproximadamente no ano 177, encontramos declarações claras em favor, não só dos cristãos, mas também da doutrina da Trindade. Citando os filósofos Platão e Aristóteles para defender que os cristãos não eram ateus, disse no capítulo 6: “Portanto, se Platão não é ateu, por entender que o artífice do universo é um só Deus incriado, muito menos o somos nós, POR SABER E AFIRMAR O DEUS, POR CUJO VERBO TUDO FOI FABRICADO E POR CUJO ESPÍRITO TUDO É MANTIDO. Aristóteles e sua escola, que introduzem um só Deus como uma espécie de animal composto, dizem que Deus é composto de alma e corpo e consideram como seu corpo o éter, as estrelas errante e a esfera das estrelas fixas, tudo movido circularmente; e consideram a alma como a inteligência que dirige o movimento do corpo, sem que ela própria se mova, sendo ela, em troca, a causa do movimento”.

No capítulo 10 temos as seguintes declarações: “E que ninguém considerem ridículo que, para mim, Deus tenha um filho. Com efeito, nós não pensamos sobre Deus, e também Pai, e sobre seu Filho como fantasiam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são nada melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em idéia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito, sendo o PAI E O FILHO UM SÓ. Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho por UNIDADE e poder do Espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo do Pai. Se, por causa da eminência de vossa inteligência, vos correr perguntar o que quer dizer ‘Filho’, eu o darei livremente: O Filho é o primeiro broto do Pai, NÃO COMO FEITO, pois deste o princípio Deus, que é inteligência ETERNA, tinha o Verbo em si mesmo; sendo eternamente racional, mas como materiais eram natureza informe e terra inerte e estavam misturadas as coisas mais pesadas com as mais leves, para ser sobre elas idéia e operação. E o Espírito profético concorda com nosso raciocínio, dizendo: ‘O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos para suas obras’. Com efeito, dizemos que o mesmo Espírito Santo, que opera nos que falam profeticamente, é uma emanação de Deus, emanando e voltando como um raio de sol. Portanto, quem não se surpreenderá ao ouvir chamar de ateus indivíduos que ADMITEM UM DEUS PAI, UM DEUS FILHO E UM ESPÍRITO SANTO, que mostram seu poder na UNIDADE e sua distinção na ordem?”

E no capítulo 24 ainda diz Atenágoras: “De fato assim confessamos Deus, o Filho, que é o Verbo, e o Espírito Santo, identificados segundo o poder, mas distinto segundo a ordem: o Pai, o Filho e o Espírito”. Interessante é que este apologista cristão deixa muito claro a distinção das Pessoas da Divindade, mostrando sua igualdade no poder, concordando perfeitamente com o credo de Atanásio.
Para defesa clara da unidade e Divindade de Cristo com o Pai, diz no capítulo 30 em sua conclusão: “Fica portanto demostrado, segundo minhas forças, embora não conforme a dignidade do assunto, que não somos ateus ao admitir como Deus, o criador de todo este universo, e o Verbo que dEle procede”.

TEÓFILO DE ANTIOQUIA (Segunda metade do segundo século). Teófilo é o primeiro que cita uma palavra para designar o doutrina da Trindade (TRÍAS), vendo um simbolismo dela nos três dias que precedem a criação dos luzeiros: “Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da TRINDADE, de Deus, de seu Verbo e de sua Sabedoria (o Espírito Santo)”(Segundo Autólico 15). OBS: Nos primeiros séculos o Espírito Santo era chamado de “Sabedoria”(Ver Ireneu, Livro IV, 20:3).
Teófilo explica o “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” de Gênesis 1:26 do seguinte modo: “Além disso, Deus se apresenta como se precisasse de ajuda, pois diz: ‘façamos o homem á nossa imagem e semelhança’, mas não diz a ninguém essa palavra “façamos”, a não ser ao seu próprio Verbo e à sua Sabedoria”(Segundo Autólico 18). Isso concorda perfeitamente com a interpretação trinitariana dessa passagem bíblica.
No segundo livro a Autólico 10 ele diz: “Tendo Deus o seu Verbo imanente em suas entranhas, gerou-o com sua própria Sabedoria, emitindo-o antes de todas as coisas. Teve este Verbo como ministro da sua criação e por meio dele fez todas as coisas. Este se chama Princípio, pois é Príncipe e Senhor de todas as coisas por ele feitas. Este, portanto, que é Espírito de Deus e princípio e Sabedoria e Força do Altissímo, desceu sobre os profetas, e por meio deles falou sobre a criação do mundo e tudo mais. De fato, não existiam profetas quando o mundo era feito; existia, porém, a Sabedoria que nele estava, e o seu Verbo santo, que SEMPRE estava presente com Ele. Daí ele dizer por meio de Salomão: ‘Quando ele preparava o céu, eu estava com ele, e quando Ele afirmava os alicerces da terra, eu estava junto dele, harmonizando tudo’ ”. Nesta citação encontramos claramente que Jesus sempre esteve com Deus, também esse pai apologista explica porquê Jesus é chamado de Princípio, porque era ‘o Príncipe e o Senhor de todas as coisas por Ele feitas’ e não por ser, como querem as T.J. , o primeiro criado. Note também que o Espírito Santo recebe o mesmo título de Princípio dado a Jesus. Ele também mostra que tanto a Sabedoria (o Espírito Santo) e o Verbo sempre estavam com o Pai.
A citação do segundo livro a Autólico (22) é impressionante para a defesa da Divindade de Cristo, pois Teófilo cita Jo 1:1: “Agora me dirás: ‘Tu dizes que Deus não deve estar circunscrito a nenhum lugar. Como agora dizes que Deus passeava no jardim? Ouve a resposta. Deus, o Pai do universo, é imenso e não está limitado a um lugar, pois não existe lugar para seu descanso. O Verbo, porém, pelo qual fez todas as coisas, sendo sua potência e sabedoria, tomando a figura do Pai e Senhor do universo, foi ele que se apresentou no jardim em figura de Deus e conversava com Adão. De fato, a própria divina Escritura nos ensina que Adão disse ter ouvido a sua voz. Que outra coisa é essa voz senão o Verbo de Deus, que é também seu Filho? Filho não à maneira como poetas e mitógrafos dizem que nascem filhos dos deuses por união carnal, mas como a verdade explica que o Verbo de Deus está sempre imanente no coração de Deus. Porque antes de criar alguma coisa, o tinha por conselheiro, pois era sua mente e pensamento. E quando Deus quis fazer tudo o que havia deliberado, gerou esse verbo proferido, como primogênito de toda a criação, não esvaziado-se de seu Verbo, mas gerando o Verbo e conversando sempre com Ele. Por isso, as santas Escrituras e todos os portadores do Espírito nos ensinam, dentre as quais João diz: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus’, dando a entender que no princípio existia apenas Deus e nele o seu Verbo. Depois diz: ‘E Deus era o Verbo. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada foi feito’. Portanto, sendo o Verbo Deus e nascido de Deus, quando o Pai do universo quer, Ele o envia a algum lugar e, chegando aí, Ele é ouvido e visto, pois é enviado por Ele e se encontra em algum lugar”. Esta citação perfeitamente mostra a Divindade de Cristo, além de explicar que Ele era quem se manifestava no Antigo Testamento e que sua filiação divina não era como as concebidas pelos pagãos (e por extensão as T.J.), Jesus era Filho porque sempre esteve no Pai. Também esclarece o sentido de Jesus ser chamado do Primogênito de toda a criação, pois após Ter deliberado a criação, Deus gerou do Verbo imanente o Verbo proferido sem dEle contudo se esvaziar, ou seja o termo primogênito foi dado a Cristo com relação a criação, não no sentido dEle Ter sido o primeiro ser a vir a existir, mas para ser herdeiro, como veremos posteriormente. É de grande valor o modo como Teófilo escreveu Jo 1:1, pois na segunda sentença ele diz o “Verbo estava em Deus” e não o “Verbo estava com Deus”, a primeira forma destaca um união profunda entre o Filho e o Pai, e também a sentença final do versículo é colocada na sua forma original “Deus era o Verbo” e não o “Verbo era Deus” e isso tem um grande valor para impedir a colocação do artigo indefinido um, como esclareceremos também posteriormente
Estas citações, portanto, provam contundentemente que o pensamento cristão primitivo era essencialmente trinitariano.
É interessante que a própria revista “Deve-se Crer na Trindade...” diz que os pais pré-Nicéia criam na Trindade e deram a sua forma, é na página 11, que diz: “A the New Schaff-Herzong Encyclopedia of Religious Knowledge”(Nova Enciclopédia de Conhecimento Religioso, de Schaff-Herzong) mostra a influência dessa filosofia grega: As doutrinas do Logos e da Trindade receberam a sua forma de Pais Gregos, que...foram muito influenciados, direta ou indiretamente, pela filosofia platônica”. Ora, esses “Pais Gregos” são alguns dos mesmos citados Pais pré-Nicéia da página 7, ou seja, Justino, mártir, que além de ter sido uns dos primeiros apologistas cristão, foi também o primeiro a se valer da filosofia platônica para defender a fé cristã. Tarciano, Clemente de Alexandria, e Orígenes foram outros que utilizaram a mesma filosofia para explicar o cristianismo.
Vale lembrar que a mesma “Alexandria” que dá o sobre-nome de Clemente, é a mesma que os autores da revista citam na página 11, dizendo: “Assim, em Alexandria, no Egito, os eclesiásticos da última parte do terceiro e o início do quarto século, tais como Atanásio, refletiram essa influência ao formularem idéias que levaram à Trindade.” (Se bem que a datação está propositadamente adiantada). Desse modo, fica clara a falácia, a mentira e o engano, em que para tentar negar a Trindade esses hereges mentem, ocultam as coisas e manipulam o leitor.


Os Pais Pré-Nicéia
Não é nem um pouco estranho o fato dos elaboradores da revista “Deve-se Crer...” não darem as referências das citações dos pais pré-Nicéia negando a Divindade de Cristo na página 7, exatamente por causa das mentiras e deturpações que fizeram, quem ler as obras de Justino, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Hipólito fica horrorizado com a falta de honestidade das Testemunhas de Jeová nessa revista, é triste!
Mesmo dessas torções dos pais pré-Nicéia podemos dar explicações de que eles não estavam negando a Trindade, vejamos:
Justino, o mártir, ao dizer que Cristo “não é o mesmo Deus, que fez todas as coisas” na certa tratava do aspecto humano de Cristo, que é totalmente diferente do divino. Justino com certeza conhecia Jo 1:1-3 que diz que o Verbo fez todas as coisas, até mesmo sua encarnação foi obra dEle: “e o Verbo SE FEZ carne”. Quando Justino diz que Jesus é chamado de “Anjo” deixa muito claro que isso se dava quando aparecia a Moisés e aos patriarcas, da mesma forma que recebia o nome de “Glória” porque aparecia em grandeza imensa e “Homem” porque aparece nessa forma (Diálogo com Trifão 73:2). As duas outras declarações atribuídas a Justino não existem.
A citação de Tertuliano que afirma ser “o Pai diferente do Filho” apenas fortalece o credo da Trindade que diz que o Filho é a segunda pessoa da Trindade. O credo defende que a Divindade é composta de três pessoas distintas, mas que são o único Deus. Jesus, portanto, é diferente do Pai no aspecto de pessoa, no entanto, é igual na natureza (de Deus). A outra citação de Tertuliano que diz “houve tempo em que o Filho não existia...antes de todas as coisas virem a existir, Deus estava sozinho” na verdade não é de Tertuliano, explica Bowman, que a expressão foi usada por um estudioso moderno para resumir uma declaração feita por Tertuliano, que argumentou que Deus sempre era Deus, mas nem sempre Pai do Filho: “pois Ele não poderia Ter sido Pai anteriormente ao Filho, nem juiz, anteriormente ao pecado”(Contra Hermógenes 3). Posto que, noutros trechos (continua Bowman), Tertuliano deixa claro que considerava que a pessoa do Filho é eterna, nessa declaração Tertuliano está provavelmente asseverando que o título “Filho” não se aplicava á Segunda pessoa da Trindade até que Cristo começou a relacionar-se com o “Pai” como “Filho” na obra da criação.
Explicando a declaração “antes de todas as coisas, Deus estava sozinho” diz Bowman: “aparece numa obra inteiramente diferente de Tertuliano, na qual declara que a ‘Razão’ de Deus era o Verbo anteriormente à sua atividade na criação, e que, portanto, essa pessoa chamada ‘Razão’ existia eternamente lado a lado com Deus: “pois antes de todas as coisas, Deus estava sozinho... mas mesmo então, não estava sozinho, pois Ele tinha consigo aquilo que possuía em si mesmo antes da criação do universo, Deus não estava sozinho, posto que Ele tinha dentro de si mesmo tanto a Razão quando, inerente na Razão, seu Verbo...”(Contra Praxeas 5). Esse Verbo é o Filho, igual a Deus, mas funcionando em segundo lugar depois do Pai, note: “Assim Ele [o Pai] torna-o [o Filho] IGUAL A ELE...embora eu reconheça o Filho, assevero a sua DISTINÇÃO em segundo lugar depois do Pai”(Contra Praxeas 5).
A citação atribuída a Hipólito nada diz contra a Trindade, apenas defende o monoteísmo ao dizer que Deus é “Deus Uno, primeiro e o Único, o Fazedor e Senhor de tudo”, e mais parece ser uma referência a Jesus, pois é Ele que é o fazedor de todas as coisas e o Senhor de tudo. O termo “Uno” alude a unidade trinitária. Quando porém, os autores da revista dizem que Hipólito conclui que Jesus foi criado, temos uma torção, no contexto em que Hipólito fez essa declaração, temos: “Deus subsistindo sozinho, e não tendo nada contemporâneo com Ele mesmo, resolveu criar o mundo... não havia nada contemporâneo com Deus. Além dEle nada havia, MAS ELE, ENQUANTO EXISTIA SOZINHO, MESMO ASSIM EXISTIA NA PLURALIDADE”(Contra Noêcio 10; grifos nossos). Essa pluralidade, conclui, acertadamente Bowman, consiste no Pai, no Filho e no Espírito, conforme Hipólito declara num parágrafo anterior: “O homem, portanto, embora ele não queira, vê-se obrigado a reconhecer Deus o Pai onipotente, e Cristo Jesus o Filho de Deus, que, sendo Deus, fez-se homem, e a Ele o Pai sujeitou todas as coisas, execetuando-se o próprio Pai, e o Espírito Santo; e que estes, portanto, são três”(Contra Noêcio 8)
Na citação de Orígenes há uma contradição, é dito que o Filho não é da essência do Pai, mas contrariamente também diz que o Pai é luz e o Filho é luz, apesar de ser menor. Com respeito a Orígenes, o mais posterior dos pais pré-Nicéia, a Igreja o considerou como herege, não porque negou a Divindade de Cristo, mas porque acreditava que o Pai e o Filho e o Espírito Santo fossem TRÊS deuses; não acreditava que Jesus tinha sido criado nem que o Espírito Santo fosse algo impessoal, todavia, cria que o Pai era superior ao Filho e ao Espírito. O surpreendente é que as Testemunhas de Jeová poderiam até ter usado Orígenes para defender a idéia que o Pai era o Todo-poderoso e o Filho poderoso, numa condição inferior, mas não o fazem, o que nos leva a crer que elas não fizeram realmente uma pesquisa séria e trabalhada sobre os pais cristãos dos primeiros séculos. Apesar de não ter uma crença perfeita na Trindade, Orígenes possuía certa posição doutrinária que mais o aproximava dos trinitarianos do que das Testemunhas de Jeová, chegou a afirmar: “Nós, porém, estamos convictos de que realmente há três Pessoas (treis hypostaseis), o Pai, o Filho e o Espírito Santo”. Desse modo confirmou a personalidade do Espírito Santo. Ainda disse: “as declarações feitas no tocante ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo devem ser consideradas transcendentes de todos os tempos, de todos as eras, e de toda a eternidade”(Princ. 4:28). Também disse que não existe “nada que não foi feito, a não ser a natureza do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”(Princ. 4:35). E também declarou: “Além disso, nada na Trindade pode ser chamado maior ou menor”(Princ. 1:3,7).
Vejamos agora o que realmente disseram os pais apologistas que viveram bem antes do concílio de Nicéia:

JUSTINO, O MÁRTIR (Martirizado em 165). Muito ao contrário do que dizem as Testemunhas de Jeová, Justino, mártir, cria com convicção que Jesus Cristo era Deus, em sua obra “Diálogo com Trifão” temos uma sequência de doze capítulos (55-66) dedicados em comprovar esta verdade. Vejamos aqui algumas das suas declarações:

“Depois de crer no Verbo, nós nos afastamos deles e, por meio do Filho, seguimos o único Deus Unigênito” (I Apologia 14:1).

“Porque os que dizem que o Filho é o Pai dão prova de que não sabem nem quem é o Pai, nem tomaram conhecimento de que o Pai do universo tenha um Filho que, sendo Verbo e Primogênito de Deus, também é Deus”(I Apologia 63:15). Observe que ele distingue o Pai do Filho, refutando os adeptos da doutrina monarquista que diziam que o Pai e o Filho eram uma única pessoa, mas defende ao mesmo tempo a Divindade de Jesus.

“Portanto, tudo o que de bom foi dito por eles, pertence a nós, cristãos, porque nós adoramos e amamos depois de Deus, o Verbo, que procede do mesmo Deus ingênito e inefável”(II Apologia 13:4).

“Com efeito, Cristo, como eu vos demostro por todas as Escrituras, é chamado Rei e Sacerdote, Deus, Senhor, Anjo, Homem, Supremo, General, Pedra, Menino recém-nascido.”(Diálogo com Trifão 34:2).

“Essas palavras dão a entender claramente que se deve adorar a Ele, que é Deus e Cristo, testemunhado pelo criador deste mundo”(Diálogo com Trifão 63:5).

“Por outras palavras, que vos citei anteriormente como ditas também por Davi, deveis recordar que Jesus tinha de sair das alturas dos céus e voltar novamente para os mesmos lugares, afim de que o reconheceis como Deus que vem de cima, e como homem nascido entre os homens, e que novamente devia vir aquele ao qual deviam ver e, por causa dele, bater no peito os mesmos que o traspassaram”(Diálogo com Trifão 64:7).

“Além disso, quero que saibais que eles (os mestres judeus) eliminaram completamente muitas passagens da versão dos setenta anciãos (Septuaginta) que estiveram com o rei Ptolomeu, nas quais se demostra que esse mesmo Jesus crucificado foi claramente anunciado Deus e Homem, e que havia de ser crucificado e morrer”(Diálogo com Trifão 71:2).

“Entre as nações, nunca se referiu a homem nenhum de vossa descendência como Deus e Senhor, que tenha reinado, exceto desse que foi crucificado, do qual, no mesmo Salmo, o Espírito Santo nos diz que se salvou e ressuscitou”(Diálogo com Trifão 73:2).

“Se sabemos que esse Deus se manifestou em várias formas a Abraão, Jacó e Moisés, como duvidamos e não cremos que ele poderia, conforme o desígnio do Pai do universo, nascer homem da virgem, tendo tantas Escrituras pelas quais literalmente é fácil entender que assim de fato aconteceu, conforme o desígnio do Pai”(Diálogo com Trifão 75:4). Aqui tanto é asseverada a Divindade como a humanidade de Jesus, o que prova que Justino não usava totalmente a filosofia platônica para explicar as naturezas da Pessoa do Filho.

“Por outro lado, se lhes citamos Escrituras que demostram expressamente que o Cristo há de ser ao mesmo tempo passível e adorável e Deus”(Diálogo com Trifão 68:9).

“Portanto, agora vou demonstrar que a revelação feita sobre o sacerdote Jesus, que vosso povo, foi uma predição do que faria o nosso sacerdote e Deus o Cristo, Filho do Pai do universo”(Diálogo com Trifão 115:4).

Vejamos ainda a explicação dada por Justino para o unidade de Deus-Pai e Deus-Filho e a distinção dos dois, bem como do motivo de Jesus ter outros nomes:

“A Potência que aparece a Moisés, a Abraão ou a Jacó, da parte do Pai de tudo, chama-se Anjo quando vem aos homens, porque, por meio dela, as mensagens do Pai são trazidas aos homens, e chama-se Glória, porque às vezes aparece em grandeza imensa; outras vezes recebe o nome de Verbo e Homem, porque aparece nessas formas, segundo a vontade do Pai; chama-se Palavra porque leva aos homens o que o Pai lhes fala. Essa Potência seria INSEPARÁVEL E INDIVISÍVEL do Pai, como dizem, da mesma forma que a luz do sol, que ilumina a terra, é inseparável e indivisível do sol que está no céu. E como este, no poente, leva consigo a luz, assim também, conforme essa teoria, quando o Pai deseja, novamente a recolhe a si. Ensinam que Ele cria os anjos também desse modo.
Que existem os anjos e que são seres permanentes e não se reduzem àquilo de que tiveram princípio, são coisas já demostradas. Embora brevemente, antes eu também examinei a questão de que essa Potência, que a palavra profética chama ao mesmo tempo Deus e Anjo, e isso já demostramos amplamente, não só é DISTINTA pelo nome, como a luz se distingue do sol, mas é também NUMERICAMENTE OUTRA e então disse que essa Potência é gerada pelo Pai, pelo seu poder e vontade, mas não por CISÃO ou CORTE, como se a SUBSTÂNCIA do Pai se DIVIDISSE, da mesma forma que todas as outras que se dividem ou cortam não são as mesmas antes e depois de se dividirem. Dei então o exemplo de outro e como, todavia, não diminui nada daquele do qual muitos outros podem se acender, mas permanece o mesmo”(Diálogo com Trifão 127:2-4, grifos e destaques nossos).

Fica assim perfeitamente claro que Justino cria na doutrina da Trindade e que tudo o que foi dito na revista “Deve-se Crer na Trindade?” sobre sua suposta posição antitrinitariana é mentira da grossa e desavergonhada.

IRENEU DE LIÃO (140 A 202 AD). O que é dito sobre o pensamento de Ireneu sobre Jesus na revista “Deve-se Crer...” é risível quando se ler as obras desse grande e importante apologista, em ADVERSUS HAERESES (Contra Heresias), sua mais importante obra, encontramos:

“Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra recebeu dos Apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo que nele existe; em um só Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus, e a vinda, o nascimento pela virgem, a paixão, a ressurreição dos mortos, a ascensão ao céu, em seu corpo, de Jesus Cristo, dileto Senhor nosso; e a sua vinda dos céus na glória do Pai, para recapitular todas as coisas e ressuscitar toda carne do gênero humano; a fim de que, segundo o beneplácito do Pai invisível, diante do Cristo Jesus, nosso Senhor, DEUS, Salvador e Rei, todo o joelho se dobre nos céus, na terra e nos infernos”(Livro l, 10:1).

“E ainda: ‘tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito’. Do tudo nada é excetuado; o Pai fez por seu intermédio tudo, as coisas visíveis e as invisíveis, as sensíveis e as inteligíveis, as temporais para uma verdadeira economia, as eternas e imortais, não por meio de anjos, nem de potências diferentes de sua mente, porque Deus não precisa de ninguém, mas pelo Verbo e pelo seu Espírito fez tudo, ordenou, governa e dá o ser a tudo”(Livro I, 22:1).

“Com efeito, pertence à soberana independência de Deus não precisar de nenhum instrumento para criar as coisas: O ser Verbo é idôneo e suficiente para criar todas, como diz João, o discípulo do Senhor”(Livro II, 2:5).

“E este Deus é verdadeiramente Espírito de Deus”(Livro II, 30:8).

“Justamente, portanto, o Espírito Santo chamou o Pai e o Filho com o nome de SENHOR (Sl 110:1) porque efetivamente o são. Além disso quando fala da destruição sobre Sodoma, a Escritura diz: ‘O SENHOR fez chover sobre Sodoma e Gomorra o fogo e o enxofre provindos do SENHOR do céu.’ Isto significa que o Filho, aquele que falou com Abraão, recebeu do Pai o poder de condenar os sodomitas por causa das iniquidades deles. É o mesmo que se diz no texto seguinte: ‘O teu trono ó Deus, subsistirá por todos os séculos; cetro de teu Reino é cetro de retidão. Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso, ó Deus, o teu Deus te consagrou pela unção’. O Espírito aqui designou com o Nome de Deus, tanto o Filho que recebe a unção como o Pai que a confere. E ainda diz: ‘Deus se apresentou na assembléia dos deuses e no meio deles julga os deuses. Aqui se fala do Pai, do Filho e de todos os que receberam a adoção filial: estes constituem a Igreja, que é a assembléia de Deus, que Deus, isto é o Filho, reuniu ele mesmo e por si mesmo. É ainda deste Filho que se diz ‘O Deus dos deuses, o Senhor, falou e chamou a terra’(Sl 50:1). Quem é esse Deus? É aquele de quem se diz: ‘Deus virá de maneira manifesta, o nosso Deus, e não se calará’, isto é, o Filho que veio entre os homens numa manifestação de si mesmo, e por isso diz: ‘manifestei-me abertamente àqueles que não me procuravam’ ”(Livro III, 6:1).

“e assim o criador de todas as coisas, juntamente com seu Verbo, é o único a ser chamado Deus e Senhor, enquanto as coisas criadas não podem receber este apelativo nem se arrogar legitimamente este título, pois pertence exclusivamente ao criador”(Livro III, 8:4). Esta passagem apenas seria suficiente para por fim de uma vez por todas a dúvida se os cristãos primitivos criam ou não se Jesus era Deus.

“Fica portanto demostrado – e será demostrado evidência maior – que nem os profetas, nem os apóstolos, nem o Cristo Senhor reconheceram absolutamente como Senhor e Deus a nenhum outro a não ser aquele que é de maneira exclusiva Senhor e Deus; que os apóstolos e profetas, ao confessar o Pai e o Filho como Deus, não chamaram Deus e Senhor a ninguém mais”(Livro III, 9:1).

“Assim o Verbo de Deus, enquanto homem, da descendência de Jessé e Filho de Abraão, tinha sobre si o Espírito de Deus e era consagrado para levar a boa-nova aos humildes; enquanto Deus, não julgava segundo a aparências e não condenava por ouvir dizer; com efeito, ‘ele não precisava de testemunhos a cerca de nenhum homem, pois ele sabia o que há no homem’ ”(Livro III, 9:3).

“Este é o mistério que diz ter-lhe sido revelado, isto é, que aquele que padeceu sob Pôncio Pilatos é o Senhor de todos os homens, seu Deus, Rei e Juiz, por ter recebido o poder de Deus de todas as coisas, pois, se fizera obediente até a morte, e morte de cruz”(Livro III, 12:9).

“Demostrado até a evidência QUE O VERBO EXISTIA, DESDE O PRINCÍPIO JUNTO DE DEUS, QUE POR SUA OBRA FORAM FEITAS TODAS A COISAS, que sempre esteve presente ao gênero humano e que justamente ele, nestes últimos tempos, segundo a hora estabelecida pelo Pai, se uniu a obra de suas mãos, feito homem passível, ESTÁ REFUTADA TODA AFIRMAÇÃO CONTRÁRIA DOS QUE DIZEM: SE NASCEU NESTES ÚLTIMOS TEMPOS, HOUVE UM TEMPO EM QUE CRISTO NÃO EXISTIA”(Livro III, 18:1). Até parece que Ireneu estava pensado nas Testemunhas de Jeová quando escreveu isso.

“Tenhamos também o Paráclito, pois o Senhor confiou ao Espírito Santo o homem que é seu, aquele que caíra em poder dos ladrões, dando dois denários reais para que nós, tendo recebido pelo Espírito a imagem e a inscrição do Pai e do Filho, façamos os dons que nos foram confiados e os restituamos multiplicados ao Senhor”(Livro III, 17:3, grifos nossos).

“Este é o motivo pelo Qual o próprio Senhor deu o Emanuel, nascido da virgem, como sinal da nossa salvação, porque era o próprio Senhor que salvava aqueles que não se podiam salvar sozinho... A mesma coisa disse Isaías: ‘confortais as mãos frouxas e robustecei os joelhos débeis. Coragem, pusilânimes; tomai ânimo e não temais; eis que o nosso Deus trará a vingança e a represália. Deus mesmo virá e vos salvará”(Livro III, 20:3).

“Foi, portanto, Deus que se fez homem, o próprio Senhor que nos salvou”(Livro III, 21:1).

“Com estas palavras (de Is 7:10-16) o Espírito Santo indicou exatamente a sua geração virginal e a sua natureza divina: Deus”(Livro III, 21:4).

“O homem é composto de alma e de corpo, uma carne formada à imagem de Deus e modelada pelas suas mãos, isto é, pelo Filho e o Espírito, aos quais disse: ‘Façamos o homem’ ”(Livro III, int., 4).

“É na Igreja também que foi depositada a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorrupção, confirmação da nossa fé e escada para subir a Deus”(Livro III, 24:1).

“O Pai não precisou de anjo nenhum para criar o mundo e formar o homem pelo qual fez o mundo, como não precisou de ajuda para a organização das criaturas e a economia dos assuntos humanos, pois já tinha um serviço perfeito e incomparável, assistido que era, para todas as coisas, pela sua progênie e sua figura, isto é, o Filho e o Espírito, o Verbo e a Sabedoria aos quais servem e estão submetidos TODOS os anjos”(Livro IV, 7:4).

“Portanto, não foram os anjos que nos plasmaram – os anjos não poderiam fazer uma imagem de Deus – nem outro qualquer que não fosse o Deus verdadeiro, nem uma potência que estivesse afastada do Pai de todas as coisas. Nem Deus precisava deles para fazer, como se ele não tivesse suas próprias mãos! Deus SEMPRE, de fato, ele tem junto de si o Verbo e a Sabedoria, o Filho e o Espírito. É por meio deles e NELES que fez todas as coisas, soberanamente e com toda a liberdade, e é a eles que se dirige, quando diz: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, tirando de SI MESMO a substância das criaturas, o modelo que fez e a forma dos adornos do mundo. Bem se expressou o escrito que diz: antes de tudo acredita que existe um só Deus que criou, harmonizou e fez existir todas as coisas apartir do nada”(Livro IV, 20:1,2).

“Que antes que houvesse a criação o Verbo, isto é, o Filho, SEMPRE estivesse com o Pai, demostramo-lo amplamente; como também estava a Sabedoria, que outro não é senão o Espírito”(Livro IV, 20:3).

“A palavra de Deus havia prenunciando que Deus seria visto pelos homens”(Livro IV, 20:4).

“Já que o Espírito de Deus anunciava o futuro por meio dos profetas para nos preparar e predispor à submissão a Deus, e que este futuro importava que o homem, pelo beneplácito do Pai, visse a Deus, era necessário que aqueles pelos quais era predito o vissem a Deus que apontava á contemplação dos homens, para que não fosse conhecido só profeticamente como Deus e Filho de Deus, Filho e Pai, mas fosse visto por todos os membros santificados e instruídos nas coisas de Deus e assim o homem fosse formado e exercido anteriormente a aproximar-se da glória destinada a ser revelada em seguida aos que amam a Deus. Os profetas não profetizavam só com palavras, mas também com visões, com o comportamento e as ações que faziam segundo a sugestão do Espírito. Neste sentido viam a Deus invisível, como diz Isaías: ‘V1Com meus olhos o Rei Senhor dos exércitos’ para indicar que o homem veria a Deus com seus olhos e escutaria a voz dele. Nele sentido viam o Filho de Deus viver como homem entre os homens”(Livro IV, 20:8).

“Assim também Raab, a prostituta, que se acusava de ser pagã culpada de todas os pecados, acolheu os TRÊS espiões que investigavam toda a terra e os escondeu na sua casa (símbolos) do Pai, do Filho e do Espírito Santo”(Livro IV, 20:12).

“Esta é a ordem, o ritmo, o movimento pelo qual o homem criado e modelado adquire a imagem e a semelhança do Deus incriado, que é o Pai que decide e ordena, o Filho que executa e forma e o Espírito que nutre e aumenta”(Livro IV, 38:3).

“Ele (Jesus) é perfeito em tudo, Verbo ONIPOTENTE e homem verdadeiro”(Livro V, 1:1).

“Deus será glorificado na criatura, conformada e modelada ao seu próprio Filho, pois, pelas mãos do Pai, isto é, por meio do Filho e do Espírito, o homem, e não uma parte, torna-se semelhante a Deus”(Livro V, 6:1 – repete em 28:4 ).
Com essas citações de Ireneu as Testemunhas de Jeová são desmascaradas e bem podiam ser chamadas falsas testemunhas. A questão agora não se trata em se crer ou não na Trindade, mas de se crer na revista “Deve-se Crer na Trindade?”.

CLEMENTE DE ALEXANDRIA (Final do século II). As Testemunhas de Jeová dizem que Clemente sustentava que Jesus era uma “criatura” e que sua posição era depois do único Pai onipotente, sendo diferente dele. Pura mentira! Na verdade Clemente ensinava que Cristo era “realmente a Deidade plenamente manifesta, sendo Ele igual ao Senhor do universo, porque Ele era seu filho”(Exortação aos pagãos 10). Também disse que Jesus era “o mesmíssimo Deus que o Pai”(o Instrutor 1:8,11). Ainda chamou Jesus de “Filho ETERNO”(Exortação aos pagãos 12), e negou que o “Pai tenha existido nalgum tempo sem o Filho”(Miscelâneas 5:1).

Concluindo, vale ressaltar, apenas como acréscimo, que todos os pais apostólicos e apologistas dos séculos 1 e 2Criam na imortalidade da alma, no fim da guarda do Sábado, no castigo eterno para os ímpios (aqui, exceto Orígenes, que como já dissemos, foi tido como herege), e na maioria dos ensinos dos trinitarianos.



COMO SE DESENVOLVEU A DOUTRINA DA TRINDADE?
(Páginas 7-12)

No início do parágrafo da página 8 os escritores da revista “Deve-se Crer...” acabam provando que a Trindade é uma doutrina bem antiga, e se é antiga, se ela existe desde os primórdios do cristianismo, é algo que a torna bem aceita. Diferente de muitas das doutrinas das Testemunhas de Jeová, cujas as origens são a pouco mais de cem anos. Em questões doutrinárias sempre a questão mais antiga é mais aceitável, o próprio Senhor Jesus mostra isso quando, defendendo o monogamia, citou um texto de Gênesis que apontava essa verdade antes do recebimento da lei (Mt 19:4-6).
Note como os autores escrevem o início desde parágrafo, tornando-os declarantes que a doutrina da Trindade era bem conhecida nos tempos bíblicos: “Por MUITOS ANOS havia muita oposição por MOTIVOS BÍBICOS contra a emergente idéia que Jesus era Deus”. Fica admitido aqui que a questão era antiga e que os motivos dela eram bíblicos, mas na última fraseologia percebemos uma contradição, pois como poderia a idéia que Jesus era Deus ser emergente se já por muitos anos havia uma controvérsia sobre esta questão??? A grande verdade era que a emergente idéia foi a negação da Trindade por Ário de Alexandria (Séc. III), que não aceitava o Espírito Santo e Jesus como eternos, sustentava que “houve um tempo quando o Filho não existia” e descrevia tanto a Jesus como o Espírito Santo como criaturas exaltadas, mas nunca iguais a Deus, e isto só na Igreja Oriental a do Ocidente era unânime em aceitar a plena Divindade de Cristo. Até Ário ninguém então havia dito que Jesus era uma criatura, NINGUÉM!


Constantino E Nicéia
Não queremos aqui defender Constantino, não é possível dizermos se ele era ou não um cristão genuíno, é difícil dizer isso de pessoas ao nosso redor que se professam cristãs, quanto mais de um que viveu a tanto tempo atrás, até mesmo os apóstolos tiveram dificuldades nisso (ver Gl 2:4; 2Co 11:26). Uma coisa é certa com respeito a Constantino, ele tinha simpatia ao cristianismo e sem dúvida foi usado por Deus para fortalecer a doutrina da Trindade, assim como Deus usou os imperadores Nabucodonosor para castigar seu povo, Ciro para cumprir a profecia do retorno do povo de Israel do exílio babilônico e César Augusto para promover o recenseamento que fez Jesus nascer em Belém (confira Jr 27:4-11; Ed 1:1; Lc 2:1).
O historiador Justo Gonzalez, em Uma História Ilustrada do Cristianismo, volume II, diz sobre os bispos que compareceram em Nicéia:
“Não sabemos o número exato de bispos que assistiram ao concílio, mas ao que parece foram uns trezentos. Para compreendermos a importância do que estava acontecendo, recordamos que vários dos presentes tinham sofrido prisões, tortura ou exílio pouco antes, e que alguns levavam em seu corpo as marcas físicas da sua fidelidade. E agora, poucos anos depois daqueles dias de provações, todos estes bispos eram convidados a se reunir na cidade de Nicéia, e o imperador cobria todos os seus gastos. Muitos dos presentes se conheciam de ouvir falar, ou por correspondência. Agora, pela primeira vez na história da igreja, eles podiam ter uma visão física da universalidade da sua fé. Eusébio de Cesaréia nos descreve a cena, em sua obra ‘Vida de Constantino’:
‘Ali se reuniram os mais distintos ministros de Deus, da Europa, Líbia (isto é, Africa) e Ásia. Uma só casa de oração, como ampliada por obra de Deus, abrigava sírios e cilícios, fenícios e árabes, delegados da Palestina e do Egito, tebanos e líbios, junto com os que vinham da Mesopotâmia. Havia também um bispo persa, e tampouco faltava um cita na assembéia. Ponto, Galácia, Panfília, Capadócia, Ásia e Frígia enviaram seus bispos mais distintos, bem como os que moravam nas regiões mais remotas da Trácia, Macedônia, Acaia e Epiro. Até mesmo da Espanha um de grande fama (Ósio de Córdoba) se sentou como membro da assembléia. O bispo da cidade imperial (Roma) não pôde participar por causa da idade avançada, mas seus presbíteros o representaram. Constantino é o primeiro príncipe de todas as épocas que juntou semelhante grinalda mediante o vínculo da paz, e apresentou a seu salvador como oferta de gratidão pelas vitórias que conseguiu sobre seus inimigos”
É digno de nota que os autores da “Deve-se Crer...” vêem os bispos de Nicéia como autênticos cristãos, e se assim o eram, porque não cremos que pelo Espírito Santo neles não se tornaram no Concílio os que dominaram as questões? Isso é mais provável à luz da Bíblia que as especulações dos autores dessa revista. Jesus disse: “Sereis até conduzidos à presença dos governantes, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho a eles e aos gentios. Mas quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai que fala em vós” e acrescentou: “Portanto não temais...não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer parecer na Geena tanto a alma como o corpo”(Mt 10:18-20,26,28). E sabemos que isto se cumpriu, Paulo diante de reis sem nenhuma inclinação para o cristianismo conseguia deixá-los até com medo (At 24:24), por que então as Testemunhas de Jeová só enxergam o lado humano do concílio, se admitem que havia homens de Deus ali??
Justo Gonzalez nos diz como aconteceu o Concílio:
“A assembléia aprovou uma série de regras para a readmissão dos que tinham caído, sobre como os presbíteros e bispos deveriam ser eleitos e ordenados, e sobre a ordem de precedência das diversas sedes.
A questão mais escabrosa, porém, que o concílio de Nicéia tinha de discutir era a controvérsia ariana. Em relação a este assunto havia várias tendências no concílio.
Em primeiro lugar, havia um pequeno grupo de arianos convictos, liderados por Eusébio de Nicomédia – personagem importantíssimo em toda esta controvérsia, que não deve ser confundido com Eusébio de Cesaréia. Ário, por não ser bispo, não tinha o direito de participar das deliberações do concílio. Seja como for, Eusébio e os seus estavam convictos de que sua posição era correta, e que a assembléia, assim que ouvisse seu ponto de vista exposto com clareza, daria razão a Ário e repreenderia Alexandre por tê-lo condenado.
Em segundo lugar, havia um pequeno grupo que estava convencido de que as doutrinas de Ário punham em perigo o próprio cerne da fé cristã, e que por isto era necessário condená-las. O líder deste grupo era Alexandre de Alexandria. Junto a ele estava um jovem diácono que depois ficaria famoso como um dos gigantes cristãos do século IV, Atanásio.
Os bispos que procediam do oeste, isto é, da região do Império onde era falado latim, não estavam interessados na especulação teológica. Para eles a doutrina da Trindade estava resumida na velha fórmula enunciada por Tertuliano mais de um século antes: uma substância e três pessoas.
Outro pequeno grupo – contando provavelmente com não mais que três ou quatro pessoas – defendia posições próximas do patripassionismo, ou seja, da doutrina de acordo com a qual o Pai e o Filho são a mesma pessoa, e que por isto o Pai sofreu na cruz. Estas pessoas estiveram de acordo com as decisões de Nicéia, mas mais tarde foram condenadas.
Por último, a maior parte dos bispos presentes não pertencia a nenhum destes grupos. Para eles era uma verdadeira lástima o fato de Ário e Alexandre se terem envolvido em uma controvérsia que ameaçava dividir a igreja, agora que afinal a igreja gozava de paz em relação ao Império. A esperança destes bispos, no início das reuniões, parece ter sido conseguir uma posição conciliatória, resolver as diferenças entre Alexandre e Ário, e esquecer a questão. Exemplo típico desta atitude é Eusébio de Cesaréia.
Nisto estavam as coisas quando Eusébio de Nicomédia, o líder do partido ariano, pediu a palavra para expor sua doutrina. Ao que parece Eusébio estava tão convicto da verdade do que dizia, que tinha certeza que os bispos, assim que ouvissem uma exposição clara de suas doutrinas, as aceitariam como corretas, mas quando os bispos ouviram a exposição das doutrinas arianas sua reação foi bem diferente do que Eusébio esperava. A doutrina de o Filho ou Verbo ser somente uma criatura – por mais exaltada que fosse esta criatura – parecia-lhes atentar contra o próprio âmago da sua fé. Aos gritos de ‘blasfêmia!’, ‘mentira!’ e ‘heresia!’ Eusébio teve de se calar, e conta-se que alguns dos presentes lhe arrancaram seu discurso, o rasgaram em pedaços e o pisotearam.
O resultado de tudo isto foi que a atitude da assembléia mudou. Antes a maioria quisera tratar o caso com a maior suavidade possível, e talvez evitar que algum lado fosse condenado, mas agora a maior parte estava convencida de que era necessário condenar as doutrinas expostas por Eusébio de Nicomédia.
No começo tentou-se fazer isto somente com citações bíblicas. Mas logo ficou claro que os arianos podiam interpretar qualquer citação de uma maneira que os favorecia – ou pelo menos que podiam aceitar – por esta razão a assembléia decidiu compor um credo que expressasse a fé da igreja em relação às questões do debate.
Em “Porque Devo Crer Na Trindade”, Bowman oferece provas de que Constantino não era tão pagão assim como querem as Testemunhas de Jeová (página 38) e acrescenta sobre as outras declarações delas referente ao concílio: “A brochura da Torre de Vigia passa, em seguida, a citar a Enciclopédia Britânica (uma edição anterior) relatando que Constantino ‘pessoalmente propôs... o preceito crucial, que expressa a relação de Cristo com Deus no credo instituído pelo concílio, de uma só substância com o Pai’”. O que está omitido aqui é que Constantino fez essa proposta provavelmente mediante a sugestão do seu conselheiro teológico, Hósio, um bispo da Espanha. Além disso, a idéia exprimida pelo termo não era nova.”
“A brochura concluiu, então, que Constantino ‘interveio e decidiu em favor dos que diziam que Jesus era Deus’. Isso é simplesmente falso. O que Constantino fez foi encorajar os bispos a alcançar um consenso tão perfeito quanto possível, e então empregou sua autoridade política para depor aqueles poucos que insistiam em se opor aquele consenso. A vasta maioria dos bispos acreditavam com firmeza que Jesus é Deus, se não fosse assim, teria sido contrário ao propósito de Contantino ‘decidir em favor dos que diziam que Jesus era Deus’ ”.
“O credo que o concílio realmente adotou, redigido por Eusébio da Cesaréia, descreveu Cristo como ‘Deus de Deus’, mesmo antes da sugestão por Constantino da expressão ‘de uma só substância com o Pai’. Antes de esse credo ter sido redigido e aceito, outro credo, redigido por Eusébio de Nicomédia, um ariano, foi considerado. Embora a maioria dos bispos do concílio pertencesse ao Oriente, onde havia mais arianos, o concílio ‘rejeitou totalmente’ o credo ariano, porque negava que Jesus era Deus (Heresies, 117). Quanto ao credo trinitariano, a única parte dele com que muitos bispos orientais não se sentiam à vontade era a expressão: ‘de uma só substância com o Pai’. O motivo não era porque subentendia que Jesus era Deus (o que a maioria tomava por certo), nem porque era trinitariano, mas porque para eles soava por demais como o monarquianismo, que dizia que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram uma só pessoa.
A informação de que somente “uma fração do total” do número dos bispos compareceu ao concílio, também é explicada por este autor: “não deve ser interpretada no sentido de subentender que o concílio era composto de modo favorável aos trinitários, deve ser explicado que a situação era bem inversa. A maioria dos bispos provinha do Oriente, onde se achava a maioria dos arianos: bem poucos bispos vieram do Ocidente, embora o Ocidente fosse solidamente trinitário”.
Com respeito aos acontecimentos depois do concílio de Nicéia, acrescenta: “Embora Constantino tenha apoiado o trinitarismo em Nicéia, esse não foi o fim da controvérsia ariana. A brochura das Testemunhas de Jeová atenua os fatos quando confessa: ‘os que criam que Jesus não era igual a Deus até mesmo recuperaram temporariamente o favor’. Na realidade, Constantino inverteu sua opinião em 332 d.C. , sete anos depois do concílio de Nicéia, e passou a apoiar Ário. Durante 45 anos dos 49 que se seguiram, os arianos gozavam o favor dos imperadores romanos (conforme: Bray – Creeds, councils and christ, 109). Durante boa parte desse período, Atanásio, um dos trinitarianos principais de Nicéia, era praticamente o único líder cristão que não se dispunha a entrar num meio-termo com os arianos, e assim surgiu o ditado ATHANASIUS CONTRA MUNDUM (Atanásio contra o mundo). Mas em 381 o imperador Teodósio, que creditava na Trindade, declarou o cristianismo trinitarino a religião oficial do império, e convocou o concílio de Constantinopla, onde foi adotado um credo ainda mais explicitamente trinitariano”.
“Muitas pessoas, inclusive as Testemunhas de Jeová, declaram-se escandalizadas diante do estabelecimento do trinitarismo pelo Império Romano como sua religião oficial. Isso não deixa subentendido que a doutrina da Trindade era, dalguma forma, mais pagã do que cristã, e que foi aceita pelas massas somente porque era a ordem ditada pelo imperador ??”
“A resposta a essa pergunta é decididamente NÃO. No auge da controvérsia ariana, entre 325 e 381, o arianismo era geralmente reconhecido pelos imperadores como um sistema religioso mais atraente do que o trinitarismo. O motivo disso era que o arianismo, que ensinava que Jesus era uma criatura divina, dava a entender que uma criatura podia ser um deus, podia ficar altamente exaltada e conseguir a obediência incondicional dos homens. Essa idéia era atraente para os imperadores, pois seus antecessores pagãos frequentemente exigiam a adoração dos súditos, e achavam mais fácil governar se o povo os considerassem divinos, nalgum sentido. O trinitarismo, por outro lado, mantinha que a totalidade da divindade pertencia ao Deus trino e uno, e mantinha uma distinção mais nítida entre o Criador e a criatura; assim, deixavam subentendido que o imperador era mero homem comum. Que um imperador romano declarasse o cristianismo trinitariano como a religião oficial do seu império é, portanto, surpreendente, e sugere que a preocupação com a verdade pesou na balança mais do que a conveniência política”(páginas 39,40).
É interessante que na conclusão do tópico “O Papel De Constantino Em Nicéia” da página 8 da revista, as próprias Testemunhas de Jeová, na ânsia de propor mais um argumento, o de que o concílio de Nicéia não formulou um credo trinitariano, terminam por admitir que os bispos em Nicéia defenderam a Divindade idêntica de Jesus com o Pai, veja: “Nenhum dos bispos em Nicéia promoveu uma Trindade, porém. Eles decidiram apenas a natureza de Jesus, mas não o papel do espírito santo”(Grifos nossos). Assim , elas mesmas destroem a tentativa de provar que o credo era de Constantino e admitem que o concílio realmente confirmou que Jesus era Deus da mesma natureza do Pai.
Se analisarmos bem poderemos perceber porque ficou para os imperadores a incumbência de convocarem os concílios de Nicéia e Constantinopla. Naquela período a Igreja não possuía líder terreno, uma pessoa que centralizasse para si a direção geral das congregações cristãs ( O que prova que a chamada sucessão papal da Religião Católica não é verdadeira). Quando surgiu a controvérsia ariana negando a plena Divindade de Cristo, pondo em risco a unidade da Igreja e a fé apostólica, tanto os bispos como o imperador Constantino se viram obrigados a resolver a questão, sendo que para ele a unidade da Igreja era importante porque em certo sentido era também a unidade do seu próprio império. E assim fo1Convocado o concílio e por isso também se deduz que a decisão do concílio refletia o pensamento ou confissão de fé mais destacada, histórica e abrangente, que era a de Jesus ser igual a Deus.
Quando o arianismo começou a ganhar adeptos entre os pagãos, já que eles estavam se professando cristãos, por uma óbvia questão de conveniência (afinal, o imperador tinha abraçado o cristianismo), o número de arianos acabou por ser maior que o de cristãos realmente convertidos. Por isso o imperador posteriormente, como já vimos, aderiu a posição ariana.
Com a subida de Teodósio ao trono, houve o concílio de Constantinopla, e o porquê do trinitarismo ser proclamado como a posição oficial do império constitui-se, para mim, uma prova da intervenção divina, pois nada justificaria essa decisão.


O Espírito Santo E O Credo
O argumento de não haver um comentário mais detalhado sobre o Espírito Santo no credo de Nicéia (exatamente porque a questão girava em torno da pessoa de Cristo) não nega a Trindade, por isso Ele é citado, como se fosse uma necessidade das três pessoas estarem juntas. Vejamos, pois, o credo de Nicéia:
“Cremos em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado pelo Pai, Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual foram feitas todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na terra; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu, se encarnou e se fez homem e sofreu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu, e novamente deve vir para julgar os vivos e os mortos; e no Espírito Santo. E a quantos dizem: ‘Ele era feito do não existente, bem como a quantos alegam ser o Filho de Deus de ‘outra substância’, ou ‘feito’, ou ‘mutável’, ou ‘alterável’, a todos estes a Igreja Universal e Apostólica anatematiza (amaldiçoa).”
Existe um versículo bíblico que estabelece claramente a Trindade é I Jo 5:7: “E três são os que testificam no céu, o Pai, a palavra e o Espírito, e esses três são um”, o problema com este versículo é que ele não aparece no manuscritos gregos do Novo Testamento mais aceitos (Se bem que são pouquíssimos os manuscritos antigos que possuem a primeira epístola de João ou precisamente o seu capítulo 5, o que impossibilita uma crítica textual perfeita do versículo). Mas o grande valor de I Jo 5:7 é que se encontra numa obra latina (as Testemunhas de Jeová insistem em dizer que a Trindade é fruto do pensamento grego) de uma data anterior ao concílio de Constantinopla (381), e sem dúvida deve ter sido usado para defender na ocasião a doutrina. Assim, a Trindade já era aceita em breves credos antes do concílio que formulou a doutrina da Trindade com mais precisão.



A Igreja Verdadeira E Os Concílios Eclesiásticos
É importante nessa altura procurarmos diferenciar os concílios de Nicéia e de Constantinopla dos demais concílios que houve realizados pela Religião Católica.
A Nova Enciclopédia Barsa, volume 4, página 331, explica as origens dos concílios: “Protótipo de todos eles é a reunião dos apóstolos com os presbíteros, realizada em Jerusalém nos primórdios da igreja, no ano 49 da era cristã (At 15)”.
O objetivo dos concílios, assim como foi o de Jerusalém, era deliberar e decidir acerca de questões que interessavam à doutrina ou à vida da Igreja. Dos 21 concílios registrados pela Religião Católica apenas os dois primeiros são reconhecidos pelos protestantes (o de Nicéia e o de Constantinopla), exatamente porque refletiam a pura doutrina da Igreja primitiva. Por outro lado, a Religião Católica não reconhece os três concílios (ou sínodos) posteriores a esses dois (o de 382 liderado por Jerônimo e os de 383 e 397 liderados por Agostinho), onde foi estabelecido o cânon da Bíblia Sagrada. Após o século IV os concílios deixaram de possuir um caráter bíblico e apostólico, se tornando mais em instrumentos de fermentação do paganismo dentro da Igreja-estatal, senão vejamos:
No concílio de Éfeso (em 431), foram condenadas as opiniões de Nestório, bispo de Constantinopla, que refletindo as idéias apostólicas, negava a Maria, mãe de Jesus, a denominação de “Mãe de Deus” atribuindo-lhe apenas o título de “Mãe de Cristo”. No entanto, pelos reflexos dos tempos apostólicos, a questão era mais vinculada a Cristo do que a Maria, o título “Mãe de Deus” conferido a ela, foi mais porque Jesus era Deus, Maria não foi posta como medianeira e intercessora.
O concílio de Calcedônia (em 451), confirmou do dogma de que na Pessoa de Cristo havia duas naturezas, a humana e a divina. Mas esse ensino verdadeiro já havia sido aceito pela Igreja, como menciona o historiador Justo L. Gonzalez, no volume três da sua obra “Uma História Ilustrada do Cristianismo”, página 93: “O cronista Epifânio nos conta de um sínodo reunido em 374, no qual foi adotado um credo muito semelhante ao de Nicéia, porém que dizia o seguinte, com referência à encarnação: ‘Foi feito homem, ou seja, homem perfeito, com alma, corpo e intelecto, e com tudo que faz parte de um ser humano”. OBS. Curiosamente este dogma confirmava o pensamento de Nestório, pois se Cristo tinha duas naturezas, era perfeitamente aceitável e certo que Maria foi sua mãe apenas no lado humano. Isto prova que os concílios estavam sem a direção do Espírito Santo.
O concílio seguinte, o terceiro de Constantinopla (em 680-681), apenas desenvolveu as idéias do de Calcedônia, afirmando que Cristo tinha tanto a vontade humana como a divina.
O segundo concílio de Nicéia (em 787, 462 anos depois do primeiro), foi decretado o culto das imagens, consumando o casamento da Religião Católica com o paganismo.
No segundo concílio de Latrão (em 1139) se estabeleceu a proibição do casamento para o clero (bispos, sacerdotes e diáconos).
No quarto concílio de Latrão (em 1215), o papa Inocêncio III, determinou que todo cristão, chegado ao uso da razão, seria abrigado à confissão auricular e condenou os cristãos Albigenses.
O primeiro concílio de Lyon (em 1245) foi mais uma questão política que religiosa, quando foi deposto o imperador romano-germânico Frederico II.
Já em 1414, no concílio de Constância, fo1Condenado à fogueira John Hus, o grande precursor da reforma protestante.
Após eclodir a reforma protestante, o concílio de Trento (em 1545-1563), estabeleceu a chamada contra-reforma emitindo uma série de decretos disciplinares.
O primeiro concílio Vaticano (em 1869- 1870) proclamou a infalibilidade papal.
E, finalmente, no segundo concílio Vaticano (em 1962-1965), a Religião Católica procurou se renovar e atualizar, desta vez abertamente buscando o ecumenismo. Deste surgiu a Renovação Carismática.
Referente ao primeiro concílio, de Nicéia, reconhecido por nós protestantes, a Nova Enciclopédia Barsa, volume 4, página 332, observa: “O primeiro concílio oficialmente considerado ecumênico fo1Convocado, a pedido dos bispos do Oriente, por Constantino, em Nicéia, cidade da Bitínia...”. Assim, fica confirmado que Constantino não foi o idealizador do concílio, mas os bispos do Oriente, onde a heresia ariana tentava negar a plena Divindade de Cristo.


A Trindade E O Cânon Das Sagradas Escrituras
Outro fato de grande relevância para descartar totalmente a idéia da doutrina da Trindade não ser cristã, foi a data da canonicidade dos livros da Bíblia, ocorrida bem depois da formulação do credo trinitariano. Enquanto os concílios de Nicéia e de Constantinopla se deram respectivamente nos anos 325 e 381, os dois primeiros concílios eclesiásticos a classificar os livros canônicos realizaram-se no norte da África: em Hipona Régia, em 393, e em Cartago, em 397 (Crítica Textual do Novo Testamento, Wilsom Paroschi, página 79).
É interessante que os dois concílios responsáveis pelo estabelecimento do cânon sagrado ainda se assemelham aos dois concílios da Trindade, no fato do último complementar o primeiro.
A maior influência dos concílios africanos que objetivaram a estabelecer o cânon bíblico foi a figura de Agostinho, um grande trinitário, autor da obra mais extensa da antiguidade sobre a Trindade.
Antes destes dois concílios africanos definirem os livros inspirados, Atanásio (o elaborador do credo da Trindade e o grande combatente do arianismo), na carta da páscoa de 367, apresentou a primeira lista dos vinte e sete livros do Novo Testamento como exclusivamente canônicos. Ele ignorou a oposição a que alguns deles estavam subordinados. Fez clara distinção entre os livros canônicos e os apócrifos tanto do Antigo como do Novo Testamento. O cânon de Atanásio era praticamente idêntico ao de Eusébio (263-340), a única diferença foi o seu acréscimo do livro de Apocalipse; portanto, foi este grande trinitário o responsável pela classificação dos livros inspirados.
Se praticamente os mesmos cristãos que consideram apenas os atuais 66 livros da Bíblia inspirados, também aceitavam sem reservas a Trindade, fica evidente que as duas coisas devem ser recebidas como cristãs, pois como poderiam os que estabeleceram os livros de inspiração divina, que são o fundamento de todos os ensinos cristãos, não estarem certos sobre a natureza de Deus? Aceitar que eles estavam certos sobre os livros de Deus e errados sobre o próprio Deus é totalmente incoerente.
É preciso dizer que os bons olhos dos imperadores para o cristianismo, não foi o erro que provocou a entrada posterior de influências idólatras na Igreja, que veio a se transformar na Religião Católica. Na verdade, além da Bíblia não ser contra isso (1Tm 2:1,2), foi muito valioso que tivesse acontecido essa simpatia dos reis ao cristianismo, graças a ela foi que a Bíblia nos foi preservada, pois havia muito empenho dos inimigos do cristianismo em destruir as Escrituras; com o apoio dos governantes, a reprodução e o cuidado em salvaguardar os manuscritos bíblicos foi muito mais intensificada, o que proporcionou a chance de termos hoje os mais antigos e respeitados manuscritos como testemunho da validade da Bíblia Sagrada. Foi de Constantino o mérito de encarregar, em 331, o bispo Eusébio de Cesaréia de providenciar 50 cópias das Escrituras para sua recém-inaugurada capital – Constantinopla, estas cópias eram de pergaminho, um material muito mais duradouro que o papiro, possibilitando assim tanto um uso mais prolongado da palavra de Deus como a sua perpetuação; é provável que os códices Sinaítico e Vaticano, os principais manuscritos do Novo Testamento, tenha sido uma dessas valiosas cópias.
E vale observar: Deus já havia feito algo parecido anos antes da vinda de Cristo a terra, quando o rei do Egito providenciou que fosse feita uma rigorosa tradução das Escrituras hebraicas para o grego (a Septuaginta); se não fosse essa tradução, dificilmente o cristianismo teria se mantido de pé, pois como atesta Justino, mártir, os judeus procuraram mudar as partes do texto hebraico que apontavam e favoreciam a Cristo, mas esse intento não foi avante porque a tradução grega servia de contraproposta.
Assim, vemos mais uma vez a Trindade encontrando seu apoio na Bíblia, pois se por um lado, os imperadores ajudaram na confirmação do credo trinitariano, por outro, foram os instrumentos para a conservação das Sagradas Escrituras. Disto concluímos que a Bíblia e a Trindade estão mais unidas do que pensam as Testemunhas de Jeová.


O Credo Atanasiano
O comentário da página 9 em que os autores da “Deve-se Crer...” tratam do credo Atanasiano, em si mesmo, possui muita pouca consistência. No início eles afirmam “Atánasio foi um clérigo que apoiou Constantino em Nicéia”, um pouco mais adiante vemos eles numa luta, usando os peritos para provar que Atanásio não foi o elaborador do credo mais bem definido da Trindade. Vemos assim que por um lado as Testemunhas de Jeová consideram Atanásio um homem de Deus, mas por outro, um covarde e cúmplice de uma heresia, deixando claro uma confusão e uma indefinição por suas manobras de conveniências. Deviam primeiro dizer o que realmente acham de Atanásio, mas sabem por que não dizem? Porque a argumentação ficaria fraca e abriria porta para facilitar a contestação, pois Atanásio foi um grande homem de Deus e um defensor da doutrina Bíblica da Trindade, assim como todos os grandes homens de Deus que a história conseguiu registrar.
É assombroso de ridículo a maneira cheia de ênfase que os autores da “Deve-se Crer...” concluem o tópico, dizendo: “Portanto, LEVOU SÉCULOS desde o tempo de Cristo para que a Trindade viesse a ser plenamente aceita pela cristandade”. Ora, eles no parágrafo anterior estabelecem a data do quarto século (300-400) como a mais provável da elaboração do credo, e agora já buscam estender essa data pelo aspecto da sua aceitabilidade pela cristandade por pura especulação. Mas o cômico disso é quando contrastamos essas datas da formulação do credo e da sua aceitabilidade com o período do surgimento das Testemunhas de Jeová (1890-1914), já agora em pleno século vinte. Meditemos bem, são 20 vezes 100 anos depois de Cristo!! Esse “LEVOU SÉCULOS” é ridículo quando fazemos a comparação.
A declaração que o credo da Trindade era desconhecido da Igreja Oriental até o século 12 (página 9) é completamente falsa e sem a menor condição de ser sustentada. Primeiro, porque foram exatamente os bispos do Oriente que solicitaram a Constantino a convocação para o concílio Constantinopla que formulou este credo.
Segundo, porque a maior parte dos bispos do concílio proviam da Igreja do Oriente.
E terceiro, porque não teria sentido ter havido no século V dois concílios que tratavam de assuntos intimamente relacionado com a Divindade de Cristo se o credo não fosse amplamente conhecido, sendo que um deles, o de Calcedônia (em 451), que decidiu as duas naturezas de Cristo (Divina e humana), compareceram 520 bispos, número maior que de qualquer concílio anterior.
Quando a Nova Enciclopédia Britânica diz que o credo não era conhecido da Igreja Oriental está se referindo a controvérsia chamada “Filioque”. Sobre isto o historiador Justo L. González em “Uma História Ilustrada do Cristianismo”, volume 3, páginas 157 e 158, explica-nos: “Esta palavra significa ‘e do Filho’, que algumas igrejas ocidentais tinham interpolado no credo Niceno, de modo que onde a igreja Oriental dizia ‘e no Espírito Santo que procede do Pai’, algumas igrejas Ocidentais começaram a dizer ‘no Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho’. Ao que parece a palavra ‘Filioque’ foi acrescentada pela primeira vez na Espanha, e dali passou para o reino dos francos. Em todo caso, na capela real de Aix-le-chapel, a capital de Carlos Magno, costumava-se incluir esta palavra no credo. Quando alguns monges procedentes do reino franco se apresentaram em Jerusalém e repetiram o credo com a estranha interpolação, causaram um escândalo na Igreja Oriental, que perguntaram quem tinha dado autoridade aos francos para mudar o antigo credo, aceito pelos concílios e por todos os cristãos ortodoxos”
Portanto, a Igreja Oriental não conhecia era ESSE credo (com esta interpolação feita provavelmente na Espanha e divulgada pelos francos – franceses) e não o credo original, que de tão bem conhecido, os fez rejeitar àquele, diferente em apenas uma palavra.
O que notamos nessas considerações das Testemunhas de Jeová sobre a formulação do credo da Trindade por Atanásio, é um desespero tremendo em tentar dar uma data menos antiga a esse credo. Elas sabem que quanto mais distante for uma crença dos primeiros séculos da Igreja cristã mais sem prestígio ela se torna. O que não passa pela cabeça das Testemunhas de Jeová é que elas mesmas não possuem mais de cem anos de existência. As idéias de que somente 144 mil irão ao céu, da inexistência do castigo eterno, da mortalidade da alma e quase todas as suas doutrinas são totalmente ignoradas em toda a história da Igreja. É, portanto, muita falta de consciência e sensibilidade! Se as Testemunhas de Jeová são a verdadeira Igreja de Jesus, devemos concluir que ela não foi fundada no primeiro século ou que Jesus mentiu quando disse que as portas do inferno não prevaleceriam sobre ela (Mt 16:18) e que Paulo se equivocou quando disse que a Igreja de Cristo existiria em TODAS AS GERAÇÕES (Ef 3:21).
Mas voltando a Atanásio, tudo leva a crer que ele foi o elaborador do credo, se não foi ele, as opções seriam ou Basílio de Cesaréia, ou Gregório de Nissa ou Gregório de Nazianzo, outros grandes homens de Deus do século quatro, o certo é que todos eles defenderam a doutrina da Trindade e que tiveram uma importância fundamental para que ela fosse reconhecida no concílio de Contantinopla.
A verdade é que a Enciclopédia Britânica está afirmando era que o credo com a interpolação “Filioque” não era de Atanásio, mas de origem Espanhola ou Francesa.
Para finalizar citamos algumas partes do credo:
“Adoramos um Deus em Trindade, e a Trindade em unidade; não confundindo as pessoas, nem dividindo sua substância. Pois existe uma pessoa do Pai, outra do Filho, e outra do Espírito Santo. Mas a Deidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é toda uma só; a glória é igual e a majestade é coeterna. Tal como o Pai, tal é o Filho e tal é o Espírito Santo, o Pai é incriado, o Filho é incriado, e o Espírito Santo é incriado. O Pai é imensurável, o Filho é imensurável, o Espírito Santo é imensurável. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, no entanto, não são três eterno, mas apenas um eterno. Da mesma forma, não há três incriados, nem três imensuráveis, mas um só incriado e um imensurável. Assim também o Pai é onipotente, o Filho onipotente e o Espírito Santo é onipotente. No entanto, não há três onipotentes, mas sim, um onipotente. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus. No entanto, não há três deuses, mas um Deus. Assim o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor. Todavia não há três senhores, mas um Senhor. Assim como a veracidade cristã nos obriga a confessar cada pessoa individualmente como Deus e Senhor. Assim também ficamos privados de dizer que haja três deuses ou senhores... Mas as três pessoas são coeternas, são iguais entre si mesmas; de sorte que por meio de todas, como acima foi dito, tanto a unidade na Trindade como a Trindade na unidade devem ser adoradas”
Como se vê o credo é claro e minucioso, tudo para não deixar alguma dúvida. Cada pessoa da Trindade é Deus e no entanto não são três deuses, mas um só. Portanto este é o credo e esta é nossa conclusão: O Deus dos cristãos é três vezes em unidade mais poderoso que o deus das Testemunhas de Jeová, sendo realmente Todo-poderoso.


Quem São Os Apóstatas?
A interpretação que a apostasia duraria até a volta de Cristo é completamente o contrário do que diz a carta de II Tessalonicenses, nela Paulo ensina que o período denominado de “Dia do Senhor” só aconteceria quando viesse o homem do pecado, que se opõem, e se levanta contra tudo que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Esse é denominado pela interpretação histórica da Igreja como Anticristo, chamado de a Besta em Apocalipse 13.
O período do Anticristo é um tempo de flagelos e pragas divinas, onde Deus tomará vingança contra os erros e idolatrias da humanidade.
O que acontecia com os cristãos de Tessalônica é que eles estavam acreditando por causa de falsas epístolas apostólicas que esses tempos tenebrosos já estavam se iniciando (v.2), Paulo então esclarece que eles não deveriam ficar perturbados pois esse período só viria com a chegada do homem do pecado, e que este só poderia se manifestar quando Aquele que o detém fosse tirado (vs 6 e 7), O qual não é outro, senão o Espírito Santo que habita na Igreja.
Ora, a saída do Espírito Santo que opera contra a pecaminosidade da humanidade através da Igreja (Jo 16:8), é o que mantém esta terra salgada (Mt 5:13), por isso que o homem do pecado não pode se manifestar ainda com a Sua operação aqui.
O momento da saída do Espírito Santo da terra é exatamente na vinda de Cristo (Parousia), quando se dará o arrebatamento da Igreja (1Ts 4:13-18; 1Co 15:51,52; Mt 24:37-44). A Parousia é a primeira fase da vinda de Cristo e será invisível para o mundo, onde os cristãos se encontrarão com Jesus nos ares (1Ts 4:17).
Portanto o período do Dia do Senhor depende da manifestação do homem do pecado e esta por sua vez depende da volta (Parousia) de Cristo. Por isso Paulo dizer no verso 1 que a questão envolvia diretamente a Parousia de Cristo, onde seríamos reunidos a Ele (1Ts 4:17; I1Ts 2:1)
Referente ao final do Dia do Senhor (ou Dia da ira de Deus e do Cordeiro, ou Grande Tribulação: Mt 24:29; At 2:19, 20 e Ap 6:12-17; Ml 4:5; 1Ts 5:2; 2Pe 3:10; Ap 6:12-17), ele ocorrerá com na segunda fase da volta de Cristo (Epifanéia), caracterizada pela manifestação de Jesus (Mt 24:30; I1Ts 1:7-9; Ap 1:9), por isso I1Ts 2:8 dizer: “Então (depois da saída dAquele que o detém) será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo sopro de sua boca, e aniquilará com a MANIFESTAÇÃO da sua vinda”.
Depois então de esclarecer que a Igreja não passaria por esse período chamado Dia do Senhor, Paulo exorta para que os irmãos dêem sempre graças a Deus por Ele os ter escolhido desde o princípio para a salvação, e que deveriam estar firmes retendo as tradições que ensinavam a Parousia de Cristo, a qual livraria sua Igreja do período da ira de Deus (1Ts 1:10; 5:9). Assim o final é de consolo e conforto (I1Ts 2:15-17).
Dizer, portanto, que o período da apostasia, o abandono de todo tipo de adoração(vs 3,4), terminaria na Parousia de Cristo é entender exatamente ao contrário do que diz o ensino de II Tessalonicenses. Na verdade ele só ocorrerá depois da Parousia.
É importante ser dito que as próprias Testemunhas de Jeová concordam na revista “Deve-se Crer...”, página 9, que esse “Dia de Senhor” se trata de um período de juízo e destruição, observe:
“Eles disseram que viria uma apostasia, um desvio, um abandono da adoração verdadeira até a volta de Cristo, quando então a adoração verdadeira seria, restaurada, antes do DIA em que Deus destruiria este sistema de coisas.
Sobre o tal ‘dia’, o apóstolo Paulo disse: ‘não virá a menos que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado que é contra a lei’ (I1Ts 2:3,7)”.
No que se refere a idéia de um desvio maciço e generalizado da fé, cito outro comentário de Robert Bowman:
“Se a predição de uma apostasia refere-se a um desvio maciço da verdade por uma grande porção da Igreja cristã professa, o chamado Iluminismo destaca-se como o melhor candidato até agora na história registrada. Nos séculos XVI e XVII quase a totalidade da cultura cristã professa estava experimentando uma fé renovada em Cristo e na Bíblia como palavra de Deus. Nos séculos XVIII e XIX, porém, essa mesma cultura abandonou, em grande medida, até mesmo uma profissão daquela fé, a medida que as teorias críticas a respeito da origem Bíblia, negações cépticas dos milagres, e a teoria da evolução naturalista mudou a cosmo-visão dominante do Ocidente, que passou de cristão para secular.
Durante esse período também, e continuado até dentro do século XX, um grande número de versões alternativas da religião veio a existir. A maioria dessas religiões teve sua origem no nordeste dos Estados Unidos, e foram fundadas por pessoas QUE TINHAM SIDO PROTESTANTES. Essas religiões incluíam o Unitarismo, o Mormonismo, o Novo Pensamento, a Ciência Cristã, a Escola União do Cristianismo, a Teosofia e o espiritismo moderno (que são as origens principais do movimento contemporâneo da Nova Era), e as Testemunhas de Jeová”.
Vale ainda dizer que o texto da apostasia (1Tm 4:1-5) contêm no quê consistiria essa apostasia, seria: a proibição do casamento (doutrina que existe no catolicismo romano) e a ordenança de abstinência dos manjares que Deus criou para os fiéis, a fim de usarem deles em ação de graças (ora, das proibições de abstinência de alimentos, as Testemunhas de Jeová estão incluídas, elas proíbem até as últimas consequências seus adeptos de comer sangue).
Os textos de 2Pe 2:2 e Jd 4 também são citados como referências da apostasia na revista “Deve-se Crer...” e menciona que os apóstatas negariam “ao único Soberano e Senhor, Jesus Cristo, que os resgatou”. Ora, não são as Testemunhas de Jeová que negam a Divindade de Jesus? Ao dizerem isto estão abertamente declarando que Deus pessoalmente não resgatou realmente a humanidade da condenação. No caso dos trinitaristas é impossível que estes versículos sejam aplicados à eles, pois se fizeram alguma coisa referente a Jesus, foi o exaltarem a uma Suprema igualdade com Deus, e se por acaso isso fosse errado, não estariam negando a Jesus, mas o confirmando muito além de sua suposta posição.
O período da apostasia é datado pelo Espírito Santo para os ÚLTIMOS DIAS e não para os primórdios do cristianismo. Com isso, mais uma vez, o que se vê é uma referência as Testemunhas de Jeová, que parecem, estão com as consciências cauterizadas de tanto torcerem a Bíblia Sagrada, deixando de conservar o modelo das sãs palavras apostólicas (2Tm 1:13) por meio de uma tradução da Bíblia fraudulenta e mentirosa, da qual nem sabemos quem são os tradutores, omitidos por uma falsa modéstia.


O Paganismo Influenciou A Trindade?
Para responder a essa pergunta cito mais uma vez Bowman: “Os antitrinitarianos, durante esses últimos três séculos, tem sustentado em comum que a Trindade é uma doutrina adotada por empréstimos das crenças pagãs. É possível citar muitas obras eruditas, e menos eruditas, neste sentido. A brochura das Testemunhas de Jeová (Deve-se Crer na Trindade...) cita várias obras que argumentam, ou que nalguns casos parece subentender, que a Trindade era uma noção pagã que corrompeu a fé cristã (páginas 9,11-12). Reproduz, ainda, ilustrações de várias tríadas (ou grupo de três) pagãs, e a coloca lado a lado com quadros de arte cristã, que retratam ou simbolizam a Trindade (páginas 2,10).
Esse argumento envolve vários problemas. Primeiro: pelo menos algumas das referências citadas na brochura foram deturpadas. Por exemplo, a ‘Encyclopedia of Religion and Ethics’ é citada nas suas descrições de alguns paralelos “trinitários” na religião do Egito e na filosofia neoplatônica. No contexto, porém, a enciclopédia está considerando noções semelhantes, sem identificar as origens ou influências da Trindade cristã (página 458).
Segundo: A brochura não indica uma ou duas origens da doutrina da Trindade, explicando como influenciaram o seu desenvolvimento. Pelo contrário, cita uma variedade de obras, alegando que várias noções pagãs totalmente diferentes formaram um paralelo da Trindade ou que podem ter sido origens dessa doutrina. Tríades egípcias, babilônicas, assírias, hindus e budistas, bem como o platonismo, são alegadas como influências sobre o desenvolvimento da Trindade. Mas é absurdo alegar que todas essas tenham influenciado os trinitários de modo significante.
Terceiro: A maioria dessas alegadas ‘influências’ era ou muito antigo demais, ou muito recentes demais, ou geograficamente demasiadamente distantes, para exercer alguma influência relevante. São reproduzidas obras de arte que retratam tríadas egípcias ou babilônicas, a despeito do fato que essas obras datavam cerca de dois mil anos antes da data em que as Testemunhas de Jeová alegam que a Trindade teve sua origem! Outras obras de arte que retratam tríadas hindus e budistas dos séculos VII e XII também são reproduzidas a despeito do fato de terem sido executadas séculos depois de a Trindade ter se tornado a religião oficial do Império Romano!
“Quarto: A brochura das Testemunhas de Jeová indica que Atanásio era bispo na Alexandria, no Egito, e argumenta na base desse fato que seu trinitarismo refletia a influência das tríadas egípcias (página 11). Mas essa coincidência geográfica não é mais significante de que o fato que o rival principal de Atanásio, Ário, também era de Alexandria!
Quinto: Embora seja verdade que os povos pagãos do mundo antigo adorassem tríadas de deuses, essas tríadas eram sempre três deuses separados, e não um só Deus. Além disso, sempre era (ou quase sempre) meramente os três deuses no ponto mais alto da hierarquia de muitos outros deuses adorados nas religiões politeístas.
“Sexto: Uma comparação entre o trinitarismo e as principais heresias não trinitárias dos primeiros séculos revela que elas, e não a Trindade, eram corrupções devidas a influência do paganismo, e especialmente do neoplatonismo. Por exemplo: os gnósticos “cristãos” sustentavam a idéia neoplatônica de que o espiritual era bom e o material era mal. Consequentemente, o Deus supremo e perfeitamente espiritual não pode ter pessoalmente criado o mundo, e portanto, este deve ter sido criado por alguma deidade inferior. O arianismo revela um modo semelhante de pensar ao ensinar que Deus não criou o mundo material, mas sim, deixou que o Verbo, uma deidade inferior, criasse o mundo. Os trinitários, opondo-se a essas teorias, sustentavam o ensino bíblico que somente Deus é o criador, que fez todas as coisas (Gn 1:1; Is 44:23). O gnosticismo, o monarquianismo e o arianismo também concordavam entre si que o Ser supremo deve ser um Ser indiferenciado. Isto é – em harmonia com a idéia neoplatônica de que o único está completamente separado dos muitos, livre de toda a pluralidade – acharam inconcebível que Deus fosse três, em qualquer sentido que fosse. Sendo assim, os gnósticos e os arianos sustentavam que Jesus era uma deidade separada do Deus supremo, e os monarquianos sustentavam que Jesus era uma manifestação do Pai, a única pessoa divina. A despeito das suas diferenças, portanto, todas essas heresias tomavam por certo que Deus não podia ser um, em certo sentido, e três, noutro sentido. Essa pressuposição foi herdada da filosofia pagã, e não da Bíblia, que simplesmente declara que Deus é um, sem nunca negar que, noutro sentido, Deus também é três. Por outro lado, os trinitarianos insistem que a questão da unicidade e trindade de Deus tinha que ser decidida exclusivamente na base da Bíblia, sem auferir pressuposições estranhas, provenientes da filosofia grega.
Sendo assim, os fatos históricos demostram que o trinitarismo desenvolveu suas fórmulas e credos teológicos exatos, não para batizar o paganismo como parte do cristianismo, mas para salvaguardar as verdades bíblicas da corrupção pelo paganismo.”
O historiador Eusébio de Cesaréia, diz em sua História Eclesiástica, livro VI, capítulo XIII, que as principais heresias daquela época se baseavam nas idéias de gnóstico Marcião, que afirmava que a Deidade possuía mais de um princípio.
Deve-se ainda acrescentar que não devemos achar estranho o fato dos pagãos haverem tido alguma idéia sobre a Trindade. A própria Bíblia diz que os pagãos tinham uma certa noção da Divindade de Deus pelas coisas criadas (Rm 1:18-23). O apóstolo Paulo em At 17:28, numa pregação à filósofos, afirmou que certos poetas pagãos tinham escrito coisas verdadeiras acerca de Deus. Portanto o que os pagãos entendiam e criam podia perfeitamente ser bíblico e verdadeiro, e poderíamos até dizer, à luz de Rm 1:18-23, que a crença dos gentios numa trindade é mais uma prova que a Trindade é verdadeira. No entanto, nada no paganismo ou em qualquer outra religião existente se assemelha ao monoteísmo trinitário. Por outro lado, as considerações das Testemunhas de Jeová sobre Deus são iguais as dos judeus e muçulmanos, os quais não aceitam a Jesus.


A Verdadeira Igreja E O Paganismo
A verdade é que o paganismo teve sua influência sobre a Religião Católica e não sobre a Igreja verdadeira. A origem secundária da Religião Católica aconteceu mais por uma mudança na maneira de como se era considerado cristão, bastava alguém ser súdito do império para a Igreja unida ao Estado tê-lo como servo de Cristo. Com esse modo de pensar é que aos poucos as idéias pagãs e outras inovações começaram a adentrar nessa Igreja-estatal, mais isto só depois da morte dos pais apostólicos, tendo em Agostinho (séc. V) a fronteira entre a Igreja primitiva e a Religião Católica, de fato, quando analisamos a história notamos que as grandes corrupções só ocorreram em datas bem posteriores, se não vejamos alguns exemplos:
O uso do termo “papa” como o representante de Cristo na terra só veio a existir no final século V com o papa Leão I.
O ofício da Missa foi instituída pelo papa Gregório I no ano 600 depois de Cristo, dela se originou a idéia da salvação pelas obras. Foi este papa o que transformou as meditações e suposições de Agostinho em dogmas, como diz o historiador Justo González “O que para Agostinho não passava de suposição para Gregório passa a ser certeza. Assim, por exemplo, Agostinho se aventurava a dizer que talvez haja um lugar onde os que morrem em pecado tenham de passar por um processo de purificação, antes de entrar na glória. Baseando-se nesta conjectura de seu mestre, Gregório declara que indubitavelmente existe esse lugar, e começa a desenvolver as bases da doutrina do purgatório”(Uma História Ilustrada Do Cristianismo, página 75,76). Este papa, pois, foi o grande destruidor do ensino apostólico da salvação pela fé. Enquanto seu mestre Agostinho ensinava em seus escritos uma salvação pela fé super enfática, pois cria na doutrina da graça irresistível e da predestinação, ele inverteu completamente seus ensinos. González conclui sobre Gregório I: “enquanto os antigos mestres da igreja haviam se esforçado para evitar que a doutrina cristã fosse contaminada com superstições populares, Gregório simplesmente aceitou todas as crenças, superstições e lendas da sua época como se fossem verdade evangélica. Suas obras estão cheias de narrações de milagres, aparições de defuntos, anjos e demônios, Etc [Compare com 1Tm 4:1]. Quando, com o correr do tempo, a produção literária de Gregório passou a ter a mesma autoridade infalível que tinha tido a de Santo Agostinho, boa parte das crenças populares do sexto século foi realmente incorporada à doutrina cristã”(Ibid., página 76,77), o grifo e a referência bíblica são nossos. É em Gregório I, portanto, que a Religião Católica teve sua origem principal.
O ensino de render culto aos santos só veio a acontecer no 2Concílio de Nicéia, 787 anos depois de Cristo e 462 anos depois do primeiro concílio. Aqui cabe uma observação útil para vermos que os imperadores não foram realmente a causa da entrada do paganismo na Igreja, este concílio foi provocado por eles, que sendo influentes na Igreja do Oriente recusavam radicalmente uso de imagens nos cultos cristãos (Uma História Ilustrada do Cristianismo, volume 3, páginas 111 e 112).
A água benta só foi usada 1000 anos depois de Cristo.
A prática de rezar o rosário só veio a ser praticada 1090 anos depois de Cristo.
A proibição do casamento só ocorreu em 1074 depois de Cristo, decretado pelo papa Gregório VII.
A heresia do purgatório só fo1Confirmada no concílio de Trento em 1563.
A confissão auricular e a transubstanciação só foram adotadas pela Religião Católica no IV concílio de Latrão em 1215.
Toda uma adoção ao paganismo veio a invadir essa Religião com o advento do movimento renascentista (o renascimento do cultura pagã da Roma e da Grécia antiga) do século XV. Não é à toa que a Reforma Protestante se deu exatamente no século XVI.
Dizer, portanto, que a influência pagã ocorreu plenamente no quarto século é ignorar os fatos da história. A verdade é que nesse período a Igreja veio a atingir sua maturidade e seu alicerce histórico-doutrinário definitivo.
Por outro lado, ainda no quarto século, outros grupos cristãos mantiveram as mesmas exigências bíblicas para considerar alguém cristão, por isso se apartaram da Igreja oficial do Estado que cada vez mais se corrompia; esse grupos, chamados de hereges pela Igreja-estatal (agora englobando todos os cidadãos), mantiveram acesa a chama do cristianismo original até os nossos dias.
Fica esclarecido então que as declarações como: “O cristianismo não destruiu o paganismo; ele o adotou” e “Se o paganismo fo1Conquistado pelo cristianismo, é igualmente verdade que o cristianismo fo1Corrompido pelo paganismo” devem ser vistas como as considerações dos historiadores tendo como pressuposto que a Religião Católica era cristã, sob esta ótica elas estão certas. Sob o ponto e vista da conservação da pureza do cristianismo primitivo porém, a verdade é que foram os grupos cristãos apartados da Igreja-estatal que mantiveram o povo de Deus tirado para fora do mundo (A tradução da palavra “igreja”). Já na época de Agostinho encontramos os Donatistas, que por recusarem a aceitar a admissão de um bispo, que na época da perseguição havia entregue os manuscritos das Escrituras para serem destruídos, decidiram se apartar da Igreja oficial. Já em 1215, no quarto concílio de Latrão, a Igreja Católica condenou os Albigenses, considerados por muitos historiadores como os descendentes dos Donatistas e os precursores dos Anabatistas do século XVI. Assim, na verdade existia duas igrejas, uma maior que englobava todos os cidadãos (por isso chamada Católica – universal) e outra menor, constituída de cristãos piedosos radicalmente contra a qualquer união que sacrificasse a verdade doutrinária do cristianismo.
Esses esclarecimentos são importantes porque confirmam que as palavras de Jesus em Mt 16:18 são verdadeiras e que é um engano se entender que o protestantismo trinitário só existiu no século XVI.


O Platonismo Da Trindade
Com respeito a influência platônica sobre a doutrina da Trindade, podemos afirmar tranquilamente que a platonismo apenas foi usado para esclarecer a doutrina, mas não por pessoas fora da Igreja. Em Jo 1:1 o apóstolo João se vale da filosofia platônica para designar o Senhor Jesus Cristo. Ele o chama de “LOGOS” vocábulo filosófico do primeiro século que se traduz deficientemente por “VERBO” ou “PALAVRA” em português. Esse termo tinha uma rica e forte significação no tempo do apóstolo João, referia-se a “razão do universo”, “aquilo que explica”, o “entendimento eterno”. João ao escrever que Jesus era no princípio o LOGOS, estava dizendo que Ele era a mente de Deus. Ora, a nossa mente é, em sentido mais profundo e essencial, o que somos; assim, Jesus sendo chamado de “LOGOS” estava sendo reconhecido com a ALMA DE DEUS; desta forma é incorreta a interpretação das Testemunhas de Jeová que vêem nesse termo a idéia de que Jesus fosse aquele que transmitia as mensagens de Deus. Jesus era, portanto, a própria personalidade de Deus, a sua razão, os seus pensamentos e idéias, sua gnose.
Usando esse vocábulo, que foi utilizado pela primeira vez pelo filósofo Fílon de Alexandria (contemporâneo de Jesus), que procurou mostrar a compatibilidade da cultura helênica e a religião hebraica, João asseverou a igualdade de Jesus com o Pai. Quem lia Jo 1:1 no século primeiro não tinha dúvida que João dizia que Jesus era o próprio Deus.
Deve ser levado em conta que quando João escreveu seu Evangelho o gnosticismo era a principal heresia. Para os gnósticos, Jesus era Deus e, por ser, não poderia ter se misturado com a matéria criada pelo deus inferior que chamavam “demiurgo”, o deus que, segundo eles, dominou todo o Antigo Testamento. Para os gnósticos, Jesus era um Deus espiritual que se opunha ao Deus material, e por isso não poderia ter se unido a matéria. Quando João chamou Jesus de LOGOS e disse que Ele havia criado tudo (Jo 1:1,2), imediatamente ele confirmou que Jesus era o Deus espiritual superior dos gnósticos, os quais lhe davam esse mesmo título. Mas quando disse no verso 14 que Verbo havia se encarnado, ele deixou claro que os gnósticos estavam errados. Assim, João tinha dois objetivos básicos no prólogo do seu Evangelho: Dizer que Jesus era Deus e confirmar que Ele havia realmente se encarnado.
É com respeito aos gnósticos que João escreveu em 1Jo 4:3: “E todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus”(ver ainda 2Jo 7). Os gnósticos, portanto, eram um tipo de Testemunha de Jeová ao contrário. Eles acreditavam que Jesus era Deus, mas recusavam terminantemente a reconhecer sua real encarnação e humanidade. No caso das Testemunhas de Jeová, elas negam Sua Divindade, considerando apenas sua humanidade. Estes são os fatos; esta é a verdade!
Sobre as idéias do Logos divino, diz Roque Frangiotti, citando eminentes eruditos em seu livro “História da Teologia – Período Patrístico, páginas 106,107:
“O que mais decisivamente parece ter influenciado a reflexão teológica dos pais da Igreja foi a teoria do Lógos. Para o filósofo judeu-alexandrino, Fílon, é o Lógos a regra segundo o qual Deus criou o mundo e a luz que ilumina o homem. Foi dessa mesma luz que Platão apreendera a verdade. Fílon, morto em 54 d.C. , exerceu, certamente, enorme influência em muitos pensadores cristãos da Igreja primitiva. Sua filosofia judaico-platônica oferece a maioria dos alinhamentos não só à doutrina cristã, mas também às diversas seitas gnósticas.
A filosofia de Fílon se apresenta como interpretação alegórica da Bíblia, do Gênesis em particular e como a primeira forma de platonismo muito diferente da doutrina de Platão. A teologia atinge, em seu sistema, lugar primordial. Deus, absoluto conhecimento e amor, pode tudo, menos o mal. Entre o mundo inteligível de seu pensamento e o mundo sensível que ele criou e o que é o melhor possível, o intermediário supremo é o Lógos, ou Verbo, ou Razão, Palavra criadora, chamado ‘Filho de Deus’ e Sabedoria, coeterno com o Pai e intercessor dos homens junto a ele.
Pessoalmente, inclinamo-nos à opinião de que as especulações dos gregos acerca do Lógos não eram desconhecidas ao evangelista João, posto que o quarto Evangelho foi redigido em Éfeso, onde, a partir de Heráclito, se empregou o termo Lógos para designar a inteligência cósmica ou razão do mundo, princípio fontal do ser e do conhecimento. É provável que conhecesse também as especulações de Fílon, o filósofo judeu, que via no Lógos a idéia divina do mundo, e o meio pelo qual Deus opera no mundo”(grifos nossos).
É muito válido aqui também o que diz José Silveira da Costa (Doutor em Filosofia na universidade Santo Tomás de Aquino de Roma) sobre a primeira fase da patrística, observe quem ele cita:
“Essa primeira fase Patrística é representada pelos apologistas, como São Justino (o mártir), Tertuliano e outros para os quais prevalecia uma reflexão racional e jurídica visando a defesa cristã caluniada e perseguida pelos pagãos. Mas, à medida que o cristianismo foi tomando força e adquirindo prestígio dentro do Império Romano surgiram sistemas filosóficos-teológicos bem mais elaborados, capazes de confronta-se em pé de igualdade com os sistemas filosóficos ainda remanescentes do helenismo (cultura grega). É assim que vamos encontrar na escola cristã de Alexandria, no Egito, figuras como Clemente de Alexandria (145-215 d.C.) e Orígenes (185-253 d.C.) cujas doutrinas constituem verdadeiras sínteses entre o que havia de mais importante na especulação filosóficas da época e núcleo de toda a dogmática cristã”.(Tomás de Aquino – a razão a serviço da fé – página 12).
O que vemos, portanto, desta fonte neutra, é que os pais pré-Nicéia foram bastante influenciado pela filosofia grega. É o que tinha em mente os autores das diversas obras citadas na página 11 da revista “Deve-se Crer...”.
Nesta altura é cabível um reflexão: A filosofia não é boa e útil? Não foi ela com seu estudo da lógica que organizou toda a nossa civilização, e que tudo indica, continuará por toda a nossa existência regendo este nosso mundo? Sim, ninguém pode negar esses fatos, algumas partes da filosofia são tão irrefutáveis quanto o cristianismo e sua esperança na fé. Se, pois, os apóstolos e os pais apostólicos se valeram dos instrumentos da filosofia para defenderem o credo da Trindade, até certo ponto incompatível com a razão, é muito surpreendente. E o bom de tudo isto, é que o credo foi elaborado, como já vimos, em claras definições dos termos, e no entanto é impossível rejeitá-lo sem que nos tornemos politeístas e contrários ao cristianismo. O único escape para as Testemunhas de Jeová é se converterem ao judaísmo.
No entanto, apesar do platonismo ter sido usado pelo apóstolo João e os pais gregos para explicar a Divindade de Cristo, este uso não foi pleno, foi moderado pela verdade sagrada, pois no sínodo de 374 e no concílio de Constantinopla de 381 ficou definido que apesar de Jesus ser realmente Deus, era também plenamente homem, tendo assim duas naturezas. E isto não combinava com a filosofia platônica, como se viu na grande controvérsia do concílio de Calcedônia, onde os novos teólogos alexandrinos (que interpretavam a fé à luz da filosofia platônica de modo mais global), entendiam que “o importante era descobrir as verdades eternas, assim como Platão tinha tentado conhecer o mundo das idéias imutáveis. O cristianismo era acima de tudo à verdadeira filosofia, superior ao platonismo, não porque fosse diferente deste, mas porque o superava. A Bíblia era um conjunto de alegorias em que o leitor instruído poderia descobrir as verdades eternas”. Deste ponto de vista, ao tratar da Pessoa de Jesus Cristo, o que importava aos novos teólogos alexandrinos era sua função como mestre das verdades eternas, como revelação do Pai inefável. Sua humanidade não passava de instrumento através do qual o Verbo divino se comunicava com os seres humanos (Justo L. González, Uma História Ilustrada do Cristianismo, volume 3, página 90). Assim, claramente se percebe que a filosofia platônica se adaptava mais a interpretação gnóstica que Jesus não possuía um corpo humano.
Diz também José Silveira da Costa noutra parte que, Justino (o mártir) antes de ser cristão foi um profundo estudioso da filosofia grega, e muito a utilizou para defender o cristianismo, que achou ser a verdadeira filosofia, onde os princípios da lógica e da razão se abraçavam perfeitamente. Assim, ele se utilizou pela primeira vez da arte da dialética (as técnicas do diálogo) para defender o cristianismo. Ora, é isso o que as Testemunhas de Jeová fazem na sua revista, é isso o que estamos fazendo agora. Justino (o mártir), não tomou emprestado crenças pagãs como querem crer essas enciclopédias eruditas. Ele defendeu o cristianismo pela filosofia, que nada mais era do que o uso da razão, da lógica e do conhecimento matemático para entender e explicar as coisas, a única dificuldade desse uso é que no cristianismo nem sempre as coisas se explicam pela lógica, e é exatamente nesse ponto onde ocorre o contra-senso da argumentação das Testemunhas de Jeová, pois a Trindade não é uma doutrina que se entenda perfeitamente pela razão, é muito mais uma questão de fé, desse modo fica sem consistência essa idéia de que a doutrina da Trindade seja fruto da filosofia grega.
Vale ainda citar do mesmo José Silveira da Costa quando ele diz de Tertuliano:
“A orientação inaugurada por São Justino quando ao modo de entender as relações entre a fé e a razão, a revelação e a filosofia, iria prevalecer entre os pensadores cristãos, apesar da atitude contraria de alguns apologistas latinos como Tertuliano (séc. II), para os quais era inadmissível qualquer tipo de conciliação entre a religião cristã (Sabedoria Divina) e a filosofia (sabedoria humana)”.
Vemos assim que Tertuliano foi averso ao uso da filosofia grega; ele foi um apologista latino muito mais apegado à Bíblia na sua defesa do cristianismo do que ao platonismo. Mas na presente questão (a crença na Trindade) em nada foi diferente de Justino, foi ele o segundo a procurar uma palavra para definir essa doutrina; isso é tão inegável que o único recurso usado pelos autores da “Deve-se Crer...” foi torcer, não os escritos de Tertuliano, mas uma Enciclopédia Católica que, ironicamente, defende a doutrina (pág. 5). Veja o tópico “A ‘Trindade’ Na Bíblia”.
Na grande verdade, os verdadeiros imitadores do pensamento e da religião grega são as Testemunhas de Jeová. Os gregos criam num deus Todo-poderoso (Zeus) cercado de vários outros deuses menores, dentre os quais o mais famoso foi Hércules. Foram também os gregos que recusavam o cristianismo pelo seu apego a fé e não a razão (1Co 1:23). Não são as Testemunhas de Jeová que rejeitam a Trindade por não entendê-la???
Com respeito as fotografias da página 10, é bom o leitor não se impressionar com elas que servem para iludir os desavisados. A maioria das fotos, como já vimos na citação de Bowman, mas vale salientar, são dum período posterior, na idade média, já muito depois da Trindade, como credo, ser formulada. Apenas as fotos um (1), dois (2) e três (3) que retratam tríades do Egito, Babilônia e Síria poderiam se usadas como argumentos que os pagãos criam num tipo de trindade rudimentar, mas elas remontam a um período muito antigo em relação ao período inicial do cristianismo para terem exercido alguma influência. Vale ainda destacar que as fotos não lembram a idéia de unidade entre as divindades tão destacada na doutrina da Trindade. Apenas vemos três deuses juntos; enxergar nelas um tipo de trindade é muito forçado e mais uma vez faz as Testemunhas de Jeová ficarem numa posição difícil, pois acabam admitindo que apenas a junção de três pessoas indicam uma trindade, como elas mesmas discordam na página 23, quando falam dos textos bíblicos onde encontramos o Pai, o Filho e o Espírito Santo juntos.


A Bíblia E A Filosofia
A posição platônica que busca os universais das coisas reais, os protótipos, tende valorizar o invisível, o espiritual, e isto encontra certa similaridade com o ensino do Novo Testamento. No entanto, quando essa valorização se intensifica ao ponto de se considerar as coisas reais como más, tínhamos aí a posição neoplatônica gnóstica, que nada tinha com os ensinos cristãos. O Novo Testamento não ensinava que as coisas reais eram más (1Tm 4:1-4), nem mesmo o corpo humano (Ef 5:26), o termo “carne” que aparece nos ensinos neo-testamentários e poderia sugerir isso, na verdade refere-se a tendência pecaminosa que está em nossos corpos (Rm 7:17-20) e não aos nossos corpos como pensavam os gnósticos.
É digno de observação a grande semelhança que tem o platonismo e a carta aos Hebreus. Nela encontramos que todos os acontecimentos do Antigo Testamento eram tipos da verdade universal que era Cristo, até para as coisas que acontecem atualmente a tipologia do Antigo Testamento é mencionada (Hb 9:9; Gl 4:24). O escritor da carta diz “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem”(Hb 11:1), também diz “Abraão...Isaque e Jacó...esperavam a cidade que tem fundamento e da qual o artífice e construtor é Deus [vale comparar com Jo 14:1-3]...todos estes (Abraão, Isaque e Jacó) morreram na fé, tendo recebido as promessas; mas vendo-os de longe, e crendo-os de longe, e crendo-as e abraçando-os, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem, daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas AGORA (Abraão, Isaque e Jacó) desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade” (Hb 11:8-16). Ver-se com clareza nesta passagem que a fé dos patriarcas era projetada para as coisas invisíveis, espirituais, perfeitas, ou como dizia Platão: universais. Ainda hoje, neste momento, esses patriarcas exercem essa fé, pois no lugar de descanso onde estão esperam a cidade celestial, como vemos no texto na palavra “AGORA” (Derrubando a idéia de estarem inconscientes e de que o céu será concedido apenas para os 144 mil).
Também concordando com conceitos platônicos, o apóstolo Paulo escreveu: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como seu eterno poder, como também sua própria Divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Rm 1:20).
Assim, de certo modo ou até certo ponto o platonismo se assemelha ao cristianismo.
Todavia, a filosofia cristã, se assim podemos chamá-la, não se adaptava com a chamada posição filosófica aristotélica, onde as coisas reais eram grandemente destacadas numa atitude contrária ao platonismo. Neste caso a tendência era para materialismo, que acabou prevalecendo em nossa civilização e que muito influenciou a teologia das Testemunhas de Jeová, que desdenha o lado espiritual e se apega mais as coisas materiais, seus livros e revistas sempre seduzem às massas pelos desenhos e fotos que mostram uma terra paradisíaca. Também se preocupam mais com o intelecto e racionalidade terrena do que com a sabedoria espiritual, que superior àquela sempre leva o homem a uma humildade e vida frutífera sem parcialidade e hipocrisia (Tg 3:13-18). OBS.: O verso 12 do texto supracitado destaca: “Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz” e sob à luz desse versículo podemos refletir: Como as Testemunhas de Jeová podem dar fruto de justiça se não estão em paz ou comunhão com Deus? Se não estão em união com Deus, dentro da sua família, a Igreja (ou como chamam: os ungidos), é impossível que possam levar ou proporcionar paz aos homens!
A verdade é que o grupo religioso das Testemunhas de Jeová atraem as pessoas pelo material, o visível, o palpável e acabam por praticarem um distanciamento do homem material do Deus espiritual.
A confirmação que as T.J. possuem da salvação é quando vendem as literaturas do grupo ou quando saem no campo repassando o que os seus líderes inventaram. Em nada diferem na filosofia da Religião Católica com seus ritos e formas externas com finalidades salvíficas.
Por outro lado o cristão autêntico (e admito que o número já está bem reduzido) não possui sua paz com Deus por meio de seu serviço religioso, mas pelo Espírito Santo, e sua esperança não se baseia pelo que vê ou mentaliza, como disse Paulo: “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não se vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” (2Co 4:18) e isto ele falou tendo como contexto a ressurreição do seu corpo e, pelo modo como fala, usando sempre a pluralidade de identificação comum, era a esperança de todos os cristãos (2Co 4:14-5:10).
Apesar dos gnósticos com sua filosofia serem praticamente o oposto das Testemunhas de Jeová, existe todavia uma conexão pelo aspecto da preocupação e cuidado que girava em torno das coisas terrenas. Enquanto os gnósticos se preocupavam com as coisas terrenas para atacar, as Testemunhas de Jeová o fazem para abraçar. Por isso que podemos incluir as Testemunhas de Jeová dentro do alvo do apóstolo Paulo quando escreveu a carta de Colossenses e Efésios, que a meu ver são as melhores epístolas para que uma T.J. possa se livrar da filosofia de sua religião.
Em Colossenses, por exemplo, Paulo fala da esperança reservada para os cristãos no céu, que deve ser motivo do desenvolvimento da fé e do amor (1:4,5); fala da inteligência espiritual em oposição a terrena, para que pudessem dar frutos agradáveis a Deus (1:9,10); combate as filósofos que estavam inchados em sua compreensão carnal, reduzindo o cristianismo aquilo que viam e tocavam (2); aponta para o mundo invisível [“pensai nas coisas de cima”, vale comparar com Mt 6:19-2 ] para que os cristãos norteassem suas vidas para a plena obediência a Deus (3).
Referente a carta de Efésios também encontramos muitas coisas que podem contribuir para ajudar as Testemunhas de Jeová. Paulo fala da poderosa mente (trina) de Deus, fazendo tudo em conselho (1:9,11) para o benefício dos homens, que podem ter convicção da esperança da herança rica da glória pelo Espírito Santo em seus corações (1:13,14,18); o apóstolo ora para que os cristãos tivessem aberto os olhos do entendimento pelo espírito de revelação e sabedoria, para que soubessem tanto sobre da grandiosa esperança da vocação [que é idêntica para todos – Ef 4:4], como da riqueza da glória da herança dos santos e do sobreexecelente poder que existe nos cristãos para vencerem o pecado, o diabo e o mundo, na semelhança de Cristo, para que como Ele, chegassem ao reino celestial (1:16-23).
No capítulo 2Paulo sintetiza da salvação pela fé em Cristo, cita a morte espiritual e a operação que ocorre nos homens incrédulos pela influências de forças invisíveis – demônios – (2:1,2); também menciona a unidade da Igreja e sua formação por obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo, deixando claro que Deus transformou dois grupos ( judeus e gentios) em um (Igreja) e não noutros dois, com pensam os teólogos das Testemunhas de Jeová.
O capítulo 3 de Efésios é riquíssimo e julgamos muito cruel ter que resumi-lo. Mas nele encontramos um reforço do que é dito no capítulo 2 e a verdade de que o Espírito Santo é a mente da Igreja (3:5); comenta indiretamente a eternidade de Cristo, pois se foi “segundo o propósito eterno (a Trindade) que fez Cristo Jesus nosso Senhor” (11) é sinal que Ele sempre existiu. E trata ainda no final do grande amor de Deus revelado em Cristo.
No capítulo 4 encontramos como deve ser administrada uma verdadeira Igreja Cristã, através dos ministros locais (Evangelistas, Mestres e Pastores), um funda, outro ensina e o outro dirige, tudo numa busca de unidade inspirada na obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo [o contexto não menciona o unidade entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas a unidade ou finalidade harmônica de cada um na obra de salvação e a unidade da Igreja, porque poderia se pensar que os ministros fossem encontrados em uma pessoa (como na Religião Católica) ou num grupo limitado (como no caso do chamado Escravo Fiel e Discreto, os remanescentes dos 144 mil, das T.J., que governam dos Estados Unidos e pensam pelo grupo)].
No capítulo 5, Paulo, continuando as exortações iniciadas no capítulo anterior, insiste que os cristãos devem imitar a Deus, imitando a Cristo; exorta-os a se encherem do Espírito Santo e amarem as suas esposas que são uma unidade com eles e um tipo da união entre Cristo e a Igreja.
No capítulo 6, mais uma vez encontramos o mundo invisível, de espíritos pessoais do mal e não de forças ou influências inspirativas (até do subconsciente) como querem os materialistas de nosso tempo e, novamente, as Testemunhas de Jeová, que interpretam e aplicam estes conceitos ao Espírito Santo (usando às vezes sem a menor reverência a eletricidade e as ondas de rádio como modelos de comparação). Para vencer esses inimigos espirituais que, utilizando o corpo e a mente dos homens, combatem a Igreja, precisamos dentre outras coisa: da fé (e não de intelectualidade de respostas prontas),e da convicção de salvação, e da Bíblia interpretada pelo Espírito Santo (a espada do Espírito, v.17) e de sempre orar e suplicar por este mesmo Consolador divino (v.18).
Essas considerações reduzidas servem para mostrar que existe uma filosofia cristã, mas que esta não se encaixa na das Testemunhas de Jeová, possui certa conexão sim, com o platonismo, que apesar de ser anterior ao pensamento aristotélico, foi o escolhido pelos mestres primitivos não para fundar ou estabelecer o cristianismo, mas para explicá-lo e apresentá-lo à sociedade helênica. Não foi à toa que alguns desses professores da era pós-apostólica julgassem que Platão fosse um tipo de cristão não aperfeiçoado (se bem que parece que apenas disseram isso como um recurso para familiarizar o cristianismo aos gregos, pois muitos pensavam que os cristãos eram canibais, por ouvirem ditos que ele comiam sangue e carne, que eram prováveis referência a santa ceia, interpretadas literalmente).
Neste ponto é onde podemos apresentar uma das grandes contradições da Testemunhas de Jeová e lamentavelmente de muitos cristãos autênticos. Como vimos, a carta de Efésios fala no capítulo 6 que o cristão não combate contra a carne e o sangue, mas contra os principados e poderes, contra demônios-príncipes que com suas hostes espirituais da maldade prendem e subjulgam os homens com filosofias, idéias, emoções e vontades contrárias a Deus. Ora, se assim é, torna-se lógico que não é correto o cristão se envolver com guerra e a política que costuma orientá-la. Por isso é surpreendente que as Testemunhas de Jeová tenham optado em não se envolver com as forças armadas e as políticas deste nosso sistema iníquo, que com democracia, comunismo ou capitalismo, nunca resolvem ou resolverão os problemas deste mundo que não tem mais esperança (“os pobres sempre existirão” de Jesus prevalece até nossos dias).
Mas é provável que este posicionamento correto das T.J. advenha na verdade de uma estratégia apenas para rivalizar com o erro de boa parte do cristianismo histórico. O que elas não contaram é que a Igreja de Jesus na sua forma mais primitiva, de estar plenamente separada do mundo, conseguiu sempre testemunhar desta verdade, falo dos Donatistas, Valdenses, Albigenses, Anabatistas e seus atuais descendentes.
Estes ainda zelam e se regem pelos valores espirituais, até mesmo nas roupas e outros pequenos detalhes. Possuem sua filosofia de fé na palavra de Deus, e por ela, lutam, sofrem, são discriminados, criticados, chamados de ingênuos e até mesmo de ‘incompreensíveis que crêem em ensinos incompreensíveis’, como é a Trindade. Mas esta é a filosofia da Bíblia e nosso melhor escudo de defesa – a fé.


Por Que Os Profetas De Deus Não Ensinaram A Trindade?
A essa pergunta respondemos que muitas coisas os profetas do Antigo Testamento não sabiam (ver 1Pe 1:10-12). Todavia, para os profetas do Novo Testamento a coisa muda de figura, pois conforme Hb 8:11Temos o privilégio de sermos ensinados pelo próprio Deus, ou seja, o Espírito Santo que nos é dado por Jesus Cristo (1Co 2:9-13). Veja ainda Ef 3:1-12 e Rm 16:25, onde lemos que os antigos não falaram claramente sobre os mistérios de Deus, coisa que muito desejaram como disse o próprio Jesus em Mt 13:16,17: “Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois em verdade vos digo que muitos PROFETAS e justos desejaram ver o que vós vedes, e não viram, e ouvir o que vós ouvis, e não ouviram”. Leia ainda 1Co 2:9-10. Para as Testemunhas de Jeová deixamos para meditação o texto de Atos 13:40,41 “Vede que não venham sobre vós o que os profetas disseram: ‘vede, ó desprezadores, espantai-vos e desaparecei, pois opero uma obra em vossos dias, obra tal que não crereis, se alguém vo-la contar”. E essa obra é a bêncão de termos Deus em nossos corações pela morte redentora de Jesus, tendo a plena certeza da salvação e de uma herança imarcescível guardada nos céus para os cristãos, por serem filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo (Is 57:13b com Mt 5:3,5; Rm 8:15-18; Gl 3:2;4:4-7; 1Co 3:22).
Observação: Se Siegfried Morenz diz que os Egípcios criam numa trindade porque se dirigiam a três seres no singular (página 11, da revista “Deve-se Crer na Trindade?”), por que então, não se aceita a Trindade bíblica, visto ocorrer o mesmo procedimento, sendo que sempre é o próprio Deus que trata-se a si mesmo numa pluralidade (Gn 1:26,27; 3:22; 11:5-7; Is 6:8)???



O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE DEUS E JESUS (Páginas 12-16)

A introdução desse tópico da revista “Deve-se Crer...” é refutada pelo próprio testemunho deste autor. Dizer que ninguém teria a idéia de Deus ser pluralizado se lesse a Bíblia sem nenhuma idéia pré-concebida a respeito da Trindade, é muita presunção. Declarações desse tipo devem se basear em pesquisas e não em especulações tendenciosas. O meu próprio testemunho mostra a inverdade dessa proposição das Testemunhas de Jeová:
Antes de me tornar cristão resolvi fazer uma leitura completa da Bíblia, naquele tempo minha crença era bastante rudimentar e superficial, entendia Deus apenas como o Ser supremo que criara todas as coisas e que poderia muito me ajudar. Jesus Cristo para mim era uma pessoa bem distante do que realmente deveria, quando ouvia dizer que Ele havia morrido por nós de modo algum me impressionava, não sabia o que havia de demais nisso, pensava comigo: ‘Eu mesmo poderia morrer pela humanidade!’, não entendia o profundo significado da morte do Senhor Jesus, não sabia que era um perdido, não tinha a mínima consciência do meu estado espiritual. Assim, Jesus Cristo era um herói para mim, como Sansão, Davi, Jacó, era, devido a influência de um seriado de TV que eu assistia muito na minha infância, um herói da Bíblia. Nada mais sabia sobre Ele. Concernente ao Espírito Santo, só conhecia uma Estado brasileiro que tinha este nome.
Logo iniciada o leitura me depare1Com uma surpresa ao ver Deus falando no plural no relato da criação do homem. A primeira conclusão que tive foi que deveria haver mais de um Deus.
É certo que minha conclusão não era uma idéia perfeita da doutrina da Trindade, mas partia de alguém completamente neutro sobre qualquer doutrina bíblica. Lembro (só para mostrar que minha leitura era natural e despreconceituosa) que fique1Com desejo de ir até onde era o outrora Jardim do Éden, ao ler o trecho de Gênesis 3:22-24, para tentar comer da árvore da vida e assim conseguir a vida eterna física, interpretação como esta não poderia partir de um teólogo ou estudante da Bíblia influenciado, a tive porque estava lendo a Palavra de Deus como condicionam as Testemunhas de Jeová.
Não cheguei a ler toda a Bíblia na mesma condição, mas o fato, é que a Escritura apontava primeiro a pluralidade de Deus em vez do monoteísmo, com certeza eu acabaria tendo uma noção da Trindade se continuasse a leitura.
Por ironia ou providência divina essa minha leitura imparcial da Bíblia ocorreu em 1989, mesmo ano da publicação da revista “Deve-se Crer...”. Também é digno de nota que as primeiras pessoas religiosas a quem pedi uma explicação foram as Testemunhas de Jeová, e na época engoli a interpretação delas que a pluralidade com Deus se dava porque Ele falava com os anjos. Se no caso tivesse ouvido a explicação de um trinitariano do mesmo modo teria aceitado que o texto era uma indicação da doutrina da Trindade.
A despeito de quem me deu a explicação, o fato foi que ao ler a Bíblia imparcialmente a primeira grande questão que se deparou a mim foi a Trindade. Se tivesse continuado a leitura com certeza eu teria ficado confuso quando lesse os textos que tratam do monoteísmo de Deus, mas se ainda prosseguisse, e chegasse em Jo 1:1, tudo então ficaria claro.
Portanto essa suposição levantada pelas Testemunhas de Jeová não pode ser respondida com tanta convicção, desfavorecendo ao trinitarismo, o contrário sim, baseado apenas em minha experiência, parece ser o mais plausível.


Deus É Um, Não Uma Pessoa com vários deuses!
Nenhum trinitarista aceita que as três pessoas da Trindade são três deuses, o credo atanasiano foi por demais claro nesse fato, da mesma forma ninguém que creia na Trindade nega o monoteísmo, realmente Deus é um, e a doutrina cristã da Trindade de forma alguma contradiz isso. O fato é que na Bíblia Jesus é chamado de Deus (Jo 1:1 e 20:28), bem como o Espírito Santo (Atos 5:3,4 e 2Co 3:17). Como Deus na Bíblia também é descrito como o único, concluímos disso que Deus é formado de três pessoas. A crença na Trindade assim é para salvaguardar o monoteísmo bíblico e não o contrário.
Já com as Testemunhas de Jeová é bem diferente, por não crêem na Trindade, acabam por comprometer o monoteísmo, pois são obrigadas a admitir que há mais de um Deus, dizendo que Jesus é um deus, mas não o único Deus (uma enorme contradição que esfarrapadamente tentam explicar). Não se1Como as Testemunhas de Jeová querem defender o monoteísmo se crêem em dois deuses, um Todo-poderoso e outro poderoso?
O grifo dado pelas Testemunhas de Jeová no texto de Ex 20:2,3: “Eu sou Iahweh, teu Deus...Não terás outros deuses diante de mim” apenas aponta ao monoteísmo bíblico; Deus em sua unidade refere-se a Si mesmo como sendo um único Ser. Por outro lado se grifarmos a “deuses” na expressão: “não terás outros deuses diante de mim” do mesmo versículo facilmente perceberemos que a crença das Testemunhas de Jeová de haver mais de um Deus é falsa. O monoteísmo diz: “Não terás OUTROS DEUSES diante de mim”, mas as T.J. rejeitam essa verdade só para não admitirem que Jesus é igual a Deus.
Dizer que Jesus é um Deus criado, além de fazer Deus descumprir seu próprio mandamento, contradiz diretamente a Bíblia, quando diz em Is 43:10 que NENHUM deus FOI CRIADO nem será depois de Deus.
O texto de Is 45:5 citado pelas T.J. mais ainda comprova que não existe outro deus além do Deus criador de tudo: “Eu sou Jeová, e não há outro. Além de mim não há Deus”.
As Testemunhas de Jeová para tentarem escapar dessa contradição gritante “pedem ajuda” ao diabo, usando o texto onde ele é chamado de deus (2Co 4:4). Mas devemos observar como o diabo é chamado de deus, o texto diz que ele é o deus DESTE SÉCULO, isto é, o deus do mundo, a divindade dos incrêdulos que deixam de obedecer a Deus para obedecerem a ele. O texto bíblico, portanto, está dizendo que o diabo é deus por imitação e usurpação; é deus ironicamente, no sentido pejorativo, não um deus por natureza, pois assim só existe um (Gl 4:8). Como diz Paulo em 1Co 8:5,6 o fato de uma coisa ou alguém ser chamado deus não o torna necessariamente deus, esse mesmo texto diz que para os cristãos, e não para o mundo, há apenas um só Deus e um só Senhor (As Testemunhas de Jeová usam esse texto para dizer que Jesus não é Deus, mas o Senhor. No entanto o texto é escrito na semelhança de Provérbios, onde se diz duas coisas em uma só afirmação para economizar palavras, pois se Jesus é o único Senhor então o Pai ficaria como seu servo, se fôssemos seguir o mesmo raciocínio de dizer que Ele não é Deus porque o Pai é o único.).
Deve-se ainda observar que Paulo não diz que o diabo é UM deus deste século em 2Co 4:4, o que apoiaria o pensamento das Testemunhas de Jeová. Paulo o chama de deus num sentido substitutivo, ele parte do fato que os não-crentes trocaram ao Deus verdadeiro por ele; é por essa razão também que em Jo 1:1 o apóstolo omitiu o artigo definido, para que Jesus não fosse visto como uma divindade independente do Pai.





YUm Deus Pluralizado
Em nenhuma parte da Bíblia é dito que Deus seja penas uma pessoa, o que se nota é um Deus falando no plural, seja quando se refere a si mesmo ou quando se vale de representantes (Gn 1:26; 11:17; 18:2,3).
Reforça muito aqui a explicação do pastor Glauco Filho referente a essa questão da pluralidade de Deus:
“As ‘Testemunhas de Jeová’ acham incoerente uma unidade (Deus) formada de três componentes (3 pessoas). Vejamos este versículo: ‘Pois seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e sua divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo PERCEBIDAS mediante as coisas criadas’(Rm 1:2).
A Divindade de Deus é revelada pelas coisas criadas. O homem é uma unidade trina (corpo, alma e espírito) e é a imagem de Deus.
Em Nm 13:23 temos outro exemplo de unidade formada por componentes: ‘...um rebento com UM SÓ cacho de UVAS’. Outro exemplo do reino vegetal que revela a divindade trinitária de Deus é Gn 41:42: ‘Depois vi meu sonho, e eis que de UMA SÓ CANA subiam sete espigas’.
Essas palavras traduzidas do hebraico para UMA nesses textos bem como as que expressam coletividade, como por exemplo: ‘...Eis que o povo é UM’(Gn 11:6) são palavras usadas para expressar uma unidade formadas de componentes (ECHAD) e é o termo que aparece usualmente no Antigo Testamento quando diz que há UM só Deus”.
Neste mesmo assunto acrescenta Esequias Soares da Silva:
“Diz Dt 6:4 que Javé é único. A palavra ‘único’ no original é ‘ECHAD’ e está no construto. Se essa unidade fosse absoluta, como querem os dirigentes da Sociedade Torre de Vigia, a palavra correta aqui seria ‘YACHID’, a mesma usada em Gn 22:2: ‘Toma agora o teu filho, o teu ÚNICO filho Isaque...’ para a unidade absoluta. Acontece que ‘ECHAD’ é uma unidade composta, é a triunidade de Deus. A mesma palavra ‘ECHAD’ ocorre em Gn 2:24 no dizer de que o marido e a mulher são UMA SÓ carne.”
Ao contrário do que dizem as Testemunhas de Jeová, ao chamar Jesus o Pai de “o único Deus verdadeiro”(Jo 17:3) mostrou que Ele deveria estar em uma unidade com o Pai, se não, teríamos que admitir que Jesus é um Deus falso, pois só existe um verdadeiro.
A Bíblia diz que Jesus recebeu todo o poder no céu e na terra (Mt 28:18), e se Ele é um Deus Poderoso, como reconhecem as Testemunhas de Jeová, então Ele também deve ser reconhecido como Todo-poderoso. A ressalva de que este poder lhe foi dado, nada muda no fato dEle o possuir, e facilmente se explica pelos motivos de sua encarnação (Fp 2:6,7).
Vale recordar que Justino, mártir, um dos pais pré-Nicéia, dizia que quem apareceu a Abraão foi Jesus; assim, para ele em Gn 17:1, onde Deus aparece a Abraão e se autodenomina de Todo-poderoso se referia na verdade a Jesus (Diálogo com Trifão 75:4; 127:2-4).
Concernente a palavra hebraica “Elohím”(Deuses), plural de “Eloh-ah”(Deus), o que faz subentendermos nela uma referência a Trindade é exatamente o fato de existir um único Deus, desse modo para não se cair no politeísmo ver-se nela a idéia do Deus Trino. O fato também de Deus falar no plural no contexto desta palavra alimentou essa conclusão trinitariana.
As próprias Testemunhas de Jeová reconhecem que Cristo criou todas as coisas. Ora, não vemos Jesus sendo mencionado no relato da criação, como então se prova que Ele estava criando todas as coisas? A única resposta é que “Elohím” indica a ação de Jesus, do Pai e do Espírito Santo conjuntamente.
Nos comentários sobre a palavra “Elohím” percebemos claramente a falácia das Testemunhas de Jeová. Primeiro elas dizem que a “Revista Americana de Línguas e Literatura Semítica” diz que “Elohím” deve ser explicado como sendo um plural intensivo, denotando grandeza e majestade. Depois dizem que “Elohím” não significa “pessoas”, mas “deuses” e que aqueles que argumentam que essa palavra subentendem uma Trindade se fazem a si mesmo politeístas. Ora, se “Elohím” não significa “pessoas” porque significa “deuses”, pelo mesmo argumento também não pode significar “grandeza e majestade”. E os trinitarianos não se fazem politeístas porque vêem na palavra a doutrina da Trindade, pois essa doutrina assevera o monoteísmo e a unidade como vimos no credo (que as Testemunhas de Jeová insistem em esquecer ou deturpar). A grande questão é que Elohím está associado com Deus, e Deus é um; além disso a Bíblia não diz OS Elohím (OS deuses), mas O Elohím (O deuses), há portanto um singular pluralizado incomum, perfeitamente explicado pela doutrina da Trindade que assevera uma pluralidade una.
O fato de “Elohím” ser aplicado aos deuses pagãos é irrelevante, as próprias Testemunhas de Jeová insistem que os pagãos criam em tipos de trindade na página 10 dessa revista. Na certa “Elohím” foi usada para esses deuses, porque estavam no lugar do Deus trino.
No caso do uso da palavra no Sl 82:1,6 nada mais é que o seu uso natural, indicando a pluralidade.
E na referência em que Moisés disse que devia servir como “Deus”(Elohím) para Arão e para Faraó (Ex 4:16; 7:1), entendemos duas coisas: primeiro que Moisés queria representar Deus, ele não quis dizer que era deuses, mas que representava Elohím. E segundo, que Moisés, o escritor de Gênesis, era também trinitarista. O fato é que até nas analogias a Bíblia é trinitariana.


Jesus Não É Uma Criação À Parte
Os dois textos que as Testemunhas de Jeová usam para afirmarem que Jesus é uma criatura são Cl 1:15 e Ap 3:14. O primeiro diz que Cristo é o PRIMOGÊNITO de toda a criação. Elas entendem que “primogênito” quer dizer “primeiro”, mas na verdade o sentido da palavra não é “primeiro”, mas “herdeiro”. O vocábulo no original grego não é o mesmo para designar “primeiro”. E o próprio contexto obriga que a palavra tenha o significado de “herdeiro”, pois depois de claramente afirmar que Cristo criou todas as coisas de modo meticuloso, concordando com Jo 1:3, que diz que NADA do que foi feito sem Jesus se fez, acrescenta: “tudo foi criado por Ele e PARA Ele”(grifo nosso).
Em Hebreus 1:2 a mesma verdade é dita, desta vez usando a própria palavra “herdeiro”: “Nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu HERDEIRO DE TODAS AS COISAS”. Vale destacar que mesmo usando a palavra “herdeiro” o escritor da carta de Hebreus não deixa de associa-la com “primogênito”, pois no mesmo capítulo ele a cita (versículo 6). E o interessante é que nessa citação o autor de Hebreus faz fugir totalmente a idéia que o termo “primogênito” indique que Jesus não seja Deus, pois ele diz que o primogênito deve ser ADORADO por todos os anjos OBS.: A palavra “adorar” de Hb 1:6 é a mesma que encontramos no original grego em Mt 4:10 e Ap 22:8,9 (PROSKYNÉO).
Vale mencionar o caso de Jacó que não foi o primeiro, mas foi o herdeiro. Hb 12:23 diz que todos os crentes são primogênitos, não tem sentido dizer que todos são primeiros. A verdade é que todos são herdeiros, como confirma Rm 8:17.
O comentário de Robert Bowman sobre um argumento das Testemunhas de Jeová como respeito a Cl 1:15 é muito significativo:
“As Testemunhas de Jeová ressaltam (em Raciocínios à base das Escrituras) que as expressões paralelas: ‘primogênito de Faraó’, ‘primogênito de Israel’, ETC, sempre são usadas no sentido da primeira pessoa a nascer naquele grupo, de modo que ‘o primogênito de toda a criação’ deve significar a primeira pessoa a ser criada. Com mais exatidão, porém, o que essas expressões significam é o primeiro filho da pessoa mencionada – de modo que o ‘primogênito de Faraó’ é o primeiro filho de Faraó; o primogênito de Israel é o primeiro filho de Israel; e assim por diante. Se a expressão ‘primogênito de toda a criação’ for considerada paralela com essas frases, significa então, o primeiro filho de toda a criação. Isto, porém, seria exatamente o inverso de tudo quanto o texto diz, que é que toda a criação veio a existir através de Cristo (Cl 1:16). A criação não produziu Cristo; foi Cristo quem produziu a criação! Posto, portanto, que o significado de ‘primeiro filho’ não se encaixa no contexto, deve ficar subentendido o significado de ‘herdeiro’. Somente essa interpretação faz sentido no texto, que então significaria que Cristo é o herdeiro da criação porque todas as coisas foram criadas por meio dEle e para Ele.”
Ainda pesa sobre os argumentos o fato de que na língua grega havia uma palavra para denominar o primeiro criado(PRÕTOKTÍSTOS), se fosse este o sentido que Paulo queria dar, obviamente ele teria usado essa palavra e não “PRÕTÓTOKOS”(primogênito).
Alguém poderia argumentar se Paulo foi assim tão criterioso para escolher as palavras de Cl 1:15-20, a isto respondemos que cremos que a Bíblia foi escrita debaixo da inspiração de Deus. Mas também é relevante, que conforme os peritos Fr. Sshleiermacher e A. Deissmann e E. Norden, o referido texto tem um caráter incomum e o classificam como sendo um exemplo de uma “confissão solene” e “um tipo de hino dogmático”, em que as palavras, conforme as conclusões do teólogo Ralph P. Martin, foram cuidadosamente compostas e colocadas num molde poético. A prova adicional do caráter “de hino” da passagem é vista na estreita correspondência entre as duas estâncias (os versos 15-18a e 18b-20) com as frases e os termos que se emparelham.(para maiores detalhes veja o livro “Colossenses e Filemon, introdução e comentário de Ralph P. Martin, páginas 71-73).
No mesmo livro citado acima é dito na página 68: “Primogênito, portanto, não pode querer dizer que ele pertence à criação de Deus; pelo contrário, fica em contraste com a obra das mãos de Deus como sendo o agente através de quem todos os poderes espirituais vieram a existir (v 16). Ele é senhor da criação e não tem rival na ordem criada”.
A própria etimologia da palavra grega “prõtótokos” ajuda no fato dela designar o sentido de “herdeiro” em Cl 1:15. Ela é formada de duas outras palavras: “prõto” que quer dizer primeiro e “tokos” que significa “o lucro de dinheiro emprestado”. Ao pé da letra a palavra significa: “o primeiro a receber o lucro futuro”, o que sem dúvida traz mais a idéia de “herdeiro”, do que de “primeiro filho”.
O argumento de dizer que tudo foi criado apenas por meio de Jesus, de modo algum indica alguma diminuição da pessoa de Jesus; aliás, até mostra que o pré-homem-Jesus, o primogênito de toda a criação, é realmente o Deus criador, e além disso a Bíblia também diz que tudo foi criado por meio do Pai: “Porque convinha que Aquele, por cuja causa e POR QUEM TODAS AS COISAS EXISTEM, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio do sofrimento o Autor da salvação deles” (Hb 2:10) – o grifo para destaque é nosso.


O Que Diz Os Antigos Sobre Colossenses 1:15?
(Por Russel N. Champlim, Ph.D)
De acordo com Justino Mártir (séc. II), aponta para a divindade de Cristo, em contraste com sua humanidade (ver Trifo, cap. 84). Tertuliano (c. Praxeam.7) refere-se à igualdade entre o Filho e o Pai, por decreto divino, utilizando-se desta passagem. Ele é o “primogênito” como é o “unigênito”. Isso pode ser comparado com o que diz Teófilo, bispo de Antioquia (contra Márciom, v.19), do segundo século de nossa era, que usou esta passagem ao defender a tese que, antes de haver qualquer criação, Deus Pai tinha a Palavra como seu conselheiro; e quando a idéia da criação fo1Concebida, então a Palavra foi “gerada”(por decreto divino), na qualidade de “primogênito”.
Novaciano (de Trin. cap.16), do terceiro século de nossa era, ao referir-se à presente passagem, diz que Cristo é o Unigênito por ser divino; porque na qualidade de Palavra divina, em relação ao Pai, era o Unigênito, mas que a criação subsequente de outros seres fez dele o “primogênito”. Portanto, esse é um título que indica posição, e não começo de tempo, embora essa “relação” com o mundo tenha começado dentro do tempo. Porém, o que é dito acerca da relação, não pode ser aplicado ao seu ser essencial, que não teve princípio.
Hilário (de Trin. VIII. 50) fazia esse termo aplica-se à eternidade de Cristo, como uma afirmação da mesma.
Atanásio e alguns outros dos primeiros pais da Igreja, aludiam à condescendência de Cristo ao usar o vocábulo “primogênito”, mediante o que Ele se tornara o mais velho entre muitos irmãos (Rm 8:29), como se isso se referisse à criação nova ou espiritual (ver Arota. II. c. Ariar, pág. 419, 62). Como homem, Cristo é o primeiro que foi elevado para que participasse da divindade; mas muitos outros – os remidos, se seguirão a Ele (ver Cl 2:10; Ef 3:19 e 2Pe 1:4).
Os pais da Igreja insistiam em diferenciar os termos gregos “prõtótokos”(primogênito) e “prõtoktístos”(primeiro criado).
E para finalizar essa abordagem de Cl 1:15 resta dizer que ele refere-se a Jesus no seu aspecto humano. Ao ser dito no v.15 que Ele é a imagem do Deus invisível se deduz que o Primogênito era alguém que podia ser visto, sendo assim, o Deus visível, o Deus encarnado. Desse modo entendemos que foi o homem-Jesus que veio a ser herdeiro de tudo o que Ele mesmo como Deus havia criado, isso esclarece perfeitamente a passagem.
O segundo texto usado pelas Testemunhas de Jeová para dizerem que Jesus é uma criatura é Ap 3:14, onde temos que Ele é “O princípio da criação de Deus”, e seu significado é que Cristo é a ORIGEM de toda a criação, pois tudo, como já vimos, foi criado por Ele.
A mesma palavra “princípio” é aplicada a Deus em Ap 21:6,7 e é interessante que as mesmas expressões ditas nesse texto por Deus são repetidas em Ap 22:12,13 sendo que desta vez proferidas por Jesus, deixando patente que o termo “princípio” aplicado a Cristo tem o mesmo sentido quando é aplicado a Deus, além de ser outra prova da Divindade de Jesus.
Se perguntássemos à luz de Ap 21:6,7: Deus é o princípio de quê?? A única resposta seria que Ele é “o princípio da criação”. Deus é eterno, e não possui princípio em si mesmo, somente a partir da criação é que o tempo foi levado em conta, assim, só podemos entender Deus como “o princípio” se relacionarmos isso com a criação, o próprio assunto do texto levá-lo a concluir isso.
O pastor Glauco destaca que se por um lado Jesus é chamado de “princípio” em Ap 3:14, não deixa também de ser chamado “fim” pelo termo “amém” do mesmo versículo; assim, a relação desse verso com Ap 1:8; 21:6 e 22:13 fica perfeitamente confirmada.
É digno de nota que a palavra grega traduzida por “princípio” Ap 3:14 (ARCHE), também recebe a significação de “autor” (conforme: At 3:15; Hb 5:9; 12:2).
Sobre a questão da Sabedoria de Pv 8:12,22,25 e 26 que pode significar Jesus, esta não pode ter sido criada, como estar traduzida na tradução Novo Mundo das Testemunhas de Jeová, a palavra no hebraico não é “criar” mas “gerar”.
Devemos entender que a Sabedoria de Deus é algo da sua própria divindade, e sendo assim é eterna. O texto de Provérbios nos diz que Deus usou sua sabedoria para criar todas as suas obras, e realmente a maioria dos peritos concordam que se trata de uma referência a Jesus (pelos pais da Igreja seria o Espírito Santo). O próprio jesuíta Edmund Fortman que as Testemunhas de Jeová citam na página 6 da “Deve-se Crer...” que disse no Antigo Testamento não havia ‘sugestões’ ou ‘prefigurações’, ou ‘sinais velados’ da Trindade, diz na mesma página onde faz essas declarações: “se pode dizer que alguns desses escritos (do Antigo Testamento) no tocante à Palavra, à Sabedoria, e ao espírito, realmente fornecem um clima dentro do qual a pluralidade dentro da Deidade ficou sendo concebível aos judeus”(grifos nossos).
E não esqueçamos que o apóstolo João, que usou a filosofia de Fílon para designar Jesus, entendeu que a Sabedoria de Provérbios indicava Jesus, pois o platônico Fílon viu na referida Sabedoria um meio de conciliar as suas idéias filosóficas do “LOGOS” com o religião judaica.
Este pensamento geral de ver na Sabedoria de Provérbios o Senhor Jesus mais ainda assevera a sua Divindade una com o Pai.
Dizer que a Sabedoria de Deus foi criada, além de torcer a verdadeira tradução, é admitir que houve um tempo em que Deus não era sábio. E isso, além de ridículo, é impossível!
Comparando 1Co 2:7 com Rm 16:25 vemos que a Sabedoria de Deus é eterna. Portanto ela trata-se de um atributo de Deus, assim como Sua onipresença, onipotência, Seu amor, Sua justiça, Etc.


Poderia Deus Ser Tentado?
Aqui encontramos os autores da “Deve-se Crer...” mais uma vez ignorando as duas naturezas de Cristo. Jesus foi tentado como homem não como Deus. Hebreus 4:15 deixa isso claríssimo, quando diz que Cristo em tudo foi tentado COMO NÓS.


Qual O Valor Do Resgate?
Ao dizer: “Se Jesus, no entanto, fosse parte de uma Divindade, o preço de resgate teria sido infinitamente superior ao que a lei do próprio Deus exigia” os autores da “Deve-se Crer...” demostram desconhecer totalmente a idéia de Fp 2:6-8: “o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou como usurpação o ser igual a Deus, mas ESVAZIOU-SE a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens, e achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (grifo é nosso). Portanto, Jesus esvaziou-se de seus atributos divinos para efetuar a redenção dos homens como perfeito homem equivalente a Adão. Deve-se no entanto observar que o argumento das Testemunhas de Jeová é fundamentado no fato de achar que seria errado Deus pagar um preço além do estabelecido, se assemelham aos homens murmuradores da parábola dos trabalhadores de Mt 20:1-16 que julgavam errado o proprietário dar além do normal, porque era bom.
Sobre tudo isto vale somarmos as conclusões de Bowman do conceito que as Testemunhas de Jeová têm ao afirmarem que Jesus era um mero homem. Segundo ele, Jesus Cristo para as Testemunhas de Jeová quando esteve na terra não era mais o “Deus Forte” de Is 9:6 e por isso não podem explicar porque Deus precisava enviar o Seu Filho à terra como homem. Posto que tudo quanto era necessário era um ser humano perfeito, Deus poderia simplesmente ter criado ‘do nada’ um desses, se assim tivesse desejado. E ainda diz: “A alegação das Testemunhas de Jeová de que a morte de Cristo tinha a intenção de ser meramente o sacrifício de um ser humano perfeito para compensar o pecado de um só homem, Adão, é refutado por Mc 10:45, que diz que Cristo foi resgate em troca de MUITOS”.
Essa idéia de que o sacrifício de Jesus era uma redenção equivalente ao pecado de Adão demostra mediocridade de como as T.J. entendem a justiça de Deus e o pecado contra Ele, a desobediência a Deus é muito mais grave do que podemos imaginar, a necessidade de Cristo se sacrificar pelos homens é vista pela Bíblia tanto como uma única esperança, como uma grande prova do amor desmedido de Deus. No Antigo Testamento com tantos sacrifícios e ritos de purificação é mais do que enfático para entendermos o quanto é sério o pecado contra Deus.
A Bíblia encerra a questão ao dizer que a redenção da alma humana é caríssima (Sl 49:7,8).
A idéia também de que Jesus não poderia ressuscitar fisicamente porque isso teria envolvido tomar de volta o ‘preço do resgate’ que Ele pagou pela salvação, é também refutada em Jo 10:17,18: “por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para dar, e poder para tornar a tomá-la”.
O pensamento das T.J. com respeito a Jesus é sem dúvida estranho. No princípio foi ‘Deus Forte’, depois foi um homem, agora já não mais o é; tudo isso contraria a declaração de Hebreus 13:8: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente”. Portanto, o que Bíblia diz sobre Jesus não é o que dizem as Testemunhas de Jeová.


Em Que Sentido Jesus É Filho De Deus?
Unigênito, em grego MONOGENES, quer dizer o único da mesma natureza, da mesma espécie, do mesmo ‘GEN’ ou mesma origem. O termo irresistivelmente iguala Jesus a Deus. Ao dizer a Bíblia que Isaque era unigênito, estava dizendo que ele tinha a mesma natureza de seu Pai, isto é, era homem, do mesmo modo que Jesus sendo unigênito de Deus era Deus.
Em Jo 1:18 de acordo com o original grego a tradução perfeita seria que Jesus era o “Deus unigênito”, mostrando dessa forma que esta troca da palavra ‘Filho’(que era comumente usada quando a Bíblia trata do Unigênito) por ‘Deus’ evidenciava que Jesus ao ser chamado “Filho de Deus” o tornava Deus.
Não de deve esquecer que Isaque não era de fato o unigênito de Abraão, Ismael também era filho desse patriarca. Mas mesmo assim a Bíblia o chama de unigênito de Abraão (Hb 11:17), e isto ocorre porque Isaque era aos olhos de Deus um homem mais idêntico a Abraão do que Ismael, por causa da promessa. Assim, a igualdade de Isaque e Abraão é bem maior que a própria natureza (humana) desses dois personagens bíblicos, e a comparação de Isaque com Jesus mais ainda contribui para sua igualdade com Deus, pois Jesus veio a obter uma posição de Deus em seu aspecto humano (conf. Fp 2:8-11).
Há muitos exemplos, aponta Bowman, nas Escrituras onde a palavra ‘filho’ é usada no simples sentido de ‘possuir a natureza’, por exemplo: “os filhos da desobediência” em Ef 2:1, significa que estes são por natureza desobedientes. A expressão “filho do homem” dada a Jesus, significa não que Ele fosse literalmente um filho de um homem (Jesus não tinha pai humano!), mas Ele tinha a natureza de homem. Assim, o título ‘Filho de Deus’ conferia a Jesus não uma inferioridade em relação ao Pai, mas a sua igualdade em natureza. A maior validade disso é o fato dos judeus entenderem que Jesus se fazia igual a Deus por de dizer que era seu próprio filho (Jo 5:17,18 e 10:30-39).A alegação que os trinitarianos dizem que Jesus não foi gerado do Pai é falsa. O próprio credo da Trindade enfatiza bem isso: “gerado não criado”. O que as Testemunhas de Jeová querem é confundir, tentando diminuir o significado do termo ‘gerado’ que tranquilamente esclarece mais ainda que Jesus é igual a Deus. Jesus é gerado do Pai eternamente, ele sempre esteve em Deus numa perfeita unidade.
Mesmo no sentido natural “gerar um filho” é totalmente diferente de criá-lo; o filho de certa forma sempre esteve com seu pai, apenas na ocasião do nascimento saiu dele. O próprio Jesus diz isso com relação a Ele e a Deus-Pai: “Saí de Deus”(Jo. 16:27b) e “Saí do Pai”(Jo 16:28a). Por isso a expressão “estava com Deus” de Jo 1:1Tanto indica a distinção das pessoas do Pai e do Filho como a sua unidade, e vale dizer que o verbo “ser” de Jo 1:1 (EIMI), tanto pode ser traduzido por “estava” como por “era”, assim não seria errado a tradução: No princípio era o Verbo, e o Verbo ERA com Deus, e o Verbo era Deus.
É interessante que na citação do “Dicionário Teológico do Novo Testamento”, editado por Gerhard Kittel, as Testemunhas de Jeová se refutam a si mesmas, pois ele diz que João 1:18; 3:16,18 e 1Jo 4:9 “a relação de Jesus não é simplesmente comparada com a relação de um filho único com seu pai. É a relação do Unigênito com o Pai”. Deste modo, é derrubada toda a tentativa de se ver no termo “filho” dado a Jesus a mesma coisa quando é referido aos filhos naturais humanos.


Era Jesus Considerado Deus?
Na verdade, diz o pastor Glauco, Jesus é que se considerava Deus. João diz que Jesus SE FAZIA igual a Deus: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o Sábado, mas dizia também que Deus era seu próprio Pai, FAZENDO-SE IGUAL A DEUS” Jo 5:18.
Longe de significar uma criação, o termo “filho de Deus” dado a Jesus o colocava em igualdade com Deus, como vemos aqui em Jo 5:18 e em Jo 10:30-36.
O argumento usado de Jo 1:18 que “ninguém jamais viu a Deus” para provar que Jesus não era Deus por ter sido visto pelos homens, é prova da falta de entendimento das Testemunhas de Jeová. O próprio versículo diz: “Ninguém jamais viu a Deus, MAS o Deus Unigênito que está no seio do Pai, este o deu a conhecer”. A conjunção “MAS” mostra uma restrição a declaração de ‘ninguém jamais viu a Deus’, desse modo, em certo sentido, essa declaração deixara de existir ou perdera sua força. Deve-se ainda observar que, enquanto a frase inicial possui um caráter antológico, a final se apresenta num presente real, tanto é que ele alude a assunção de Jesus como já sendo ocorrida ao dizer “que ESTÁ no seio do Pai”.
Deus não foi revelado por Jesus em toda a sua glória e esplendor, Ele foi visto pela encarnação do Deus-Filho como que por um espelho, mas nem por isso os homens ficaram sem conhecer ao Deus Todo-poderoso, como o próprio texto mostra e o próprio Jesus em Jo 14:7-9. Enquanto Jesus revelou a alma de Deus, o Espírito Santo revela seu aspecto espiritual em nossos espíritos quando nos tornamos cristãos. Todavia, um dia o Deus trino será revelado a todo os filhos de Deus de modo pleno e perfeito (I Jo 3:1-3). Paulo diz em 1Tm 6:14-16 que quando Jesus voltar mostrará Aquele a quem nenhum dos homens viu ou pode ver plenamente, exatamente porque Ele voltará na mesma glória que tinha com o Pai (Mt 24:30; 25:31; Jo 17:5). Considere ainda Tt 2:13.
Usando o texto de 1Tm 2:5, mas uma vez vemos as Testemunhas de Jeová ignorando o credo trinitário que distingue as pessoas do Pai e do Filho, e mais uma vez dizem que Jesus não podia ser a pessoa do Pai, como se os trinitarianos dissessem isso. E esse mesmo texto é outra prova da Divindade de Jesus, pois sendo o único mediador entre Deus e os homens, mostra que Jesus possuía as duas naturezas, a divina e a humana, por isso é o único mediador.
Um dos textos considerados mais explícitos sobre a perfeita igualdade de Jesus com o Pai é Hebreus 1:3, onde lemos que Cristo é a “expressa imagem do seu ser”, de acordo com Russel Norman Champlin (Ph D), temos aqui uma expressão metafórica, que indica a Divindade essencial do Filho. O termo grego é “CHARAKTÉR”(de onde vêm o vocábulo ‘caráter’) que indicava a “impressão deixada por um carimbo em cera ou em barro”; mas seu uso aqui significa que tal “impressão” possui a natureza essencial do instrumento que faz o impressão. Essa figura simbólica indica a “unidade do Pai e do Filho, como o filho é tudo quanto o Pai é, a sua IMAGEM EXATA”.
Comentando a partícula DO SEU SER, ele acrescenta que o termo grego é HUPÓSTASIS e significa “natureza substancial”, “essência”, “ser real”, em contraste com a mera representação ou imitação. O LOGOS, pois, é a ‘expressão exata da substância de Deus’, participante da sua natureza essencial.
Vale lembrar que o preceito crucial (hupóstasis), que as Testemunhas de Jeová dizem que foi proposto por Constantino na elaboração do credo de Nicéia (página 8 da revista) é este que temos em Hb 1:3.
Assim a Bíblia diz que Jesus era da mesma substância de Deus antes mesmo do credo de Nicéia ser elaborado. Isto é o que a Bíblia diz sobre Jesus!



É DEUS SEMPRE SUPERIOR A JESUS? (Págs 16-2O)

Conforme Filipenses 2:6-8 Jesus existia na forma de Deus, mas esvaziou-se de seus atributos divinos para assumir a forma de servo, na semelhança dos homens. Ora, se Jesus teve que tomar a forma de servo é porque não era antes. Desse modo fica respondida a pergunta acima. Jesus só se tornou submisso ao Pai porque se encarnou.
Todos os argumentos das páginas 16-20 existem por se ignorar que Jesus possuía duas naturezas, a humana e a divina, esclarecido isso, todos caem por terra, como já dissemos no tópico “CONFUNDINDO PARA ARGUMENTAR”.
O porquê de Jesus ainda ser chamado de servo se deve ao fato de Cristo não ter deixado de ser homem. Se vivo Ele era chamado de cordeiro (Jo 1:29), depois de morto e ressuscitado continua, só que como cordeiro que foi morto (Ap 5:6,12). OBS. Jesus recebeu o livro selado como cordeiro que foi morto (Ap 5:8) ficando evidente que se tratava de Jesus no seu aspecto humano, era o Jesus-homem recebendo a revelação PARA DAR A HUMANIDADE (Ap 1:1), seria a resposta da questão levantada se Jesus tinha um conhecimento limitado quando citam essa passagem bíblica.
Em Hb 5:1 é dito que para se ser Sumo-sacerdote era necessário se ser homem, e por isso Jesus tem esse ofício (Hb 4:15).
Jesus deixou claro que voltaria como filho do homem (Mt 24:27,30,37).
Em l Tm 2:5, como já vimos, Paulo diz que Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, porque é homem.
O esforço das T.J. em tentar provar que Jesus é distinto do Pai é totalmente vão, os trinitarianos não negam isso.
O texto em que Jesus diz que não era bom, mas só Deus (Mc 10:18), precisa ser ajustado ao seu contexto, pois Jesus recusou ser chamado de bom no seu lado humano, como assim o via o homem que o chamou de bom. Noutro contexto onde a sua natureza divina podia ser apontada, Jesus disse que era o BOM Pastor (Jo 10:11,27-30). É interessante que Jesus não disse “Eu sou UM bom pastor”, mas “O bom Pastor” dando uma característica singular ao termo, que Davi usou para denominar a Deus no Antigo Testamento (Sl 23:1). E Jesus acrescentou: “...haverá um só rebanho e UM só Pastor” (Jo 10:16).


Jesus: Um Exemplo de Servo submisso
O versículo de Jo 5:19 é também tirado dentro do seu contexto, é citado desta forma: “não pode o filho fazer nada por si mesmo se não vir o pai fazê-lo”, na íntegra ele está assim: “Na verdade, na verdade vos digo que o Filho não pode fazer coisa alguma se o não vir fazer o Pai, porque TUDO quanto Ele faz, o Filho faz igualmente”. Deste modo fica claro que Jesus está dizendo que não podia fazer nada que não visse o Pai fazer, ou seja, Ele queria fazer tudo em consonância com o Pai, o que provava o unidade divina dos dois, mais ainda pelo fato de Jesus concluir: “porque tudo quanto Ele faz, o Filho faz igualmente”. Essa declaração anula a idéia de Jesus ter sido criado pelo Pai, pois se não, não seria errado dizer que Jesus criou o Pai; mas se Jesus não podia criar o a Pai, tão pouco o Pai podia criar Jesus.B
Quando Jesus disse em Jo 7:16 que o ser ensino não era seu, Ele estava esclarecendo aos judeus do verso 15 que questionaram “Como sabe este letras, não as tendo aprendido?”, assim Jesus explicou que o seu ensino não era seu, ou seja, não era humano. Em outras partes porém, fica claro que o ensino de Jesus era dEle mesmo, tanto é que suas instruções são denominadas de “Doutrina de Cristo”(Hb 6:1).
A Bíblia não diz “que aquele que envia é maior que o enviado”, conforme lemos em Jo 13:16, Jesus disse “que o enviado não é maior do que aquele que o enviou” ou seja, Jesus não era maior que o Pai, mas podia ser igual, da mesma forma os discípulos não podia ser maiores que Jesus, que os estava enviando, todavia podiam ser iguais (no sentido humano), por isso Jesus disse quando os enviou: “O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo, acima do seu senhor. Basta o discípulo SER COMO SEU MESTRE E AO SERVO COMO O SEU SENHOR. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos” (Mt 10:24,25).
No entanto, deve-se levar em conta que o próprio Jesus como Deus enviou-se a Si mesmo como homem, a obra da encarnação foi realizada por Ele mesmo, como bem declara a Bíblia: “o Verbo SE FEZ carne”(Jo 1:14), “Mas (Jesus) aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhantes aos homens” (Fp 2:7).
A ilustração de Lc 20:9-16 onde Jesus é apontado como um enviado é mais enfática no aspecto de Sua alta posição: A de herdeiro de tudo por ser Filho, por isso os lavradores se entusiasmaram em matá-lo, pois de certa forma estariam matando o próprio dono do vinhedo.
Se os seguidores de Jesus sempre o encararam como um servo submisso de Deus era porque ainda não estava revelado a eles a própria natureza de Jesus, textos como Mt 8:27; Jo 14:8-11 e Jo 14:20 comparados com Jo 20:28 e Lc 24:52Confirmam isso.
A oração registrada em At 4:24-30 apresenta algo interessante para a defesa da Trindade, pois quando os discípulos citam o Salmo profético dizem que os reis da terra, e as autoridades se ajuntariam à uma contra Jeová e contra o ser Ungido, mas quando interpretam o texto eles só mencionam Jesus, ou seja, em vez de disserem: “Verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade CONTRA TI e contra teu Santo servo Jesus, a qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com os gentios e povos de Israel” eles apenas fazem referência a Jesus. Ao citarem Jesus como servo ungido a quem o Pa1Concedia milagres e prodígios, eles apenas procuravam destacar o que queriam na oração, estavam, por serem servos de Deus, se identificando com Jesus nesse aspecto, para que o pedido de concessão de curas, sinais e prodígios por meio do nome de Jesus fosse atendido.


Deus Estava Em Cristo
Ao citarem o testemunho do Pai para com Cristo no momento do seu batismo no Jordão, que disse “Este é meu Filho amado, a quem tenho aprovado”(Mt 3:16,17), as T.J. perguntam: “Dizia Deus que ele mesmo era seu próprio filho, que ele aprovara a si mesmos, que enviara a si mesmo?” Obviamente que aqui mais uma vez elas argumentam pela torção do credo da Trindade, o qual claramente distingue as pessoas da Divindade. Na verdade foi o Pai quem se dirigiu a Jesus. No entanto lendo 2Co 5:19 que diz que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo”, poderíamos até dizer que sim, que Deus estava aprovando a si mesmo, que tinha se enviado a si mesmo, pois Jesus, mesmo sendo distinto do Pai, também é Deus. Em Hb 1:6 o próprio Deus se dirige a Jesus como Deus (Como esse texto é mal traduzida na Tradução Novo Mundo, veja neste trabalho o comentário sobre ele). As pessoas da Trindade glorificam umas as outras, o Filho glorifica o Pai (Jo 17:4), o Pai glorifica ao Filho (Jo 17:1,5) e o Espírito glorifica ao Filho (Jo 16:14), e assim, Deus está glorificando a si mesmo.


O Lugar Da Trindade
Relativo ao texto de Mt 20:23, onde os discípulos Tiago e João pediram a Jesus para sentarem no Seu Reino um a direita e outro a esquerda, e Jesus disse que não podia concedê-lo, mas que estes lugares era para quem o Pai havia reservado, na verdade é uma alusão a Trindade, é óbvio que o Pai, o Filho e o Espírito devem sentar juntos no trono de Deus. Deve-se ainda lembrar que se naquele momento, em que Cristo estava como homem, Ele não podia conceder o privilégio de João e Tiago sentarem a sua direita e esquerda, a coisa muda de figura quando Ele detém suas prerrogativas divinas, note: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assente1Com meu Pai no seu trono”(Ap 3:21). Todavia, deve-se entender que de certo modo as três Pessoas da Trindade continuarão sentadas juntas de um modo insubstituível, como Jesus disse os lugares dos três estão reservados, se a pergunta foi dirigida ao Pai a mesma resposta Ele teria dado.


O Homem Separado De Deus
O brado de Cristo na cruz “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” indica a identificação dEle com o homem pecador, a frase é tirada do Sl 22:1, e sinalizava o momento em que Jesus recebeu nossos pecados. Não há nenhuma complicação se tivermos em mente que Jesus era, além de distinto do Pai, possuidor de duas naturezas, a humana e a divina.


Jesus É A Vida
Quem disse que Deus morreu quando Jesus morreu na cruz? A morte em questão foi a do homem-Jesus, Jesus-Deus é a própria vida (Jo 14:6; I Jo 1:2; 5:12,20), se Jesus-Deus morresse a vida desapareceria do universo, teríamos um nada absoluto. Mas o morte de Cristo refere-se apenas ao ser lado humano, se não fosse assim como Ele poderia ressuscitar a Si mesmo, como Ele próprio dissera em Jo 2:19-22? Como o universo teria ficado sustentado, se é pela palavra de Jesus que ele assim está? (Hb 1:3).


O Jesus Que Sabe Tudo
O conhecimento de Jesus era limitado no seu aspecto humano. Em Lc 2:52 a Bíblia confirma que como homem Jesus teve de crescer e obviamente aprender. Pode até parecer que esse é o nosso único argumento, sempre se justificar na natureza humana do Senhor Jesus, mas na verdade são as T.J. que só levam a questão para esse lado.
O texto de Hb 5:8 é até uma prova da Divindade de Cristo, pois se Ele aprendeu a obediência somente quando se encarnou é um sinal evidente que antes Ele não obedecia a ninguém, e assim, não podia ser, como alegam as T.J. na página 27, uma porta-voz que era subordinado e obediente na explicação que dão do Seu título LOGOS em Jo 1:1.
Como já dissemos sobre Ap 1:1Jesus recebeu a revelação para dar a Igreja e não para que Ele mesmo tivesse conhecimento, a frase “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu” é tirada do contexto do versículo com a finalidade de provar que mesmo depois de ressuscitado Jesus tinha um conhecimento limitado, posta em seu contexto a falsidade da alegação é percebida. O texto assevera que Jesus recebeu a revelação PARA DAR AOS SEUS SERVOS e não para Ele mesmo. É interessante que quando citam Ap 1:1 as T.J. dizem que a “diferença entre o que Deus sabia e o que Cristo sabe também existia quando Jesus foi ressuscitado”. Disto se vê que elas sabiam da explicação que os trinitários comumente dão para Mc 13:32 onde lemos que Jesus não sabia da época do seu retorno. Mas o que surpreende mesmo é o fato de Jesus ter dito como homem que não sabia e as T.J. terem descoberto que isso ocorreu em 1914, é caso de se perguntar: Jesus não conhecia a Bíblia como as Testemunhas de Jeová?? Não conseguiu Ele fazer os mesmos cálculos que elas para descobrir quando voltaria?
Se na base da afirmação de Mc 13:32 se deduz que Jesus não é Deus, da mesmo forma podemos afirmar que o Pai também não é, pois Ap 19:12 diz, com referência a Jesus, que Ele tem um nome escrito na cabeça que ninguém sabe senão Ele mesmo. Portanto, à luz de Ap 19:12, se Jesus não for um com o Pai, seremos forçados a admitir que o conhecimento do Pai é limitado, o que é inaceitável, o Pai sabe tudo assim como o Filho (Jo 21:17).
Como Jesus pode dizer “certamente CEDO venho”(Ap 22:20) se não soubesse quando irá voltar???
Também é importante lembrar que o Espírito Santo não é citado em Mc 13:32, mas sabemos que Ele sabe tudo que o Pai sabe, pois conforme 1Co 2:10 o Espírito sabe todas as coisas até as profundezas de Deus. Isso contribui para entendermos que a declaração de Mc 13:32 omite o aspecto divino de Jesus.


O Trono Do Pai E Do Filho
O argumento de que Jesus não está assentado no trono de Deus em Ap 4:8 e 5:7 é facilmente rebatido com Ap 3:21 e 22:3 onde se diz que Cristo está assentado na trono de Seu Pai, e que o trono tanto é do Pa1Como é dEle. Mais forte ainda é como traduz a Tradução Novo Mundo o versículo de Hb 1:8, onde se diz que Deus é o trono de Jesus, assim Jesus age sobre Deus, o que O tornaria superior ao Pai, mas não concordamos com essa tradução nem que o Pai seja superior ao Filho.


Por Que Cristo Ainda É Subordinado E Chama O Pai De Deus?
A resposta a essa pergunta é dedutiva do que já foi dito. Jesus ainda chama ao Pai de Deus porque ainda é homem. As T.J. também tentam negar isso dizendo que o corpo humano de Jesus não ressuscitado, por isso se faz necessário explicarmos essa questão.
Enquanto as T.J. negam a ressurreição física de Jesus, o apóstolo Paulo faz uma verdadeira apologia (defesa) dela em 1Coríntios capítulo 15.
Segundo as T.J. Jesus ressuscitou em espírito e não no corpo. E se baseiam para isso, pasmem, no capítulo 15 de 1Coríntios, precisamente nos versículos 44, 45 e 50 que dizem: “Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há corpo espiritual. Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; último Adão em espírito vivificante...Eis aqui vos digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção”. Citados desta forma, fora do contexto, esses textos até que poderia dar uma idéia do pensamento das T.J., mas devidamente encaixados no contexto do capítulo vemos que essa interpretação não é verdadeira.
Na verdade o que Paulo está dizendo é que o nosso corpo como está, corruptível, não poderia herdar o Reino de Deus, por isso ele terá que passar por um processo, que ocorrerá na ressurreição, para que então esteja pronto para herdar o Reino de Deus. Mas ele deixa claro que isto ocorrerá a partir destes nossos próprios corpos, veja: “Mas alguém dirá: como ressuscitarão os mortos? E com que com corpo virão? Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente.” Assim, fazendo uma comparação do nosso corpo com uma semente que se planta, Paulo mostra que o corpo da ressurreição será um corpo diferente do nosso atual, sem contudo deixar de ser o mesmo, apenas será transformado.
É bom lembrar que esta mesma comparação Jesus fez quando falou da sua ressurreição (Jo 12:23,24), não é toa que Paulo disse que a ressurreição de Jesus foi a primeira da série (1Co 15:20-23), desse modo, se a nossa ressurreição será física a de Jesus também foi.
Sobre a frase “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção” Isso fica perfeitamente compreendido se lermos os versos seguintes, veja: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas TODOS seremos transformados; num momento num piscar de olhos, ante a última trombeta; porque o trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível (o corpo) se revista da incorruptibilidade”(vs. 50-53). Portanto fica indiscutível que a nossa carne deverá ser transformada para que possa herdar a o Reino de Deus, ela não poderá herdá-lo se permanecer no seu atual estado de corrupção. Observe ainda que Paulo diz que TODOS serão transformados e não apenas um número limitado de 144 mil.
Outros argumentos dados pelos Testemunhas de Jeová para dizer que Jesus não ressuscitou fisicamente, como o da dificuldade dos discípulos reconhecem a Jesus após ter ressuscitado, são perfeitamente explicados devido as circunstâncias. Maria Madalena estava chorando de madrugada e nem estava olhando para Jesus diretamente de início (Jo 20:11-16); os discípulos no barco estavam longe da praia e, de novo, era de madrugada (Jo 21:4-7). Além disso, como diz Bowman, a Bíblia oferece outra explicação do porquê dos discípulos não terem reconhecido a Jesus de início em vez de dizer que Ele era um mero espírito: “os olhos dos discípulos estavam como que fechados, para não O conhecerem”(Lc 24:16).
Colossenses 2:9 diz que em Cristo HABITA CORPORALMENTE toda a plenitude da Divindade, ficando evidente que Jesus possui um corpo atualmente.
Jesus negou ser um mero espírito “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho”(Lc 24:39).
Jesus, portanto, está no céu como homem perfeito (em corpo, alma e espírito) e possui uma nova estrutura incorruptível, pois seu corpo mortal foi revestido da imortalidade, e por esta razão é um Sumo-sacerdote eterno (Hb 7:21-28), o único mediador entre Deus e os homens por ser Deus e homem ao mesmo tempo. Se Jesus não for um homem, não poderá interceder como Sumo-sacerdote perfeito e consequentemente também não poderemos ser salvos perfeitamente (Hb 7:25), seria o caminho aberto para se defender o purgatório da religião católica.


A Unidade do Pa1Com o Filho
Quando a Bíblia diz que Deus é a cabeça de Cristo mais ainda comprova a Trindade. Pois se Deus é a cabeça de Cristo como o marido o é da esposa, então Jesus é UM com Deus, porque o marido e a mulher são UMA SÓ carne.


Jesus É Maior Com O Pai
O texto de Jo 14:28c “o Pai e maior do que Eu” já está esclarecido, Jesus disse isso na sua condição humana, e não só era menor que o Pai, mas também era menor que os anjos. Mas é bom acrescentar que Jesus disse que o Pai era maior do que Ele para que os discípulos exultassem, pois Ele estava voltando para o Pai, ou seja, estaria readquirindo sua antiga condição (Jo 1:1; 16:28).


Deus Sendo Tudo
Outro trecho bíblico usado como prova que Jesus é inferior ao Pai é 1Co 15:24,28: “Depois virá o fim, quando o Filho tiver entregue o Reino a Deus, ao Pai...E, quando todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará Áquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”. Mas ao contrário do que pensam as Testemunhas de Jeová, esse texto mais ainda defende a Trindade, como bem explicou o Pastor Glauco:
O texto diz que no fim, quando Jesus já estiver sujeitado tudo a si, se sujeitará ao Pai, para que Deus seja tudo em todos. Ora, esse TUDO final não pode significar “todas as coisas” se não teríamos que admitir o Panteísmo (ensino herético que afirma que Deus é todas as coisas). Na verdade o TUDO de “Deus seja TUDO em todos” é uma referência as três Pessoas da Trindade. O que, portanto, o texto de 1Co 15:28 está nos dizendo é que na consumação das coisas, não será mais necessário que as três Pessoas da Trindade operem separadamente, assim Jesus se sujeitará ao Pai para que Deus seja TUDO(Pai, Filho e Espírito Santo) em todos. Observe que o termo “Deus” se contrasta com o Pai e o Filho, Paulo não diz “para que o Pai seja tudo em todos”, mas “Deus seja tudo em todos” apontando para o Pai e Filho, e sem dúvida, ao Espírito Santo.
A necessidade de Jesus se sujeitar ao Pai é exatamente pelo fato de não ser bom que apenas uma das pessoas tome para si todo o senhorio como agora ocorre com Cristo. Todavia quando Cristo se sujeitar ao Pai, de forma nenhuma haverá uma diminuição do seu Senhorio, se não a declaração de Ef 1:20-22 “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, MAS TAMBÉM NO VINDOURO; e sujeitou todas as coisas a seus pés...” não teria sentido. Portanto, a grande verdade é Jesus dividirá as suas conquistas com o Pai e o Espírito Santo.
Disto podemos então entender porque a Bíblia diz que no fim Jesus entregará o reino a Deus, representado em Trindade no Pai (1Co 15:24), pois convém que Ele reine sozinho, como Deus-homem, até que todos os inimigos dos homens sejam aniquilados, sujeitos as seus pés (1Co 15:25-26), depois disso Ele se sujeitará ao Pai, exatamente porque estará em situação mais privilegiada do que Ele, para que Deus seja tudo no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Jesus é o grande campeão que vence e divide a vitória com todos! Aleluia!!! E Deus-Pai não é como o rei Saul que invejava as grandes vitórias de Davi; não, Ele vence em seu Filho, como os pais humanos, que compartilham as vitórias de seus filhos com satisfação como se eles mesmos tivessem vencidos. Por isso Hebreus 2:11 diz que o despojo da guerra (os homens de toda língua, povo e nação) são todos de UM e não de dois e Jesus disse:

“Todas as coisas me foram entregues por meu Pai” (Mt
11:27a).

“Ainda TENHO outras ovelhas que não são deste aprisco
(o povo judeu); também me convém agregar estas, e elas
ouvirão a minha voz, e HAVERÁ um só rebanho (e não
dois: grande multidão e 144 mil) e UM SÓ Pastor... As
minhas ovelhas ouvem a minha voz, e Eu conheço-as, e
elas me seguem. E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de
perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai,
que mas deu, é maior que todos; e ninguém as arrebatará
da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um” (Jo 10:16...27-
30).

“Todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são
minhas; e nisto sou glorificado” (Jo 17:10).


Por que Jesus Nunca Afirmou Ser Deus?
Fazia parte da missão de Jesus não dar testemunho de Si mesmo (Mt 12:15-21; Jo 5:31), Ele testemunhava do Pai (Ap 3:14). Em nenhuma parte dos Evangelhos encontramos Jesus se declarando o Cristo, no entanto, no já comentado texto de Jo 5:18 vemos Ele indiretamente se fazendo igual a Deus.
Se Jesus tivesse abertamente dito quem era, com certeza teria sido morto antecipadamente e poria em risco o plano da salvação. Ele tinha de morrer na cruz para receber nossos pecados. Segundo a Bíblia, quem fosse pendurado no madeiro se tornaria maldito (Gl 3:13), como Jesus não podia se tornar maldito por ser justo e santo, e a palavra de Deus era infalível (Jo 10:35), a solução foi imputar a Jesus os pecados da humanidade (2Co 5:21), desse modo uma perfeita e justa remoção de pecados foi realizada na cruz.
Mas após a redenção não há mais perigo, caso haja mortes, se explicitamente dizermos quem é Jesus (Mt 10:27,28). Ele é Deus, nosso Salvador!




A Inferioridade Do Deus das Testemunhas de Jeová
O que mais choca neste tópico em que as T.J. se esforçam para apontar a suposta superioridade do Pai em relação ao Filho, é o esquecimento do fato de que o Deus delas não fica longe das divindades pagãs do tempo de Jesus Cristo; nEle não há nada de transcendente, vemos um Deus reduzido ao nível do entendimento humano. Chamam-no de o único Deus Todo-poderoso, mas nem em si mesmo possui poder, seu poder fica à parte, concentrado naquilo que chamam de “espírito santo”, enquanto de Jesus a Bíblia diz que sustenta todas as coisas apenas pela palavra do seu poder (Hb 1:3). Assim, se por um lado o Deus delas é superior ao homem Jesus, não deixa de se igualar aos deuses concebidos pelas imaginações dos homens e de ser visto como inferior ao Deus trinitariano.
Vale aqui destacar que esse modo das T.J.s verem a Deus, com o poder á parte dEle mesmo é muito idêntico ao modo pagão como o antigos gregos viam ao seu deus todo-poderoso, observe esta citação do livro Mythology de Edith Hamilton (tradução do Professor Eleazar Magalhães Teixeira – U.F.C.):
“Não obstante, ele (Zeus) não era onipotente, nem tampouco onisciente. Poderia ser hostilizado e enganado. Na Ilíada, tanto Posídon quanto Hera o ludibriam. Algumas vezes, também, o poder misterioso, o Fado, é descrito como sendo mais forte do que ele.” (Apostila de Cultura Greco-Romana, U.F.C, página 14). Essa descrição do deus grego é idêntica ao Jeová das T.J.s, segundo elas, Ele não possui onipresença, nem onisciência e o seu poder está numa misteriosa coisa que nunca foi criada e é distinta dEle, chamada espírito santo. Mas vejamos se O Espírito Santo é isto que querem os pensadores das Testemunhas de Jeová.



O ESPÍRITO SANTO – A FORÇA ATIVA DE DEUS?? (Págs. 20-23)

A pergunta se a palavra “espírito”(RÚ-AHH em hebraico e PNEÚ-MA em grego) usada para designar a terceira Pessoa da Trindade indica a doutrina trinitariana pode ser respondida afirmativamente.
Como já dissemos essa palavra dada a terceira Pessoa da Trindade ajuda-nos a entender a sua função no plano da salvação do homem, que seria o de fazer Deus habitar no coração do homem espiritualmente (Ef 2:22), dando-lhe o conhecimento de Deus, isto é, a vida eterna (Jo 17:3), que é a comunhão entre Deus e o homem (2Co 13:13; Jo 6:54a comp. com Jo 6:56).
Que o termo “espírito” fortalece a idéia de que o Espírito Santo é “parte” de uma Trindade é indiscutível quando lemos 1Co 2:11: “Porque qual dos homens sabe as cousas do homem, senão seu o espírito, que está nele? Assim, também as cousas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”. Com esta comparação entre o espírito do homem e o Espírito Santo, fica claro que o Espírito Santo faz “parte” do Ser de Deus assim como o espírito humano do homem (1Ts 5:23). Merece destaque o uso no versículo do pronome pessoal “ninguém” com relação ao Espírito Santo, pois reforça Sua personalidade.
Os textos que mostram que o Espírito Santo “guiou”, “moveu” e “conduziu” pessoas, mais ainda salientam sua personalidade, pois nestes casos a idéia que se tem é de que estas pessoas foram transformadas em instrumentos nas suas mãos, assim sua personalidade se destaca e se mostra mais forte que as delas, ao ponto de ante sua operação ficarem como sendo coisas.






Concedendo Poder Além Do Normal
Se o Espírito Santo supre de poder além do normal, é porque Ele não é poder.
Observe que o texto de 2Co 4:7 confirma que quem concede poder é o próprio Deus e que o mesmo está em vasos de barro, ou seja, está nos corpos dos cristãos; ora, quem habita em nossos corpos é o Espírito Santo (1Co 6:19).
Neste mesmo tópico da página os escritores da “Deve-se Crer...” dizem: “A Bíblia diz que, quando Jesus foi batizado, desceu sobre Ele espírito santo na aparência de uma pomba, não em forma humana”. Ora, mas claro que se Bíblia dissesse que o Espírito desceu em forma humana, ficaria evidente que Ele não era uma pessoa; se é dito que o Espírito assumiu a forma de um pássaro, é porque Ele não tem tal forma. Desse modo a Bíblia está dizendo exatamente o contrário do que dizem as Testemunhas de Jeová. O que realmente ocorre na Bíblia é a despersonalização da Pessoa do Espírito Santo, onde ela é caracterizada simbolicamente, assim como acontece com Jesus que é chamado de Água, Pedra, Leão, Pão, Caminho, Luz... , e Deus, que é chamado de FOGO (Hb 12:29) e descrito como sendo uma pedra de jaspe e sardônio (Ap 4:3) e também definido como luz ( I Jo 1:5). Diz a Bíblia que somos batizados em Cristo (Gl 3:27) e cheios de Deus (Ef 3:19) e nem por isso se conclui Jesus e Deus não sejam seres Pessoais. E se o Espírito é simbolizado como uma pomba, que fala de mensagem (Gn 8:8-11) e comunhão (afinal, a pomba é uma ave que estabelece comunicação entre as pessoas), o Pai é representado por uma águia (Ex 19:4; Dt 32:11,12) que aponta sua distância, majestade e proteção, e o Filho por uma galinha (Mt 23:37) que simboliza sua humildade, aproximação e cuidado.


O Outro Ajudador
A argumentação de que o Espírito Santo só recebe os pronomes pessoais masculinos por causa da palavra “AJUDADOR”, que é do gênero masculino, é totalmente desarticulada se lembrarmos que a palavra fo1Conferida ao Espírito Santo, exatamente porque Ele é uma Pessoa. Dizer que o uso dos pronomes pessoais é por causa da palavra no gênero masculino é ir aos afluentes da questão; o fato é que a palavra nesse gênero pessoal é dada ao Espírito de Deus, é isso que elas deveriam tentar explicar.
Curiosamente a argumentação das T.J. sobre o uso do pronome em conexão com o gênero das palavras empregadas, acaba explicando o porquê do Espírito receber o pronome neutro já que Ele é uma Pessoa.
Ao dizer que os tradutores procuram ocultar que a palavra “espírito” recebe o pronome neutro, para não apontar a possível idéia de que o Espírito Santo não fosse uma pessoa é contestada pela própria citação de uma obra trinitária que destaca isso. Na verdade não há nenhuma omissão consciente, afinal a palavra “espírito” é aplicada a seres pessoais, como os anjos, os demônios, homens, Jesus e Deus (Hb 1:7; Ef 2:2; Hb 12:23; I Jo 4:1; Ap 22:6; Rm 8:9; 1Co 15:45; Jo 4:24). Há um ocultismo sim, quando os escritores da “Deve-se Crer...” não colocam o termo “OUTRO” com a palavra “Ajudador”, o que deixaria claro que o Espírito Santo é igual a Jesus, pois na língua grega existem duas palavras para designar o terno, uma para seres diferentes (HÉTEROS), como em At 23:6; 1Co 15:40, e outra para seres iguais (ÁLLOS), que Jesus usou para Ele e o Espírito Santo em Jo 14:16. Nosso Senhor queria dizer que enviaria um Ajudador idêntico a Ele, tanto seria, que Ele diz a seus discípulos para não se entristecerem, pois lhes daria uma pessoa que os trataria como filhos, por isso não ficariam orfãos com sua partida, teriam um Pai igualzinho a Ele.





A Pessoa Divina do Espírito Santo
Os textos que provam a personalidade do Espírito Santo são abundantíssimos na Bíblia. Em Hb 10:15-17 além de dizer que o Espírito fala, diz que Ele tem memória, escreve, tem um pacto e que as leis de Deus são dEle. Em Rm 8:26,27 é dito que o Espírito Santo intercede e tem intenção ou propósito. Tiago 4:5 declara que Ele tem ciúme. Em Rm 15:30 vemos que Ele tem amor. No texto de 1Co 2:14 Paulo diz que o Espírito de Deus possu1Coisas, e não que seja uma coisa. Efésios 4:30 diz que o Espírito Santo pode ser entristecido. Em At 5:3 Pedro diz que Ele é testemunha juntamente com os discípulos, o que também anula a interpretação das T.J. de I Jo 5:8. Na Tradução Novo Mundo temos em Is 63:10 que o Espírito Santo sentiu-se magoado. Contra Ele se pode blasfemar (Mt 12:31), ultrajar (Hb 10:29), mentir (At 5:3), resistir (At 7:51), contender (Gn 6:3), Etc.
O Espírito Santo falando com Pedro em At 10:18-20 usa para Si mesmo o pronome pessoal “eu”(EGO), ao dizer: “levanta-te, pois, desce e va1Com eles, nada duvidando; porque EU os enviei”. E note que neste caso está sendo usada a palavra “espírito”.
A Bíblia também diz que o Espírito Santo ama (Rm 15:30); intercede (Rm 8:27); envia (At 13:4); possui vontade própria (1Co 12:11); nos lava, santifica e justifica juntamente com Jesus(1Co 6:11); ressuscitou Jesus e ressuscitará os cristãos (Rm 8:11); concede como o Pai e o Filho a graça e a paz (Ap 1:4,5); convida (Ap 22:17); ensina e lembra os discípulos (Jo 14:16); em Sua missão não falaria de Si mesmo, glorificaria a Jesus e convenceria os homens do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8,13 e 14); conforta (At 9:31); dar Seu parecer sobre questões (At 15:28); batiza (1Co 12:13); escreve (2Co 3:3); é chamado de Bom (Nm 9:20); Etc. Se essas declarações não confirmarem que o Espírito Santo é uma pessoa, nada mais o fará, Sua personalidade é até mais destacada que a do Pai. Na verdade das três Pessoas da Trindade a única que é plenamente definida como pessoa é Jesus Cristo, somente Ele se apresenta sem intermediação, o Pai era visto pelos patriarcas e os profetas e o Espírito Santo pela Igreja, mas Jesus foi visto em um homem direta e fisicamente. Devemos entender que as Pessoas da Trindade, com exceção de Jesus, não são pessoas no sentido humano, na verdade são seres divinos muito além de qualquer definição. Se Cristo não tivesse se encarnado, Deus continuaria sendo visto como uma coisa, um ser diferente dos homens. Foram os pagãos que procuram igualar Deus as pessoas humanas, tentando ver nele (ou neles) os mesmos sentimentos baixos dos seres humanos. Quando a Bíblia atribui ao Pai e ao Espírito Santo características humanas é para que não achemos que Deus seja menor que uma pessoa humana.
A personalidade do Espírito Santo é tão superior a humana que em 2Pe 1:21 vemos os homens como meros instrumentos em Suas mãos. Veja ainda Jz 14:19.
Ser cheio do Espírito Santo é está cheio de Sua operação. Quando Ele é citado entre várias qualidades como a sabedoria, a fé e a alegria, é porque estas, quando não são produzidas, são reforçadas por Ele (Gl 5:22). A obra do Espírito Santo no cristão é no seu caráter, frutificando nele as mesmas qualidades que haviam em Jesus, os verdadeiros cristãos são transformados de glória em glória na própria imagem do Senhor Jesus pelo seu Espírito (2Co 3:18).
Não é verdade que o Espírito Santo fala sempre por meio de anjos ou homens, há diversos textos que mostram que Ele fala diretamente com a pessoa (At 10:19; 20:22,23). E além do mais quando o Espírito Santo fala usando outras pessoas, Ele está agindo como Deus, que não pode falar diretamente com os homens e por isso usava os profetas (Hb 1:1). A comparação das ondas de rádio pode até ser usada para ilustrar o modo do Espírito Santo falar, afinal, quando ouvimos uma voz que vem por ondas sonoras não dizemos que quem fala não seja uma pessoa.
Em Ezequiel 8:2,3 vemos o Espírito Santo em sua forma pessoal descrito por comparações com coisas da terra, na semelhança do Pai (Dn 7:9,10) e do Filho (Ap 1:12-16). Diz no verso 2, que Ezequiel viu um, que tinha a semelhança do Fogo, desde a aparência dos seus lombos, e para cima, como aspecto de resplendor, como o brilho de âmbar. No verso 3, o profeta diz que era o Espírito Santo.
Mesmo no simbolismo a personalidade do Espírito Santo fica em evidência, em Jo 7:38 e 39 Jesus chama Ele de “Rios de água VIVA”.
Por incrível que pareça, as únicas Pessoas da Trindade que são chamadas de Poder é o Pai (Mt 26:64) e o Filho (1Co 1:24).


O Nome do Espírito Santo
Também é dito na página 22 que nem sempre “nome” significa um nome pessoal. Mas em Mt 22:19 “Nome” realmente é decisivamente pessoal. O texto diz que o batismo é em nome do Pai, E do filho e do Espírito Santo, sendo portanto uma expressão polissindética. O conectivo “e” antes de “do Filho” está no original grego, e é o que dá esse classificação a expressão. Esse pequeno detalhe impede que o termo “nome” seja interpretado como sendo “autoridade”. Polissíndeto é uma repetição intencional do escritor, que tem como objetivo distribuir uma coisa ou idéia às várias partes tratadas. Assim, “nome” em Mt 28:19 é para cada um dos mencionados. E além do mais, sabemos que o Pai e o Filho são Pessoas divinas, e sendo com Elas alistado, o Espírito fica reconhecido como uma Pessoa divina de modo contundente. Não é semelhante quando as Testemunhas de Jeová citam I Jo 5:6-8, onde o Espírito aparece com o sangue e a água com o objetivo de testemunhar. Ora, aquilo que serve para testemunhar tanto podem ser pessoas como coisas (Jo 1:7; At 2:8; Lc 12,13; Tg 5:3; Etc). E na verdade, o sangue e a água em I Jo 5:8 estão representando uma Pessoa, Jesus (compare com I Jo 5:6).
Mesmo que “nome” em Mt 28:19 significasse “autoridade” de forma alguma o Espírito Santo perderia sua personalidade e igualdade com o Pai e o Filho. Pois a expressão ainda seria polissindética e confirmaria que Ele tem autoridade igual as duas outras Pessoas, uma autoridade divino-pessoal. E nesse caso mais ainda se distanciaria a idéia que o Espírito fosse um força, uma força não possui autoridade.
É interessante que os próprios autores da revista “Deve-se Crer...” confirmam que a autoridade do Espírito é de Deus: “Assim, o batismo ‘em nome do espírito santo’ reconhece a autoridade do espírito, que é de Deus” (pág. 22). Eles se esquecem que o versículo cita também o Pai, não haveria sentido o verso dizer que o batismo era na autoridade de Deus duas vezes.


A Divindade do Espírito Santo
Apesar das Testemunhas de Jeová não tentarem negar que o Espírito Santo seja Deus, é importante destacarmos Sua Divindade, pois assim, além confirmarmos a doutrina da Trindade mais ainda provaremos Sua personalidade.
Em Mt 12:31Jesus colocou o Espírito Santo numa posição até mais superior que a Pessoa do Pai, ao dizer que todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, menos a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Em Atos dos Apóstolos, onde Ele é o personagem principal, ao ponto da Igreja chegar a denominar o livro de Atos do Espírito Santo, encontramos no capítulo 5 versos 3 e 4 que Ele é o próprio Deus. No contexto Ele ainda é identificado como o Espírito do Senhor (v. 9).
Comparando 1Co 3:16,17 com 1Co 6:19 fica evidente que o Espírito Santo é Deus, somos chamados em um, de templo de Deus, e no outro, de templo do Espírito Santo. Vale acrescentar que uma força não HABITA ou MORA, mas uma pessoa.
Em Rm 8:9, num mesmo versículo Ele é chamado de Espírito de Cristo e Espírito de Deus, criando uma dupla e una identificação dEle como o Pai e o Filho.
Segundo Mt 1:18,20 o corpo de Jesus foi gerado do Espírito Santo o que deu a Ele o título de Emanuel (Deus conosco), vs 22,23. Por sua vez , Lucas, além de distinguir, o Espírito Santo do poder de Deus, declara que Jesus foi chamado Filho de Deus, porque era nascido do Espírito.
Em Hebreus 9:14, além de mostrar o trabalho das três Pessoas da Trindade para a salvação dos homens, chama o Espírito Santo de Eterno, um atributo exclusivo de Deus.
Jesus proferiu mandamentos pelo Espírito Santo (At 1:2).
Também em Hebreus, no capítulo 10 e versos 15-17 encontramos que a aliança do Novo Testamento foi feita pelo Espírito Santo. Neste mesmo texto Ele se identifica como Jeová, diz que escreverá as leis dEle nos corações e no entendimento, e ainda fala que não se LEMBRARÁ dos pecados e das iniquidades. Para que as Testemunhas de Jeová acreditem, citamos o texto na própria tradução delas:
“Além disso o espírito santo também nos dá testemunho, porque, depois de dizer: ‘Este é o pacto que celebrare1Com eles depois daqueles dias, diz Jeová, porei as minhas leis nos seus corações e as escreverei nas suas mentes’, diz posteriormente: ‘E do modo algum me lembrarei mais dos seus pecados e das suas ações contra a lei”.
Também 1Ts 4:8 que diz: “Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas sim a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo”. Paulo está dizendo aqui que suas recomendações era na verdade do Espírito Santo, se fossem desprezadas envolveria ao desprezo do próprio Deus, exatamente porque o Espírito Santo era Deus.
Ef 2:22 onde lemos: “No qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito”. É conclusivo para a Divindade do Espírito Santo (veja ainda I Jo 3:24).
O Espírito de Deus é identificado como o próprio Cristo em Ef 3:16,17.
David A. Reed citando 1Co 6:19 da Tradução Interlinear do Reino, que serviu de base para a Tradução Novo Mundo, argumenta: “...o seu corpo habitação divina do espírito santo que em está em vós...” Obviamente, estas palavras indicam que o Espírito Santo é divino e que ele habita nos cristãos.”

Não É Força Nem Poder
Em parte alguma da Bíblia encontramos que o Espírito Santo é poder ou força; segundo a Bíblia, Ele tem é poder (Lc 4:14; Rm 15:13,19). Em At 10:38 Pedro distingue claramente o Espírito Santo do poder de Deus. O que a Bíblia realmente diz em 2Co 3:18 é que o Espírito é o Senhor [na Tradução das Testemunhas de Jeová: O espírito é Jeová].
Também em 2Co 6:6,7 o Espírito Santo é diferenciado do poder de Deus.
E concluindo definitivamente, diz Zacarias 4:6 que o Espírito Santo não é poder ou força: “Não por FORÇA nem por PODER, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos”. Quem somos nós para contradizer o que Deus diz?


A Humildade Do Espírito Santo
Tenho observado algo em relação ao Espírito Santo que sempre me incomodou. Trata-se das escassas referências dEle em quase todos os tratados e obras sobre a Trindade, seja contra ou a favor. Na grande maioria das vezes as considerações e os argumentos se concentram na Pessoa de Jesus. Atentando para isso me preocupei em dá uma maior atenção ao eterno Espírito; todavia, me senti de certo modo frustrado. Na verdade o Espírito Santo é pouco enfocado na Bíblia. Isso me fez indagar porquê, qual a razão dessa escassez bíblica acerca do Espírito Santo de Deus?
A resposta não foi outra, a função do Espírito em nossa dispensação não é se revelar, mas apontar e glorificar a Pessoa de Jesus Cristo (Jo 16:14; At 2:8; 5:32).
Vejamos o que disse Jesus sobre o Espírito Santo:
“E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.
Não vos deixarei orfãos, voltarei para vós outros.
Ainda por um pouco e o mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis. Porque Eu vivo, e vós também vivereis.
Naquele dia conhecereis que Eu estou em Meu Pai, e vós em mim, e Eu em vós.
Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, esse é o que Me ama. E quem Me ama será amado de Meu Pai, e Eu também o amarei e Me manifestarei a ele.
Disse-Lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que pretendes manifestar-te a nós, e não ao mundo?
Respondeu-lhe Jesus: Se alguém Me amar, guardará a minha palavra, Meu Pai o amará, e viremos para ele e nele faremos morada”(Jo 14:16-23).
No texto bíblico acima citado Jesus informa a seus discípulos que não iria deixá-los solitários, orfãos; haveria de ir para o Pai, mas voltaria para eles, e como seria isso feito? Por meio de outro Consolador (Ajudador), outra Pessoa igual a Ele viria aos discípulos, tratava-se do Espírito Santo. E Ele, diz Jesus no versículo 16, ficaria para sempre, estaria com eles até o final de suas vidas, jamais se distanciaria. Tal declaração de Jesus visa o conforto de seus discípulos que percebiam Sua iminente partida. O verso 20 que diz: “Naquele dia conhecereis que Eu estou no Pai e vós em mim e Eu em vós” significa que após a ressurreição os discípulos conheceriam a Divindade de Cristo interiormente, em seus espíritos, entenderiam que Jesus está no Pai porque tem sua natureza (Jo 7:39 e Jo 20:22). Ele possuía uma unidade que seria estendida à eles por ficarem co-participantes dessa natureza divina (2Pe 1:4), seriam filhos de Deus, membros da Sua família(Pai, Filho e Espírito Santo), Deus, no Pai e no Filho, habitaria neles pelo Espírito (Ef 2:18-22).
Assim, fica claro que não é necessário o Espírito atentar ou considerar a Si mesmo, basta revelar Jesus, pois assim fazendo está automaticamente Se dando a conhecer. Por esta razão, as páginas do Novo Testamento, de Sua própria autoria, se detém em dizer o que Jesus é, o que Ele fez e como podemos ser salvos. Por isso se a Divindade de Jesus for confirmada, a Trindade também o será, e o Espírito será aceito como Pessoa e Deus.
Jo 16:12-14 é um texto claríssimo para provar que o Espírito Santo trabalha em torno de Jesus, atente para os grifos:
“Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da Verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque NÃO FALARÁ DE SI MIM MESMO, mas dirá tudo o que tiver ouvido”. O “mas voltareis para vós outros” de Jo 14:18 é conclusivamente a verdade da igualdade do Espírito Santo com Jesus. A similaridade entre os dois é tão grande que o Senhor afirma que Ele mesmo é quem voltaria. O verso de 17, anterior a este, é como uma preparação para esse entendimento de igualdade de Jesus com o Espírito, Ele diz: “Vós o conheceis, porque habita convosco”(isso nos faz recordar Jo 14:8,9: “Replicou-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhes Jesus: Filipe, há tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”). Jesus em Jo 14:17 está dizendo que o Espírito habitava com eles por meio de Sua Pessoa, por isso eles o conheciam, assim como conheciam o Pai. Mas o verso 18 acrescenta algo: Vós o conheceis, porque habita convosco e ESTARÁ EM VÓS. Isso queria dizer que a vinda do Espírito Santo seria para dentro dos corações dos discípulos, fazendo o conhecimento de Jesus ou do Pai deixar de ser externo, e quando isso acontecesse se cumpriria o verso 20: “Naquele dia (da ressurreição) vós conhecereis que eu estou em meu Pai”(confira isto lendo Jo 20:22,28).




QUE DIZER DOS TEXTOS QUE PROVAM A TRINDADE?
(Páginas 23-29)

A maioria dos textos bíblicos que provam a Trindade foram alterados na Tradução Novo Mundo das Testemunhas de Jeová, exatamente no aspecto da Divindade de Jesus Cristo, que é o fundamento desta doutrina, tanto pela Bíblia como pela história do credo formal.
Vejamos alguns desses textos:
Em Tito 2:13, Paulo diz que aguardamos a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo. Todavia na bíblia das T.J. é colocado um “do” entre parênteses de um modo que esconde a declaração da Divindade de Cristo, sob a esfarrapada desculpa de se querer esclarecer o texto. Mas no original não existe o “do” e os próprios tradutores o admitem quando acrescentam o parênteses. Na verdade esse acréscimo espúrio acaba é por confundir o texto sagrado. O versículo está falando da Segunda vinda de Cristo em glória (Mt 24:30), a Bíblia jamais fala da vinda do Pai, mas sempre na de Jesus em glória divina, é a sua vinda que é a bem-aventurada esperança (1Ts 4:13-18). A epístola de Tito por sua vez tanto chama a Jesus como a Deus de Salvador (1:3,4; 2:10; 3:4,6), o versículo 2:13 portanto, serviria para esclarecer essa alternância significativa.
Outro texto adulterado de forma idêntica é 2Pedro 1:1, onde lemos: “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”. No entanto, mais uma vez os tradutores da bíblia das T.J. inserem um “do”, e mais uma vez o tiro sa1Pela culatra, pois se meditarmos no versículo desse modo como elas apresentam, teremos a conclusão que há duas justiças, a de Deus e a de Jesus, e que a fé salvadora vem por elas. Ora, todos sabem que a justiça apontada e destacada em toda a Bíblia é a de Deus, na carta de Romanos nada se fala da justiça de Jesus. Portanto essa justiça de Jesus é a mesma de Deus, por isso é totalmente desnecessário inserir o “do” sobre pretexto de esclarecer algo. Vale ainda se observar que Pedro neste verso busca o unidade, ele une todas as Igrejas na mesma fé que vinha da mesma justiça. Não seria, pois, de se estranhar que ele trouxesse à tona a unidade de Jesus com o Pai.
I Jo 5:20 diz que Jesus é o verdadeiro Deus e a vida eterna, mas também é mudado na bíblia das Testemunhas de Jeová, que fazem com que a declaração “verdadeiro Deus e a vida eterna” fique com uma ambiguidade, criando uma dificuldade para se saber a quem se refere, se ao Pai ou ao Filho. Mas no original grego não existe tal ambiguidade, aliás a língua grega sendo uma das mais precisas das que existem, raramente possui ambiguidades. Bowman e Glauco observam também que a mesma pessoa chamada de ‘Deus verdadeiro’ também possui o título de ‘vida eterna’, e quem é chamado de vida eterna na Bíblia e principalmente no contexto do versículo é Jesus e não o Pai (I Jo 5:11-15; 1:2; Jo 14:6). No início da epístola de João, lemos: “pois a vida foi manifestada e nós a temos visto, e dela testificamos, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e a nós foi manifestada”. Portanto, se Aquele a quem I Jo 5:20 chama de verdadeiro Deus é também a vida eterna, esse só pode ser Jesus.
Deve-se ainda dizer de I Jo 5:20 que Jesus está enfocado em todo o versículo. É dito que Ele é vindo, ou seja, se encarnou, e deu o conhecimento dAquele que é verdadeiro, no caso, o Pai (Jo 1:18), e como diz Jo 17:3, esse conhecimento do Pai é a vida eterna. Também em I Jo 5:20 é dito: “e no que é verdadeiro ESTAMOS”, ou seja, temos comunhão e não conhecimento mental, e esse conhecimento, diz ainda o versículo, foi dado por meio de Jesus Cristo. Ora, se o conhecimento íntimo de Deus só pode ser conseguido por Jesus é porque quem conhece a Ele, conhece a Deus (Jo 14:7-9; 8:19). Assim a conclusão final é que Jesus é a vida eterna (conhecimento ou comunhão com o Pai, Jo 17:3) e o verdadeiro Deus.
Romanos 9:5 é outro texto traduzido erradamente na versão das Testemunhas de Jeová. O pastor Glauco explica que o versículo está dizendo que Cristo era descendente dos judeus e também o Deus bendito eternamente. Mas na Bíblia das T.J. os tradutores transformaram a declaração da Divindade de Jesus em uma expressão de glorificação, o que seria incoerente com o que se estava dizendo no contexto. Paulo estava lamentando que os judeus não estavam crendo no Evangelho, desse modo seria estranho Paulo dar graças a Deus e glorificá-lo no final de uma lamentação. Assim a tradução além de estar errada é incoerente e incompatível com o contexto.
Hebreus 1:6 onde temos outra prova da Divindade de Cristo é também alterado na tradução das Testemunhas de Jeová. O verso diz que todos os anjos devem ADORAR a Jesus, mas os tradutores trocam o verbo “adorar”(PROSKYNEO) do texto por “reverenciar”(IEROPREPÉS). Aliás, não é só aqui que é dito que Jesus é adorado em Lc 24:52Também temos o registro de que os discípulos adoravam a Jesus, mas tradução persiste na mudança arbitrária (veja ainda MT 2:2; 8:2).
Neste mesmo capítulo de Hebreus encontramos outra adulteração, o versículo 8 onde lemos que o Pai diz para Jesus: “o teu trono, ó Deus, é par todo o sempre; e: Cetro de equidade é o cetro do teu reino”. No entanto, registra a tradução Novo Mundo: “Deus é o teu trono”. Mas isto seria dizer que Jesus era superior ao Pai. Parece que as Testemunhas de Jeová pretendiam dizer que a origem da autoridade de Jesus era de Deus, mas as Escrituras nunca dizem que um trono é fonte de autoridade, mas a “posição” ou o lugar de onde de governa, por isso o céu é chamado o trono de Deus (Mt 5:34), sem contudo dizer que a origem do poder de Deus é o céu. A torção acaba dizendo que Jesus age sobre Deus, e na Bíblia, como aponta o pastor Glauco, aquilo que age sobre uma coisa é maior do que ela (Mt 23;17-22). Portanto, quem está assentado sobre o trono é maior que o trono: “Aquele que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por AQUELE QUE ESTÁ ASSENTADO NELE”. Mas Jesus não é maior que o Pai, é igual, a tradução portanto, para todos os efeitos, está errada.
Atos 20:28 fala que os bispos que o Espírito Santo constituiu deveriam apascentar o Igreja de Deus, que Ele comprou com seu próprio sangue, sendo uma clara prova que Jesus é Deus, também é torcido na tradução delas, fazem um verdadeiro malabarismo.
Outra irregularidade da bíblia das T.J. está no título Senhor (em grego KYRIOS) que correspondia ao nome de Deus do Antigo Testamento. Os tradutores da Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, traduziram o Tetragrama do nome de Deus por essa palavra, que na cultura grega revelava divindade. Como era importante para as T.J. destacarem o nome “Jeová” no texto do Novo Testamento, elas resolveram inseri-lo toda vez em que a palavra Kyrios aparecesse. Mas a grande demonstração de incoerência dos tradutores acontece quando a mesma palavra é conferida a Cristo, nestes casos eles não traduzem pelo nome “Jeová”, mas pela expressão “senhor”. Nenhuma explicação justifica este critério, a não ser a idéia preconcebida de que Jesus não pode ser Deus.
A vista destas, e de outras, grosseiras torções da Bíblia Sagrada, fica manifesto que as Testemunhas de Jeová procuram negar e esconder a Divindade de Jesus na Bíblia delas, são portanto, falsificadores da Palavra de Deus (2Co 4:2) e estão debaixo da terrível condenação de Ap 22:18,19. Talvez seja por isso que as Testemunhas de Jeová não se inibem quando torcem outras literaturas para justificar suas doutrinas.
O que causa grande estranheza, após constatarmos essa luta em esconder a Divindade de Jesus Cristo, é o fato de que em Jo 1:1 as Testemunhas de Jeová admitem que Jesus é Deus, ou pelo menos UM Deus, e no entanto procurarem torcer todas as referências em que Ele é chamado de Deus (exatamente por causa da enorme dificuldade de se inserir o artigo indefinido toda vez que Jesus fosse chamado de Deus). Parece que crença da divindade de Jesus que possuem, nada mais é que uma grande dificuldade gerada para elas pelo texto de Jo 1:1, esquecida a passagem, a suposta meia-divindade de Cristo não é mais reconhecida. Como elas podem ser dignas de crédito com tais atitudes de pessoas sem padrão, sensatez e caráter?



Os Textos Trinitários
Os textos de Mt 28:9; 1Co 12:4-6 e 2Co 13:13 apesar de não serem versículos que procuram definir ou elaborar a doutrina da Trindade, são contudo importantes para vermos as funções das três Pessoas da Divindade, bem como da sua unidade por sempre mostrarem as três unidas.
Mateus 28:9 nos diz: “Portanto (por ter Jesus todo o poder no céu e na terra, verso 8) ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os no nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Este texto é o que poderíamos chamar da assinatura de Deus aprovando o Evangelho, enquanto que em Mt 3:16,17 referente ao batismo de Jesus seria o aval inicial. O versículo prova a Trindade porque o termo “Nome” está no singular, apontando uma unidade das três Pessoas. A ordem das Pessoas é também significativa, bem como a relação do versículo com o anterior, onde Jesus afirma Ter todo o poder no céu e na terra. O verso e contexto ainda falam em termos absolutos: TODO o poder, TODAS as nações, TUDO o que foi ensinado, TODOS os dias, o que infere diretamente que Deus é citado em todas as Pessoas. A pergunta do porquê de se batizar em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo e não simplesmente em nome Daquele que tem todo o poder é deixada subentendida, e esclarece o fato de Jesus não Ter de tornado superior ao Pai e ao Espírito.
O segundo texto, 2Co 13:13 registra: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos. Amém.” Este versículo mostra o relacionamento das Pessoas da Trindade com a Igreja. É interessante que cada uma das bênçãos de cada uma das Pessoas também pertencem as outras, a graça é de Jesus, mas também provém do Pai (Tt 2:11) e do Espírito (Hb 10:29; Ap 1:4); o amor é atribuído a Deus, mas também é de Jesus (Ef 3:19) e do Espírito(Rm 5:5; 15:30); a comunhão do Espírito é também do Pai e do Filho(I Jo 1:3). Vale notar que se o Espírito Santo fosse simplesmente o poder de Deus não seria preciso ser citado, pois em “Deus” o poder já estaria incluído. Dizer da comunhão do Espírito é incompatível com o idéia que Ele se trate de uma força, não comungamos com poder, mas com pessoas.
O texto de 1Co 12:12:4-6 que diz: “ora há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidades de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos”. Esse texto fala das diversas operações de Jesus e do Espírito Santo, na verdade a Pessoa do Pai não é retratada aqui, a expressão “mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” parece mais uma conclusão do que é dito sobre o Filho e o Espírito, seria uma declaração da Divindade e da unidade da Segunda e da Terceira Pessoa da Trindade.
E não são apenas esses três textos que alistam juntas as três Pessoas da Trindade, temos ainda: Mc 1:9-11; Lc 1:35; 3:21,22; Jo 3:34-36; 14:16,26; 15:26; 16:13-15; At 2:32,33,38 e 39; Rm 15:16,30; 1Co 6:11; 2Co 3:4-6; Gl 4:6; Ef 1:3-14; 2:18; 3:14-17; 4:3-6 (um texto que trata de unidade); 2Ts 2:13,14; 1Tm 3:15,16; Tt 3:4-6; Hb 9:14; 10:7, 10-15; 1Pe 1:2; 4:14; 1Jo 4:2; Jd 20,21; Ap 1:45; Etc.
O fato de tantos textos do Novo Testamento mostrarem o Pai, e o Filho e o Espírito Santo unidos é muito significativo para provar a igualdade e unidade destas três Pessoas, assim como Abraão, Isaque e Jacó, que sempre aparecem juntas, eram o mesmo tipo de pessoa – patriarcas, unidos pelo parentesco e pela promessa; e Pedro, Tiago e João, sempre também juntos, serem todos a mesma coisa – apóstolos, sendo unidos pela intimidade com Jesus. Tudo nos leva a crer que o Pai, e o Filho e o Espírito Santo sejam Deus por essas citações dos três sempre juntos em momentos especiais e solenes.
Vejamos agora os principais textos bíblicos onde a Divindade de Jesus é contundentemente asseverada, considerando as observações das Testemunhas de Jeová. Vale relembrar que se a Divindade de Jesus for confirmada por eles, toda a doutrina trinitariana também o será. O fato de os textos apenas considerarem a relação entre o Pai e o Filho não exclui totalmente o Espírito Santo da questão, afinal Jesus disse que o Espírito seria um Ajudador igual a Ele.


Eu E O Pai Somos Um
João 17.21,22 é usado pelas Testemunhas de Jeová para esclarecer a declaração de Jo 10.30: “Eu e o Pai somos um”(uma prova da unidade de Jesus e o Pai). Segundo esse paralelismo entre Jo 10.30 e Jo 17.21,22 as Testemunhas de Jeová entendem que Jesus e o Pai eram “um” em “pensamento” e não em “substância” ou “essência”.
Mas essa explicação das Testemunhas de Jeová é insustentável. Primeiro porque conforme Fp 2.12; Rm 14.3-5; 1Co 1.10 e 2Co 13.11 a unidade de pensamento nem sempre ocorre entre os cristãos. Até o apóstolo Paulo e Barnabé tiveram suas diferenças (At 16.36-39).
Em Jo 10.30 Jesus falava de ser “um” com o Pai na “natureza”, como bem confirma Hb 1.3. O texto de Jo 17.21,22Pode realmente se relacionar com Jo 10.30, mas com o mesmo sentido, pois conforme 2Pe 1.4 todos os crentes são participantes da natureza divina, por terem recebido o Espírito Santo, formam “uma unidade no espírito”(Ef 4.3), sendo todos filhos de Deus por adoção (Rm 8.9,15-17; Gl 3.26; 4.6,7), formando uma família (Ef 2.18,19), um só rebanho (Jo 10.16), um só corpo de Cristo(Ef 4.3,4), uma unidade orgânica e de natureza espiritual, como estabelece a Bíblia: “E a comunhão do Espírito Santo” – 2Co 13.13 compare com Ef 2.18-22; 1Co 12.13 e Gl 3.26-28.
OBS.: Essa unidade entre os crentes ainda serve para refutar a idéia de haver dois grupos de cristãos com esperanças diferentes (Ef 4:4).
Deve-se observar que o texto de Jo 17.21-23 está falando de pessoas e não de pensamentos ou propósitos, Jesus pedia que aquelas pessoas que ainda iam crer fossem uma unidade com os seus atuais discípulos, assim como Ele era com o Pai. Não haveria necessidade de Cristo se preocupar com a unidade de pensamento, pois a própria doutrina cristã encontrada na Bíblia estabelece essa união nos seus aspectos essenciais.
Em 1Co 3:6,8 Paulo não está dizendo que ele e Apolo eram a mesma pessoa, mas que tinham a mesma função, ou seja, eram cooperadores de Deus (1Co 3:9).
A palavra grega neutra “um”(HEN)nada altera na interpretação trinitarista, pois “natureza” ou “essência” não é o que possamos chamar de pessoa masculina ou feminina, é antes uma coisa, uma expressão neutra. O Dicionário Grego – Português de Isidro Pereira, S. J. registra sobre esse termo como “substantivo neutro, significando a unidade.”(pág. 185). Assim, o dicionarista traduz a palavra grega por unidade, e é exatamente este o sentido que reflete o credo da Trindade. Uma palavra derivada desta é HENÓTES traduzida por “unidade” em Ef 4:3,13. O fato de ser neutro não impede do termo HEN se associar com seres pessoais, em Rm 5:12 ele é usado em relação a Adão: “...assim como por UM SÓ homem entrou o pecado no mundo”, lembrando que na verdade o pecado entrou por Adão e Eva, e que a única maneira de explicar a declaração de Rm 5:12 é o fato de Adão e Eva serem UMA SÓ carne, mais ainda reforçando a idéia trinitarista de Jo 10:30. O mesmo termo ocorre em Mc 12:6 “Restava¬-lhe ainda UM, seu filho amado...”, que claramente trata-se de uma pessoa, que representaria a pessoa de Jesus.
É muito fácil entendermos porque Jesus não usou o numeral “um” no gênero masculino ou feminino, se Ele tivesse usado HEIS (UM – masculino) teria dito que Ele e o Pai eram UM (Deus), o que daria margem a se crer na existência de outros deuses; se tivesse usado MIA (UMA) estaria ensinando que Ele e o Pai eram UMA (Pessoa). Mas Jesus e o Pai são Pessoas distintas e não são UM Deus, mas o único Deus verdadeiro.
A expressão de João Calvino de “os ANTIGOS usaram mal Jo 10.30, entendendo que o Pai e o Filho tinham a mesma essência”. É mais uma prova que os pais apostólicos criam na Trindade. Entre Calvino(do séc. XVI)e os pais dos primeiros séculos, prefiro os segundos.
Sobre o contexto de Jo 10.30 deve-se observar que Cristo não disse: “Eu e o Pai somos um em pensamento”, mas que os homens na Escritura foram chamados de “deuses”, revelando assim, que Jo 10.30 tratava mesmo de Jesus e o Pai serem Deus. Ao dizer que os judeus não podiam acusá-lo de blasfêmia por se chamar “Filho de Deus” usando o Sl 86.6, Ele mais ainda provou que “Filho de Deus” revela Divindade.
Com respeito ao uso do Sl 82Por Jesus neste contexto, diz o teólogo Josh Mcdowell: “Jesus defrontava aqueles judeus com a seguinte questão: ‘não se detenham com o uso do termo “Deus”. Olhem para mim observem as minhas obras. Elas são de Deus? Caso sejam, acreditem no que digo, inclusive nos nomes que dou a mim mesmo’ Ele estava confirmando sua Divindade por suas obras. Os homens do Sl 82Julgavam como Deus, mas Jesus fazia as obras de Deus, se para aqueles não era errado serem chamados de Deus, quanto mais Ele”.
Se em Jo 14:9-11Jesus aponta para suas obras afim de que os discípulos cressem que Ele era idêntico ao Pai, o mesmo ocorre em Jo 10:30 e 38, onde a unidade dos dois é apontada. Um texto apoia o outro.
Vale observar que os versículos 28 e 29 são a razão de Jo 10.30. No 28 Jesus fala que suas ovelhas estariam seguras por estarem em suas mãos, mas no 29 Ele diz que Essas mesmas ovelhas não seriam arrebatadas da mão de seu Pai, a aparente confusão é esclarecida quando Jesus profere o versículo 30 deixando claro que Ele e o Pai eram o mesmo Ser (Deus). Assim o contexto anterior esclarece, ou melhor, é esclarecido por Jo 10.30.
Sobre o contexto posterior, citamos o comentário de Robert Bowman: “A queixa dos judeus, em Jo 10, era porque Jesus ao chamar Deus de seu próprio Pai, estava alegando ser Deus (Jo 10.30-33). A Revista “Deve-se Crer...”declara que Jesus, na sua resposta, ‘argumentou enfaticamente que suas palavras não eram uma afirmação de que Ele era Deus’(Pág. 24). Isso é interessante, porque, nesse caso, deve ser considerado incorreta a tradução Novo Mundo que diz: ‘Tu, embora sejas um homem, tem fazes um deus’. Mas Jesus em Jo 10:34-36 certamente não negou que era Deus. Simplesmente reasseverou mais enfaticamente aquilo que escandalizava os judeus desde o início, a saber, que Ele era o Filho de Deus de um modo exclusivo. Jesus estava refutando o mal-entendido que sua declaração de ser Deus envolvia uma reivindicação de ser um Deus INDEPENDENTE. Jesus passou então, a dizer que a comprovação da Sua reivindicação achava-se no fato que Ele fazia obras que somente Deus podia realizar (Jo 10:37,38). O resultado foi que os judeus ‘tentaram NOVAMENTE apoderar-se dele’(10:39 TNM), obviamente porque ainda entendiam que Ele estava declarando que era Deus. É digno de nota que na revista “Deve-se Crer...”, as Testemunhas Jeová param no verso 36, e deixam de considerar o significado dos versículos 37-39”.
Vale destacar que a expressão SOMOS de “Eu e o Pai somos um”, deixa bem evidente a distinção das Pessoas do Pai e do Filho, enquanto o termo “um” aponta a unidade como prega o credo da Trindade.
Ver no termo “um” de Jo 10:30 “pensamento ou propósito” é dizer que Pai e o Filho não são seres pessoais, Jesus estava dizendo o que Ele e o Pai eram. Os judeus não queriam apedrejar Jesus porque entenderam que Ele era UM pensamento com o Pai, mas porque Ele estava se fazendo Deus (Jo 10:30-33).


Fazendo-se Igual A Deus
Em Jo 5:18 onde se diz que os judeus queriam matar Jesus porque chama a Deus de seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. Não era uma acusação dos judeus como dizem as Testemunhas de Jeová. Na verdade o comentário é do próprio apóstolo João. O apóstolo está explicando o porquê dos judeus quererem matar a Jesus, porque Jesus dizia que Deus era seu próprio Pai, e Jesus dizia isso mesmo. Quando Jesus disse isso, Ele (Ele mesmo) se fazia igual a Deus.



Igual A Deus!
Filipenses 2:6 e seu contexto é uma das passagens bíblicas mais claras sobre a encarnação e Divindade de Jesus Cristo. A tradução João Ferreira de Almeida, edição revista e atualizada traduz impecavelmente, desta forma:

“Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou
como usurpação o ser igual a Deus”

Vejamos em grego, numa tradução interlinear, se a tradução de Almeida é digna de confiança:

Grego: HÓS EN MORFÊ THEÔ HUPÁRKON OUKH
Português: que em forma de Deus subsistia não

Grego: HARPAGMÓN HEGÉSATO TÓ EÎNAI ÍSA THÕI
Português: usurpação considerou o ser igual a Deus

Muito diferente do que se têm na tradução das Testemunhas de Jeová, observe nossos grifos, pois apontam o acréscimos de palavras estranhas ao original na tradução delas:

“o qual, embora existisse em forma de Deus, não
deu consideração a uma usurpação, a saber, que
devesse ser igual a Deus”

A expressão explicativa “a saber, que devesse” é inexistente no original.
Tradução mais literal que se pode ter de Fp 2:6 seria:

“que em forma de Deus subsistia não usurpação
considerou o ser igual a Deus”

Desse modo perfeitamente se ver que a versão Almeida busca apenas organizar a tradução e não explicá-la.
Na revista “Deve-se Crer...”os autores citam diversas traduções de Filipenses 2:6 para dizer que os tradutores das duas versões americanas violaram as regras gregas para defender ou apoiar objetivos trinitaristas. Mas parece que as Testemunhas de Jeová brasileiras não possuem mente para pensar, essa deficiência se deu apenas com as versões americanas. Nós brasileiros fizemos uma perfeita tradução. A nossa mostra que Cristo não necessitava usurpar a igualdade com Deus porque já a possuía. Apesar desse significado ser dado na revista, os autores não comentam de jeito nenhum, limitam-se a criticar os tradutores das versões inglesas que deram o sentido “que Jesus desejou RETER a igualdade com Deus”, que realmente está errado.
Vejamos agora a questão do contexto. Está claríssimo a finalidade de Paulo ao escrever Fp 2:6, ele desejava que os cristãos filipenses imitassem a Jesus. E o que Jesus fez? Esvaziou-se da sua forma de Deus para assumir uma inferior. Essa “forma de Deus” em que Jesus subsistia o tornava igual a Deus, por isso não Lhe era uma usurpação ser igual a Deus. Mas apesar disso, de ser igual a Deus, Jesus tomou a forma de homem, de servo, e nesta ainda assim se humilhou entregando-se a uma morte desprezível. Isso não é outra coisa, é auto-humilhação e humildade.
Por outro lado a bíblia das Testemunhas de Jeová não transmite a idéia de humildade com sua tradução de Fp 2:6, pois se Jesus quisesse rejeitar uma igualdade com Deus, não sendo Deus, não estaria sendo humilde, mas sincero.
Realça mais ainda a Divindade de Cristo, o fato de Fp 2:7 afirmar que Jesus se tornou semelhante aos homens, assumindo a forma de servo. Ora, se Cristo assumiu outra forma (a de homem), fica forçosamente induzido que Sua forma original não era essa. Como o verso 6 afirma, a forma de Jesus na sua preexistência era a de Deus. Daí a conclusão: “se forma de homem” significava ser homem, “forma de Deus” é o mesmo que ser Deus! OBS.: O verbo HUPARCSO de “subsistindo em forma de Deus” tem o sentido enfático no grego de “realmente existir”. Jesus era realmente Deus?
Reforça mais ainda a Trindade a construção grega de Fp 2:6: O verbo “huparcso”(existir realmente) está no particípio presente, que em grego não expressa a idéia de tempo mas de “qualidade da ação”, na passagem em questão ele está em contraste direto com os AORISTOS (outro tempo grego) que o seguem, e portanto tem o sentido de um estado permanente, ou seja, Cristo Jesus existia e existe eternamente na forma de Deus. Isso aponta o fato de que Jesus ao assumir a forma de homem não deixou totalmente a sua forma de Deus, Ele apenas se esvaziou dela.
Digna de nota é a observação do pastor Glauco: “Dizem as ‘testemunhas de jeová’ que a forma de Deus que Cristo tinha era espírito. Esta é uma interpretação errônea, pois espírito é a essência e não a forma. Por exemplo, não tem sentido se dizer que a forma de uma bola de futebol é plástico, mas sim, que é redonda. Os homens e animais são carne e osso, no entanto possuem formas diferentes (Dt 4:12,16,17e 18). Os anjos são espíritos, todavia não possuem a mesma forma de Deus. A forma de Deus é atribuída a Cristo, como também ao Pai (Jo 5:37), pois Cristo é um com o Pai, logo o fato de Cristo Ter a forma de Deus o faz Deus.
Com a ajuda da ‘Orford Universit Press’ citamos o rodapé do texto em questão na ‘New Scofield Reference Bible’, cujos autores são mundialmente reconhecidos como sendo competentes mestres da Bíblia: ‘Esta é uma das afirmativas mais incisivas do Novo Testamento sobre a Divindade de Jesus Cristo. A forma grega (Morphe) é a aparência externa pela qual a pessoa ou coisas dá na vista, é uma forma externa verdadeiramente indicativa da natureza interior da qual brota. Nada nesta passagem ensina que a Palavra Eterna (Jo 1:1) se esvaziou de sua natureza divina ou de seus atributos, mas apenas da manifestação externa e visível da Divindade. Deus pode mudar de forma, mas Ele não pode deixar de ser Deus’
Portanto se Cristo era Deus, por Ter a forma de Deus, jamais seria para Ele uma usurpação querer ser igual a Deus como diz a tradução Novo Mundo, logo essa tradução está errada, e está certa a que diz que Cristo não tinha a usurpação de ser Deus, exatamente por já sê-lo”.
Sobre o contexto de Fp 2:6 que Paulo diz que devemos seguir o exemplo da humildade de Cristo, e que cada um deve considerar os outros melhores do que a si mesmo, observa Bowman que na base dessa declaração, a brochura (Deve-se Crer...) conclui que Jesus “reputava a Deus como sendo melhor do que Ele”, e assim negou ter qualquer tipo de igualdade com Deus (Págs 25,26). Mas essa conclusão é o inverso do argumento do contexto. Paulo não está dizendo aos cristãos que são REALMENTE inferiores uns aos outros (obviamente não, pois nem todo cristão pode ser inferior a todo outro cristão!), mas que devem tratar uns aos outros COMO SE a outra pessoa fosse mais importante, ou melhor. E então cita o exemplo supremo: Cristo, na realidade, não era inferior a Deus, e poderia até reivindicar o direito de ser tratado igual a Deus, mas pelo contrário, Ele até optou por Se fazer um servo de Deus e humilhar-se como homem, até o ponto de morte (vv7,8). Isso se encaixa com perfeição com a doutrina da Trindade, porque ensina que as três Pessoas são iguais na natureza, mas tão perfeitas em amor que procuram glorificar umas ás outras, ao invés de a Si mesmas.
Acerca da citação de Ralph P. Martin a respeito da palavra grega “harpagmos” em Fp 2:6, que segundo ele não tem o significado de “reter”, mas “usurpar”, temos mais uma vez as Testemunhas de Jeová agindo de uma forma oportunista e desonesta, isso porque não se preocupam em mostrar todo o pensamento do Ralph P. Martin, que sendo trinitarista deveria ter uma explicação plausível para confirmar que o texto de Filipenses não nega a Divindade Toda-poderosa de Jesus Cristo.
O mesmo erudito diz em seu comentário de Filipenses da Série Cultura Bíblica da Editora Mundo Cristão, página 109, sobre a expressão “subsistindo em forma de Deus”: “E. Schweizer discute a idéia de ‘Morphê’ como uma ‘condição’ ou ‘status’, ao referir-se à posição ‘original’ de Jesus à face de Deus. Ele foi o ‘primeiro homem’, mantendo um lugar único DENTRO DA VIDA DIVINA, E SENDO UM, COM DEUS. O sentido de ‘condição’ seria adequado ao significado exigido pelo versículo 7b. Aquele que estava no princípio junto a Deus – como a Sabedoria em Provérbios 8 e Siraque 24 – preferiu identificar-se com os homens e aceitar a condição humana ‘na forma de servo’. Em suma, esta última opinião TEM MUITO a seu favor, especialmente em vista dos estreitos laços entre o ‘justo’ e figura personalizada da Sabedoria, na literatura Sapiencial judaica”(grifos nossos). Assim, Ralph aceita que Fp 2:6a significa que Jesus era Deus.
O sentido de Fp 2:6a para Ralph P. Martin é tirado pela palavra “harpagmos”, citando C. F. D. Moule, ele diz que Cristo poderia ter usurpado ou arrebatado o uso da igualdade com Deus (de fato o texto sugere isso), mas não o fez, e em vez disso assumiu uma igualdade com o homem.
Portanto a interpretação de Ralph é que Cristo poderia ter usurpado o uso da igualdade com Deus, e se perguntássemos porquê, a resposta seria que Ele “subsistia na forma de Deus”, pois para Ralph isso significava que Cristo tinha a natureza de Deus, para ele, portanto, Jesus não quis usurpar o uso ou o gozo da igualdade com Deus, que seria o Senhorio (página 110).
Aceita essa interpretação fica a pergunta: O que afinal de contas Paulo queria dizer em Filipenses 2:5-11? A mais adequada resposta é que Cristo obteve o uso da igualdade com Deus não por usurpação, mas pela Sua encarnação e humildade, o contexto mostra, que sendo Ele exaltado recebeu o nome acima de todo o nome e será, por todos, ajoelhados, declarado Senhor (Fp 2:6-11). Tendo esta mesma conclusão, afirma Ralph P. Martin, comentando Fp 2:11 que “Jesus Cristo é Senhor” é a confissão que representa o ponto mais alto do drama da salvação, delineando nestes versículos poéticos. Agora, finalmente, a soberania sobre o mundo, que fora exibida diante do Senhor pré-encarnado, como um prêmio a ser arrebatado, é livremente concedida a Ele. Cristo recebe o novo nome, que não é outro senão o próprio nome de Deus e, com ele, o direito ao Senhorio”(página 115).
Ralph ainda diz que o Senhorio de Cristo não compete com o do Pai. Sua Soberania é Dom do Pai (v. 9). Aquilo que recusou a usurpar egoisticamente, num ato de enaltecimento próprio, destituído de sentido, aprouve ao Pa1Conceder-lhe livremente. Isso assim é, para não ser visto como uma ameaça ao monoteísmo (páginas 115 e 128,129).
Assim, para o erudito citado pelas Testemunhas de Jeová, o texto de Fp 2:6:11 significa que Jesus Cristo conseguiu o uso da igualdade com Deus, o Senhorio, não por usurpação, mas pela humildade.
No entanto, apesar dessa interpretação de Ralph P. Martin baseada na palavra “harpagmos” não negar a Trindade, não concordamos com ela, não se pode interpretar um texto girando apenas em torno de uma palavra.
Percebe-se o erro de Ralph P. Martin ao enfatizar demasiadamente o vocábulo “harpagmos” quando ele diz nesse mesmo comentário de Filipenses, página 110: “Portanto, ‘harpagmos’ é aquilo Cristo recusou-se a usurpar”. Ora, “harpgmos” é o verbo “usurpar” e não aquilo que Cristo recusou a usurpar. Desse modo, vemos que a ênfase dada por esse teólogo faz até ele se confundir na sua fraseologia. Existe assim uma certa distorção nessa interpretação.
A clássica interpretação de Fp 2:6 que diz que Cristo não considerou usurpação ser igual a Deus porque já o era, não nega o sentido da palavra grega “harpagmos”.
Literalmente a tradução de Fp 2:6 é “não considerou usurpação o ser igual a Deus” e não: “não quis ser igual a Deus por usurpação”, esse último modo de traduzir (sugerido na interpretação de Ralph) fere a forma grega origina1Com que o versículo foi escrito, a primeira porém, além de ter o sentido correto de “harpagmos” é a forma perfeita e a fiel tradução.
Sobre a correta tradução de Fp 2:6b diz o próprio Ralph P. Martin ao comentar que, na forma poética da passagem de Fp 2:6-11: “Deve-se considerar a ordem das palavras” acrescenta o argumento de J. Carmignac da obra ‘L importante de la place d’une négation: ouk hartagmon hêgêsato (philippiens 2:6), NTS 18 (1971-2), p.p. 131-66’: “a posição do negativo antes do substantivo e não do verbo, na sentença, em grego: ‘Ele...não julgou como usurpação o ser igual a Deus’ precisa ser levada em conta. O uso costumeiro de Paulo (204 vezes, contra 4 em outros exemplos, p.141) é colocar o negativo à frente do objeto complementar (sem o artigo definido), Paulo está enfatizando esta parte da sentença, de modo a subordiná-la ao principal verbo. O sentido é, então: “Ele julgou que não era usurpação ser igual a Deus”(pág. 142). Assim conclui Ralph: Isto nos conduz a conclusão de Carmignac(agora aceita por M.D. Hooker, art.cit.,pp.151s) de que “harpagmos” refere-se à divindade pré-encarnada de Cristo, a qual ele possuía, sem contudo, haver algo errado em que ele a possuísse. Esta interpretação é semelhante à ANTIGA opinião enunciada por E.H.Gifford (The Incarnation, Londres, 1897, pp. 30ss., ed de 1911). Filipenses – introdução e comentário, página 126 – grifos nossos.
A favor de sua interpretação, Ralph, surpreendentemente, apenas argumenta que Fp 2:6b foi escrito por outra pessoa e não pelo apóstolo Paulo. Uma posição nada ortodoxa.
A mesma interpretação nossa tem o famoso erudito Frederic F. Bruce, diz ele: “Existindo em forma de Deus, como acontecia, Cristo não considerou essa igualdade com Deus como um ‘harpagmos’ – eis a força literal das palavras. Este substantivo é derivado de um verbo que significa ‘agarrar subitamente’ ou ‘apoderar-se’. Não existe a questão de Cristo tentar arrebatar, ou apoderar-se da igualdade com Deus: Ele é igual a Deus, porque o fato de Ele ser igual a Deus por natureza não é usurpação; Cristo é igual a Deus por natureza. Tão pouco existe a questão de Cristo reter a igualdade pela força. A questão fundamental é, antes, que Cristo não usou sua igualdade com Deus como desculpa para auto-afirmação ou auto-promoção; ao contrário, Ele a usou para renunciar a todas as vantagens ou privilégios que a Divindade lhe proporcionava, como oportunidade para auto-empobrecimento e auto-sacrifício sem reservas”(Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Filipenses, Editora Vida, página 78).
Filipenses 2:6, portanto, significa que Jesus subsistindo em forma de Deus, o que o fazia Deus, não considerou usurpação ser igual a Deus. Todavia, Ele esvaziou-se da sua forma de Deus para tomar a forma de homem, e nessa condição, ainda se humilhou a Si mesmo até ao ponto de ser morto numa cruz, e, depois de tal rebaixamento, Deus-Pai o exaltou soberanamente apartir de Sua forma humana, de tal modo que Jesus como homem foi feito igual a Deus. Assim, além de não precisar usurpar a igualdade com Deus, porque já possuía a natureza divina, Jesus ganhou a igualdade com Deus na exaltação de Sua forma humana. A lição disso tudo é de que os humildes serão exaltados. Os filipenses deveriam tomar essa atitude de Jesus como exemplo, procurando descer do trono de grandeza para servirem uns aos outros em humildade (Jo 13:12-17).


Eu Sou
Particularmente não vejo em Jo 8:58 um indicativo para provar a Divindade de Cristo. Jesus possuía um estilo todo Seu de se expressar e o modo de se comunicar da sua época permitia se dizer “eu sou” em lugar de “sou eu”. Sem dúvida o contexto apoia a preexistência de Cristo, que para os trinitaristas é eterna, sendo perfeitamente possível a declaração de Jesus ser uma referência a Sua Divindade, muitos teólogos têm dado bons argumentos para isso.
Destacam o fato de o contexto do versículo estar falando de quem era Jesus, qual era sua identidade(Jo 8:12,19,24,25,28,53). Assim, a declaração de Jesus foi vista como um referência a Sua eternidade, do mesmo modo que “Antes de os montes serem levados á existência... de eternidade e eternidade tu és”(Sl 90:2).
Bowman aponta também o detalhe de que se havia certa diferença entre Jo 8:58 em relação ao texto em hebraico, não se podia dizer o mesmo com referência ao texto sagrado usado no primeiro século, a Septuaginta. Nela a expressão de Ex 3:14 era “Eu Sou Aquele que é” (egõ eimi ho õn), praticamente idêntica a de João. Por outro lado o livro de Isaías usa muito EGO EIMI de modo claro como um título a Deus (Is 41:4; 43:10; 46:4; 52:6; cf. 45:18).


Deus Era O Verbo
A força de João 1:1 como prova da Divindade de Jesus Cristo é tão grande que fez as Testemunhas de Jeová se tornarem politeístas por meio da mais famosa torção bíblica desta seita, traduzindo o versículo de modo a dizer que há mais de um Deus.
Encontrando-se logo no início do quarto Evangelho, a afirmação do versículo ganha ênfase e preponderância de modo convincente. O apóstolo escreveu seu Evangelho tendo a Divindade de Jesus como alvo primordial, outras passagens como Jo 1:18; 5:18; 10:30; 14:9; 20:28 confirmam isso. A idéia de que o contexto de Jo 1:1 favorece a colocação do artigo indefinido “um” pela clara distinção de Pessoas apontada dentro do próprio versículo não é aceitável, exatamente porque o Pai e o Filho são realmente distintos e o credo trinitariano assevera isso claramente. Jo 1:1 simplesmente diz, juntamente com Jo 5:18 e Jo 10:30, que Jesus é igual ao Pai eterno. O contexto imediato do versículo é mais ainda persuasivo para isso, quando diz que nada de tudo que foi feito veio a existir sem a participação direta de Jesus. Cristo, portanto, sendo o criador de tudo era o próprio Deus, era o argumento do apóstolo em favor de sua própria afirmação.
São citadas oitos traduções na tentativa de apoiar a Tradução Novo Mundo em Jo 1:1, mas apenas duas se constituem de um real apoio, a “The New Testament in na In proved Version, upon the Basis of Archbishop Newcome’s New Transtation” e a “The Emphatic Dioglott, versão interlinear, de Bejamim Wilsom”. O fato porém é que foram estas as traduções que serviram de base para a tradução Novo Mundo, a grande verdade é que apenas uma tradução está defendo a idéia das Testemunhas de Jeová. As versões que traduzem a última sentença de Jo 1:1Por “divina” ou “espécie” de formam alguma estão dizendo que Jesus não era Deus, na verdade estão asseverando que o Logos tinha a mesma natureza de Deus, confirmando a doutrina da Trindade que afirma que o Filho é distinto do Pai (o Verbo estava com Deus), mas idêntico na essência (era divino).
Tentando ainda justificar o acréscimo do artigo indefinido “um” em Jo 1:1 os autores da revista lançam mão de outras referências bíblias que também recebem o mesmo artigo em condições semelhantes. Mas se considerarmos atentamente essas referências veremos que não há nenhuma necessidade da inclusão deste artigo, todas elas podem ser traduzidas sem ele, não havendo nada de estranho em suas omissões (ver Mc 11:32; Jo 6:70; 8:44; 9:17; 10:1 e 12:6). Qual a diferença de “esse foi UM homicida” e “ele é UM mentiroso” para “esse foi homicida” e “ele é mentiroso”? Nenhuma, a não ser a de definir mais claramente a obra do diabo, e sem dúvida ele é mais homicida e mentiroso do que qualquer outro, como o verso destaca: “fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso quando profere a mentira, é o pai da mentira”; portanto, é bem melhor não ser colocado o artigo. Até mesmo em Atos 28:6 o artigo é desnecessário, pois a declaração do apóstolo Paulo ser Deus foi dirigida pelos pagãos. O texto de Jo 6:70 que chama Judas Iscariotes de diabo, também não precisa receber o artigo para ter sentido, afinal o diabo entrou em Judas (Jo 13:27) e Jesus noutra ocasião chamou a Pedro de satanás, quando este tentou dissuadi-lo de morrer na cruz (Mt 16:23).
Mas o texto de Jo 1:1 é bem mais diferente destes casos abordados, quando esses tradutores inserem o artigo indefinido, além de mudar radicalmente a interpretação, anulam o monoteísmo da Bíblia Sagrada.


“semelhante A Deus” É Igual a “um deus”?
Citando a Revista de Literatura Bíblica, que afirma que “as expressões com substantivos anartro (sem artigo) precedendo o verbo, tem primariamente sentido qualificativo” sendo, portanto, um indicativo que o Logos em Jo 1:1Pode ser assemelhado a Deus, mais ainda fica confirmado que Jesus é igual a Deus.
Sem se dar conta da própria declaração, os autores da “Deve-se Crer...” passam então a citar um suposto grupo de expressões sinônimas: “Assim, Jo 1:1 destaca a qualidade da Palavra, que era ‘divina’, ‘semelhante a deus’, ‘um deus’, mas não o Deus Todo-poderoso”. Ora, fica evidente a manobra de tentar encaixar a expressão “um deus” como sinônima de “divino” e “semelhante (ou igual) a Deus”, nisto perguntamos: A Pessoa do Pai não é divina?? Quem é semelhante a Deus também não possui todo poder??
Jesus é divino, ou seja, tem a natureza de Deus, é isso que os trinitários sempre disseram. Todavia deve ser dito: Apesar de o segundo Theos de Jo 1:1Ter a classificação sintática de predicativo, sendo portanto um termo qualificativo, pois está dizendo o que Jesus era, nem por isso poderemos usar “divino” no lugar de “Deus”. Se, por exemplo, fosse dito que João Batista era Elias, nem por isso iríamos dizer que João Batista era Eliasante.
A citação de John L. Mckenzie que João 1:1 deve rigorosamente ser traduzido: “a Palavra era um ser divino” não deve ser subentendida como se esse estudioso quisesse dizer que a Palavra (ou Verbo) era algo menos do que Jeová, Bowman observa que na mesma página em que Makenzie afirma isso, ele também denomina Yahweh (Jeová) de “um ser divino pessoal”, e acrescenta: “Mckenzie também declara que Jesus é chamado “Deus” em João 20:28 e em Tito 2:13, e que João 1:1-18 expressa “uma identidade entre Deus e Jesus Cristo”.
O detalhe que Makenzie quer destacar do texto de Jo 1:1 é estremamente válido se conhecermos bem toda a história que o levou a este destaque. O Apóstolo João na referência supracitada estava definindo quem era o Verbo, mas ocorre que com sua mudança estrutural na escrita ele acabou dizendo que “Deus era o Verbo” e não o contrário, ou seja que o Verbo era Deus. Ora, ele deveria dizer, já que ele estava falando do Verbo, quem Ele era, e não quem era Deus, portanto, o substantivo “Deus” no texto não é o sujeito, mas com a troca de posição das palavras acabou ganhando o lugar do sujeito. Por isso costumamos simplesmente traduzir “o Verbo era Deus” e não ao pê da letra “Deus era o Verbo”, é portanto isto que o erudito está explicando ou querendo que seja notado ao dizer que a tradução poderia ser “o Verbo era divino”. Mas o fato é que o escritor sagrado fez a mudança intencionalmente para criar uma ênfase e em nada nega a verdade da divindade de Cristo, pelo contrário, mas ainda asseverou esta verdade.



João 1:1 E Os Eruditos
Vejamos agora o que dizem os mais competentes eruditos do grego do Novo Testamento sobre a tradução das Testemunhas de Jeová de Jo 1:1 retirada da revista Defesa da Fé, N.º 10:

Dr. J.R. Mantey (que é citado nas páginas 1158, 1159 da Tradução Interlinear do Reino Da Sociedade Torre De Vigia): “Uma má tradução chocante, absoleta e incorreta. Não é nem erudito nem razoável traduzir João 1:1, ‘a palavra era (um) deus’ ”.

Dr. Bruce M. Metzger, da Universidade de Princeton (professor de Língua e Literatura do Novo Testamento):“Uma tradução horripilante...”, “errônea...”, “perniciosa...”, “repreensível” ...Se as Testemunhas de Jeová levam essa tradução a sério, elas são politeístas”.

Dr. Samuel J. Mikalaski, de Zurique, Suíca: “Esta construção anartra (usada sem o artigo) não significa o que o artigo indefinido “a” significa em Inglês[e o artigo indefinido “um” em português]. Traduzir a frase ‘a palavra era[um]deus’ é monstruoso”.

Dr. Paul L. Kauffman, de Portland, Oregon: “Os tradutores das Testemunhas de Jeová evidenciam uma ignorância abismal dos princípios básicos da gramática do grego na sua tradução errônea de João 1:1”.

Dr. Charles L. Feinberg, da La Miranda, California: “Posso lhe assegurar que a versão que as Testemunhas de Jeová dão para Jo 1:1 não é sustentada por nenhum erudito em grego de boa reputação”.

Dr. James L. Boyer, de Winona Lake, Indiana: “Nunca ouvi falar, nem li, sobre algum erudito em grego que concordasse com a interpretação deste versículo[João 1:1]conforme insistida pelas Testemunhas de Jeová...Nunca encontrei um deles(membros da Sociedade Torre de Vigia)que tivesse qualquer conhecimento da língua grega”.

Dr. William Barclay, da Universidade de Glasgow, Escócia: “A distorção deliberada da verdade por esta seita é vista nas suas traduções do Novo Testamento. João 1:1 é traduzido: ‘a palavra era (um) deus’. Uma tradução que é praticamente impossível. É absolutamente clara que uma seita que pode traduzir o Novo Testamento assim é intelectualmente desonesta”.

Dr. F. F. Bruce, da Universidade de Mancheter, Inglaterra: “Os gramáticos amadores arianos fazem muito alarde da omissão do artigo definido com ‘Deus’ na oração ‘e a Palavra era (um) Deus’. Esse tipo de omissão é comum com nomes numa construção predicativa... ‘[um] deus’ seria totalmente indefensável”.
(o falecido Dr. Barclay e o Dr. Bruce são geralmente considerados os principais eruditos em grego da Inglaterra. Ambos publicam traduções do Novo Testamento).

Dr. Ernest C. Colwell, da Universidade de Chicago: “Um nominativo definido no predicado tem o artigo quando segue o verbo; não tem o artigo quando precede o verbo...essa declaração não pode ser considerada estranha no prólogo do Evangelho que alcança seu clímax na confissão de Tomé: ‘Senhor meu e Deus meu’ – João 20:28”. Portanto, o perito em grego citado na página 28 da revista “Deve-se Crer...” considerou Jo 1:1 diante da regra.

Dr. Philip B. Harner, da Faculdade de Hidelberg (citado, sem mensão nominal na página 27 da “Deve-se Crer...”como se dissesse na Revista de Literatura Bíblica que o Logos pode ser assemelhado a um deus): “O verbo precedendo um predicativo anartro provavelmente implica que o Logos era ‘(um)deus’ ou um ser divino de algum modo, pertencente à categoria geral de THEOS, mas ainda um ser distinto de HO THEOS. Na forma que João realmente usa, a palavra THEOS é colocada no princípio para ênfase (excluindo a tradução ‘[um] deus’)”. Em outras palavras, João poderia ter dito que “o Verbo era um deus” por meio de alterar a ordem das palavras, mas não o fez e preferiu, pelo contrário, dizer enfaticamente que o Verbo era Deus tanto quanto a Pessoa chamada “Deus” com quem Ele existia no princípio. Nesta citação as Testemunhas de Jeová se valem apenas da primeira parte do comentário de Harner para tentar dizer que ele afirmava que o Verbo em Jo 1:1 era um deus, na verdade ele estava dizendo convincentemente o contrário.

Dr. B. F. Westcolt (cujo texto do Novo Testamento Grego – não na parte em Inglês – é usado na tradução interlinear do reino): “O predicado (Deus) encontra-se na posição inicial enfaticamente como em Jo 4:24. É necessariamente sem artigo...Nenhuma idéia de inferioridade de natureza é sugerida por essa forma de expressão, que simplesmente afirma a verdadeira natureza da Palavra...Na terceira cláusula declara-se que ‘e o Verbo era Deus’ e assim incluída na unidade da Deidade”.

Dr. J. Johnson, da Universidade do Estado de California, em Long Beach: “Não há justificativa para traduzir THEOS EN HO LOGOS como ‘a palavra era[um]deus’. Não há paralelo sintático com At 28:6, onde há uma declaração em discurso indireto...e eu não sou nem cristão, nem trinitariano”.

Dr. J. J. Griebasch (cujo texto do Novo Testamento Grego – mas não a parte em Inglês – é usado na publicação da Sociedade Torre de Vigia, The Emphatic Diaglott): “Tão numerosos e claros são os argumentos e testemunhos das Escrituras em favor da verdadeira Deidade de Cristo, que dificilmente posso imaginar como, sob a admissão da autoridade Divina da Escritura, e com referência às regras imparciais de interpretação, essa doutrina pode ser colocada em dúvida por algum homem. Especialmente a passagem de João 1:1-3 é tão clara e tão superior a toda objeção, que por nenhum esforço usado quer de comentaristas ou de críticas pode ser arrancada das mãos dos defensores da verdade”.

Se é erudição que as Testemunhas de Jeová querem para fortalecer argumentos, essas dadas com respeito a João 1:1 são as melhores e maiores que existem em nosso planeta.
É interessante o que diz Bowman sobre João 1:1 “Deve ser notado que não há diferença substancial entre ‘um Deus’ e ‘Deus’, pois só algumas línguas modernas conseguem mesmo fazer essa distinção. Até mesmo Jeová pode ser chamado de ‘um Deus’, por exemplo, em Lucas 20:38 temos na Tradução Novo Mundo (em Inglês): ‘Ele é um Deus, não de mortos, mas de viventes’. Sendo assim, mesmo se alguém quisesse traduzir Jo 1:1 como ‘um Deus’, isso não refutaria a idéia de Ele ser o Deus verdadeiro.(Esperamos que as Testemunhas de Jeová não digam que Jesus é um Deus falso, pois a Bíblia afirma que só há um Deus verdadeiro – Jo 17:3)”
“O problema”, conclui Bowman, “não é principalmente com a inserção de ‘um’ antes da palavra deus; é mais com a própria palavra deus com ‘d’ minúsculo que em português (não nas línguas antigas) sugerem ao leitor um deus inferior”.


Se Violássemos A Regra
Referente a regra grega que impede a tradução das Testemunhas de Jeová, diz Russell Champlin:
Se fosse acrescentado o artigo indefinido em cada vez que este não aparecesse antes de um substantivo, a tradução transformar-se-ia num caos. Por exemplo, o v. 14 desse capítulo 1 do Evangelho de João diria: “e o Verbo se tornou UMA carne...”. O versículo 18 desse mesmo capítulo seria: “Ninguém jamais viu UM Deus”, note que nesse caso é uma referência bem definida a Deus-Pai, o que nos forçaria a chamar o Pai de ‘UM Deus’. Por sua vez, o versículo 6, outra clara referência a Deus-Pai diria: “um homem enviado de UM Deus”. Daí vemos a situação que a coisa ia ficar, e observe que tais considerações não saíram do capítulo 1 do Evangelho de João. Não é pois à toa que a regra existe.
Outros exemplos que podemos citar além destes de Champlin são: “...ele (Jesus)é UM bom”(Jo 7:12); “Deus é UMA luz” (I Jo 1:5); “Ele (Jesus) é UMA propiciação pelos nossos pecados”(I Jo 2:2), neste caso o artigo definido é impossível de não ser considerado, e no entanto, está omitido no original; “Filhinhos UMA última hora já é...” (I Jo 2:18); “E a si mesmo se purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é UM puro” (I Jo 3:3); “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece, UM Deus não tem” (II Jo 9); “ ...e sabeis que o nosso testemunho é UM verdadeiro” (III Jo 13).
Em todos estes casos o substantivo precede o verbo. Seria, pois, insensato desconsiderarmos a regra, e é ignorância chamar essa regra básica de grego de artificial, como fazem os autores da “Deve-se Crer...”(pág. 28).


Desenvolvendo A Regra De Ernest C. Cowell
A maneira como as Testemunhas de Jeová expõem a regra de Cowell de modo algum demonstra o importância da regra, dizer que o artigo não é omitido quando precede o verbo e não o é quando o segue, mais parece uma questão de modo de se escrever (estilística) do que uma regra. O fato é que o artigo pode ser omitido ou não quando precede o verbo, mas deve ser entendido como definido, e assim é feito para não ter de escrevê-lo novamente ou para se fazer uma boa ênfase. Portanto, as Testemunhas de Jeová não explicam quando o artigo omitido é indefinido quando citam a regra de Cowell e parecem escrever algo que não estão realmente entendendo (ver Brochura ‘Deve-se crer na Trindade’, página28).
É preciso perguntar qual a razão de Cowell dizer que o artigo omitido (anartro) será definido quando o substantivo predicativo preceder o verbo, e a resposta é simples: Se o substantivo predicativo estiver sem o artigo definido e não preceder o verbo (perceba o grifo), será claro que o artigo será indefinido (Jo 2:15; 3:1; 4:7; 5:1; 6:9; 9:14; 12:29; 13:4; 19:19,41; Mt 1:21; 5:28; 8:2,5,24,30; 9:2,9,20,32; 11:8,9; Etc). Portanto, o objetivo da regra era dizer quando ocorre num predicado nominal o artigo indefinido, que em grego não existia. Quando precede o verbo o artigo é facultativo, ou seja, pode vir ou não expresso, mas sempre será definido, mas quando o segue só será indefinido qundo o artigo for omitido.
Há casos, no entanto, em que mesmo a regra valendo para a colocação do artigo indefinido, nada atrapalha se não o inserirmos, como acontece com Jo 9:17, onde tanto faz ser traduzido “que é um profeta” como “que é profeta”, todavia a validade da regra ainda é sentida, pois em hipótese alguma se poderia pensar que o homem curado de Jo 9:17 tenha dito que Jesus era “O profeta” do qual havia profetizado Moisés. Nestas condições sim, a colocação do artigo dependerá do contexto.
O que deve ser ressaltado é que a omissão do artigo no segundo Theos em Jo 1:1 não é do artigo indefinido, mas do definido, de modo que, se o artigo fosse inserido, o texto diria “E o Logos era o Deus”. Existem várias outras passagens bíblicas onde a mesma construção grega de Jo 1:1 com dois Theos acontece e sempre o Theos sem artigo refere-se ao mesmo Deus (Mc 12:27; Lc 20:28; Jo 8:54; Hb 11:16). Portanto, a omissão do artigo era mais uma prova de igualdade do que diferença, é na igualdade e na repetição que omitimos e não o contrário.
Apesar de não existir o artigo indefinido (um, uma, uns e umas) em grego, existia o numeral, o qual fazia a equivalência do indefinido, como ocorre em Mt 8:19; Mc 12:42; Ap 8:19 e João poderia ser usado para dizer que Jesus era um deus como querem as Testemunhas de Jeová.
Se João tivesse escrito da maneira normal, não deixando o artigo omitido, ele teria realmente dito que Jesus era Deus, mas não seria enfático. Portanto, o apóstolo procurou dizer que Jesus era Deus da maneira mais forte possível. Assim, ele teve o trabalho de omitir o artigo e pôr o substantivo predicativo precedendo o verbo, exatamente para demonstrar a sua perfeita consciência de que estava chamando Jesus Cristo de Deus.
O Dr. William Carey Taylor, por mim considerado a maior autoridade que existiu em grego koinê no Brasil, explica a ênfase pela posição da palavra em sua Gramática, pág. 394: “Numa língua como a grega não é preciso expor o pensamento e a relação das palavras pela sua posição e arranjo na sentença, senão em relação ao artigo e à integridade das cláusulas. Por conseguite, uma palavra pode cair em qualquer posição na sua cláusula ou sentença simples. Isto pode indicar grande ênfase por inverter a posição de um vocábulo, colocando-o no princípio ou no fim de uma sentença, os lugares de maior ênfase” (grifo nosso).
Ocorre isso na terceira sentença de João 1:1: O substantivo predicativo (Deus) é colocado no início da frase criando uma ênfase em que Jesus é chamado de Deus sem lhe dar uma singularidade, que poderia indicar uma possível divindade paralela e independente da do Pai, ou seja, a posição do substantivo não permite se entender que Jesus era Deus fora do Pai, Ele era o mesmo Deus da frase anterior. O apóstolo assim pós as bases da doutrina da Trindade de um modo muito inteligente para não dizer inspirado.


O Monoteísmo De João 1:1
É muito elucidativo para explicar a ausência do artigo definido no segundo Theos de João 1:1, a construção gramatical de João 1:21, neste versículo os judeus fazem duas perguntas a João Batista, a primeira é se ele era Elias e a Segunda se ele era o Profeta. A construção das duas perguntas é idêntica a de Jo 1:1, com o substantivo predicativo precedendo o verbo, sendo que somente na primeira o artigo definido é omitido, exatamente porque não ficaria bem dizer “És tu o Elias?”, afinal só existe um Elias, da mesmo forma se João tivesse inserido o artigo definido na última frase de Jo 1:1, dizendo “E o Verbo era o Deus”, estaria indicando a existência de outros deuses, além de dizer que Jesus era um Deus diferente do Pai.


Jesus o Deus incriado
Isaías 43:10 prova definitivamente que Jesus não é um deus criado: “...e entendais que Eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá”.


O Eterno Deus Poderoso
Na página 28 as Testemunhas de Jeová acabam concordando que em Isaías 9:6 Jesus é chamado, e de fato é, Deus Poderoso. Dessa forma são obrigadas a também concordar que Ele também é eterno, pois no mesmo versículo Jesus é chamado de “Pai da Eternidade” uma forma enfática para designar alguém de eterno. Sendo assim, fica a conclusão que as Testemunhas de Jeová crêem que Jesus não tem origem, mas é um deus inferior ao Pai. Haja confusão!
Nada torna Jesus um Deus inferior por ser chamado de Poderoso, vários textos mostram Deus sendo chamado de Poderoso (Is 10:21). De certo modo o título Poderoso é até mais abrangente, se perguntássemos: Por que o Pai e o Filho são Poderosos?? A resposta seria: Porque possuem todo o poder!
O termo “Todo-poderoso” não existe por causa de supostos deuses poderosos, mas pelo fato de nada ser difícil ou impossível para Deus, ou seja, Ele pode tudo! (Mt 19:20; Lc 1:37).


O Conflito Inevitável
Somente a preocupação em dizer que não há conflito em se crer que existe um único Deus e também que há vários, já deixa transparecer a existência de um choque de idéias irreconciliáveis que não se pode ocultar, é um sinal de alerta da consciência quase morta para revelar que algo não está certo.
Dizer que algumas das criaturas de Deus são deuses é concordar com os pagãos e diluir ou anular o monoteísmo bíblico (para usar os termos do teólogo Hans Kung quando critica o unidade da Trindade, pág. 30).
A intensidade do conflito é maior quando percebemos que ele só existe pelo fato de uma regra gramatical grega ser violada numa passagem bíblica. À parte de Jo 1:1 em nenhum outro lugar da Palavra de Deus é dito que Jesus seja um deus.
Com relação ao Salmo 8:5 que chama os anjos de Elo-hím (deuses), isso de forma alguma significa dizer que a Bíblia considera os anjos deuses. O que temos aqui é uma comparação. Em 1Co 8:5 é dito que há muitos deuses e muitos senhores, mas como o contexto diz, e Gálatas 4:8,9 esclarece, só existe um por natureza – O Deus único e verdadeiro (Jo 17:3; I Jo 5:20).
Explicando o Salmo 8:5 Robert M. Bowman, entre outras considerações, entende que se Elo-hím nesse versículo significa “anjos” necessitamos compreender se tratar dos anjos que se fazem de Deus para não nos tornarmos politeístas.
O que faz as T.J. entenderem que Elo-hím se refere aos anjos, é a relação entre o Salmo 8:5 e Hebreus 2:6,7. Enquanto o Salmo 8:4,5 diz que o homem foi feito um pouco menor que Elohím (deuses), o texto de Hebreus 2:6,7 mostra que são anjos, nisto a conclusão tirada das T.J. é que os anjos são deuses.
Todavia não devemos esquecer que “Elohím” sempre é aplicado a Deus e não aos anjos. O Sl 8:4,5 está realmente se referindo a Deus. A explicação do texto de Hb 2:6,7 usar “anjos” no lugar de “Deus” é facilmente entendida quando fazermos a interpretação dos dois textos. O Salmo 8 apresenta o homem numa perspectiva de honra e exaltação, enquanto o texto de Hebreus o mostra em seu aspecto de inferioridade, procurando descer mais ainda na escala de valores, de fato, dizer que o homem é inferior aos anjos em nada nega que o seja também em relação a Deus, na verdade destaca mais. O que reforça a veracidade dessa explicação é o fato de Hb 2:6 dizer: “antes, alguém, em certo lugar deu PLENO testemunho:”. Assim vemos que o autor de Hebreus buscou a plenitude da verdade sobre a condição do homem, estava indo a fundo dentro da informação do Salmo.
Concernente ao texto de Jo 10:34,35, onde Jesus cita o Salmo 82:6 onde homens são chamados de deuses, o próprio Jesus esclarece que estes não eram realmente deuses, Ele disse no verso 39: “pois se a lei chamou àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida”; portanto eles só estavam sendo CHAMADOS de deuses. Comprovando essa explicação diz 1Co 8:5,6 : “porque ainda que haja também alguns que se CHAMEM deuses ,quer no céu, quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele”.
Jeremias afirma que não foi os deuses que fizeram o céu e terra (10:11), assim, Jesus, que criou tudo, não é um deus.


A Confissão de Fé e não do intelecto
A afirmação do Boletim da Biblioteca John Rylands, da Inglaterra, se engana quando diz que no Novo Testamento não se faz referência a confissão da Divindade de Jesus Cristo. O próprio Senhor Jesus mostra que era vital essa confissão, mas deixou claro que ela também dependia de revelação. Quando indagou incisivamente aos discípulos sobre quem era ele, e Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, Jesus disse para esse apóstolo: “Bem-aventurado és tu, Simão Barfonas, porque não to revelou a carne e sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16:16,17).
A Bíblia também diz que quem nega o Filho, negará o Pai, e que a confissão do Filho seria a do Pai: “Todo aquele que nega o Filho, tampouco tem o Pai. Quem confessa o Filho tem também o Pai” (I Jo 2:23 – T.N.M.). Observe que a figura central é Jesus, e que sua confissão é a do próprio Pai, assim confessar Jesus é como confessar o Pai.
Quando a Bíblia profetizava que aquele que confessasse a Jeová seria salvo Joel 2:32, na verdade estava dizendo que para se ser salvo seria necessário reconhecer a Jesus como o próprio Jeová, afinal os judeus confessavam a Jeová e nem por isso eram salvos, um texto que confirma isso é Rm 10:9-13, registrado na tradução Novo Mundo assim:
“pois, se declarares, que Jesus é o Senhor, e no teu coração exerceres fé, que Deus o levantou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se exerce fé para a justiça, mas com a boca se faz declaração pública para a salvação. POIS a Escritura diz ‘Ninguém que buscar nele a sua fé ficará abalado’ POIS não há distinção entre judeu e grego, porque há o mesmo Senhor sobre todos, que é rico para com todos os que o invocar, POIS ‘Todo aquele que invocar o nome de Jeová será salvo’”
Observe que este trecho da carta aos Romanos é por demais evidente em salientar que confessar Jesus como Jeová é o recurso para a salvação. Sem dúvida que os tradutores da T.N.M. procuraram ao máximo tentar esconder isso, traduzindo o vocábulo grego “KYRIOS” do verso 9 para “Senhor” em vez de “Jeová”, mas foram obrigados a terem que colocar “Jeová” no verso 13, pois era uma citação direta de Joel. Mas meditemos: Paulo estava citando passagens do Antigo Testamento para confirmar a necessidade de se confessar a Jesus como Jeová (atente para os “pois”). E além disso, no original, tanto a palavra traduzida por “Senhor” no verso 9 e por “Jeová” no verso 13 é KYRIOS, tornando-se inescapável a conclusão que Jesus é mesmo Jeová.
Assim no texto de Romanos 10:8-13 está registrado que a salvação depende de uma confissão de fé que Jesus é o Senhor, ou seja Jeová, e esta, diz o texto de 1Co 12:3, só ocorre pelo Espírito Santo.
O apóstolo João afirma que escreveu seu Evangelho para que os homens cressem que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus, para que assim pudessem ter vida (Jo 20:31). Ora, já esclarecemos que o título “Filho de Deus” revela a Divindade de Jesus. Quem, pois, não crer que Deus deu o seu Filho Unigênito para que não perecêssemos, não poderá ter a vida eterna, está condenado (Jo 3:16-18).
Vale apontarmos que a confissão de Tomé de Jo 20:28 foi vista por Jesus como aquilo que se deveria crer sobre sua Pessoa, Ele disse: “Porque me viste, Tomé, creste (que Ele era o Senhor e Deus), bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20:29).
Portanto, a confissão da Divindade de Cristo é clara na Bíblia, e crucial, como disse Jesus: “Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. Por isso disse que morrereis em vossos pecados, porque se não credes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8:23,24) e como declarou João Batista: “Aquele que vem de cima é sobre todos” (Jo 3:31).


O “lhe” De Jo 20:28
Nas explicações que dão de Jo 20:28: “Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu e Deus meu!”, os autores da revista julgam que a frase de Tomé em questão era uma exclamação de assombro, que ele não estava se referindo a Jesus.
Sobre isso o reverendo Glauco observa muito bem o pronome pessoal do caso oblíquo (lhe) do dizer de Tomé. Se desconvertêssemos o pronome teríamos: “Disse Tomé PARA ELE (Jesus): Senhor meu e Deus meu!”.
Além disso é pouco improvável a explicação de que Tomé disse aquilo por ter tido um assombro, isso era algo muito incomum para a época, como diz Bowman, é um anacronismo, ou seja atribuir a Bíblia algo que é comum para a nossa cultura, mas virtualmente desconhecido para a cultura de Tomé.
O professor Ornílio ainda acrescenta: “Tomé não poderia se assombrar no modo como as T.J. querem, ele já estava a par da provável ressurreição de Jesus, o que estava ocorrendo com ele era falta de fé, o que destacou muito bem o Senhor Jesus”.
A questão no entanto, é que se o artigo indefinido “um” não puder ser inserido em Jo 20:28, a tradução de Jo 1:1 das Testemunhas de Jeová ficará insustentável.
A alegação que o contexto de Jo 20:28 não apoia a Divindade de Jesus sugerida por este versículo, facilmente pode ser invertida. Em Jo 20:17 quando Jesus disse: “Eu ascendo para junto de meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”. Perfeitamente percebemos que a filiação de Jesus ao Pai era distinta e diferente da dos discípulos, Ele era Filho por natureza e não por adoção como os discípulos. Da mesma forma, até no seu aspecto humano, a relação de Jesus como servo de Deus era diferente da dos discípulos.
Os três versículos depois de Jo 20:28 onde temos o objetivo da escrita do Evangelho “de levar a crença que Jesus era o Filho de Deus” mais ainda confirma que esta qualificação comprova a plena Divindade de Jesus.


Jo 1:1 E Hb 1:3
Em Hebreus 1:3 a Bíblia diz que Jesus é a expressa imagem do Ser de Deus, o que nos faz meditar: Se Cristo fosse apenas um homem não poderíamos dizer que Ele e o Pai fossem iguais, mesmo que tivessem uma imagem expressamente idêntica, mas se Jesus for um deus, como querem as Testemunhas de Jeová, então teremos de vê-lo (à luz de Hb 1:3) como um Deus idêntico ao Pai; assim, seríamos obrigados a asseverar a existência de dois Deuses iguais se aceitássemos a tradução de Jo 1:1 da bíblia das Testemunhas de Jeová.



Textos Que Só Se Harmonizam Com A Trindade
As T.J. admitem a existência de outros textos bíblicos que apoiam a doutrina da Trindade, no entanto observam: “estes são similares aos considerados acima, no sentido de que, quando examinados cuidadosamente, não oferecem apoio real algum. Tais textos apenas ilustram que, ao se considerar algum pretenso apoio á Trindade, deve-se perguntar: Harmoniza-se a interpretação com o coerente ensino da Bíblia inteira de que apenas Jeová Deus é Supremo? Se não, a interpretação deve estar errada”(pág.29). Mas quem foi que disse que os trinitários negam que apenas Jeová (ou Javé) é o Deus Supremo? O que afirmamos a respeito dEle é que se trata de um Deus pluralizado conforme vemos na Bíblia. Na verdade, o que as T.J. pretendem questionar é se os demais textos que provam a Trindade se harmonizam com a idéia delas de um Deus constituído de uma única pessoa, e a resposta é NÃO, exatamente porque esse conceito de Deus não é bíblico.
Se por um lado não encontramos um texto na Bíblia onde a Trindade é formalmente enunciada, nem por isso a Bíblia deixa de comprovar a veracidade da doutrina, o Pai e o Filho possuem a mesma substância (Jo 10:30 e Hb 1:3), assim como o Espírito Santo, porque é idêntico a Jesus(Jo 14:6). Cristo disse que todo o poder estava em suas mãos ao comissionar os discípulos a pregar o Evangelho (Mt 28:18,19), mas eles só iniciaram esta obra quando o Espírito Santo desceu sobre eles em pentecostes, concedendo-lhes poder (Atos 1:8). Tanto o Filho como o Espírito são eternos – Mq 5:2; Is 9:6 e Hb 9:14. [Dizer que as Pessoas da Trindade precisam da “mesma eternidade” é incoerente com a idéia de eterno, que na verdade é um atributo divino – 1Tm 6:15,16 , ser eterno, já é ser Deus].
Os próximos textos que apresentaremos só se explicam pela doutrina da Trindade.
A Bíblia chama o novo nascimento de nascer de Deus (Jo 1:12,13; 1Jo 3:9; 5:4), nascer do Espírito (Jo 3:6,7) e nascer de Cristo (1Jo 2:28,29). Também diz que somos gerados por Deus (1Pe 1:3), em Cristo (1Co 4:5) e pelo Espírito Santo (Tt 3:5).
Quando os discípulos de Jesus foram acusados pelos Fariseus de violarem o Sábado por colherem espigas para comer, Ele asseverou ser o “Senhor do Sábado” ou o “Dono do Sábado”; ora, somente Deus pode ter tal título. Ele também disse que era “maior que o templo” (Mt 12:6), somente é maior que o templo ou mais santo e sagrado do que ele o próprio Deus (Mt 23:16-21).
II Tessalonicenses 3:5 é um texto interessante, ele diz: “O Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus e na paciência de Cristo”. Se não entendermos que “Senhor” é outra Pessoa distinta de Cristo o texto fica confuso. Na verdade se refere ao Espírito, pois é Ele quem nos encaminha em nossos corações ao amor e a paciência (Rm 8:14; 5:5; Gl 5:22).
Jesus diz em Jo 10:38 e Jo 14:10,11 que o Pai estava nEle e Ele estava no Pai, com isso fazemos uma pergunta as Testemunhas de Jeová: Como Ele estava no Pai se estava na terra? Ora, o modo de Jesus falar deixa claro que Ele está tratando da natureza divina, tanto pelo contexto como pelo modo de se expressar, essa, portanto, é uma declaração de Unidade da Divindade. E note que Jesus apela à fé e não ao entendimento dos discípulos (Jo 14:11). A Divindade de Cristo é uma questão de fé (Jo 20:28,29).
O trocadilho ocorrido entre Jesus e Deus em Mc 5:19,20 e repetido em Lc 8:39: “Torna para tua casa, e conta quão grandes coisas te fez Deus. E ele foi apregoando por toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito” confirma a igualdade de Jesus com o Pai.
A glória divina é vista no Pai (Ef 1:17), no Filho (1Co 2:8 – chamado de Senhor da glória, ou seja, Jesus é dono da glória.) e no Espírito Santo (1Pe 4:44). Como Deus não divide com ninguém a sua glória (Is 42:8) somente a Trindade é conveniente para explicar. Tiago 2:1 repete que Jesus é o Senhor da Glória.
Se comparamos 1Jo 5:20 com 1Co 2:10-12 facilmente percebemos que o “nos deu entendimento para conhecermos o verdadeiro, no qual estamos” é uma referência ao Espírito Santo.
Isaías 44:24 declara: “Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que SOZINHO estendi os céus e SOZINHO espraiei a terra”. Como a Bíblia também diz que Cristo criou os céus e a terra, a única conclusão e que o Pai e o Filho são um.
A fé em Jesus e em Deus é uma (Ef 4:5), porque os dois são um: “E Jesus chamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me enviou. E que me vê a mim, vê aquele que me enviou” – Jo 12:44,45.
A interpolação preconceituosa “outras” usada para alterar o texto de Cl 1:15-17 não é cabível em Ef 3:9: “E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos (expressão que denota eternidade) esteve oculto em Deus, que TUDO CRIOU por meio de Jesus Cristo”. Vale lembrar que Ireneu em sua obra Contra Heresias, Livro I, 22:1, citada mais acima, confirma que realmente Cristo criou todas as coisas nada excetuando-se.
Lemos em Gálatas 3:20 que “Deus é um” e esta frase não teria sentido a não ser que houvesse uma pluralidade em Deus que pudesse de algum modo por em dúvida a Sua unidade. É interessante também que dentro do contexto, a frase significa que o pacto do Novo Testamento não foi efetuado por mão de um medianeiro, indicando assim que Cristo era o próprio Deus.
1Tesslonicenses 1:5 é outro texto que distingue o Espírito Santo do poder de Deus.
Jo 14:6 onde Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida e ninguém VEM ao Pai senão por mim” é outro indicativo da igualdade de Jesus com o Pai, se não Ele teria dito “vai” em lugar de “vem”.
1Co 12:25 mostra que quando o Espírito Santo opera por meio dos seus dons é reconhecido por todos que Deus VERDADEIRAMENTE está presente.
O texto de 2Tm 2:19 afirma que o Senhor Jesus conhece os que são seus, mas a única maneira de alguém conhecer a todos os homens é possuindo a onisciência.
Apocalipse 2:23 também diz que Jesus conhece os corações dos homens, e isto só Deus pode fazer (Je 17:10; At 15:8). E vale destacar que Jesus diz que conhece os corações dos homens de um modo exclusivo “...e todas as Igrejas conhecerão que eu sou AQUELE que sonda as mentes e os corações”.
A igualdade entre Jesus e o Pai é tão grande que o apóstolo João afirmou: “Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai”(I Jo 2:22,23).
O primeiro capítulo de Hebreus é considerado um dos textos mais fortes no objetivo de confirmar a Divindade de Jesus, e consequentemente a Trindade. Neste texto Jesus é definido como o criador e herdeiro de tudo (v.2), confirmando as declarações de Cl 1:15,16, sendo que desta vez, sem chance de se inserir o expressão espúria “outras”; também é chamado de o resplendor da glória de Deus, a expressa imagem da sua Substância, o Sustentador de tudo pela palavra do Seu poder (compare com Cl 1:17) e como Aquele que realizou a purificação dos nossos pecados, assentando-se a destra da Majestade nas alturas (v.3); e somado a tudo isso ainda é asseverado que em Sua glorificação, após Ter purificado nossos pecados, foi feito mais excelente do que os anjos, tendo herdado um nome muito mais sublime que o deles (v.4 compare com Fp 2:6-11).
Quando porém chegamos no versículo 6 é onde constatamos que o “dobrar os joelhos a Jesus” em Fp 2:10 realmente se trata de adoração, visto que neste versículo é dito que todos os anjos devem adorar a Jesus.
Assim, não é à toa que o Pai declare a Jesus como Deus no verso 8 e que o Salmo claramente dirigido a Jeová seja aplicado a Cristo.
A tentativa de esconder a declaração do Pai que Jesus é Deus no verso 8 na Tradução Novo Mundo é inválida, como explica Bowman: se a expressão “Deus é o teu trono” desta tradução significar que “Deus é a origem da autoridade de Jesus”, o contexto do versículo fica sem sentido, o escritor de Hebreus está demostrando que Jesus é muito maior e excelente do que qualquer dos anjo, mas como aconteceria isso, posto que essa expressão poderia ser dita também aos anjos??
2João 3 é um versículo também revelador da Divindade de Cristo. O modo como João o escreve nos faz meditar na Pessoa de Jesus Cristo como o “Filho do Pai”, querendo interpretar e nos mostrar a filiação toda especial do Senhor Jesus. Ele é o Filho do Pai dos filhos de Deus. Sua distinção em relação aos cristãos na filiação divina é vivamente salientada neste versículo. Ele é Filho porque é igual a Deus, da mesma natureza, nós (os cristãos) somos filhos de Deus por participarmos dessa mesma natureza (2Pe 1:4). O modo de falar é repetitivo porque o que João quer revelar é isso, se não devemos admitir que João é um péssimo escritor, mesmo de pequenas cartas. São esses tipos de interpretações que dão os estudiosos heterodoxos da Bíblia tão citados pela “Deve-se Crer...”. Mas isso é inadmissível para quem crer num Deus perfeito e que os apóstolos eram pessoas responsáveis e zelosas.
Um detalhe que também alude a Trindade é o da Primeira Pessoa sempre ser chamada de Deus-Pai, o que forçosamente obriga a deduzirmos que há o Deus-Filho.
Em Jo 13:34 encontramos Jesus como um Legislador, ao dizer que estava dando um novo mandamento. Tg 4:12 é claro em dizer que só há um Legislador.
A reposta do porquê de Jesus não ser chamado de Emanuel (Deus conosco – Mt 1:23) era porque tal nome não era para ser usado como distintivo pessoal, era um nome que revelava sua natureza, já o nome JESUS apontava a sua missão (a de salvação – Mt 1:21) e foi o nome que Ele passou a ser conhecido
Atos 1:7 muito usado pelas Testemunhas de Jeová para dizer que o Pai era superior a Jesus e que tinha conhecimentos ignorados por Cristo, também é bastante útil para a defesa da doutrina da Trindade. Quando o lemos notamos que Jesus não afirma que não sabia o tempo da restauração de Israel, coisa aliás, totalmente não defendida pelas Testemunhas de Jeová, pensam que Deus rejeitou seu povo do Antigo Testamento (vale uma meditação em Romanos capítulo 11).
Deve-se ainda observar que o fato do Pai determinar os tempos pessoalmente não faz dEle mais Deus que Jesus e o Espírito Santo. Se por um lado Deus-Pai determina os tempos da restauração, Jesus é quem restaura (Atos 1:6), e enquanto Cristo não faz isso pelo Seu poder, o Espírito Santo concede do Seu aos crentes para levar a obra do Evangelho até aos confins da terra (Atos 1:8).
Is 9:6 além de revelar a Divindade de Cristo também destaca as suas duas naturezas: “Porque um menino nos nasceu (natureza humana), um Filho se nos deu (natureza divina)”.
Outro texto confirmatório da Trindade é Jo 17:5 onde Jesus pede ao Pai para glorificá-lo junto dEle, provando que junto ao Pai estava outra Pessoa igual a Ele, no caso, o Espírito Santo. O texto também menciona que esta glorificação seria feita na mesma Glória que Cristo tinha com o Pai antes do mundo existir. Este texto foi o que me convenceu que a doutrina da Trindade era bíblica e verdadeira inicialmente.
A pergunta feita por Paulo em sua expressão de adoração em Rm 11:34 “Por que quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?” idêntica a que se encontra em Jó 21:8; Is 40:13 e Pv 30:3,4 é respondida por Jesus em Mt 11:27 “...ninguém conhece o Pai, senão o Filho...” e pelo Espírito Santo em 1Co 2:10,11: “...porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito que nele há? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”.
Em Jo 1:43-51Precisamente os versos 47 e 48 temos outra referência que só se explica quando se compreende que Jesus estava com o Pai em sua natureza divina. Jesus afirma Ter visto a Natanael debaixo de uma figueira, e note que não se trata de uma profecia, Jesus está dizendo que VIU a Natanael em um lugar onde Jesus não estava, só podemos entender isso se aceitarmos que Jesus viu a este discípulo pelos olhos do Pai, através da unidade que tinha com Ele.
Se Jesus é o primeiro e o último (Ap 2:8) e o Pai é o primeiro e o último (Ap 2:8), ou há dois primeiros e dois últimos ou os dois são um.
Em Hb 6.13 diz que “quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo”. Neste caso, mesmo que tal texto não sirva para confirmar a Trindade, pelo menos aponta uma ação reflexiva de Deus que a Trindade ajuda a entender.
Atentemos para o capítulo 2 da carta aos Efésios. No versículo 1 é Cristo quem nos vivifica, mas no 4 e 5 é Deus. No verso 12, Paulo diz: “Que naquele tempo estáveis SEM CRISTO, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos concertos da lei, não tendo esperança, e SEM DEUS no mundo”. Note que Paulo coloca Cristo como o ponto principal de todas as bênçãos espirituais para os gentios, cita o “sem Cristo” primeiro e o “sem Deus” depois. O apóstolo foi inspirado nos mínimos detalhes. Todo o capítulo, escrito numa concisão e perfeição impressionante, mostra que a Trindade trabalhou na obra graciosa de salvação dos homens. O objetivo final de toda essa maravilha era o homem ter Deus dentro do seu coração na Pessoa do Espírito Santo (vs. 18,22). No capítulo três Paulo deixa claro a inspiração divina desse capítulo (vs. 1-4).
Colossenses 2:9 é um texto bíblico também citado para provar que Jesus Cristo é Deus. Mas sem um devido comentário não ganha toda a força que realmente tem. Por isso nos deteremos nele com uma melhor apreciação. Faremos sua análise de duas maneiras: uma isolada e a outra usando toda a epístola de Colossenses.
A primeira coisa a observar neste versículo são as suas palavras relacionadas: “Nele (em Cristo) HABITA CORPORALMENTE toda a plenitude da Divindade”. O tempo do verbo habitar está no presente, o que nos faz entender que o corpo de Cristo realmente foi ressuscitado, seu corpo não foi dissolvido como pensam as Testemunhas de Jeová. Jesus Cristo, assim como mostra esse versículo, ainda possui seu corpo humano, só que bem diferente de quando ainda cumpria seu ministério terreno. Seu antigo corpo físico era esvaziado dos atributos divinos (Fp 2:6-8), ou seja, não possuía a Onipotência, a Onisciência, a Onipresença, enfim, estava sem sua glória divina (Jo 17:5). Mas o que nos revela Cl 2:9 é que o corpo humano de Jesus está agora com “toda a plenitude da Divindade”. Na tradução Novo Mundo lemos: “está cheio de toda da QUALIDADE DIVINA”, que reforça ainda mais que todas as qualidades ou atributos de Deus se encontram em Jesus; Ele , portanto, é Supremo, Todo-poderoso, Onisciente, Onipresente, Eterno, Imutável, Imensurável, Etc.
Mais significativo ainda é a palavra grega PLERÕMA traduzida por “plenitude”, essa palavra era a mesma usada para designar todos os deuses do gnoticismo, constituídos, conforme Ireneu, de 30 Eões, levando-se em conta que o modo de se expressar no contexto indica que Paulo combatia os gnósticos, ele estava afirmando que Jesus era o Deus total.
O contexto de Cl 2:9 é muito mais significativo. Paulo exorta no versículo 8 para que os colossenses tivessem cuidado com as filosofias dos homens (os gnósticos), as quais eram totalmente diferentes da de Cristo, a dEle era superior; o apóstolo diz nos versos 1 a 3 : “quero...que estejais enriquecidos da PLENITUDE da inteligência, para o conhecimento do mistério de Deus – Cristo; em quem estão escondidos TODOS OS TESOUROS da SABEDORIA e da CIÊNCIA”. Ora, o que Paulo diz no verso 9 é que Cristo tem toda a plenitude da qualidade divina, e portanto possuía a Sabedoria de Deus, a verdadeira e suprema filosofia, a Sabedoria eterna, um dos atributos ou qualidades de Deus. No verso 10 Paulo afirma que todo cristão possui essa Sabedoria: “E tendes a plenitude nEle (em Cristo)”. Ora, o modo como estamos “em Cristo” é possuindo o Espírito Santo, que revela as profundezas de Deus (Rm 8:9; 1Co 2:10-14; Cl 1:26-28). A finalidade de Paulo era que os colossenses se apegassem a essa Sabedoria existente neles(Cl 1:9; 26-29; 2:1,2), para assim se tornarem crentes espirituais (1Co 2:6,14 e 15; 3:1), frutíferos e firmes (Cl 1:9-11).
Voltando-se agora outra vez para Cl 2:9 merece apontarmos outro detalhe. O termo “corporalmente” do versículo apesar de ficar explícito que significa o corpo humano de Jesus, pode significar também o seu corpo místico – a Igreja, e neste caso a idéia de que os cristãos possuem a Sabedoria eterna mais ainda de encaixaria com o contexto.
Vejamos agora numa visão global da carta de Colossenses a Supremacia Divino-humana de Jesus Cristo:
Jesus é o Deus visível (1:15); o herdeiro de toda a criação (Cl 1:15), pois em plena totalidade foi criada por Ele e para Ele (1:16 – vale lembrar que a mesma expressão é dita para o Pai em Rm 11:36 também chamado no contexto de O profundo em riquezas de Sabedoria); Ele é antes de todas as coisas e tudo subsiste por Ele (1:17); é o cabeça da Igreja (1:18); é o princípio (1:18), ou seja a origem de tudo; é o primogênito dentre os mortos, isto é, o herdeiro ou dono dos mortos (1:18 – esse título não significa ‘o primeiro a ressuscitar’, pois não fala de ressurreição, mas dos mortos, possuindo um paralelismo com Fp 2:10,11 e Ap 1:18, se bem que Ele não deixa de ser o primeiro a ressuscitar incorruptivelmente, conf. 1Co 15:23); em tudo Jesus tem a proeminência (1:18), ou seja, é superior, o mais distinto (em grego PRÓTEUON: o primeiro lugar. Será que Jeová é o segundo?). Foi do agrado do Pai que nEle (Cristo-homem) habitasse toda a plenitude (1:19), aqui inclui a plenitude da Divindade (Cl 2:9); é o reconciliador de todas as coisas (1:20). É também chamado de Senhor dos céus (4:1).
A vista disso, o que concluímos é que Jesus Cristo é Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, seus títulos nessa carta lhe conferem isso. E vale ainda anotar: Jesus como Pessoa da Trindade é igual ao Pai e ao Espírito Santo, mas como Pessoa da Trindade feito homem glorificado detêm mais prestígios que o Pai e o Espírito, por isso que os demônios são expulsos em seu nome e não no nome do Pai ou do Espírito (Cl 2:15; Mc 16:17-20), pois só Ele tem todo o poder no céu e na terra (que é governada pelo diabo por consentimento do homem – Lc 4:6. Com sua encarnação, morte e ressurreição Jesus esmagou a cabeça da serpente, ou seja, tirou seu domínio. O diabo ainda domina por causa de muitos que Jesus ainda quer salvar – 2Pe 3:9 , mas quando confrontado ocasionalmente é derrotado pelo nome de Jesus, que está acima de todo nome que se nomeia, não só deste século, mas também do vindouro (Ef 1:21).
I Jo 5:7: “Pois há três que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um”, já mencionado aqui, realmente não consta nos manuscritos gregos mais antigos, todavia a mais antiga instância da passagem, citada como parte do texto real da epístola figura em um tratado do século IV intitulado “Liber Apologiticus” (cap. 4). Por isso ela tem seu valor, pois existia antes do concílio de Constantinopla (381). Outro importante detalhe é que o termo UM é o mesmo de Jo 10:30.
O teólogo Millard J. Erickson reforça mais ainda a unidade das três Pessoas da Trindade em seu comentário de Gênesis 1:27:

“ Criou Deus, pois, o homem à sua imagem,
à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou.

Alguns argumentam que temos aqui um paralelismo não apenas nas duas primeiras linhas, mas nas três. Assim, ‘homem e mulher os criou’ seria equivalente a ‘criou Deus, pois, o homem à sua imagem’ e ‘à imagem de Deus os criou’. Por esse raciocínio, a imagem de Deus no homem (genérico) deve ser encontrada no fato de o homem ter sido criado macho e fêmea (i.e., plural). Isso significa que a imagem de Deus deve consistir em uma unidade em pluralidade, uma característica tanto éctipo quanto do arquétipo. De acordo com Gn 2:24, homem e mulher devem tornar-se um (ECHAD); exige-se uma união de duas entidades distintas. É significativo que a mesma palavra é usada para Deus no SHEMA: ‘O Senhor, nosso Deus, é o único (ECHAD) Senhor’ (Dt 6:4) ” – Introdução à Teologia Sistemática, pág. 132.
Hebreus 8:1,2 é um texto onde se percebe claramente as duas naturezas de Cristo. Fala que temos um sumo-sacerdote a destra de Deus na Pessoa de Jesus (Lembre-se que para se ser sumo-sacerdote era necessário que o mesmo fosse homem, conforme Hb 5:1), e que, o lugar onde este ofício é ministrado por Ele é o céu, fundado não pelo homem, mas pelo Senhor, ou seja: Jesus é homem e sumo-sacerdote do santuário que Ele mesmo como Senhor, e não homem, fundou.
Efésios 1:20,21 declara: “O qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-se sentar à Sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro”. Note que a posição do homem Jesus é enaltecida até a igualdade com Deus e seu nome é muito mais honrado e exaltado que o nome “Jeová”.
No livro de Atos, capítulo 2 e verso 25, temos Pedro citando um Salmo de Davi que se referia a Cristo, o qual contém outra prova de Sua Divindade: “Porque dele disse Davi: SEMPRE via diante de mim o Senhor, porque está à minha direita, e não serei abalado”. O verso alude a pré-encarnação de Cristo e mostra a sua eternidade na expressão: “SEMPRE via diante de mim”. Observe que não é Jesus quem está diante do Pai, mas é Ele que está diante Filho, o que aponta uma igualdade.
2Co 2:10 é outro texto que confirma a Divindade de Cristo. Paulo diz que perdoou na presença de Cristo, indicando que Jesus é Onipresente.
Hebreus 9:14 é uma harmônica passagem referente a obra da Trindade para a salvação dos homens. veja ainda Tt 3:4-6 e 1Co 6:11.
David A. Reed em “As Testemunhas de Jeová Refutadas Versículo por Versículo”, página 42, cita Jeremias 32:18 da Tradução Novo Mundo, que diz: “o verdadeiro Deus, o Grande, o Poderoso, cujo nome é Jeová dos exércitos...” e questiona: se Jeová é identificado aqu1Como “o Poderoso” e é o único Deus verdadeiro, como Jesus pode ser um deus sem ser falso e também ser o mesmo Deus Poderoso em Is 9:6?




ADORE A DEUS SEGUNDO OS SEUS TERMOS (pág. 30)

Como já explicamos as T.J. entendem mal a passagem de Jo 17:3, o verso fala de um conhecimento pessoal de Deus, que só pode ser obtido pela crença na doutrina da Trindade.
O texto de 1Tm 2:4 realmente refere-se ao conhecimento doutrinário, todavia não deixa ter um forte vínculo com o conhecimento íntimo de Deus, tanto é que o verso posterior, o 5, trata da mediação de Jesus, pela qual temos acesso a Deus (Jo 14:6).
O puro conhecimento das Escrituras sem o conhecimento de Deus é o caminho mais rápido para as erradas interpretações da Bíblia, o fiel intérprete da Bíblia é o Espírito Santo (1Co 2:12-16; Dn 4:18), e quando Ele mora em nós além de nos capacitar a entender as coisas de Deus, também nos a dar a conhecer a Si, e por conseguite ao Pai e ao Filho. De modo que não podemos desassociar uma coisa da outra.
A perfeita adoração é primordialmente no espírito e não no intelecto: “Deus é Espírito, e os que o adoram têm de adorá-lo com espírito e verdade” (Jo 4:24 – T.N.M.). Falando da oração e dos louvores espirituais, a essência da adoração, a Bíblia diz:
“De maneira semelhante, o espírito também se junta com ajuda
para a nossa fraqueza; pois não sabemos em prol de que devemos
orar assim como necessitamos, mas o próprio espírito implora por
nós com gemidos não pronunciados. Contudo, aquele que
pesquisa os corações sabe o sentido do espírito, porque está
intercedendo de acordo com Deus, a favor dos santos” (Rm
8:26,27 – T.N.M.).

“Também, não fiqueis embriagados com vinho, em que há
devassidão, mas ficai cheios de espírito, falando a vós mesmos
com salmos e louvores a Deus, e com cânticos espirituais, cantando
e acompanhando-vos com música nos vossos corações para Jeová”
(Ef 5:18,19 – T.N.M.).

“vós, porém, amados, edificando-se na vossa santíssima fé e
orando com espírito santo” (Jd 20).

Se compararmos Jo 4:21-24 com Jo 5:24,25 perceberemos que só poderemos adorar a Deus devidamente depois que recebermos a vida eterna, ou como já explicamos, o conhecimento íntimo de Deus. Assim, o que realmente nos capacita a adorarmos a Deus é a comunhão com Ele, e não o conhecimento bíblico.


A Trindade Desonra A Deus?
A afirmação que a doutrina da Trindade impede das pessoas conhecerem e adorarem com exatidão ao Soberano Universal, Jeová Deus (pág.30) é completamente falsa. Como já vimos no tópico “A Trindade E A Vida Eterna” a única maneira de se conhecer a Deus é pela Trindade.
No que tange a adoração, Jesus deixou claro que os verdadeiros adoradores adorariam ao Pai em espírito e em verdade (Jo 4:23). Pergunte a uma Testemunha de Jeová o que significa adorar a Deus em espírito? Elas darão uma resposta estranha e de modo algum satisfatória. Exatamente porque negam o lado espiritual do cristianismo; seus conceitos de “espírito” não permitem a idéia de que esta parte do homem comunga com Deus (Lc 1:47; Gl 6:18; 2Tm 4:22, Fl 25), recebe confirmação (Rm 8:16) e possu1Conhecimento (1Co 2:11).
O questionamento de Hans Kung: “Por que deveria alguém querer acrescentar algo à noção da unidade e da imparidade de Deus que possa apenas diluir ou anular tal unidade e imparidade? (pág. 30), em parte já foi respondido por nós. A Trindade é necessária para que haja a preservação do monoteísmo apresentado na Bíblia, porém precisa ser corrigido que a Igreja primitiva não quis acrescentar algo à idéia da unidade divina, mas esta unidade, como se denomina é divina, ou seja é própria de Deus e muito mais que nossos conceitos e opiniões possam expressar. É Deus quem é trino por natureza, os trinitarianos não inventaram isso. Essa crítica, portanto, está sendo dirigida ao próprio Deus e só Ele pode responder porquê é formado de uma unidade em três Pessoas.
Assim vemos o avanço na arrogância dos homens, enquanto Paulo disse: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (Rm 9:20), os atuais críticos se voltam para o próprio Deus, como se dissessem: “Por que Tu és assim?” Mas não podemos fazer isso.
Se atentarmos para a criação perceberemos uma harmonia, uma unidade em toda essa vastidão de milhões de coisas criadas, logo não acharemos estranha a unidade divina, ou de onde Deus se inspirou para produzir esse conjunto unificado e interligado tão maravilhoso.
Se na Trindade as três Pessoas são unidas e harmônicas, sem dar sinal algum de egoísmo ou de individualismo, por que se pensar que tal fato tenha influenciado as lutas e guerras entre os homens, se estas ocorrem justamente pelos interesses próprios? (Tg 4:1-3). A Trindade inspira união e amor e não o contrário, se supostos trinitaristas guerrearam uns contra os outros é mais ainda certo o que diz o texto de Rm 1:28, que eles não retiveram o conhecimento exato de Deus, de modo que o texto realmente diz que é possível alguém conhecer a verdade sobre Deus e mesmo assim rejeitar este conhecimento, agindo de maneira incompatível. O texto em questão só seria útil às Testemunhas de Jeová, se dissesse que a origem de toda a desobediência e sentimento perverso entre os homens fosse sempre fruto do conhecimento inexato acerca de Deus, no entanto Paulo nessa carta chega a dizer exatamente o contrário (Rm 2:26).
E além do mais o fato de trinitarianos terem perseguido, guerreado e até matado outros trinitarianos, é um assunto que nada tem haver com a questão da Trindade ser bíblica ou não. Em Rm 3:3,4 temos a verdade de que sempre Deus será verdadeiro e todo homem mentiroso, quando a verdade de Deus for ameaçada pelas falhas dos homens. Além disso, nem todos os que se professam crentes na Trindade são realmente cristãos.
Neste ponto é onde podemos falar com mais detalhes de um grupo de cristãos trinitaristas que atravessaram a história com um testemunho belíssimo de fidelidade a Deus; em seu credo havia a norma de não se envolver com a política e a guerra, prática que eles levaram até as últimas consequências. Conhecidos por vários nomes durante os séculos, sendo “Anabatista” o mais conhecido, esses cristãos eram conhecidos pelo grande número deles que foram perseguidos e martirizados nos séculos XVI e XVII; no entanto, suas origens e as perseguições remota aos tempos da Igreja primitiva; eles também não fizeram parte da Igreja-Estado que aos poucos se transformou na Religião Católica, no entanto criam piedosamente na Trindade. (E na verdade, como já dissemos, o que fez a Religião Católica se desviar do cristianismo primitivo não foi a crença na Trindade, foi o modo errado de se tornar cristão, que segundo a Bíblia era necessário o arrependimento e a fé para o Novo Nascimento e não apenas o fato de se ser um súdito do Império Romano, como veio a acontecer quando o cristianismo veio ser a religião oficial do Império).
Mas respondendo a pergunta desse tópico, se devemos ou não honrar a Jesus como Deus, citamos as palavras de Jesus: “Para que todos honrem o Filho, como honram ao Pai. Quem não honra ao Filho, não honra o Pai que o enviou” (Jo 5:23); portanto, se o Pai deve ser honrado como o único Deus Todo-poderoso, Jesus também o deve, pois TODOS devem honrar o Filho como honram ao Pai!
E vale ressaltar que a doutrina da Trindade não desonra a Deus, na verdade ela faz é Deus ser honrado como merece, pois conforme o credo, cada uma das Pessoas da Trindade honra umas às outras, o Filho glorifica ao Pai, o Pai ao Filho e o Espírito ao Pai e ao Filho, desse modo Deus é honrado por Si mesmo.
Já no caso das Testemunhas de Jeová, seu Deus é um Deus solitário e distante, honrado apenas pelas coisas que Ele mesmo criou, não parecendo que Se ama a Si mesmo como ocorre na Trindade. Também é um Deus que faz acepção de pessoas, chamando umas para morar no céu e outras para morar na terra; que permitiu a Igreja ser destruída no decorrer da história, para agora a partir de 1914 tentar recupera-la. Não é de fato o Salvador ativo da humanidade, mas deixou que um homem fizesse isso. É um Deus cercado por outros, e que parece não se sentir tão ofendido com os pecados dos homens, pois dará outra oportunidade a todos aqueles que não ouviram os ensinos dos seus amigos, chamados Testemunhas de Jeová (Aqui vale observar: Era bem melhor as Testemunhas de Jeová não divulgarem seus ensinos, na outra vida com certeza será mais fácil das pessoas aceitarem a esperança de viver na terra).
Será que honra a Deus classificá-lo dessa forma como fazem as Testemunhas de Jeová? Não é muito mais digno de reverência e temor o Deus trino, que castigará com a eterna separação de Si àqueles que contra Ele pecaram e que não ouviram a mensagem imprescindível de salvação dos seus servos. Ele pessoalmente veio nos salvar e nos toma por filhos quando cremos em Jesus, não é limitado, nem fácil de ser compreendido por Sua grandiosidade e pluralidade de Suas Pessoas???
Sim, a doutrina da Trindade eleva a Deus ao nível da transcendência e o coloca no devido respeito que merece, quando de peca contra Ele, se peca contra três Pessoas divinas eternas, por isso que o castigo é eterno.




VENDO A SINCERIDADE, E SE COLOCANDO NO LUGAR DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Essa é uma situação perigosa para um trabalho que visa desmascarar uma obra fraudulenta como é a revista “Deve-se Crer...”, onde se deve demonstrar plena convicção do assunto, mas aprendi uma coisa com esta obra das Testemunhas de Jeová, é que não devemos nunca esconder nossas dúvidas e os pontos fracos de nossa fé e teologia, como disse no tópico “A TRINDADE COMO ENSINO BÍBLICO” a maneira sempre certa de falar e nunca demostrando alguma dificuldade em se explicar determinado versículo, torna o trabalho das T.J. contra a Trindade suspeito. Assim, espero que contando meu testemunho de como aceitei o ensino da Trindade de Deus sirva de auxílio àqueles que agora devem estar em sérios dilemas sobre esta doutrina.
Fiquei em dado momento de minha vida, enquanto estudava se a doutrina da Trindade era verdadeira ou não, com sérias dúvidas se realmente Deus era uma junção de três Pessoas, via, às vezes, que o modo de entender Deus das Testemunhas de Jeová até que não era estranho, parecia muito sensato e com grandes chances de ser a verdade. O Pai era Deus, Jesus a Segunda Pessoa depois dEle em tudo e o Espírito uma influência, uma força. Mas devia tomar uma posição, não podia ficar coxeando entre dois pensamentos. Argumentos contra e a favor da Trindade existiam, e vi que eram bons, mas sabia que apenas uma posição era a verdade. Cheguei a dar um empate no debate devido a sinceridade de ver que as duas posições eram bem defendidas (aos meus olhos), mas a própria sinceridade não me permitia agir assim. Estava num impasse terrível. Passei noites sem dormir. Conversava com irmãos (cito o Stênio com agradecimentos) e com Testemunhas de Jeová (o Clécio e Edísio, ainda Testemunhas de Jeová, foram muito dedicados na tentativa de me ajudar), comparava argumentos e explicações, mas sempre me via com medo de abraçar qualquer das posições. Não queria me posicionar sem estar completamente convicto.
Foi então que passei a meditar nas consequências que viram da escolha de cada posição; vi que se optasse em crer como as Testemunhas de Jeová eu ganharia, caso estivesse essa posição certa, o direito de continuar existindo num paraíso na terra. No entanto, quando atentei ao que aconteceria caso esse posicionamento das T.J. estivesse errado me assustei, pois eu iria para um tormento eterno num lugar distante de Deus chamado Lago de Fogo. No caso do trinitarismo, se ele estivesse incorreto o máximo que poderia me acontecer era deixar de existir. Então conclui: Entre deixar de existir e existir eternamente em tormentos, a segunda opção é bem pior! A lógica que Deus nos concede, mostrou-me que era melhor crer na Trindade, mesmo que estivesse errada; assim, fique1Com uma inclinação para nortear minhas pesquisas.
Desse modo a doutrina do castigo eterno, do mesmo bloco da doutrina da Trindade, me fez ver que a Trindade era a melhor opção para um dramático caçador da verdade escolher numa situação de impasse e incertezas. Hoje sei por convicção que Deus é uma Trindade, vejo com clareza a debilidade dos argumentos das Testemunhas de Jeová, se1Pela Bíblia e pelo testemunho do Espírito Santo em meu coração que a doutrina da Trindade é verdadeira. Mas naquela período, em que não cria na Trindade era impossível ter essa convicção, por mais que lesse a Bíblia e procurasse textos que a comprovassem eu não teria. E a razão é simples, só se pode crer na Trindade pela Trindade. Somente o Pai, o Filho e o Espírito é que nos fazem crer realmente nesta doutrina. Por isso o Espírito Santo primeiro me convencer do juízo (do castigo eterno, pois este é o que vem pelo juízo – Jo 16:8) para eu aceitar a Trindade e então por Ela crer com convicção nela. Parece que falo em círculos, mas assim são os ensinos da Bíblia, todas se encaixam perfeitamente, são como afluentes de um rio único.
Por isso mesmo que, se a pessoa é sincera em sua busca da verdade a encontrará, isso devido cada doutrina bíblica se completar com outra, se porventura na nossa busca ficamos num impasse, somente outra doutrina nos fará tomar a decisão correta. Geralmente a maioria das pessoas se apegam a uma doutrina, seja verdadeira ou falsa, por algum motivo sentimental ou conveniente, por exemplo, um defensor da doutrina da Trindade pode no início do ser apego a essa doutrina ter sido influenciado por sua família que é toda trinitarista deste longa data; do mesmo modo uma Testemunhas de Jeová pode ter sido grandemente influenciada para recusar a doutrina da Trindade pelo sentido que este grupo lhe proporcionou na sua vida, ou por ter sido a primeira explicação plausível recebida sobre um assunto até então complexo. Rara são as pessoas que iniciaram seu apego a uma doutrina simplesmente pela sinceridade.
A doutrina de Deus não é fácil de ser alcançada se não formos sinceros e prontos a rejeitar tudo pela verdade. A história humana mostra que os homens sempre buscavam um Deus segundo o que eles queriam, sempre defendiam seu Deus baseados no seu desejo. Para não sermos influenciados prejudicialmente na caracterização autêntica de Deus, devemos ser sinceros em nossa sinceridade; a definição de Deus deve ser dada por Ele mesmo. Deus mesmo ao dizer: Eu sou o que sou, estabeleceu essa regra de se auto-definir; portanto, Deus não é o que dissemos dEle, é o que Ele de Si mesmo diz. Josh Medowell diz uma grande verdade que quero transcrever:
“Ao considerarmos a Divindade de Cristo, a questão não reside em ‘se é fácil crer nessa Divindade, ou mesmo compreendê-la, mas se ela é ensinada na Palavra de Deus’. Se, a princípio, a idéia parecer incompatível com o raciocínio ou compreensão humanos, isso não cancela automaticamente a possibilidade de ser verdadeira. Nosso universo está repleto de coisas (como a gravidade, a natureza da luz, os quazares) que ultrapassam o entendimento humano no momento, mas que, não obstante, são verdadeiras. A Bíblia ensina que Deus não pode ser compreendido pela mente humana (Jó 11:7; 42:2-6; Sl 145:3; Is 40:13; 55:8,9; Rm 11:33). Sendo assim, devemos permitir que Deus diga a última palavra a respeito de Si mesmo, quer possamos ou não compreendê-la inteiramente”
A maioria das Testemunhas de Jeová conhecem muito ACERCA de Deus, mas infelizmente não O conhecem pessoalmente; falta as Testemunhas de Jeová intimidade com Deus, o próprio modo de se dirigirem a Ele revela isso, somente uns poucos (os 144 mil) se dirigem a Deus por PAIZINHO (ABA – Rm 8:15), somente estes terão o direito de na eternidade estarem junto a Deus (facilmente visto que é mentira em Jo 12:26). O conhecimento acerca de Deus não é garantia de que seremos salvos, o diabo conhece bastante a Bíblia, os escribas da época de Jesus também a conheciam muito bem, tanto é que facilmente disserem onde a nasceria o Messias (Mt 2:4-6), mas estes não possuíam a aprovação de Deus. Todas as Testemunhas de Jeová que eu conheci demostravam uma atitude soberba por se sentirem conhecedoras da Bíblia, mas um versículo facilmente põem o conhecimento e estudo das Escrituras em segundo plano: “Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao pleno conhecimento da verdade” (2Tm 3:7). A grande verdade oculta as soberbas Testemunhas de Jeová é que não conhecem a Deus realmente, seus estudos dirigidos por seus líderes e sempre limitados às gotas bíblicas das Revistas Sentinelas, estão sempre a levá-las a um distanciamento da verdade e não ao contrário. Só conhecem acerca de Deus, e muito mal, a coisa mais rara entre elas é encontrar uma que tenha lido toda a Bíblia.
É importante termos sempre o cuidado de levar e incentivar as Testemunhas de Jeová a pensarem por si mesmas, elas são completamente repetidoras como papagaios, o sistema delas em nada difere do papado da Idade Média, são subservientes a um modo de pensar pré-fabricado e de certa forma útil para quem não quer ou está cansado de procurar uma religião ou grupo cristão mais adequado; é o estilo tipicamente americano: Muito prático e cômodo. Os americanos são assim, quando não são patriotas como no caso da seita dos Mórmons, são medíocres como as Testemunhas de Jeová.
Somente quando uma Testemunha de Jeová conhece a Jesus em seu espírito é que poderá crer na Trindade. Minha sincera vontade é que esse escrito contribua para que muitas Testemunhas de Jeová creiam que Jesus é Deus, para conhecê-lo intimamente tendo o conhecimento do Deus que criou os céus e a terra, possuindo assim a Vida Eterna, que é o conhecimento ou a comunhão para sempre com Deus no presente (no espírito) e consequentemente no futuro (no corpo) – Jo 6: 54; I Jo 3:15; 2Co 5:4; 2Tm 1:10. Vale destacar aqui que a Vida Eterna não significa o mesmo que Ressurreição, em Jo 6:40 Jesus distingue claramente as duas coisas, uma é presente e conduz a outra: “Sim, esta é a vontade de meu Pai: Que vê o Filho e nele crê tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Bíblia de Jerusalém) os que tiverem a Vida Eterna terão uma ressurreição para a Vida (Jo 5:29), isto é, uma ressurreição para a comunhão com Deus.
A idéia de Deus vir até os homens na forma humana ultrapassa qualquer bondade e benefício que este mundo possa oferecer, revela que Deus ama a humanidade além de nossa compreensão, a dificuldade de entendimento para a doutrina da Trindade é bem menor do que esse tão grande prova de amor. A Bíblia assim se expressa:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a Vida Eterna” (Jo 3:16).
“Mas Deus prova o seu PRÓPRIO AMOR para conosco, pelo fato de Ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Aqui nota-se uma clara idéia que Jesus é o próprio Deus, pois como poderia Deus provar seu próprio amor quando Jesus morreu por nós, se Cristo não fosse Deus.
“O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15:13).
“Ainda que eu conheça TODOS OS MISTÉRIOS (inclui a Trindade e dupla natureza de Cristo) e toda a ciência... se não tiver amor, nada serei...permaneci a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior é o amor” (1Co 13:1,13).
“Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o Nome (Jeová) toda a família, tanto no céu (Pai, Filho e Espírito Santo) como na terra (a Igreja), para segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, afim de poderdes compreender com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3:14-19).
Meditando nesses textos citados e em muitos outros percebemos que o Amor de Deus revelado em Cristo é descrito com muita grandiosidade na Bíblia. Quando se crer na Divindade de Cristo isso faz sentido. A crença na Trindade não é apenas compreensível, também é esclarecedora, ela faz a obra da redenção uma história divina de Amor, todas as outras histórias de amor são inferiores, até mesmo o amor de Deus conforme os conceitos das Testemunhas de Jeová.
Não é possível o diabo ter inventado uma doutrina como a Trindade, ele não é tão inteligente assim (Mt 16:23), e jamais ele faria que Jesus fosse tão honrado, e que Deus fosse tão amoroso ao ponto de vir pessoalmente salvar os homens, é muito mais provável o contrário, ele querer diminuir o amor de Deus, fazer Sua obra ser menos do que realmente foi.
Esquecendo dos argumentos, das discussões e dos textos de comprovação, pessoalmente acho a doutrina da Trindade na salvação algo indizível e fantástico, que me inspira a adorar a Deus, e não só isso, também revela o quanto sou pequeno em face do que Ele me fez. Essa doutrina mostra o quanto deveríamos se preocupar com os homens. É a doutrina do amor de Deus. Um amor que nos constrange a dar as nossas vidas para Aquele que por nós morreu e ressuscitou (2Co 5:14,15).
Apêndice: Quando em 1994 escrevi o tópico acima acabei, sem querer, por reforçar mais ainda a crença na Trindade, mas esta não era minha intenção original, como se pode ver claramente no início. Hoje (14.12.99) em meditação relembrei o que eu realmente queria dizer quando propus escrevê-lo. Iria mostrar que meu modo de entender Deus, sob o prisma do trinitarismo, podia estar errado, tencionava expor dúvidas e de certo modo até criar uma reviravolta pondo em risco tudo o que tinha pesquisado e concluído, todavia fui absorvido pela verdade de tal modo que não consegui enfraquecer a doutrina da Trindade, mas mais ainda reasseverá-la de um modo muito mais contundente, isso me mostrou mais uma vez “que nada podemos contra a verdade, mas sempre em seu favor”, mesmo que quiséssemos ou usássemos toda a imaginação. Tentei usar minha sinceridade e criatividade para transformar esta parte do trabalho num tipo de brilhantismo ou arte, mas Deus não permitiu, eu estaria arriscando não um capricho ou uma tese humana, mas muitas almas e a plena aceitabilidade de uma doutrina bíblica importantíssima. Perdoe-me.






A EXISTÊNCIA DO CASTIGO ETERNO

Sendo essa a doutrina que me levou a crer na Trindade, achei por bem trazer aqui alguns argumentos para defendê-la; antes porém, refutaremos as principais idéias das Testemunhas de Jeová usadas para negar o castigo eterno.
1 – “Deus não seria justo condenando ao castigo infinito alguém que agiu impiamente por apenas 70 anos”. Esse é um dos argumentos favoritos dos que não crêem no castigo eterno, e aparentemente é bem convincente, mas é um terrível engano. Não é porque o tempo de desobediência é pequeno que anularia o castigo eterno, na verdade a vida humana limitada já é para diminuir o castigo eterno, se os ímpios tivessem mais tempo de vida na terra, seria mais tempo de pecado, e por consequência elevaria o castigo. Se uma eternidade de vida na terra fosse concedida aos incrédulos, seria uma eternidade de pecado. Um exemplo disso é Satanás e seus anjos que pecam sem parar. Portanto, o tempo de vida terrena limitado aos homens não nega o castigo eterno.
Deve-se observar também, que a maioria das pessoas vivem desobedecendo a Deus acreditando que se assim morrerem terão um castigo eterno. Desse modo o castigo eterno torna-se um fato e uma necessidade, pois a desobediência nesse caso é muito mais elevada, possui uma maldade e obstinação tal, que se faz necessário a existência do castigo eterno. Se alguém por exemplo explode uma bomba para matar mil pessoas mas só mata uma, não diminui de forma nenhuma sua maldade e maléfica intenção, deve ser condenado a um castigo do nível do seu crime premeditado, que felizmente não se concretizou. Assim, a pessoa deve ser castigada pelo nível de sua maldade, e não pelo ato pecaminoso propriamente dito. No caso da pessoa que crer num castigo eterno e mesmo assim não se converte, temos um aumento enorme em sua maldade, em seu desprezo a Deus que só encontraria um castigo justo se esse fosse sem fim. Como outro exemplo podemos citar uma pessoa que mata outra, ciente que a estar enviando para o castigo eterno, a perversidade nesse caso é tão grande que só dando um castigo eterno é que se obteria uma pena justa.
Assim, mesmo que o castigo eterno não existisse Deus teria que criá-lo.
2 – As Testemunhas de Jeová crêem que o inferno (ou Hades, ou Sheol) nada mais é que a sepultura. Pois Jó desejou ir a esse lugar (Jó 14:13), assim como Jacó (Gn 37:34,35). Já o profeta Jonas, mostra que o ventre do grande peixe era o Sheol (Jn 2:1-6). No entanto, as Testemunhas de Jeová ignoram que no Antigo Testamento o Sheol tinha uma divisão.
Um lugar era para as almas dos justos e outro para dos injustos, conforme vemos na narrativa de Lc 16:19-26. Quando Jó e Jacó desejaram ir ao Sheol, estavam pensando no lugar dos justos. No caso de Jonas, que compara o ventre do grande peixe com o Sheol, mais ainda é uma prova que o Sheol não é a sepultura, pois no ventre do peixe Jonas estava CONSCIENTE e em angústias (Jn 2:2).
Deve ser dito que a história contada por Jesus em Lc 16:19-26 não é uma parábola como pensam muitas Testemunhas de Jeová, e a prova disso são os nomes próprios nela referidos: Abraão e Lázaro – o nome do rico (NEÚES) aparece em um manuscrito do Novo Testamento (Léxico do Novo Testamento, Grego/Português, de F. Wilbur Gingrich e Frederik W. Danker, página 140).
Fazendo uma comparação de Atos 2:25-27 com o Sl 16:9,10 as Testemunhas de Jeová tentam provar que o Sheol ou Hades é a mesma sepultura. Mas atentando bem para o texto, vemos que ele mostra exatamente o contrário, constatamos que o Hades é um lugar para as almas e a sepultura para o corpo, observe: “Pois não deixarás minha ALMA no Hades, NEM permitirás que o teu santo veja a corrupção...Prevendo isto, Davi falou de ressurreição de Cristo, que sua ALMA não foi deixada no Hades, NEM sua CARNE viu corrupção” (Atos 2:27, 31) – grifos nossos. Vemos ainda sepultura distinta do Sheol em Pv 1:12.
3 – Um outro argumento é dizer que o homem não possui alma imortal, que quando morre fica inconsciente (Ec 9:5). Mas isso não é verdade, em 1Co 15:53, vemos Paulo dizer que o que era mortal no homem precisa ser revestido de imortalidade; ora, se há no homem uma parte que é mortal é porque existe outra que é imortal. Mateus 10:28 é também um excelente texto que confirma a imortalidade da alma humana: “E não fiqueis temerosos dos que matam o corpo mas não podem matar a alma; antes, temei aquele que pode destruir na Geena tanto a alma como o corpo” (T.N.M.). É um texto por demais claro, mas que ficou parcialmente obscurecido pela tradução da palavra grega APOLESAI por “destruir” e não “perecer em tormentos” que é seu real significado. A raiz desta palavra é a mesmo do nome do anjo que atormentará a humanidade em Apocalipse 9:10,11 – APOLLYON. No entanto, da forma que se encontra na tradução das T.J. a primeira parte do versículo ainda confirma a existência da alma após a morte do corpo.
Quando a Bíblia fala da morte da alma refere-se a morte espiritual em consequência do pecado cometido (Ez 18:4) ou dela em contraste com a morte do corpo, uma alma que morreu, é uma alma que saiu do corpo. Alma tem várias conotações na Bíblia, podendo por metonímia (tomar uma parte pelo todo) representar o próprio indivíduo. Mais de modo definido, a alma é a própria personalidade do homem e possui três partes: mente, vontade e emoções [ mente – Js 23:14; Sl 13:2; 51:6; 139:14; 119:129,167; 139:14; Pv 2:10; 9:2; 23:7; 24:14; At 15:24; vontade – I Sm 23:20; I Rs 11:37; Jó 6:7; Pv 21:10; Is 26:8; emoções – II Sm 5:8; Jó 3:20; 19:2; Sl 35:9; 46:6; 86:4; 107:18; 119:28; Pv 13:19; 21:23; Is 58:10; 61:10; Mt 26:38].
Sobre o texto-prova de que ao morrer o homem fica inconsciente, este não passa de mais uma torção da Bíblia. Eclesiastes 9:5 se lido com o verso 6 fica evidente que está dizendo que os mortos não sabem nada do que é feito debaixo do sol, ou seja, no mundo dos vivos, e não que estão inconscientes.
4 – O texto de Jr 7:31 usado para dizer que nunca passou pela mente de Deus queimar alguém no fogo, visando assim negar que Deus tenha a idéia de castigar os ímpios com fogo eterno, também não serve para esse propósito, ele mostra que o que não subiu no coração de Deus foi o oferecimento em fogo de seres humanos como sacrifícios à divindades falsas. E se meditarmos que no lago de fogo os homens serão queimados (mesmo que não seja eternamente), a conclusão das T.J. ainda se mostrará errônea.
5 – O texto de I1Ts 1:9 “Esses mesmos serão submetidos á destruição eterna de diante do Senhor e da glória da sua força” (T.N.M.) frequentemente citado pelas T.J. como prova de que existirá um aniquilamento total dos ímpios em vez de sofrerem um castigo sem fim, na verdade só permite essa interpretação por causa da tradução Novo Mundo, acima citada, que traduz o vocábulo grego ÓLETHRON por “destruição”, seu significado mais distante para o Novo Testamento. O dicionarista grego Isidro Pereira, S. J. dar para a palavra cinco significados: perda, ruína, morte, açoite e peste. Frederick W. Danker, outro dicionarista, dar três significados, no seu Léxico do Novo Testamento Grego/Português, praticamente os mesmos de Isidro: destruição, ruína, perda. Dos três os que parecem mais cabíveis para I1Ts 1:9 são ruína e perda. No entanto, o que decisivamente esclarece o sentido da palavra para o Novo Testamento são os outros lugares onde esta mesma palavra aparece. O primeiro é 1Ts 5:3 e o contexto desse versículo indica dores e sofrimento e não aniquilamento, observe: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina ÓLETHROS, como vêm as DORES de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão”(grifos nossos) Ora, fica claro que a idéia aqui não tem nada haver com aniquilamento, mas de sofrimento, a própria Bíblia considera grande as dores de parto (Gn 3:16). Outro texto em que a palavra aparece é 1Tm 6:9, e mas uma vez a idéia de sofrimento se mostra claramente pelo contexto: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ÓLETHRON e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se ATORMENTARAM com MUITAS DORES”. E a última referência onde a palavra ocorre, além de I1Ts 1:9, é 1Co 5:5, onde lemos sobre a excomunhão de um membro da igreja de Corinto: “seja entregue a Satanás para a ÓLETHRON da carne, afim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor”. Nesse caso é pouco provável que Satanás seja tão bonzinho a ponto de não querer fazer esse cristão excomungado sofrer.
Além dessas passagens correlatas onde podemos perceber o real sentido do vocábulo grego OLETHRON, o próprio contexto da palavra em I1Ts 1:9 explica o que seria essa “destruição” eterna, pois diz: “Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, BANIDOS DA FACE DO SENHOR DE DA GLÓRIA DO SEU PODER”. Assim, essa punição eterna é a separação desses ímpios da presença do Senhor, e esta é a explicação dada pelos trinitaristas para o significado de morte eterna, que é a completa separação dos perdidos de Deus, pois vida eterna é ter comunhão para sempre com Deus e não simplesmente existir para toda a eternidade.
Agora vejamos alguns argumentos a favor do castigo eterno:
Em Pv 23:14 é dito que fustigando a criança com vara livra sua alma do inferno. Ora, todos nós sabemos que não importa o quanto batermos em nossos filhos, isso não os impedirá de irem a sepultura, assim, o Sheol não pode ser a sepultura, que com surra ou sem surra todos experimentam.
Falando acerca de Judas Iscariotes, Jesus disse que seria melhor que ele não houvesse nascido (Mt 26:24). Tal afirmativa não teria sentido se a morte fosse um estado idêntico ao de quando não tínhamos nascido. Algumas argumentam que Jesus disse isso, não por causa do castigo que ele receberia, mas por causa do ato de traição em si. Todavia essa contestação cai por terra quando atentamos para a expressão: “AI daquele por quem o Filho do Homem é traído!” Expressão que sempre significa um castigo em grande proporção (Ap 8:13; 9:3-12).
Um castigo igual para todos é algo inaceitável para a justiça; também ficaria sem sentido o retribuir segundo as obras. A Bíblia fala claramente que haverá galardões da injustiça, quem pecou mais terá maior galardão, ou seja mais castigos (2Pe 2:13; 2Co 11:15; Lc 12:47, 48).
O castigo é eterno porque Deus, a quem o pecado é cometido, é eterno.
Mt 5:29,30 diz: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado na Geena. E se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti, pois te é melhor que perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado na Geena”. Fica claro por esse texto a existência do castigo eterno.
Obs.: As T.J. argumentam que a Geena significava a destruição eterna, pois era o nome dado ao depósito de lixo do vale de Hinom, onde o lixo da cidade ficava sendo perpetuamente queimado. Mas tal interpretação não parece ser a mais conveniente, é muito mais certo que Cristo tenha usado o vale de Hinom para simbolizar o fogo eterno que seria submetidos todos os que fossem separados de Deus como lixo, que devem ser apartados de nós e não simplesmente desintegrados, já que isso é impossível.
Mt 13:40-43 também é um texto para provar o castigo eterno, pois ele é a interpretação do verso 30 da parábola do Joio do campo, portanto não é simbólico, nem representativo, mas a própria realidade.
Dn 12:2 fala da vergonha e desprezo eterno. Ora, só pode existir vergonha eterna se a pessoa que a experimenta existir eternamente.


O Perigo De Se Rejeitar A Trindade (pág.31)
Como já ficou claro, rejeitar a Trindade é rejeitar tudo o que a ela está ligado, no caso: o credo primitivo e todos os ensinos cristãos, como a imortalidade da alma e o castigo eterno. Quem rejeita a Trindade deve ficar ciente das consequências que lhe sobrevirão dessa escolha; de imediato se pode conseguir um alívio intelectual pela simplicidade em se entender um Deus como o proposto pelas Testemunhas de Jeová, mas o nosso interesse não deve se restringir a este mundo, temos uma eternidade e precisamos pesar bem os prós e os contra. Os Saduceus da época de Cristo podiam ser bem lógicos em seus argumentos, mas mesmo assim Jesus disse que eles estavam em grande erro.
Se o ensino da Trindade possui um caráter elevado e além de entendimento, mais ainda incentiva-nos a adorar a esse Deus, ou não é verdade que sempre nos submetemos e honramos a alguém que é superior a nós? Deus é assim, excelso e transcendente, não se trata de uma divindade simplória e nivelada ao nível do nosso entendimento como os pagãos primitivos idealizaram.
O que fez o diabo cegar o entendimento dos homens não foi a transcendência de Deus, mas a falta de fé no Evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem exata de Deus (2Co 4:4), por isso dizer que ele cegou “os entendimentos dos incrédulos”; se cremos na palavra de Deus, a promessa do contexto desse versículo é que das trevas resplandecerá a luz em nossos corações, para a iluminação da glória de Deus na face de Cristo (2Co 4:6). Jesus é o Logos, é a luz que ilumina a todo homem que vem ao mundo, é nEle que entendemos o Deus grandioso da Bíblia; é quando o julgamos um mero homem que usurpa a natureza divina (Jo 19:7) que acabamos por crucificá-lo (1Co 2:8).




CONCLUSÃO

Esse encerramento de forma alguma indica um esgotamento sobre a questão; há muitas outras provas da verdade da doutrina da Trindade, aqui apresentemos apenas um esboço, visamos mais contra-argumentar com os autores da “Deve-se Crer na Trindade? Por outras óticas e com outras finalidades poderíamos estender o assunto por toda uma eternidade. Sempre encontro textos bíblicos que confirmam a doutrina de forma direta, pois indiretamente toda a Bíblia sustenta esse ensinamento, a própria Bíblia já é uma prova, pois foi inspirada pelo Espírito, pelo Pai e pelo Filho.
Diante do leitor deixo a decisão de crer ou não na Trindade.
Para mim a pergunta feita por um grupo de discípulos assombrados sobre quem era aquele que até os ventos e o mar obedeciam (Mt 8:27), já está respondida, Ele era Deus, o Senhor Todo-poderoso (Sl 148:8b), que tudo fez com um coração cheio de um amor trinamente divino.






A GLÓRIA DE DEUS

A hipótese do homem-Jesus não ser Deus, complica muito as coisas. Jesus é o protagonista de toda a história da Redenção, qualquer um percebe que Jesus Cristo tomaria o lugar de Deus se não o fosse, e se Ele realmente não é, acabou tomando de qualquer forma.
Deus ao dizer em Isaías 48:11 que a sua glória não daria a outrem, teria se equivocado ou não conseguiu manter sua palavra por causa de uma suposta mentira do Diabo.
No entanto, segundo a Bíblia em Ap 5:11,12Jesus é digno de receber TODA a glória e toda a honra, e poder, e louvor, e força e sabedoria, tudo em pé de igualdade com Deus (Ap 4:9-11). Se não entendermos da forma que Jesus disse em Jo 17:5 que a glória do Pai era compartilhada por seu Filho na eternidade, fica muito difícil de se compreender a Bíblia.
A Bíblia diz que o profeta Isaías viu a glória de Deus (Is 6:1-10); todavia, o apóstolo João diz em seu Evangelho que ele viu foi a glória de Jesus (Jo 12:39-41), e em Atos tomamos ciência que era o Espírito Santo a quem o profeta estava vendo (At 28:25-27). Não é a toa que os cristãos viram na expressão “santo” dita três vezes em Isaías 6:3 como uma referência a Trindade.
Glória, pois, ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo!


Luiz Sousa em Cristo eternamente!