terça-feira, 10 de abril de 2012

A diferença de doutrina e ensino, pastor, mestre, professor e professora.

Quando a Bíblia foi traduzida para o português a palavra grega DIDASKALÍA foi vertida por “doutrina” e não “ensino” como imediatamente um tradutor limitado poderia supor. De fato, a primeira tradução de DIDASKALÍA é “ensino”, mas buscando o critério da fidelidade de significado o termo “doutrina” é bem melhor para traduzir essa palavra encontrada na Bíblia. A questão é que os ensinos da Bíblia não possuem o mesmo grau de importância e aceitabilidade que os ensinos seculares. Os ensinos seculares são muitas vezes teóricos e sem efeito práticos. Já os ensinos da Bíblia são regras de vida e de fé. Por isso a escolha de “doutrina” para traduzir o vocábulo grego DISKALÍA foi correta. A dificuldade é definir precisamente a palavra “doutrina”, pois dar-lhe como sinônimo o termo “ensino” não faz jus ao sentido correto e preciso que os tradutores buscaram originalmente para nosso idioma.

Doutrina seria o ensino dogmático ou inegociável que deve ser seguido.

Ensinar é repassar informações e idéias que dão conhecimento e podem ou não nos afetar. Neste caso se acopla bem ao termo professor (a), já que este apenas professa informações. Já doutrinar é o repasse de informações e ideias de natureza sacra que incutem a reação de obediência.

Disto resulta também a diferença do professor para o mestre cristão. Os dois trabalham com ensino, mas um, o mestre, e mais comumente o pastor, o faz exigindo obediência. O professor é um repassador de conhecimentos, mas o mestre ou o pastor, a semelhança de Jesus, ensina com autoridade, ou seja, cobrando a devida obediência. Sendo que o pastor por ser líder e o mestre por ser habilitado por uma cobrança instintiva de ver o ensino de Cristo seguido, por isso sua preocupação de deixá-lo claro. O mestre não ensina pelo prazer de ensinar, mas pelo prazer de ver o ensino sendo obedecido. Daí seu caráter apologista, tanto no sentido de defender o ensino bíblico como de defender sua obediência. Como o ensino bíblico é eminentemente prático, a marca do mestre deveria ser a vida de obediência que inspira aos demais, e não apenas a riqueza de informações ou de facilidade didática.

Assim fica fácil entender que uma mulher cristã pode sim ensinar como professora, mas não como pastora ou mestre.

O pastor detém uma autoridade espiritual sobre as pessoas. As pessoas facilmente se submetem a sua liderança. Já o mestre detém uma autoridade espiritual sobre o ensino, e não sobre as pessoas. No mestre há um comprometimento de levar as pessoas a obedecer aquilo que ensina, e isso salta aos olhos e inspira os outros a fazê-lo. Por sua vez o professor não impõe ou não causa essa impressão nos alunos, não de forma pessoal, recorrem sempre à autoridade das Escrituras, caso seja professor de Escola Dominical, daí ser o mestre aquele professor que além de ensinar leva os outros a praticar por sua própria vida. Não se trata de um mero moralista, mas de alguém que sabe o que ensina e ensina bem porque vive esse ensino cristão prático.

Diz a Bíblia que o mestre deve se dedicar ao ensino (Rm 12.7) e que o pastor precisa ser apto a ensinar (1Tm 3.2). Isso mostra que a didática, a forma o modo de ensinar, é tão importante para o mestre quanto para o pastor, sendo comum aos dois. A diferença básica do pastor para o mestre é o objeto de trabalho. Um lida com as pessoas, tendo autoridade sobre elas, e o outro com o ensino, tendo autoridade sobre ele. O que não impede, é claro, de um um exercer a função do outro quando necessário. Vejam o caso de Timóteo, ele era pastor, mas Paulo o exortou a exercer a função de evangelista (2Tm 2.5), o que mostra que os ministérios podem se acumular na necessidade.

domingo, 8 de abril de 2012

Os pregadores-profetas do Novo Testamento.

No Antigo Testamento havia os chamados profetas, que eram homens escolhidos por Deus para transmitirem as mensagens de Deus ao seu povo. Eram homens especiais, obedientes e servos de Deus que nada temiam e que fielmente transmitiam as palavras de Deus. De alguns deles foram elaboradas as Escrituras veterotestamentárias, de outros apenas sabemos por citações. Alguns foram mais famosos outros totalmente anônimos. O certo era que estes eram por Deus escolhidos e detentores de alta conta para com Deus. Um versículo de 1Crônicas (16.22) muito citado por pastores que querem ser intocáveis perante os demais cristãos é sempre citado de forma truncada, evitando falar dos profetas de Deus, destacando apenas o lado dos pastores, o texto reza: "Não toqueis os meus ungidos, e não façais mal aos meus profetas". Sendo que na verdade, pelo contexto, de quem se está falando com mais destaque era dos profetas e não dos ungidos, visto que nenhum dos patriarcas foram ungidos, ou seja receberam o óleo da unção, mas era profetas, ou seja, recebiam de Deus visões e revelações diretas. E vale destacar, os ungidos o eram por profetas, mas os profetas era escolhidos diretamente por Deus.
Pois bem, em nossos dias existem muitos ungidos (homens consagrados a Deus, os pastores, os quais têm a incumbência de esta a frente dos demais cristãos, mas o número de profetas neotestamentários, pregadores que são escolhidos diretamente por Deus para transmitirem a mensagem do Evangelho de modo ousado são poucos. Homens sem "rabo preso" digamos assim, que não dependem de ninguém para serem o que são, ou de qualificação humano-terrena para serem porta-vozes de Deus, mas que pelo seu modo obediente de se comportar e viver o cristianismo são vasos preparados para todo boa obra, principalmente as mais ousadas e difíceis, como repreender com ousadia e abalo os pastores e crentes mundanos, que geram a ira da cristandade e estimulam o zelo da igreja do Senhor. Homens destemidos, uns tipos de kamikases (mártires) de Jesus, que deixam claro que não ligam para suas vidas, mas muito mais que cumpram o serviço que Deus os incumbiu (At 20.24; Fp 2.29, 30). Ao vermos homens assim, somos estimulados e encorajados a sermos mais santos, mais dedicados e esmerados na obra de Deus, tendo uma vida de temor e tremor diante do nosso Deus.
Que Deus levante mais profetas neotestamentários, é o que mais precisamos nesses dias!