As crônicas das guerras espirituais
de 11 de Julho de 2016
O
seminário nesse semestre praticamente me deixou sem fazer as pregações públicas
nos guetos das favelas de Fortaleza, mas não senti nenhuma repreensão de Deus
em meu coração, o que me confirmou para mim a legitimidade da parte de Deus do
Instituto Pietista de Cultura idealizado e promovido pelos pastores da minha
igreja. Mas mesmo assim senti falta e estava ansioso que chegasse logo as
férias.
Há
uns quatros dias quase instintivamente fui buscar meu sobretudo que estava na
casa de minha mãe, depois de tirar o pó coloquei-o no sol já sinalizando para
minha esposa que logo, logo estaria mais distante dela e dos meninos.
Acordei
cedo em 11.07.16 fui à padaria comprei o pão e cumpri minhas responsabilidades
calado e distante de todos em casa, até minhas brincadeiras ficaram artificiais.
Maria, minha casula umas três vezes me perguntou: o senhor está pensando em quê
pai? O silêncio calmo era a resposta porque tão absorto estava que nem me
percebia que seria hoje que iria sair para pregar em minhas pregações extemporâneas
que não deixam também de serem momentos de acontecimentostotalmente
imprevisíveis.
Só
às 16 horas sinalizei claramente que hoje iria pregar. Depois disso até a
cachorrinha Nega ficou quieta e não fez convites caninos para que eu e ela
passeássemos nas areias da Praia do Futuro.
Quando
fui tomar café e percebi que a garrafa estava seca foi que minha esposa disse
que tinha esquecido de comprar o pó, e então me toquei que já fazia vários dias
que não bebia café. Decidi antes de sair comprar pó já que minha esposa gosta
muito dessa bebida e me senti mal de ter esquecido de prover a dispensa deste
ingrediente. Pedi ao Júnior para vestir a calça comprida para irmos no
mercadinho antes deu sair. Mas minha esposa enérgica disse: Deixa isso para
depois Luiz, se na volta a mercearia estiver aberta você compra. Era a deixa.
Cinco minutos depois eu já estava no ônibus.
Pela
janela do ônibus fiquei absorto em pensamentos esquecidos vendo as luzes mais
intensas dos postes de energia elétrica da orla de Fortaleza. Estão bem mais
iluminados. A cidade de Fortaleza está mais bonita foi então que percebi. A
claridade do aterro da praia de Iracema estava muito intensa tornando a praia
quase de dia. Recordei que logo, logo haverá eleições.
Ao
descer do ônibus na décima região militar lembrei dos Escoteiros Anabatistas
estava precisando deixar o grupo mais ativo, ele praticamente só existe na
minha cabeça e nos sonhos de aventura do Glauquinho.
Depois
de vestir o sobretudo parece que todos os olhos de voltam para mim. Sinto-me
como o Capitão América com uma roupa que em vez de camuflar faz é chamar a
atenção para te fazer o alvo principal do inimigo, salvando ou dando liberdade
aos outros soldados para batalhar tranquilos.
Fui
em direção a praça do Ferreira, logo quando cheguei vi dois jovens de minha
igreja (Janderson e Mateus Hélade) conversando com um rapaz. Quando me viram
eles brilharam de alegria. É até revigorante o Mateus sair daquele jeito
preguiçoso dele para o entusiasmo de seu sorriso colorido.
Na
pregação me vali do cuidado do prefeito em melhorar a cidade antes das eleições
para falar de “PRE-FEITURA” o conceito que esta palavra tem de se procurar
fazer as coisas por antecipação. Discorri sobre a volta de Jesus e a devida
preparação para ela através da conversão. Foi um sermão vigoroso, senti unção e
receptividade.
Depois
saí com o Jandersom e Mateus Helade conversando pelo centro vazio da cidade de
Fortaleza. Logo a pergunta que muitos gostariam de saber veio à tona: “Qual a
história do sobretudo? Expliquei-lhes que o jaquetão foi um presente de minha
mãe, não houve nada predestinado por mim, ele comprou de uma mulher por dois ou
três reais (menos de um dólar). Eles se surpreenderam, mas é a verdade. Depois
eu perguntei a minha mãe se ela sabia mais alguma coisa da peça de roupa e
fiquei sabendo surpreendido também que a sobretudo tinha sido de um pescador do
Serviluz que por ter de sair para o frio mar a noite se agasalhava com o casaco
de moldes e características americanas ou europeu.
A
capa surrada por muitas idas ao mar de um pescador simples...que coisa... Não
tem como eu não associar ao conceito de Cristo do pescador de homens dito a
Pedro. Sim, meu sobretudo, como diz minha esposa, foi feito para mim, nada
tenho de me preocupar com as críticas. Já meu chapéu refinadamente feito de
pele de ovelha, pontudo, tipo Peter Pan ou Robin Hood, que todos cobiçam, é
vaidade minha mesmo (e dos outros, risos), acho bonito, gosto e ponto final.
Depois
no caminho para a capela de Moriá, eu e o Jandersom conversamos demoradamente
com dois jovens Mórmons. Ficamos maravilhados com o testemunho dos dois rapazes
que haviam deixado tudo nos Estados Unidos para virem “evangelizar” no Brasil,
tudo mesmo, família, conforto, segurança, namoradas, faculdade...de apenas 19
anos! E muitos crentes ainda continuam acomodados e se lamentando por não
gozarem bem de suas vidas medíocres sem fazer nada para Deus. No evangelismo
tentei mostrar para os dois jovens Mórmons que o problema da religião deles é parte
do pressuposto que a igreja foi derrotada e que houve a necessidade de ser
restaurada. Para nós anabatistas a igreja de Jesus não foi derrotada pelos
poderes da terra ou do inferno. Sempre a igreja esteve aqui desde que fundada
por Jesus. Mas o tempo era escasso e o evangelismo foi bem curto. Fiquei
pasmado com a atenção dos dois jovens, o interesse deles por nós era visível.
Que zelo no engano!
Na
capela havia uma reunião de oração do exército da redenção. Quando chegamos à
irmã Vaneide falava sobre a velhice do cristão, depois o Jandersom deu uma
palavra e pedi-lhe que ele falasse do testemunho dos dois jovens Mórmons para
estimular a todos. A irmã Debora comentou o riquíssimo texto de 1Co 15.58. Na
oração aproveitei para me derramar diante de Deus minhas dificuldades e depois
orei em voz alta para que a glória de Deus, que há no coração dos irmãos, se
espalhe por muitos e que o cheiro do evangelho perfume também a muitos para a
glória de Deus.
No
final o irmão Marcos profetizou usando um texto da própria Bíblia para mim. E
saí dali revigorado e seguro que o Deus vivo está no comando de minha vida.