quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

AS PALAVRAS DA DOUTRINA DA TRINDADE E O UNITARISMO NO CONCÍLIO DE NICEIA
No Concílio de Niceia (ano 325), onde foi defendido e estabelecido o credo da Trindade, poucos sabem que houve uma controvérsia interna, em que alguns Bispo presentes não queriam aceitar o credo ali estabelecido, porque uma palavra parecia defender uma outra heresia acerca da pessoa de Jesus, que tinha surgido alguns séculos antes, que era a de dizer que o Pai-eterno e Jesus eram a mesma pessoa.
Tertuliano (falecido por volta de 230, um século antes do Concílio) tinha estabelecido o vocabulário latino específico para melhor explicar o ensino da Trindade. Três palavras básicas foram usadas por ele para esclarecer a doutrina trinitariana, a saber, TRINITAS (Trindade), SUBSTANTIA (substância, em grego: OUSIA) e PERSONA (pessoa, em grego: UPÓSTASIS). Tertuliano assim estabeleceu que TRINITAS era o nome da doutrina; SUBSTANTIA se referia a essência divina, em que o Pai, e o Filho e o Espírito Santo eram um e PERSONA falaria da individualidade de cada pessoa da Trindade. Assim, na Trindade (TRINITAS) havia três pessoas distintas (PERSONA), mas sendo um único Deus (SUSTANTIA). Ocorre que quando foi estabelecido o credo da Trindade, em Niceia, a palavra usada para descrever a unidade de Jesus com Pai foi a grega HUPÓSTASIS, que parecia equivaler em latim ao terno PERSONA. Para muitos Bispos isso era o mesmo que dizer que o Pai e o Filho eram a mesma pessoa, o que apoiava a heresia de Sabélio (o pai dos unitaristas). Por conta disso, houve resistência por parte de muitos deles em aceitar o credo. O que é explorado oportunamente pelas Testemunhas de Jeová, na brochura “Deve-se crer na Trindade?” (pág. 8), como se tivesse havido alguma recusa entre os bispos em aceitar o ensino da Trindade. O que eles estavam temendo era que outra heresia (a unitarista) acabasse sendo defendida enquanto se refutava a de Ário. Houve então uma confusão entre o latim e o grego devido à diferença cultural dos bispos (uns gregos outros latinos). Diz-se que Constantino fez vista grossa a essa discussão e usou de sua autoridade política para aprovar o credo com a palavra UPÓSTASIS asseverando que Jesus era da mesma natureza do Pai. E agora, quero esclarecer a confusão.
Na verdade, o termo grego HUPÓSTASIS não era de todo e perfeitamente idêntico ao termo latino PERSONA usado por Tertuliano. O termo ocorre em Hb 1.3 quando fala que Cristo é a expressão exata (CHARAKTÉR) do ser (HUPÓSTASIS) de Deus. Desse modo, a própria Bíblia deixa claro que UPÓSTASIS fala da essência de Deus, confirmando assim o acerto do credo de Niceia. A língua grega é muito rica em sinônimos. Para “pessoa” esta língua possui duas palavras específicas: ÁNTHPROPOS (homem ou pessoa no sentido genérico) e PSYKHÉ (alma, vida). Já HUPÓSTASIS deriva da junção de duas outras palavras gregas: a preposição HUPÓ e o verbo HÍSTEMI (instituir, estabelecer), que tem sido traduzida nas quatro (4) das cinco (5) ocorrências existentes no Novo Testamento grego por “confiança” ou “certeza” (2Co 9.4; 11.7; Hb 3.14; 11.1). O significado preciso da palavra é “o estabelecido” ou “coisa determinada”, daí seu sentido de “ser” em Hb 1.3, referindo-se a “essência” de Deus na qual cremos.
As Testemunhas de Jeová que escreveram a brochura “Deve-se crer...” não sabem ou não quiseram revelar, que quem sugeriu o termo grego HUPÓSTASIS foi Ósio, o conselheiro bíblico de Constantino. O imperador não era teólogo e estava mais preocupado em apoiar a maioria para não dividir o império. E a maioria, que viam da cultura grega compreendia perfeitamente o termo grego, tendo apoiado o credo. Achar que homens de Deus, que ainda traziam as marcas da perseguição, que viram seus pais serem martirizados anos antes, iriam temer a um político e se deixar levar por seus interesses em vez de defenderem suas convicções, é totalmente desacreditar na perseverança da Igreja ante as portas do inferno (a morte, o pecado e o mundo).
Para maiores detalhes vejam em meu blog (luizsousa-original.blogspot.com) o livro a “Trindade e as Testemunhas de Jeová”, um tratado apologético da Doutrina da Trindade irrefutável.

Luiz Sousa em Cristo eternamente!

Nenhum comentário:

Postar um comentário