quarta-feira, 26 de abril de 2017
Uma exposição gramatical do Verbo grego
Em grego existem três vozes verbais: a ativa, a passiva e a média. A média corresponde à nossa voz reflexiva, ex.: trabalho para mim mesmo.
Há quatro modos: indicativo, subjuntivo, optativo, imperativo.
O infinitivo e particípio são as formas nominais dos verbos, sendo que o Particípio tem toda uma flexão como um adjetivo.
Os tempos em grego são seis: presente, futuro, imperfeito, aoristo, perfeito, mais-que-perfeito.
O aoristo é um tempo traduzido como o nosso perfeito português, mas em grego, expressa uma ação feita de forma básica, sem ter ideia de desenvolvimento ou de efeito presente ou repetitivo. Já o tempo perfeito em grego que também é traduzido pelo nosso perfeito em português, traz consigo a ideia de uma ação feita cujos os efeitos ainda estão presentes. Por exemplo, em João 3.16 “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito” o “amou” e o “deu” está no aoristo, indicando que o “amar” e o “dar” de Deus foi de forma definitiva, Ele amou e deu, mas não está amando e dando ainda na mesma ação. Já em Efésios 2.8 o verbo salvar está no perfeito, devendo ser traduzido por “fostes salvos”, e indica que o efeito dessa ação ainda é presente, ou seja, os que foram salvos ainda estão.
Os tempos em gregos não possuem como no português conceito de tempo, eles expressam mais qualidade da ação.
O presente indica uma ação que acontece, é o que mais se iguala ao nosso tempo correspondente.
O imperfeito indica uma ação que se repete, com a partícula ἄν refere-se a uma ação hipotética futura e improvável, seria algo parecido como o nosso futuro do pretérito com a ideia da improbabilidade.
O perfeito com já foi exemplificado seria uma ação concluída e efetiva, ou seja, que tem efeito presente.
O futuro diz respeito ao momento da ação, não ao tipo de ação, embora o futuro, por si só, quase sempre se refira a uma ação pontual. No linguajar bíblico o futuro às vezes tem um sentido presente, como no caso dos enunciados dos mandamentos: Não matarás, não roubarás, etc.
O aoristo é ação concluída, mas que não revela que seus efeitos estão atualmente presentes. É usado para uma ação simples, indefinida. No modo indicativo, o tempo aoristo normalmente indica uma ação simples ocorrida no passado. Ele deve ser distinguido do tempo imperfeito, que indica ação contínua no passado. Com poucas exceções, sempre que o tempo aoristo é usado, em qualquer modo que não o indicativo, o verbo não tem nenhum significado temporal. Em outras palavras, ele refere-se apenas à realidade de um evento ou uma ação.
O particípio expressa uma ação atribuitiva ou qualificativa, geralmente é traduzido pelo gerúndio ou particípio português ou por uma expressão verbal. O particípio aoristo expressa uma ação simples, em oposição à ação contínua do particípio presente. Esta construção não indica o momento da ação. Todavia, quando a sua relação com o verbo principal é temporal, normalmente significa uma ação anterior à do verbo principal. Exemplo: “Tomou Jesus pão, e abençoando-o (depois de abençoa-lo [particípio aoristo]), o partiu” (Mt 14.22).
O imperativo expressa a ação dentro do diálogo, podendo indicar tanto um pedido, uma ordem, não necessariamente significando mando. O imperativo aoristo significa uma ordem para fazer, no futuro, alguma coisa que é uma ação simples. Isso é contrastado com o presente do imperativo, que envolve uma ordem para uma ação continua e repetitiva.
O infinitivo é um tipo de presente durativo, ele não é usado como no português para se fazer o enunciado do verbo, este é feito em grego usando a primeira pessoa do presente do indicativo, por exemplo, o verbo ἀγαπάω que anunciamos em português no infinitivo (amar) é literalmente em grego “eu amo”. O infinitivo presente refere-se a uma ação continuada ou repetitiva, sem indicar nada sobre o momento da ação. O infinitivo aoristo refere-se a uma ação simples, não a uma ação linear, representada pelo infinitivo presente. Exemplo: na frase Ἀπό τότε ἤρξατο ὁ Ἰησοῦς κηρύσσειν καὶ λέγειν Μετανοεῖτε∙ ἤγγικεν γὰρ ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν (Mt 4.17): “Começou Jesus a pregar e a dizer arrependei-vos porque está perto o reino dos céus” os verbos pregar e dizer no infinitivo indicam essa ação simples, não indicando o momento da ação.
Os tempos do modo subjuntivo (presente e aoristo) expressam uma ação hipotética, dependendo da combinação com a condicional, podendo ser uma ação certa ou improvável.
Os tempos do modo optativo (presente, futuro e aoristo) exprimem geralmente desejo e correspondem geralmente ao nosso optativo em português.
Os tempos imperfeito e aoristo possuem uma aumento temporal, a vogal ε-, que tem um indicativo de ação passada. Já o tempo perfeito possui uma reduplicação da consoante inicial, que tem o nome de redobro. Um -ε- serve de vogal de ligação. Exemplo: o verbo σῶζω (salvar), tem seu perfeito em σεσῶκα (salvei).
Se a consoante inicial for aspirada (χ, θ e φ) o redobro é feito pela consoante muda correspondente (κ, τ e π). Exemplo: χαρίζομαι (agraciar), Perfeito: κεχαριζόμενος (agraciei). θύω (sacrificar), Perfeito: τέθυκα (sacrifiquei); φυτεύω (plantar), Perfeito: πεφύτευκα (plantei).
Os verbos em grego são classificados em dois grupos os que terminam em -ω e os que terminam em -μι. Que se subdividem em os de tema em vogal e os de tema em consoante. Sendo que os terminados em -ω são os mais numerosos, tendo a distinção entre os que são contratos e os não-contratos. Existem também em grego os verbos depoentes, são os que se encontram no dicionário com terminação passiva
-ομαι. Estes verbos possuem a forma passiva mais o significado é ativo.
Paradigmas Verbais Gregos
1. Verbos terminados em -ω de tema vogal não-contratos:
Conjugação do verbo θύω (sacrificar)
Observação: as cores pretas apontam a raiz do verbo, a vermelha a desinência temporal e o vermelho-escuro a parte que caracteriza o tempo verbal.
1.2 Tempos presente, futuro, imperfeito e aoristo da Voz Ativa:
Presente Futuro -σ- Imperfeito ἐ- Aoristo ἐ-σα
Eu θύω, sacrifico θύσω, sacrificarei ἔθυον, sacrificava ἐθύσα, sacrifiquei
Tu θύεις θύσεις ἐθύες ἐθύσας
Ele θύει θύσει ἐθύε (ν) ἐθύσει
Nós θύομεν θύσομεν ἐθύομεν ἐθύσαμεν
Vós θύετε θύσετε ἐvθύετε ἐθύσετε
Eles θύουσι (ν) θύσουσι (ν) ἔθυον ἐθύσαν
Observe que a diferença do presente para o futuro é apenas do -σ, já para o imperfeito e o aoristo surge como ponto distintivo o ἐ- inicial e a marca característica do aoristo o -σα.
Tempos presente, aoristo e perfeito do modo subjuntivo da voz ativa:
presente aoristo -σ- perfeito τε-κ-
Eu θύω, que eu sacrifique θύσω, que eu sacrifique τεθύκω
Tu θύῃς θύσῃς τεθύκῃς
Ele θύῃ θύσῃ τεθύκῃ
Nós θύωμεν θύσωμεν τεθύκωμεν
Vós θύητε θύσητε τεθύκητε
Eles θύωσι (ν) θύσωσι (ν) τεθύκωσι (ν)
Observe que as terminações do presente, do aoristo e do perfeito do subjuntivo são divergentes dos seus correspondentes do Indicativo apenas pelo alongamento das vogais. Vale também notar que as desinências corresponderão ao próprio subjuntivo do verbo εἰμί (ser ou estar).
Tempos imperativo presente e aoristo:
imperativo presente imperativo aoristo -σ-
Eu
Tu θῦε, sacrifique θῦσον
Ele θυέτω θυσάτω
Nós
Vós θύετε θύσατε
Eles θυόντωp θυσάντων
Observação: O aoristo do imperativo tem a mesma significação que o imperativo presente. Note que ele não tem o ε- característico de passado. O Imperativo grego não indica necessariamente ordem, é geralmente usado na conversação.
1.5 Tempo perfeito, com seu imperativo e infinitivo:
perfeito τε-κ- imperativo perfeito τε-κ- infinitivo perfeito τε-κ-
Eu τέθυκα τεθυκέναι, ter desligado
Tu τέθυκας τέθυκε
Ele τέθυκεν τεθυκέτω
Nós τεθύκαμεν
Vós τεθύκατε τεθύκετε
Eles τεθύκασι (ν) τεθυκέτωσαν
A característica do perfeito é o redobro e a desinência -κα-. Nos verbos iniciados por vogal, apenas ocorre o alongamento da vogal inicial. Ex.: ἐλπίζω (esperar), perfeito: ἤλπικα.
1.6 Particípio presente (sacrificando, o que sacrifica):
Singular
masculino feminino neutro
Nom. ὁ θύων ἡ θύουσα τό θύον
Gen. τοῦ θύοντος τῆς θυούσhς τοῦ θύοντος
Dat. τῷ θύοντι τῇ θυούσῃ τῷ θύοντι
Acus. τόν θύοντα τήν θύουσαν τό θύον
Plural
masculino feminino neutro
Nom. οἱ θύοντες αἱ θύουσαι τά θύοντα
Gen. τῶν θυόντων τῶν θυουσῶν τῶν θυόντων
Dat. τοῖς θύονσιν ταῖς θυούσαις τοῖς θύονσιν
Acus. τούς θύοντας τάς θύουσας τά θύοντα
Particípio futuro (havendo de sacrificar):
Singular
masculino feminino neutro
Nom. ὁ θύσων ἡ θύσουσα τό θύσον
Gen. τοῦ θύσοντος τῆς θυσούσης τοῦ θύσοντος
Dat. τῷ θύσοντι τῇ θυσούσῃ τῷ θύσοντι
Acus. τόν θύσοντα τήν θύσουσαν τό θύσον
Plural
masculino feminino neutro
Nom. οἱ θύσοντες αἱ θύσουσαι τά θύσοντα
Gen. τῶν θυσόντων τῶν θυσουσῶν τῶν θυσόντων
Dat. τοῖς θύσονσιν ταῖς θυσούσαις τοῖς θυσονσιν
Acus. τούς θύσοντας τάς θύσουσας τά θύσοντα
Observação: O particípio futuro difere do presente apenas pelo σ
Particípio aoristo (tendo sacrificado):
Singular
masculino feminino neutro
Nom. ὁ θύσας ἡ θύσασα τό τεθυκός
Gen. τοῦ θύσαντος τῆς θυσάσης τοῦ τεθυκότος
Dat. τῷ θύσαντι τῇ θυσάσῃ τῷ τεθυκότι
Acus. τόν θύσαντα τήν θύσασαν τό τεθυκός
Plural
masculino feminino neutro
Nom. οἱ θύσοντες αἱ θύσουσαι τά θύσοντα
Gen. τῶν θυσόντων τῶν θύσουσῶν τῶν θυσόντων
Dat. τοῖς θύσονσιν ταῖς θύσούσαις τοῖς θύσονσιν
Acus. τούς θύσοντας τάς θύσουσας τά θύσοντα
O particípio aoristo também possui o -σα como marca registrada.
Particípio perfeito (havendo de sacrificar):
Singular
masculino feminino neutro
Nom. ὁ τεθυκώς ἡ τεθυκυῖα τό τεθυκός
Gen. τοῦ τεθυκότος τῆς τεθυκυίας τοῦ τεθυκότος
Dat τῷ τεθυκότι τῇ τεθυκυίᾳ τῷ τεθυκότι
Acus. τόν τεθυκότα τήν τεθυκυίαν τό τεθυκός
Plural
masculino feminino neutro
Nom. οἱ τεθυκόντες αἱ τεθυκυῖαι τά τεθύκοτα
Gen. τῶν τεθυκότων τῶν τεθυκυιῶν τῶν τεθυκότων
Dat. τοῖς τεθυκόσι ταῖς τεθυκυίᾳις τοῖς τεθύκοσι
Acus. τούς τεqύκοτας τάς τεθυκυίας τά τεθύκοτα
A declinação do particípio perfeito não está de todo certa, mas é a mais provável. Nenhuma gramática forneceu esta flexão. Freire apenas alista o nominativo e o genitivo singular.
O particípio é o único tempo grego que sofre declinação.
Tempos presente, futuro, aoristo e perfeito do modo optativo:
presente -οι- futuro -σοι-
Eu θύοιμι que eu possa sacrificar θύσοιμι, que eu possa vir a sacrificar
Tu θύοις θύσοις
Ele θύοι θύσοι
Nós θύοιμεν θύσοιμεν
Vós θύοιτε θύσοιτε
Eles θύοιεν θύσοιεν
A marca característica do optativo é a partícula -οι, para se obter o Futuro basta acrescentar o &s& característico deste tempo. A primeira pessoa do singular ganha a desinência -μι-:
aoristo -σαι- perfeito τε-kοι-
θύσαιμι, que eu possa sacrificar τεθύκοιμι, que eu possa ter desligado
θύσαις τεθύκοις
θύσαι τεθύκοι
θύσαιμεν τεθύκοιμεν
θύσαιτε τεθύκοιτε
θύσαιαν τεθύκοιεν
Note que o -οι do presente se transforma em -αι no aoristo. O perfeito possui o mesmo -οι do presente, continuando com o seu redobro e seu -κ- característico.
1.11 Conjugação do Verbo εἰμί ser ou estar): Tempos presente, imperfeito, futuro e imperativo.
Modo Indicativo
presente imperfeito futuro
Eu εἰμί sou ἦν ou ἤμην era/estava ἔσομαι serei
Tu εἶ és ἦς e ἦσθα eras/estavas ἔσῃ serás
Ele ἐστί (ν) é ἦν era/estava ἔσεtαι será
Nós ἐσμέν somos ἦmεν e ἤμεθα éramos ἐσόμεθα seremos
Vós ἐστέ sois ἦτε éreis/estáveis ἔσεσθε sereis
Eles εἰσίν são ἦσαν eram/estavam ἔσονται serão
Observe agora, buscando a memorização, o mesmo quadro com a raiz do verbo na cor preta e a desinência pessoal na cor vermelha:
presente imperfeito ἠ- futuro ἔσ-
Eu εἰ-μί sou ἦ&ν ou ἤ-μην era/estava ἔσ-ομαι serei
Tu εἶ és ἦ-ς e ἦ-σθα eras/estavas ἔσ-ῃ serás
Ele ἐσ-τί (ν) é ἦ-ν era/estava ἔσ-εται será
Nós ἐσ-μέν somos ἦ-μεν e ἤ-μεθα éramos ἐσ-όμεθα seremos
Vós ἐσ-τέ sois ἦ-τε éreis/estáveis ἔσ-εσθε sereis
Eles εἰ -σίν são ἦ&σαν eram/estavam ἔσ-ονται serão
Outra dica importante é o notar que a raiz do imperfeito é em η- como se o ε- da raiz do presente se alongasse com o ε- característico do imperfeito. As desinências do Futuro são as mesmas do Futuro Médio.
Tempo subjuntivo do εἰμί comparado com o do presente o θύω:
subjuntivo εἰμί subjuntivo θύω
Eu ὦ, que eu seja θύω, que eu sacrifique
Tu ᾖς θύῃς
Ele ᾖ θύῃ
Nós ὦμεν θύωμεν
Vós ἦτε θύητε
Eles ὦσι (ν) θύωσι (ν)
Tempo imperativo do εἰμί comparado com o do presente do θύω:
imperativo do εἰμί imperativo presente, aoristo e perfeito do θύω
Eu
Tu ἴσθι sê θῦε, sacrifique θῦσον τέθυκε
Ele ἔσ-τω seja θυέ-τω θυσά-τω τεθυκέ-τω
Nós
Vós ἔσ-τε sejais θύε-τε θύσα-τε τεθύkε&τε
Eles ἔσ-των sejam θυόντων θυσά-ντων τεθυκέ-τωσαν
A desinência -θι nos demais verbos é apenas -ε. As demais desinências são praticamente as mesmas do imperativo ativo.
1.13 Particípio presente do εἰμί: Sendo o que é:
masculino feminino neutro masculino feminino neutro
Nom. ὤν οὖσα ὄν ὄντες οὖσαι ὄντα
Gen. ὄντος οὔσῃς ὄντος ὄντων οὐσῶν ὄντων
Dat. ὄντι οὔση ὄντι οὔσι οὐσαῖς οὔσι
Acus. ὄντα οὖσαν ὄν ὄντας οὖσας ὄντα
As formas do particípio presente do verbo εἰμί são praticamente as desinências do particípio das conjugações dos demais verbos.
1.12 Particípio futuro: Havendo de ser:
masculino feminino neutro masculino Feminino Neutro
Nom. ἐσόμενος ἐσομένη ἐσόμενον ἐσόμενοι ἐσόμεναι ἐσόμενα
Gen. ἐσομένου ἐσομενης ἐσομένου ἐσομένων ἐσομενῶν ἐσομένων
Dat. ἐσομένω ἐσομενῇ ἐσομένω ἐσομένοις ἐσομέναις ἐσομένοις
Acus. ἐσόμενον ἐσομένην ἐσόμενον ἐσόμενοι ἐσόμεναι ἐσόμενα
As desinências do particípio do εἰμί são idênticas as do particípio da voz média e passiva.
1.13 Infinito do εἰμί:
Presente: εἶναι (ser). O raiz do infinitivo presente é igual a da terceira pessoa do singular, e primeira e segunda pessoas do plural (εἰ-) do presente, já a desinência é a mesma do Infinito da voz passiva (-αι).
Futuro: ἔσθαι (haver de ser). A raiz do infinitivo presente é igual a do tempo futuro. A desinência é idêntica a do infinitivo e do futuro da voz média (-εσθαι).
2. Verbos terminados em -ω de tema vogal contratos.
Compreende os verbos terminados em -αω, -εω e -οω. Praticamente eles possuem as mesmas desinências que vimos nos paradigmas do θύω. A diferença consiste que as vogais destes verbos ao se encontrarem com as vogais das desinências Presente e do Imperfeito, sofrem as contrações que abaixo alistamos:
Verbos em -αω:
α + ε ou η contrai-se em ᾶ
α + ει contrai-se em ᾳ
α + ο ou ω ou ου contrai-se em ω
α + οι contrai-se em ῳ
Verbos em -εω:
ε + ε contrai-se em ει
ε + ο contrai-se em ου
ε + ει contrai-se em εῖ/
Verbos em -οω:
ο + ε contrai-se em ου
ο + ω ou η contrai-se em ω
ο + ει ou οι ou ῃ contrai-se em οι
Nos tempos futuro, aoristo e perfeito as vogais do tema também sofrem alongamento o α e o e ε alongam-se em η e o em ω. Exemplo:
ἀγαπάω (amar) futuro: ἀγαπήσω (amarei); aoristo: ἠγαπήσα (amei); perfeito: ἀγαπήκα (amei e amo).
ποιέω (fazer) futuro: ποιήσω (farei); aoristo: ἐποιήσα (fiz); perfeito: πεποιήκα (fiz e continua feito).
δικαιόω (justificar) futuro: δικαιήσω (justificarei); aoristo: δικαιήσα (justifiquei); perfeito: δικαιήκα (justifiquei e justifico).
3. Paradigmas verbais da voz médio-passiva de θύω (sacrificar):
3.1 Tempos presente, futuro, imperfeito e aoristo:
presente médio-passivo futuro médio futuro passivo
Eu θύομαι, sou sacrificado/sacrifico para mim θύσομαι, sacrificarei para mim θυθήσομαι serei sacrificado
Tu θύει θύσει θύθησει
Ele θύεται θύσεται θύθησεται
Nós θυόμεθα θυσόμεθα θυθησόμεθα
Vós θύεσθε θύσεσθε θύθησεσθε
Eles θύονται θύσονται θύθησονται
imperfeito médio-passivo aoristo médio aoristo passivo
Eu ἐθυόμεν, era sacrificado ἐθυσάμεν, eu me sacrifiquei ἐθύθην, fui sacrificado
Tu ἐθύου ἐθύσω ἐθύθης
Ele ἐθύετο ἐθύσατο ἐθύθη
Nós ἐθυόμεθα ἐθυσάμεθα ἐθύθημεν
Vós ἐθύεσθε ἐθύσασθε ἐθύθητε
Eles ἐθύοντο ἐθύσαντο ἐθύθησαν
Tempos presente e aoristo do modo subjuntivo:
presente do subjuntivo médio-passivo aoristo do subjuntivo médio
Eu θύωμαι,que eu seja sacrificado/ que eu me sacrifique θύσωμαι,que eu me sacrifique
Tu θύῃ θύσῃ
Ele θύηται θύσηται
Nós θυώμεθα θυσώμεθα
Vós θύησθε θύσησθε
Eles θύωνται θύσωνται
Note que o presente do subjuntivo médio-passivo consiste no alongamento da vogal do tema do presente médio-passivo. Já para se obter aoristo subjuntivo médio basta acrescentar o -σ característico do Aoristo.
aoristo do subjuntivo passivo
Eu θυθῶ que eu seja sacrificado
Tu θυθῇς
Ele θύθῇ
Nós θῶμεν
Vós θυθῆτε
Eles θυθῶσιν
Tempos presente, futuro, aoristo e perfeito do modo optativo:
presente médio-passivo optativo futuro médio optativo
Eu θύοιμην, que eu possa sacrificar-me/ser sacrificado θυσοίμεν, que eu possa vir a sacrificar-me
Tu θύοιο θύσοιο
Ele θύοιτο θύσοιτο
Nós θυοίμεθα θυσοίμεθα
Vós θύοισθε θύσοισθε
Eles θύοιντο θύσοιντο
aoristo médio optativo
Eu θυσαίμην, que eu possa sacrificar-me
Tu θύσαιο
Ele θύσαιτο
Nós θυσαμεθα
Vós θύσαισθε
Eles θύσαιντο
futuro passivo optativo aoristo passivo optativo
Eu θυθησοίμεν, que eu possa vir a ser sacrificado θυθείην, que eu possa ser sacrificado
Tu θυθήσοιο θυθείης
Ele θυθήσοιτο θυθείη
Nós θυθησοίμεθα θυθείημεν
Vós θυθήσοιστε θυθείητε
Eles θυθήσοιντο θυθείησαν
imperativo presente médio-passivo, infinito aoristo médio e passivo:
imperativo presente médio-passivo imperativo aoristo médio
Eu
Tu θύου, sacrifica θῦσαι, sacrifica
Ele θυέσθω θυσάσθω
Nós
Vós θύεσθε θύσασθε
Eles θυέσθων θυσάσθων
imperativo aoristo passivo
θύθητι, sacrifica
θυθήτω
θύθητε
θυθήτωσαν
Infinitivo presente médio-passivo: θύεσθαι: ser sacrificado/ sacrificar-se;
Infinitivo futuro médio: θύσεσθαι: haver de sacrificar-se;
Infinitivo futuro passivo: θυθήσεσθαι: haver de ser sacrificado
Infinitivo Aoristo médio: θύσασθαι: ter-se sacrificado;
Infinitivo aoristo passivo: θυθήναι: ser, ter sido sacrificado;
Infinitivo perfeito médio-passivo: θεθύσθαι: ter sido sacrificado;
Infinitivo mais-que-perfeito médio-passivo: θεθύσεσθαι: haver de estar sacrificado.
Particípio médio-passivo (tendo sacrificando/sacrificando-se):
Singular
masculino feminino neutro
Nom. ὁ θυόμενος ἡ θυομένη τό θυόμενον
Gen. τοῦ/ θυομένου τῆς θυομένης τοῦ θυομένου
Dat. τῷ θυομένῷ τῇ θυομενῇ τῷ θυομένῷ
Acus. τόν θυόμενον τήν θυομένην τό θυόμενον
Plural
masculino feminino neutro
Nom. οἱ θυόμενοι αἱ θυόμεναι τά θυόμενα
Gen. τῶν θυομενῶν τῶν θυομενῶν τῶν θυομενῶν
Dat. τοῖς θυομένοις ταῖς θυομέναις τοῖς θυομένοις
Acus. τούς θυομένους τάς θυομένας τά θυόμενα
Particípio futuro passivo (havendo de ser sacrificado):
Singular
masculino feminino neutro
Nom. ὁ θυθησόμενος ἡ θυθησομένη τό θυθησόμενον
Gen. τοῦ θυθησομένου τῆς θυθησομένης τοῦ θυθησομένου
Dat. τῷ θυθησομένῷ τῇ θυθησομενῇ τῷ θυθησομένῷ
Acus. τόν θυθησόμενον τήν θυθησομένην τό θυθησόμενον
Plural
masculino feminino neutro
Nom. οἱ θυθησόμενοι αἱ θυθησόμεναι τά θυθησόμενα
Gen. τῶν θυθησομενῶν τῶν θυθησομενῶν τῶν θυθησομενῶν
Dat. τοῖς θυθησομένοις ταῖς θυθησομέναις τοῖς θυθησομένοις
Acus. τούς θυθησομένυς τάς θυθησομένας τά θυθησόμενα
Particípio aoristo passivo (tendo sido sacrificado):
Singular
masculino feminino neutro
Nom. ὁ θυθείς ἡ θυθεῖσα τό θυθέν
Gen. τοῦ θυθέντος τῆς θυθεῖσης τοῦ θυθένος
Dat. τῷ θυθέντι τῇ θυθείσῃ τῷ θυθέντι
Acus. τόν θυθέντα τήν θυθεῖσην τό θυθέν
Plural
masculino feminino neutro
Nom. οἱ θυθεῖς αἱ θυθείσαι τά θυθέ
Gen. τῶν θυθεντῶν τῶν θυθεισῶν τῶν θυθεντῶν
Dat. τοῖς θυθένσιν ταῖς θυθεισᾷις τοῖς θυθένσιν
Acus. τούς θυθέντας τάς θυθείσας τά θυθέ
4. Verbos terminados em ω de tema consoante:
4.1 Verbos terminados em consoantes labiais ( β π φ ), guturais ( γ κ χ ) e dentais ( δ τ θ ). As conjugações destes verbos são idênticas as que já vimos, as exceções são as modificações que ocorrem quando o σ e μ da desinência se encontram com essas consoantes, ocorrendo as mesmas transformações que acontecem com o dativo da terceira declinação. Vejam os quadros:
Para o encontro com o s:
β ou p o u φ + σ transformam-se em ψ
g ou k ou c + σ transformam-se em ξ
δ ou τ ou θ + σ caem
Para o encontro com o μ:
Antes de μ as labiais (β π φ) se transformam-se em μ
Antes de μ as guturais (γ κ χ) se transformam-se em ξ
Antes de μ as dentais (β π φ) se transformam-se em σ
Existe também algumas modificações no tempo perfeito, conforme o quadro abaixo:
β ou π o u φ + κα transformam-se em φα
γ ou κ ou χ + κα transformam-se em χα
δ ou τ ou θ + κα caem
4.2 Verbos terminados em consoante líquida ( λ μ ν ρ ). Nestes verbos o σ do aoristo e do futuro caem, e recebem um acento til. Como a penúltima sílaba deve ser breve, perde-se ou uma consoante, se o presente tiver duas, ou ι nos verbos em -αίνω, -ίνω. Exemplo:
ἀγγέλλω (anunciar) futuro: ἀγγελῶ
φαίνω (mostrar) futuro: φανῶ
τείνω (estender) futuro: τενῶ
αἴρω (levantar) futuro: ἄρῶ
φθείρω (corromper) futuro: φθερῶ
5. Verbos terminados em -μι. Esses verbos também possuem as mesmas conjugações que já vimos, as únicas exceções ocorrem nos tempos presente e imperfeito das três vozes e no segundo aoristo da voz ativa e média. As diferenças consistem:
No desaparecimento das vogais temáticas. Nos verbos em -μι as desinências unem-se ao tema ou diretamente ou por meio da interpolação sílaba &nu nos verbos terminados em consoantes.
Nas desinências da voz Ativa do presente e do imperfeito, compare:
presente -ω presente -μι imperfeito -ω imperfeito -μι
Eu θύω, sacrifico ἳστημι coloco ἔθυον, sacrificava ἳστην colocava
Tu θύεις ἳστης ἐθύες ἳστης
Ele θύει ἳστησι ἐθύε (ν) ἳστη
Nós θύομεν ἳσταμεν ἐθύομεν ἳσταμεν
Vós θύετε ἳστητε ἐθύετε ἳστητε
Eles θύουσι (ν) ἱστᾶσιν ἔθυον ἱστᾶσιν
Aoristos segundos. Estes tempos possuem o mesmo significado dos primeiros aoristos ou aoristos em sigma. Formam-se juntando ao tema verbal o -ον e o -όμεν, ou seja as desinências do imperfeito ativo, em vez do -σα e do -σάμεν.
quinta-feira, 16 de março de 2017
Comentário de 2Tm 3.16
Muito usado como o texto básico para definir o tipo de inspiração da Bíblia, o texto de 2Tm 3.16, possui duas traduções, vejamos e analisemos suas implicações:
1) “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,” Almeida Revista e Corrigida, quarta edição de 2009.
2) “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça,” Almeida Edição contemporânea.
Há uma diferença clara entre as duas versões. Na primeira é dito que apenas toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para instrução, mas a segunda versão parece dizer que todo escrito é inspirado. De imediato alguém dirá que a segunda versão não corresponde à verdade, já que nem todo escrito é inspirado por Deus. Mas essa segunda versão por incrível que pareça é a tradução correta do texto grego e se explica pela análise contextual, pois se for observado bem o que Paulo está dizendo é que as escrituras do contexto, no caso as Sagradas Letras do verso 15, são todas inspiradas. Com isso temos a afirmação bíblica que todo o texto do Antigo Testamento é inspirado por Deus, e que as discrepâncias devem ser ter alguma explicação.
Na primeira versão teríamos um apoio para os que acreditam que apenas partes das Escrituras são inspiradas e que essas possuem um uso instrutivo. Mas trata-se de um equívoco que surgiu pela interferência da hermenêutica sobre a tradução, o tradutor julgou que algo estava incorreto na afirmação de que toda escritura é divinamente inspirada e resolveu fazer uma tradução interpretativa para não dizer algo não ortodoxo numa tradução literal.
A expressão “divinamente inspirada” no original grego corresponde a uma única palavra: θεόπνευστος (THEÓPNEUSTOS) junção das palavras “Deus” e “Sopro”. Literalmente diz que as Escrituras vieram de Deus. Sendo uma palavra que ocorre uma única vez no Novo Testamento grego, por isso chamada de “hápax legomena”, talvez a melhor maneira de se entender o significado desse vocábulo é comparar o texto de 2Tm 2.16 com o de 2Pe 1.21 que se debruça sobre a mesma questão, e assim poderíamos dizer que o THEÓPENEUSTOS seria um mover de Deus particular sobre alguns homens para produzir as sagradas escrituras.
Muito usado como o texto básico para definir o tipo de inspiração da Bíblia, o texto de 2Tm 3.16, possui duas traduções, vejamos e analisemos suas implicações:
1) “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,” Almeida Revista e Corrigida, quarta edição de 2009.
2) “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça,” Almeida Edição contemporânea.
Há uma diferença clara entre as duas versões. Na primeira é dito que apenas toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para instrução, mas a segunda versão parece dizer que todo escrito é inspirado. De imediato alguém dirá que a segunda versão não corresponde à verdade, já que nem todo escrito é inspirado por Deus. Mas essa segunda versão por incrível que pareça é a tradução correta do texto grego e se explica pela análise contextual, pois se for observado bem o que Paulo está dizendo é que as escrituras do contexto, no caso as Sagradas Letras do verso 15, são todas inspiradas. Com isso temos a afirmação bíblica que todo o texto do Antigo Testamento é inspirado por Deus, e que as discrepâncias devem ser ter alguma explicação.
Na primeira versão teríamos um apoio para os que acreditam que apenas partes das Escrituras são inspiradas e que essas possuem um uso instrutivo. Mas trata-se de um equívoco que surgiu pela interferência da hermenêutica sobre a tradução, o tradutor julgou que algo estava incorreto na afirmação de que toda escritura é divinamente inspirada e resolveu fazer uma tradução interpretativa para não dizer algo não ortodoxo numa tradução literal.
A expressão “divinamente inspirada” no original grego corresponde a uma única palavra: θεόπνευστος (THEÓPNEUSTOS) junção das palavras “Deus” e “Sopro”. Literalmente diz que as Escrituras vieram de Deus. Sendo uma palavra que ocorre uma única vez no Novo Testamento grego, por isso chamada de “hápax legomena”, talvez a melhor maneira de se entender o significado desse vocábulo é comparar o texto de 2Tm 2.16 com o de 2Pe 1.21 que se debruça sobre a mesma questão, e assim poderíamos dizer que o THEÓPENEUSTOS seria um mover de Deus particular sobre alguns homens para produzir as sagradas escrituras.
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Distorções do dicionário do Novo Testamento grego e suas implicações interpretativas.
Tendo estudado cuidadosamente o “Léxico Grego-Português do Novo Testamento baseado em domínios semânticos de Johannes Louw e Eugene Nida,” uma obra volumosa (tem 786 páginas) e aparentemente de grande envergadura linguística, publicada em 2013, lamentei pelo estarrecimento da situação que previa acontecer.
Em meu livro “Subsídios em Grego Bíblico” publicado em 2009, mostrei no capítulo “vocabulário etimológico e sinonímico do Novo Testamento grego” que o trabalho de tradução da Bíblia precisava primeiro de uma revisão no dicionário grego, procurando separar cuidadosamente os vocábulos em campos semânticos (de significados) específicos. Cada palavra grega tem um significado próprio, muitas vezes único para determinada coisa que se denomina, daí a sinonímia (o estudo de sinônimos, ou seja, de palavras diferentes com significados parecidos) ser tão rico no idioma grego. Após esse trabalho, já iniciado por mim, o que se deveria fazer era buscar as palavras mais adequadas das línguas receptoras para se preparar o dicionário grego-português, isso feito, a tradução da Bíblia poderia então ser revisada, aproveitando para se fazer notas exegéticas em futuras bíblias de estudo que ajudaria o leitor leigo a se aprofundar nos ensinos bíblicos.
A obra de Louw e Nida é muito parecida com minha no conceito e na percepção do que se deveria se feito, mas em contramão da constatação da necessidade do que se deveria fazer, os autores, bem como os tradutores do lado português, destroem completamente o dicionário grego de fora para dentro, ou seja, em vez de ser feita as devidas correções na tradução da Bíblia é o dicionário que se flexiona para justificar a tradução. Nota-se que a busca é de fato vender as bíblias já traduzidas com as falhas a serem corrigidas. É lamentável!!
Não nego que, como dizem os autores: “Quem elabora um dicionário em qualquer língua e, especialmente, quem elabora um léxico de uma língua que foi usada há mais de dois mil anos se depara com um grande número de problemas. Estes resultam de indeterminação no âmbito dos referentes, de fronteiras pouco definidas ou nítidas, de conjuntos incompletos de significados relacionados entre si, de limitação do corpus e de informações históricas, bem como de especialização de significado por causa da singularidade da mensagem. Na elaboração deste léxico, esses problemas foram verdadeiros desafios, e os editores não estão plenamente convencidos de que encontraram soluções satisfatórias para muitas dessas dificuldades” (trecho da conclusão da obra, Pág. xxiv). A questão, contudo, é que os autores trabalharam para diminuir a febre e não para eliminar inflamação que a provoca, e que na tentativa de reduzir a febre agravaram mais ainda o problema.
O que mais irrita é o linguajar que busca se distanciar do técnico para ser melhor recebido pelo leigo, mas de que vale isso numa obra tragicamente equivocada? Todo o cuidado aparente de facilitar ao leitor os recursos da obra mais parece a continuação de uma conta matemática que começou errada e se perpetua conforme avança. O leitor leigo fica no final refém do saber de um livro de consulta que deveria na melhor das hipóteses ser lançado no lixo, porque apesar de volumoso e nitidamente bem trabalhado está errado conceitualmente. É trágico, mórbido e, efervescente e efusivamente, desastroso! – procurando termos mais incisivos para robustecer a crítica ácida de que se faz necessária tal obra absurda. Que ficará “absurda” por definição perfeita, pois quem ouvirá, quem dará ouvidos, já que o problema é tão técnico e distante do leitor comum da Bíblia que praticamente passará desapercebido pela maioria, ficando eu como um tolo iconoclasta ciumento. Sinto-me como outra voz no deserto, mas cumpro a minha missão como a primeira.
Urge que algo deva ser feito, a Bíblia deveria ser respeitada em sua mensagem e não moldada as conveniências de editoras que apenas buscam ganhar dinheiro com ela. Graças a Deus há um impedimento da parte de Deus impossibilita que a mensagem da Bíblia seja alterada em sua essência doutrinária, de modo que mesmo com falhas tradutórias o Espírito Santo faz com que o verdadeiro sentido das palavras seja conhecido por todos os da verdade. Todavia, Deus também cuida que a preservação gloriosa de sua Palavra escrita seja mantida, e essa é a missão de alguns que infelizmente não fazem parte os doutores Louw e Nida e os editores da Sociedade Bíblica do Brasil. Tudo o que possuem de erudição e poder editorial apenas os condena mais pela falta de compromisso com a verdade e a responsabilidade de se fazer o dever que nossa condição ou posição nos impõe.
Exegese de Fp 2.5-11 – As duas formas de Cristo: forma de Deus=Deus; forma de servo=homem
Numa tradução direta do grego
lemos em Fp 2.5-11:
“Tenham o mesmo pensamento que
houve também em Cristo Jesus,
‘que em forma de Deus
existia\não considerou usurpação ser igual a Deus\mas se esvaziando a si
mesmo\tomando a forma de servo, sendo feito a semelhança dos homens e a achado
na condição externa de homem\a si mesmo se humilhou sendo obediente até a morte,
e morte de cruz.\Por isso também Deus a ele exaltou de modo muito elevado\e lhe
deu O nome, o Nome que está acima de todos os nomes,\para que pelo nomem de
Jesus todo joelho dobre-se nos céus e sobre a terra e nas regiões inferiores\e
toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus pai’”.
O texto bíblico acima no
original está na forma poética porque tem desde muito tempo tinha uma
característica de uma antiga canção espiritual que Paulo aqui se vale para
ensinar a igreja. É provável que tenha surgido de um profeta doutrinário passando
a ser inserido nas igrejas como medida da fé ou padrão doutrinário (Rm 12.6b).
Mas queria destacar da
passagem o contraste que existe entre as expressões “forma de Deus” e “forma de
servo”, nelas as duas condições de Cristo são abordadas, a da eternidade e da
que viveu aqui na terra.Forma de Deus é dado de modo suscito, mas a forma de
servo é desenvolvida, em que ficamos sabendo que a forma de servo que Jesus
tinha era de homem em toda sua expressão humana, diz isso para que notemos que
Jesus não assumiu a posição de um ser mais elevado como a de um anjo. Depois
dessa análise fica transparente que se a condição de homem de Jesus era
perfeita como homem na sua forma de servo, então a forma de Deus o era também
como Soberano Senhor, assim é inegável que forma de Deus é o mesmo que ser
igual a Deus, como o versículo 5 diz, e que essa condição que não foi obtida
por usurpação, mas por pura existência natural.
terça-feira, 12 de julho de 2016
As crônicas das guerras espirituais
de 11 de Julho de 2016
O
seminário nesse semestre praticamente me deixou sem fazer as pregações públicas
nos guetos das favelas de Fortaleza, mas não senti nenhuma repreensão de Deus
em meu coração, o que me confirmou para mim a legitimidade da parte de Deus do
Instituto Pietista de Cultura idealizado e promovido pelos pastores da minha
igreja. Mas mesmo assim senti falta e estava ansioso que chegasse logo as
férias.
Há
uns quatros dias quase instintivamente fui buscar meu sobretudo que estava na
casa de minha mãe, depois de tirar o pó coloquei-o no sol já sinalizando para
minha esposa que logo, logo estaria mais distante dela e dos meninos.
Acordei
cedo em 11.07.16 fui à padaria comprei o pão e cumpri minhas responsabilidades
calado e distante de todos em casa, até minhas brincadeiras ficaram artificiais.
Maria, minha casula umas três vezes me perguntou: o senhor está pensando em quê
pai? O silêncio calmo era a resposta porque tão absorto estava que nem me
percebia que seria hoje que iria sair para pregar em minhas pregações extemporâneas
que não deixam também de serem momentos de acontecimentostotalmente
imprevisíveis.
Só
às 16 horas sinalizei claramente que hoje iria pregar. Depois disso até a
cachorrinha Nega ficou quieta e não fez convites caninos para que eu e ela
passeássemos nas areias da Praia do Futuro.
Quando
fui tomar café e percebi que a garrafa estava seca foi que minha esposa disse
que tinha esquecido de comprar o pó, e então me toquei que já fazia vários dias
que não bebia café. Decidi antes de sair comprar pó já que minha esposa gosta
muito dessa bebida e me senti mal de ter esquecido de prover a dispensa deste
ingrediente. Pedi ao Júnior para vestir a calça comprida para irmos no
mercadinho antes deu sair. Mas minha esposa enérgica disse: Deixa isso para
depois Luiz, se na volta a mercearia estiver aberta você compra. Era a deixa.
Cinco minutos depois eu já estava no ônibus.
Pela
janela do ônibus fiquei absorto em pensamentos esquecidos vendo as luzes mais
intensas dos postes de energia elétrica da orla de Fortaleza. Estão bem mais
iluminados. A cidade de Fortaleza está mais bonita foi então que percebi. A
claridade do aterro da praia de Iracema estava muito intensa tornando a praia
quase de dia. Recordei que logo, logo haverá eleições.
Ao
descer do ônibus na décima região militar lembrei dos Escoteiros Anabatistas
estava precisando deixar o grupo mais ativo, ele praticamente só existe na
minha cabeça e nos sonhos de aventura do Glauquinho.
Depois
de vestir o sobretudo parece que todos os olhos de voltam para mim. Sinto-me
como o Capitão América com uma roupa que em vez de camuflar faz é chamar a
atenção para te fazer o alvo principal do inimigo, salvando ou dando liberdade
aos outros soldados para batalhar tranquilos.
Fui
em direção a praça do Ferreira, logo quando cheguei vi dois jovens de minha
igreja (Janderson e Mateus Hélade) conversando com um rapaz. Quando me viram
eles brilharam de alegria. É até revigorante o Mateus sair daquele jeito
preguiçoso dele para o entusiasmo de seu sorriso colorido.
Na
pregação me vali do cuidado do prefeito em melhorar a cidade antes das eleições
para falar de “PRE-FEITURA” o conceito que esta palavra tem de se procurar
fazer as coisas por antecipação. Discorri sobre a volta de Jesus e a devida
preparação para ela através da conversão. Foi um sermão vigoroso, senti unção e
receptividade.
Depois
saí com o Jandersom e Mateus Helade conversando pelo centro vazio da cidade de
Fortaleza. Logo a pergunta que muitos gostariam de saber veio à tona: “Qual a
história do sobretudo? Expliquei-lhes que o jaquetão foi um presente de minha
mãe, não houve nada predestinado por mim, ele comprou de uma mulher por dois ou
três reais (menos de um dólar). Eles se surpreenderam, mas é a verdade. Depois
eu perguntei a minha mãe se ela sabia mais alguma coisa da peça de roupa e
fiquei sabendo surpreendido também que a sobretudo tinha sido de um pescador do
Serviluz que por ter de sair para o frio mar a noite se agasalhava com o casaco
de moldes e características americanas ou europeu.
A
capa surrada por muitas idas ao mar de um pescador simples...que coisa... Não
tem como eu não associar ao conceito de Cristo do pescador de homens dito a
Pedro. Sim, meu sobretudo, como diz minha esposa, foi feito para mim, nada
tenho de me preocupar com as críticas. Já meu chapéu refinadamente feito de
pele de ovelha, pontudo, tipo Peter Pan ou Robin Hood, que todos cobiçam, é
vaidade minha mesmo (e dos outros, risos), acho bonito, gosto e ponto final.
Depois
no caminho para a capela de Moriá, eu e o Jandersom conversamos demoradamente
com dois jovens Mórmons. Ficamos maravilhados com o testemunho dos dois rapazes
que haviam deixado tudo nos Estados Unidos para virem “evangelizar” no Brasil,
tudo mesmo, família, conforto, segurança, namoradas, faculdade...de apenas 19
anos! E muitos crentes ainda continuam acomodados e se lamentando por não
gozarem bem de suas vidas medíocres sem fazer nada para Deus. No evangelismo
tentei mostrar para os dois jovens Mórmons que o problema da religião deles é parte
do pressuposto que a igreja foi derrotada e que houve a necessidade de ser
restaurada. Para nós anabatistas a igreja de Jesus não foi derrotada pelos
poderes da terra ou do inferno. Sempre a igreja esteve aqui desde que fundada
por Jesus. Mas o tempo era escasso e o evangelismo foi bem curto. Fiquei
pasmado com a atenção dos dois jovens, o interesse deles por nós era visível.
Que zelo no engano!
Na
capela havia uma reunião de oração do exército da redenção. Quando chegamos à
irmã Vaneide falava sobre a velhice do cristão, depois o Jandersom deu uma
palavra e pedi-lhe que ele falasse do testemunho dos dois jovens Mórmons para
estimular a todos. A irmã Debora comentou o riquíssimo texto de 1Co 15.58. Na
oração aproveitei para me derramar diante de Deus minhas dificuldades e depois
orei em voz alta para que a glória de Deus, que há no coração dos irmãos, se
espalhe por muitos e que o cheiro do evangelho perfume também a muitos para a
glória de Deus.
No
final o irmão Marcos profetizou usando um texto da própria Bíblia para mim. E
saí dali revigorado e seguro que o Deus vivo está no comando de minha vida.
sábado, 2 de julho de 2016
Correntes interpretativas do arrebatamento
Posições Interpretativas na Escatologia Bíblica da Igreja em relação a Grande Tribulação
Introdução:
Na matéria de escatologia bíblica há pelo menos três posicionamentos interpretativos a respeito da Igreja e do período da Grande Tribulação que são: o pré-tribulacionista, o pós-tribulacionista e o meso-tribulacionista. Vejamos resumidamente essas posições e qual a mais bem apoiada biblicamente.
Na matéria de escatologia bíblica há pelo menos três posicionamentos interpretativos a respeito da Igreja e do período da Grande Tribulação que são: o pré-tribulacionista, o pós-tribulacionista e o meso-tribulacionista. Vejamos resumidamente essas posições e qual a mais bem apoiada biblicamente.
Pré-tribulacionista:
Nesta interpretação a igreja não passaria pela Grande Tribulação, sendo retirada antes desse período no evento conhecido por arrebatamento. Das três interpretações essa é mais apoiada biblicamente, vejamos alguns textos que concordam com essa interpretação:
Nesta interpretação a igreja não passaria pela Grande Tribulação, sendo retirada antes desse período no evento conhecido por arrebatamento. Das três interpretações essa é mais apoiada biblicamente, vejamos alguns textos que concordam com essa interpretação:
1Tessalonicenses 1.10: “e esperardes dos céus a seu Filho, a quem Ele ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos LIVRA DA IRA VINDOURA”.
Sendo a Grande Tribulação conhecida por “ira de Deus sobre a Terra” esse texto é claro em dizer que Jesus livrará aos salvos desse período. Alguns acham que essa "ira vindoura" se refere ao castigo eterno do Lago de Fogo infernal. Mas esse castigo eterno se baseia não na ira de Deus, mas na sua justiça, tanto é que só acontecerá depois do Juízo Final.
Sendo a Grande Tribulação conhecida por “ira de Deus sobre a Terra” esse texto é claro em dizer que Jesus livrará aos salvos desse período. Alguns acham que essa "ira vindoura" se refere ao castigo eterno do Lago de Fogo infernal. Mas esse castigo eterno se baseia não na ira de Deus, mas na sua justiça, tanto é que só acontecerá depois do Juízo Final.
2Tessalonicenses 2.3-7: “Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá (a ira de Deus sobre a Terra) sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição, aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus. Não vos lembrais de que eu vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém para que a seu próprio tempo seja revelado. Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora”.
Neste texto fica evidenciado que o Anticristo é impossibilitado de se manifestar pela presença de algo que inibe a iniquidade, sendo a Igreja luz e o sal da terra (Mt 5.13,14) seria sua presença que impede a manifestação do Anticristo que se dará na Grande Tribulação.
1Tessalonicenses 5.9: “porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançarmos a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo”
Pós-tribulacionista:
Nessa interpretação alguns defendem que a Igreja será arrebatada somente depois da Grande Tribulação. Para argumentar a favor dessa posição interpretativa é usado o texto de Mt 24.22 que mostra que haverá escolhidos de Deus na Grande Tribulação. Os pré-tribulacionistas contra argumentam que esses escolhidos do texto não são a Igreja, mas os judeus.
Neste texto fica evidenciado que o Anticristo é impossibilitado de se manifestar pela presença de algo que inibe a iniquidade, sendo a Igreja luz e o sal da terra (Mt 5.13,14) seria sua presença que impede a manifestação do Anticristo que se dará na Grande Tribulação.
1Tessalonicenses 5.9: “porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançarmos a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo”
Pós-tribulacionista:
Nessa interpretação alguns defendem que a Igreja será arrebatada somente depois da Grande Tribulação. Para argumentar a favor dessa posição interpretativa é usado o texto de Mt 24.22 que mostra que haverá escolhidos de Deus na Grande Tribulação. Os pré-tribulacionistas contra argumentam que esses escolhidos do texto não são a Igreja, mas os judeus.
Meso-tribulacionista:
Nessa posição interpretativa é defendido que a Igreja será arrebatada no meio da Grande Tribulação. Para defender essa posição os meso-tribulacionistas usam os textos de 1Co 15.52 e Ap 11.15, associando a última trombeta do arrebatamento de 1Co 15.22 com a sétima trombeta de Apocalipse. Mas a última trombeta de 1Co 15.22 não se refere a sétima trombeta do Apocalipse, mas a trombeta da redenção, que na lei de Moisés, era a última de um período de 49 anos, que ocorria no jubileu judaico, conforme lemos em Lv 25.8-10: “Também contará sete sábados de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias de sete sábados de anos serão quarenta e nove anos. Então, no décimo dia do sétimo mês, farás soar fortemente a trombeta; no dia da expiação fareis soar a trombeta por toda a vossa terra. E santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus habitantes; ano de jubileu será para vós; pois tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família”. O ano do jubileu judaico corresponde ao momento do arrebatamento da igreja por significar a REDENÇÃO daqueles que por suas dívidas se tornaram escravos. Já no arrebatamento ocorre a transformação do corpo dos salvos para herdarem o Reino de Deus. Essa transformação física é a conclusão da obra da salvação do Evangelho que nos agraciando com o Espírito Santo garante a ressurreição incorruptível dos nossos corpos (Rm 8.11, 23; 2Co 5.1-5; Ef 1.13, 14). No arrebatamento ocorre a redenção do corpo dos salvos por isso se relacionar com a redenção do jubileu em que havia o grandioso toque da trombeta do fim de uma geração.
Nessa posição interpretativa é defendido que a Igreja será arrebatada no meio da Grande Tribulação. Para defender essa posição os meso-tribulacionistas usam os textos de 1Co 15.52 e Ap 11.15, associando a última trombeta do arrebatamento de 1Co 15.22 com a sétima trombeta de Apocalipse. Mas a última trombeta de 1Co 15.22 não se refere a sétima trombeta do Apocalipse, mas a trombeta da redenção, que na lei de Moisés, era a última de um período de 49 anos, que ocorria no jubileu judaico, conforme lemos em Lv 25.8-10: “Também contará sete sábados de anos, sete vezes sete anos, de maneira que os dias de sete sábados de anos serão quarenta e nove anos. Então, no décimo dia do sétimo mês, farás soar fortemente a trombeta; no dia da expiação fareis soar a trombeta por toda a vossa terra. E santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus habitantes; ano de jubileu será para vós; pois tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família”. O ano do jubileu judaico corresponde ao momento do arrebatamento da igreja por significar a REDENÇÃO daqueles que por suas dívidas se tornaram escravos. Já no arrebatamento ocorre a transformação do corpo dos salvos para herdarem o Reino de Deus. Essa transformação física é a conclusão da obra da salvação do Evangelho que nos agraciando com o Espírito Santo garante a ressurreição incorruptível dos nossos corpos (Rm 8.11, 23; 2Co 5.1-5; Ef 1.13, 14). No arrebatamento ocorre a redenção do corpo dos salvos por isso se relacionar com a redenção do jubileu em que havia o grandioso toque da trombeta do fim de uma geração.
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