sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A ética da sexualidade - parte 2

A Ética da Sexualidade – Parte 2
A morte, a “morte” e a obediência

O limite do combate ao pecado é a morte, segundo Hb 12.4. No caso do uso dos anticoncepcionais e da ligação de trompas a morte é muitas vezes posta como o último recurso de obediência, mas acho precipitado esse modo de argumentar, igualando os dois procedimentos. Não convence o espírito. Morte com morte se anula, mas subvida com morte há embate. Afinal de contas, como costumo argumentar, a mulher que faz ligação de trompas está enveredando por um tipo de pecado de morte física, já que, segundo 1Co 3.17: ‘aquele que destruir o tempo de Deus, Deus o destruirá’. Mas, se uma mulher está em risco de morrer se ficar grávida, e resolve se valer das pílulas “anti-concepção” vejo uma mal menor, que em meu conceito ético absolutista, que é o conceito anabatista, é válido até certo ponto. Seria um delito menor do que a ligação de trompas. Esta, no entanto, refiro-me a ligação de trompas, que é um aleijamento, uma destruição do corpo, é fatal e, decididamente, é um delito maior que o uso de anticoncepcionais.
Entendo que o uso dos anticoncepcionais é um delito,mas a ligação de trompas é pecado.
Esclareço que delito é diferente de pecado (Ver Ef 2.1). Delito é um passo em falso, e pecado é errar o alvo, ou seja, é claramente quebrar a doutrina ou os mandamentos de Deus.
A meu ver a mulher que se vale do uso de anticoncepcionais para evitar a morte – e julgo que tenho o Espírito de Cristo, e de glória (1Pe 4.14), ou seja, com disposição de morte para não cometer pecado – não peca de modo grosseiro, é um delito, tal qual o de Davi ao comer o pães da proposição, que não era lícito para ele comer, mas que foi permitido por Deus porque algo maior estava em jogo, no caso, a descendência de Jesus.
Mas destaco e ressalto: isso só válido para mulheres que de fato e verdade correm risco de vida, e se tiver plena convicção de que não está pecando (Rm 14.23), mas apenas cometendo um delito, um passo em falso.
Todavia, é bom que se diga que nós do Novo Testamento podemos ter acesso as manifestações espirituais do Espírito Santo, como a fé e a cura. Creio que estas manifestações (conhecidas por dons) podem muito bem ser usadas pela igreja para contornar essas dificuldades éticas. Em outras palavras, a mulher que corre risco de vida se não usar de anticoncepcionais, pode se livrar disso por meio da oração da fé e das manifestações do Espírito, em vez de se valer dessas pílulas, que como efeitos colaterais podem não só matar, mas gerar uma série de problemas que acarretarão numa subvida pelas doenças, como câncer, falta de apetite sexual (e a subsequente traição do marido), irritação e tudo mais que tem estragado a vida das mulheres do século 20 e 21.
Mulheres que fizeram ligação de trompas também podem suplicar a cura a Deus e talvez Ele, em sua bondade, possa conceder-lhes a cura do aleijamento.
Mas o consciente ou inconsciente (acho muito difícil ser inconsciente isso!) pecado de fazer a ligação de tropas é um convite a morte e subvida.
Quando a mulher entra na menopausa, quando não mais pode engravidar, e tem suas trompas ligadas a aceleração da morte aumenta. Neste caso, será inútil pedir a cura. Porque é um tipo de zombaria para com Deus, como um ladrão que é preso e chorando diz que está arrependido, mas seu choro não é de arrependimento, mas de tristeza pelas consequências dos seus atos. Se a mulher se arrepende da ligação de trompas depois que não pode mais engravidar é chantagem com Deus. E de Deus ninguém zomba, tudo que o homem plantar, ele vai colher (Gl 6.7).
Quando no título acima eu falo de uma morte entre aspas, quero dizer da morte da impossibilidade da obediência. O rei Saul perdeu tudo por sua desobediência a Deus. O pecado é mais grave do que possamos imaginar, é uma afronta ao nosso criador infinitamente mais sábio do que nós! Deus fez a mulher como cuidado, sabe que o melhor para ela é ter filhos, mas a ética da conveniência dos tempos modernos tem feito as pessoa discordarem de Deus, é lamentável. Mil vezes lamentável! Lamentável até a eternidade!!! Lastimoso e choroso até o mais absurdo exagero, já que as palavras me fogem para descrever a ênfase do que desejo fazer.
Hoje as pessoas se medem pelo que tem, e não pelo que são em Cristo. Vivemos a época das conveniências, mas Deus não é deus de conveniências. Deus é o Deus do agora ou nunca. Ou você está com Ele ou não. Ou morre com Ele como um verdadeiro anabatista ou não. Ou é seu Filho ou não! Jesus disse quem comigo não une, divide (tradução direta do original grego).
Quando um homem está velho, sem mais libido sexual, e resolve deixar sua amante, estará “morto” para a obediência. Mas se ele decide deixar sua amante com todo o fogo do desejo sexual, Deus lhe dará graça, e será uma bênção, e um exemplo para muitos.
Muitos têm argumentado comigo usando o texto de At 17.30 e para esclarecê-lo me utilizo do texto da apostila do ensino da Soteriologia do Ceta (Centro de Ensino Theológico Anabatista):

Esclarecendo o texto de Atos 17.30.
O texto acima citado registra: “mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam”. Alicerçados nesse texto, alguns acham que os pecados cometidos antes de suas conversões devem ser desconsiderados. Alegam, por exemplo, que divórcios, adultérios, assassinatos e crimes que deixam sequelas sociais, foram todos perdoados e por isso não devem ser levados em conta depois que nos convertemos. Quem pensa dessa forma demonstra que não entende o que significa o perdão no cristianismo. Na cruz, Jesus recebeu o castigo da separação de Deus que nossos pecados nos trariam (Mt 27.46 comp. com Mt 7.23; Rm 6.24), quem nEle crer está livre da condenação da morte eterna; no entanto, as consequências dos nossos pecados não foram anuladas. Mesmo depois de perdoado e salvo, Paulo ainda sentia as consequências de sua perseguição à igreja (1Co 15.9). O Senhor Jesus ficará com as cicatrizes de seu sacrifício por nossos pecados para toda a eternidade.
Na verdade o texto de At 17.30 não está dizendo que Deus não leva em conta o pecado dos homens, mas que não leva em conta os tempos da ignorância para conceder-lhes o direito ao arrependimento, pois tanto a fé como o arrependimento para a salvação são concessões amorosas de Deus para os judeus e posteriormente aos gentios (At 3.31; 11.18; 13.46-48; 14.27; Fp 1.29; Tt 2.11, 12). Se o texto de At 17.30 estivesse dizendo que Deus não levaria em conta o que os homens fazem porque não sabiam plenamente a verdade, os gentios antes de Cristo não seriam condenados, seria muito melhor Jesus nunca ter vindo para salvar os homens, bastaria deixá-los na ignorância do Evangelho. E o que dizer da revelação natural da justiça de Deus, citada por Paulo na carta aos romanos, quando diz que a ira de Deus se manifesta contra o pecado, e que seus atributos invisíveis que tornam os homens indesculpáveis em suas impiedades, maldades e idolatrias (Rm 1.18-32)? Não faria sentido. O texto de Rm 2.12-16 também deixa claro que todos os que pecaram, com ou sem a lei, serão julgados por seus pecados. Os que não tinham a lei de Moisés revelavam a lei escrita em seus corações, testificando juntamente suas consciências e pensamentos, quer acusando-os ou defendendo-os. Portanto, o texto de At 17.30 não está dizendo que Deus ignora os pecados dos homens que desconhecem as normas e ensinos contidos em sua palavra escrita.

Espero ter sido útil àqueles que amam a verdade. Diante de Deus: Luiz Sousa em Cristo eternamente!

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