quarta-feira, 9 de novembro de 2022

A expressão virgem Maria

Esclarecendo o termo “Virgem Maria” nos pais da igreja. A religião católica romana defende que a mãe de Jesus foi perpetuamente virgem e que não teve outros filhos além de Jesus e para dizer que tal crença vem desde a época da igreja primitiva tem alegado que alguns pais da igreja, escritores cristãos dos primeiros séculos, afirmaram isso. Mas será que isso confere com os fatos, é o que veremos nesse artigo. Dois pais da igreja citam algo sobre isso. Um é Atanásio, que nasceu em 295 e morreu em Alexandria em 2 maio de 373, sendo conhecido como um dos principais defensores da santíssima Trindade em Niceia, cita na sua obra Encarnação do Verbo cap. 8 e verso 3 que Jesus “Assumiu um corpo como o nosso e não o fez simplesmente, mas o quis nascido de uma virgem sem pecado, imaculada, intacta”. Mas nessa citação Atanásio não está defendendo a virgindade perpétua de Maria, mas simplesmente afirmando que Jesus foi concebido de uma virgem; quando diz que Maria foi imaculada e intacta, ele estava defendo que ela não tivera relações sexuais fora do casamento com José como alguns judeus acusavam. Lendo o texto com a ideia preconcebida da perpétua virgindade é possível que se vislumbre essa vertente, daí termos um caso de um verdadeiro anacronismo. Já Irineu de Lyão (130 – 203) disse: "Como por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim também por meio de uma virgem obediente à palavra de Deus, o homem recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem." (Contra Heresias L. 5, 19.1) Também nessa citação de Irineu não vemos nada da crença sobre a virgindade perpétua de Maria. Mas uma vez apenas o escritor está falando que Jesus nascera de Maria virgem. Não se afirma aqui em momento algum que Maria não teve mais filhos tendo sido perpetuamente virgem. Surpreende essa crença na virgindade perpétua de Maria. Em nenhum trecho das Escrituras se exalta ou se valoriza a virgindade em detrimento da conceição. Na verdade o que ocorre é exatamente o contrário, é a conceição que é valorizada na Bíblia. Ter muitos filhos era sinal de bênção. E geralmente quando um filho era consagrado a Deus se esperava que a mãe deste tivesse outros filhos como é o caso de Ana, mãe do profeta Samuel.

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