quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Predestinação calvinista

Lição 3 A doutrina da predestinação calvinista. Nesta lição, estaremos estudando a vertente que ensina que Deus determinou quem seria os salvos e os perdidos sem que os homens tivessem direito de fazer uma escolha, exatamente porque segundo os que defendem esse ensino, os homens não possuem livre-arbítrio. A) Predestinação agostiniana ou calvinista. As origens do ensino que os homens não possuem livre-arbítrio foi com Santo Agostinho (354 d.C. a 430 d.C.). Foi debatendo com Pelágio (350 a.C. a 423 a. C.) que acreditava que o homem não tinha o pecado original e que podia em parte obter sua salvação, não sendo essa uma obra exclusiva da graça de Deus, foi que Agostinho desenvolveu as bases da doutrina calvinista. Agostinho acabou nesse debate com Pelágio indo ao outro extremo, negando o livre-arbítrio do homem e a sua capacidade de responder com a fé a mensagem do Evangelho da salvação pela graça em Cristo Jesus. B) Predestinações individuais. Sabemos que todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28) e por isso não negamos que Deus predestine para cada um dons e bênçãos individuais que auxiliarão na carreira de cada um de nós. Alguém ter chamada para pastor, missionário, evangelista etc não significa uma eleição para a salvação, mas uma específica ou individual predestinação NA salvação e não PARA a salvação. C) Os decretos da predestinação calvinista ofuscando a obra do calvário. Algo que claramente se observa nos ensinos calvinistas da predestinação é uma ênfase que colocam nos decretos de Deus que estabelecem essa doutrina, a tal ponto que a verdadeira obra que nos salva, a vida e a morte de Jesus Cristo fica ofuscada. Essa ênfase em decretos não tem respaldo bíblico. São palavras do próprio Calvino: ''Denominamos predestinação o DECRETO eterno de Deus, pelo qual decidiu o que acontecerá a cada homem. Pois não foram criados todos nas mesmas condições: alguns são predestinados à vida eterna, enquanto outros à condenação eterna. E uma vez que o homem é criado para um destes alvos, dizemos que é predestinado à vida ou à morte (C.R.,29, 864 s. - Institutas, III, 21, 5). Esse modelo de estabelecer a salvação por decretos é recorrente em qualquer manual ou teologia sistemática do calvinismo, no entanto, em lugar nenhum das Escrituras isso é dito. A tentativa de encontrar esse decreto no texto de Ef 1.11 é também recorrente por parte dos calvinistas, mas o versículo não fala de decreto, mas do desejo de Deus de predestinar os homens em Jesus Cristo. É em Cristo que somos predestinados e não por decretos. Todavia, todo o conceito da predestinação calvinista se baseia nesses decretos totalmente ausentes nas Escrituras. D) O desenvolvimento do calvinismo. No período da reforma protestante foi Calvino quem estabeleceu mais sistematicamente o ensino da predestinação que afirma que Deus salva uns e condena outros sem que os homens decidam. Foi o discípulo de Calvino, Teodoro de Beza, quem perpetuou e desenvolveu os ensinos de Calvino. Beza fez um desenvolvimento mais rigoroso que Calvino e lhe conferiu posição mais central ainda em sua cosmovisão. Mas o ensino calvinista encontra-se em sua forma mais rígida em Francisco Gomaro. Ele, como Beza, representava a assim chamada posição supralapsária, que diz ter sido a predestinação levada a efeito sem tomar em consideração a queda do homem. Isto significa que não apenas a condenação eterna, mas também a queda em pecado foi preordenada pelo decreto de Deus. A posição infralapsária afirmava que a predestinação foi levada a efeito prevendo a queda do homem em pecado. Foi numa reunião na cidade de Dort (1618-9), onde aconteceu o chamado sínodo de Dort, cujas decisões tornaram-se normativas para essa parte da igreja que cria nessas doutrinas, chamadas de reformadas, estabelecendo um padrão para esses crentes. Ali afirmou-se que há certo número de homens que foram escolhidos para serem salvos em Cristo, tão-somente com base no beneplácito (aprovação) de Deus. Os que estão incluídos nesse número podem estar seguros de sua eleição, pois, sinais como fé em Cristo, amor filial a Deus, contrição pelo pecado e ansiar pela justiça São infalíveis. Dos rejeitados, diz-se apenas que foram passados de largo quando os eleitos foram escolhidos, e entregues à miséria que trouxeram sobre si mesmos por sua própria culpa (posição infralapsária). O sínodo de Dort reuniu-se para tratar da crescente oposição à doutrina calvinistas com essas características, oposição essa liderada por Jacó Armínio, que batizou de arminianismo o seguimento que nega essa interpretação. Posteriormente quando Armínio discordou dessa interpretação bíblica, tendo havido debates e discussões, os que se posicionam com a interpretação calvinista, formularam um sistema doutrinário que foi sintetizado por um acrônimo (palavra formada pela letra inicial dos nomes dos posicionamentos calvinistas). O acrônimo formava a palavra TULIP. C) TULIP - Os cinco pontos da interpretação calvinista da predestinação. As letras da palavra TULIP representam os cinco pontos calvinistas, em que significam: T (Total depravation) Depravação total. Apregoa que os seres humanos estão mortos espiritualmente, incapazes de crerem no Evangelho. Necessitam primeiro nascer de novo para crer. U (Unconditional election) Eleição incondicional. Ensina que Deus escolhe alguns seres humanos para serem salvos, antes e independentes de qualquer coisa que façam por conta própria. L (Limited atonement) Expiação limitada. Afirma que Cristo morreu somente para salvar os eleitos e sua morte expiatória não é universal, para toda a humanidade. I (Irresisitible grace) Graça irresistível. Diz que não é possível resistir a graça de Deus, o escolhido é obrigado a crer. P (Perseverança of the saints) Perseverança dos santos. Afirma que depois que uma pessoa é salva, ela não pode mais perder a salvação. Nas próximas lições cada um desses pontos do calvinismo serão abordados por nós.

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