quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Depravação Total

Lição 4 O ensino da depravação total calvinista. Sendo um dos cinco pontos do chamado TULIP, que sintetiza o ensino calvinista, a depravação total diz que os homens mortos espiritualmente não incapazes de responder pela fé a pregação do Evangelho, sendo necessário Deus capacitar os homens para isso, efetuando o novo nascimento, e assim, redivivo, o homem pode crer e então ser salvo. Desse modo, para os calvinistas o novo nascimento ocorre antes da fé, e revelaria que o homem foi escolhido, pois essa experiência do novo nascimento não tem qualquer participação do homem. Mas nessa lição, veremos que isso não é verdade, que o novo nascimento ocorre depois que cremos no Evangelho, e que o perdido, apesar de morto espiritualmente possui sim condições de responder com a fé ao convite do Evangelho. A) Esclarecendo o estar morto em delitos e pecados. Na condição de perdidos e mortos em delitos e pecados é que cremos e recebemos a vida de Deus, conforme Jo 5.24 "...quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas PASSOU DA MORTE PARA A VIDA" (grifo meu para mostrar que cremos para nascer de novo e não que nascemos de novo para crer como ensinam os calvinistas). Estar morto em pecados não nos dá uma inconsciência absoluta, mas revela a separação de Deus. Estar morto é estar separado e não inconsciente. Morto ficamente é o espírito separado do corpo; morto espiritualmente é o homem separado de Deus pelos pecados e morto eternamente é ele separado de Deus para sempre. Em nenhuma das mortes o homem está numa inconsciência absoluta. Paulo em Romanos capítulo 7 mostra que mesmo o homem antes da conversão tem vontade de cumprir a justiça de Deus; só não pode porque está preso a lei do pecado e da morte. Assim, o perdido tem um desejo de fazer a vontade de Deus e não está numa morte absoluta que o torna incapaz para responder a chamada do evangelho. O texto de Ef 2.1-10 não ensina que somos vivificados para cremos, mas que ao cremos somos vivificados, que seria outro modo de se falar sobre a salvação. O versículo 8 inicia com um ''porque'' explicativo, Paulo está esclarecendo como aconteceu a vivificação de que está falando. Estávamos mortos espiritualmente, mas fomos salvos pela graça de Deus, não pelas obras, mas pela fé. E diz ele essa salvação é dom de Deus, e não uma escolha ou predestinação. No contexto posterior Ef 2.11-18 Paulo esclarece que em Cristo todos podem agora terem acesso a Deus-pai, tanto judeus como gentios, então sim todo o contexto fala de uma salvação oferecida à todos e não para um grupo de escolhidos. É importante se observar que nesse contexto todos os homens estão divididos em dois grupos, judeus e gentios, assim o acesso a Deus por Cristo é para todos. B) O estado de pecaminosidade do homem não significa que ele não possa responder com a fé a pregação do Evangelho. A Bíblia aponta que os homens possuem sim a possibilidade de buscarem a Deus, textos como Atos 17.27 e Tg 4.8 revelam isso. Ocorre que mesmo com essa possibilidade, essa busca pode não ser feita (Rm 3.11), como de regra geral de fato ocorre. Todavia, isso não implica dizer que o Homem não possa crer no Evangelho. Deus de modo gracioso fez o Evangelho ser poderoso para salvar tanto o judeu como o gentio (Rm 1.16), além disso enviou o Espírito Santo para convencer o mundo de sua condição, de modo que existe sim um auxílio gracioso de Deus, chamado de graça preveniente para persuadir os homens a crerem no Evangelho. Todavia é importante salientar que ao dizer Romanos que ninguém buscava a Deus, não se estar dizendo que os homens não podiam buscá-lo. Isaías 55.6,7 diz ''Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto estar perto. Deixe o iníquo o seu caminho, e o injusto os seus pensamentos, volte-se para o Senhor. Porque se comparecerá dele, e para o nosso Deus, porque muito perdoará''. O texto de Isaías 59.1-12 citado em Romanos 3.10-18 mostra a multiplicação da iniquidade em uma situação de avanço na rebeldia contra Deus e não uma característica de total impossibilidade de buscá-lo. Deve-se observar que a premissa básica é que Deus tem sua mão estendida para receber os que o buscam e que seus ouvidos estão atentos aos homens que o buscarem. O texto ainda diz que nessa condição de constante progresso no pecado Deus provê o Salvador para os homens (Is 59.16, 17). Que não há ninguém que invoque o nome do Senhor ou se desperte para se segurar a Deus não significa que o pecador é incapaz de responder à graça de Deus e não significa que ele não pode crer no evangelho. Entregue a si mesmo, o pecador não busca a Deus nem invoca Seu nome, mas os pecadores não são abandonados a si mesmos. Os pecadores recebem luz (Jo 1: 9), são persuadidos (Jo 16:8) e atraídos a Cristo (Jo 12:32). Deus ordenou que o evangelho seja pregado a todos os pecadores e que aqueles que creem serão salvos (Mc 16: 15-16), e não há nada em Isaías 64: 6-7 que diga que o pecador não pode crer [ou descrer] em resposta à obra de iluminação, convencimento e atração de Deus Em Rm 1.18-28 claramente percebemos que Deus se deu a conhecer aos homens por seus atributos invisíveis, seu eterno poder e divindade, sendo essas coisas claramente vistas desde a criação, sendo percebidas pelas coisas criadas, de modo que isso os torna indesculpável de terem rejeitado a Deus para adorarem ídolos. Os termos são muito claros, eles MUDARAM a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem do homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes e de répteis. TROCARAM a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador (Rm 1.23-25), eles REJEITARAM o conhecimento de Deus (Rm 1.28). Deus sendo rejeitado simplesmente os deixou nessa condição que mais ainda se agravou. Não há nesse texto nenhuma atribuição de culpa para Deus referente aos homens do Antigo Testamento. Nenhum indício de predestinação ocorre nesse texto de Romanos sempre usado para dizer que os homens não podem em absoluto se voltar para Deus. Por outro lado, pelo Evangelho Deus em seu Filho amplia os meios para resgatar os homens. O podemos citar aqui o exemplo bíblico de Cornélio que mesmo sendo gentio buscava a Deus (Atos 10.1, 2). Todavia, salientamos que geralmente esse exemplo de Cornélio constitui-se praticamente uma exceção. Todos os homens são nascidos em pecado, mas nem todos pecam desenfreadamente, disto podemos inferir que para os temem a Deus a chamada do Evangelho torna-se mais fácil. Em Tg 4.6 lemos: ''Todavia, dá maior graça, pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes'', assim fica evidente que para alguns a graça de Deus é maior do que para outros. Os que temem a Deus e humildemente se sujeitam aos seus mandamentos recebem mais da graça de Deus. C) Se a depravação fosse total ela não poderia piorar. A Bíblia diz que a iniquidade iria se multiplicar (MT 24.12), profetiza que nos últimos dias sobrevir iam tempos trabalhosos, com os homens mais ainda agravando seu estado pecaminoso (2Tm 3.1-4) e não suportando a sã doutrina (2Tm 4.3) e sendo escarnecedores zombando da promessa da vinda de Cristo (2Pe 3.3, 4). Ora, se há uma total depravação dos homens não tem sentido esse estado piorar. D) A graça preveniente. Graça preveniente é divina graça que precede a decisão humana. Ela existe antes de e sem referência a qualquer feito humano. Como os homens foram corrompidos pelo efeito do pecado, a graça preveniente permite as pessoas exercerem o seu livre-arbítrio dado por Deus, podendo então, escolher a salvação oferecida por Deus em Jesus Cristo ou rejeitar a oferta salvífica. Agostinho disse que a graça preveniente não pode ser resistida, arminianos e wesleyanos acreditam que ela permite, mas não assegura, a aceitação pessoal do dom da salvação. Jesus disse que o Consolador que viria em seu lugar, o Espírito, viria para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo, isso confirma bíblicamente esse conceito da graça previniente que busca mostrar que Deus auxilia aos perdidos a serem levados ao arrependimento e a fé no evangelho para serem salvos. Muitos calvinistas criticam esse ensino da graça preveniente alegando que não existe tal nome na Bíblia, esquecendo-se porém que também a expressão 'graça irresistível' também não tem na Bíblia. Todavia para a graça proveniente temos uma expressão bíblica equivalente em 1Pe 3.7 que é 'graça da vida' , indicando que a graça relaciona-se com a vida eterna, levando a ela. Em 2Tm 1.9 Paulo diz que Deus nos salvou conforme o seu propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, assim nota-se que a graça de Deus nos leva a salvação. Outro texto que podemos inferir a graça preveniente é Hb 10.29 que fala do Espírito da graça, falando da atuação do Espírito Santo conduzindo o pecador a salvação. Por tabela podemos também usar esse texto para mostrar que não só a graça de Deus pode ser resistida, mas o próprio Espírito da graça, visto que esse versículo fala de ultrajar o Espírito da graça.

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